Magic Mystery Theatre
Capítulo 17 – Caminho de Espinhos.
Tasso Atripas, o minotauro, mastiga o seu pedaço de nabo com certo esforço. Pois comidas vegetarianas nunca foi a sua refeição favorita.
Porém, evita carne de origem animal, afinal, existe a possibilidade de fazer um ato canibalismo comendo carne bovina. Normalmente, ele tem preferência por peixes e aves. Gramíneas também fazem parte do seu cardápio.
Enquanto mastiga, o Tapista observa a sua amiga, Illuana Celum, comendo aquela cenoura crua e raspada com cara de poucos amigos. O minotauro acha engraçado vê-la comendo aquilo. Nunca tinha visto uma criatura que gosta tanto de carne crua quanto ela.
– Está bom, Illuana? – pergunta em tom de provocação.
– Na próxima vez, eu te preparo um filé de-li-ci-o-so... – responde com ódio.
O Tapista ri.
Bruce e Catarina mastigam sem muita vontade, pois o alimento é servido sem tempero e quase cru. Mesmo sendo constituído de vegetais o alimento é enjoativo e sem graça. O único que está livre daquela refeição é o vampiro Vladimir Marcus por motivos óbvios.
– Vocês estão se recuperando bem. Fico feliz por todos. – diz a centauro, Lidianna, que mastiga com vontade e satisfação o alimento servido.
– Ficamos agradecidos, Senhora. Vamos partir o mais rápido possível de sua aldeia. – determina Bruce Estarque. Sinto que Ixtlam está muito próximo daqui. Não queremos qualquer tipo de problema e incomodo.
A palavra “Ixtlam” provoca um arrepio profundo no centauro, mesmo assim ela disfarça e sorri para o seu convidado.
– Não é incomodo nenhum. Procuramos servir a todos. – e sorri.
Aquele sorriso não convenceu ninguém. Pela primeira vez, Catarina Ling sentiu ameaçada com aquela criatura.
– Desculpa, Lidianna. Nós vamos partir. – decreta a monja. Estamos bem e acredito que não somos seus prisioneiros.
Seca, a “anfitriã” revela:
– São sim. Vocês estão presos. – e dessa vez mastiga o seu repasto com tranqüilidade.
Todos ficam surpresos. Antes que surja o primeiro “porquê” a líder dos centauros explica.
– Ixtlam é uma nação inimiga. Aqueles monstros costumam capturar nossos recursos e seqüestrar os nossos filhotes. Odiamo-los no fundo de nossas almas. E o mestre de vocês é um membro daquele povo, logo... – diz isto abocanhando um rabanete com toda calma do mundo.
– Assim facilita muito as coisas. – diz Bruce que faz um gesto místico que poderia controlar o ar e... Nada acontece.
– Acha mesmo que deixaríamos que magos como vocês usassem os seus poderes contra o meu povo? Estamos servindo-os Salvia Amarga durante toda a sua estada em nossa tribo. – diz a centauro com um pedaço de folha de cenoura no canto da boca.
– Eu não comi nada, senhora. – e o vampiro se levanta da mesa e vão em direção da líder da tribo de centauros.
Então, Lidianna exibe um colar cheio de pedras douradas e brilhantes. O vampiro fica enfraquecido instantaneamente e acaba ajoelhando no chão devido a uma fraqueza desconhecida.
– Este colar é chamado de “Pedra-do-Sol” devido a sua peculiaridade única de absorver a Luz Solar e armazená-la no seu interior. O mais incrível é sua capacidade de inibir a ação de vampiros e outras criaturas das trevas. Mesmo numa noite tão simpática como essa. – diz a líder.
O vampiro de contorce de dor devido à emanação radioativa do colar.
Illuana abraça o seu colega e olha com ódio para o centauro.
– Traidora... – balbucia a bárbara.
A eqüina ri.
– Isso é uma piada! Vocês estão à procura de uma nação que costuma devorar os nossos filhotes e escravizam os mais velhos. Ixtlam é uma tribo de demônios que matam por prazer e destrói pelo prazer. Podem ser humanos, mas são piores do que eles. Nunca nação bárbara ou, até mesmo, a Aliança Negra seria tão cruel contra os seus vizinhos. – diz a líder com ódio nos olhos.
Com raiva, Catarina Ling se levanta e como um raio pega uma faca, que estava escondida em uma parte íntima do seu corpo, e “monta” no dorso do centauro e aponta a peça afiada na jugular da líder.
– É o seguinte... Não queremos saber de suas guerras ou se tem ódio de “A” ou de “B”. O que queremos é sair de sua tribo e irmos cumprir a nossa promessa ao nosso mestre. Não interessa que a tribo dele faz churrasco de carne de centauro. Estamos indo para lá, com a sua aprovação ou não. – diz a monja em tom de ameaça.
– DESGRAÇADA! SAI DE CIMA DE MIM!!! – berra o centauro.
– Não vou! Eu quero que os deixe partir daqui! Ou te mato de uma forma lenta... – e começa a arranhar a pele da fêmea.
– Malditos... Liberem todos... Deixem que se vão... – diz o centauro.
– Vamos logo, pessoal! Eu não posso controlar essa traidora por muito tempo. – ordena a monja.
Todos pegam os seus equipamentos e logo todos estão nos arredores da tribo dos centauros. Um grupo de guardiões vigia atentamente os magos da Academia Arcana usando a sua líder como escudo. Aos poucos, os cinco magos saem da vila de centauros com a líder deles.
O clima está no limite máximo de tensão.
– Solte-a! – ordena um dos guardas centauros.
– Só depois de uns quilômetros... – diz Catarina. Ela é capaz de voltar sozinha.
Num momento de descuido, a eqüina dá um pinote que joga a monja no chão. Num grito, a líder ordena que todos sejam mortos.
Catarina e os outros começam a correr para o meio do mato de uma forma desordenada e direções diferentes.
Os centauros começam a procurar os fugitivos, mas escuridão e a má vontade de caçá-los fazem que o grupo retorne a vila e para perto de sua líder. Nervosa, mas tentando por a sua cabeça no lugar, a eqüina diz o seguinte aos seus subordinados:
– Olhem... Não creio que vão trazer outros membros de Ixtlam, pois acredito que eles não os conheçam. Todavia, devemos nos mudar deste território o mais rápido possível. – diz Lidianna alisando o arranhado provocado pela faca da monja. Garota esperta... – comenta para si mesma.
Com a noite, não dá para ver muita coisa, mas o grupo se esconde e fica em silêncio. Poderiam esperar o amanhecer, mas o problema com o vampiro faz que o grupo continue a procurar os seus parceiros. O Tapista encontra Bruce e encontram o vampiro. Vladimir, com a sua visão noturna, permite encontrar os membros restantes em poucos minutos.
Juntos novamente, o grupo decide o que fazer.
– Olha... Se eles conhecem os habitantes de Ixtlam, podemos concluir que estão próximos. Talvez dois ou três quilômetros. – deduz Bruce Estarque.
– Pode ser. Mas é uma área muito grande. Estamos sem os nossos poderes e quem era a nossa guia é a Illuana, mas agora... – diz o Tapista.
– Eu posso assumir o lugar da Bárbara. – diz o vampiro. Sou o único que tem poderes por aqui. Sabemos que o efeito da Salvia dura dois dias. Se aquela sopa nojenta estiver com aquilo vamos ter dificuldades...
– É verdade. – diz a bárbara. Eu posso ensinar como é, Vladimir, porém o meu medo agora é saber se esse povo de nosso mestre é tão doido quanto estes centauros. – receia.
– Pode ser. É uma possibilidade! Podemos esperar mais dois dias e termos uma chance contra qualquer eventualidade. - concorda Catarina Ling.
– O que temos? Armas, comida e etc. Precisamos fazer um abrigo o mais distante daqueles centauros. Eu garanto que aquela doida não irá perder a oportunidade de nos matar. Pois, para ela, somos uma ameaça. – decreta Bruce.
Illuana se levanta e começa a caminhar sem aviso.
– Tá louca, garota!? – diz o vampiro.
– Quero urinar, ta! – e se afasta.
– Catarina... Acompanha. – ordena Bruce.
A monja obedece, mas não gostando muito. Pois, infelizmente, estão numa situação tensa e perigosa. Depois de uns passos, Catarina encontra a sua amiga agachada.
– Não vai demorar muito, né? – diz a garota.
– Olha lá. Acho que achei... – balbucia incrédula a bárbara.
– AHN!? – exclama surpresa a monja.
E as duas encontram um acampamento bem próximo da tribo dos centauros. São humanos. Estão com roupas feitas de couro e luvas. Botas pesadas e misteriosamente silenciosas. Até a iluminação é clara, mas de difícil identificação a longa distância.
O grupo é constituído de cinco homens e duas mulheres. Todos de pena na cabeça presos com um tira flexível. Os seus rostos são pintados e estão comendo alguma coisa. A conversa é animada, mas baixa. As duas não sabem identificar se é um feitiço de proteção ou de silêncio.
Todos estão armados com lâminas de diversos tamanhos.
– Avisem os outros. Encontramos. Veja aquele símbolo talhada na árvore. – diz Catarina sussurrando. São eles!
Só que a garota não pode responder... Pois foi capturada pelos sujeitos que as viram desde inicio da incursão a aquele local.
Os rapazes esperavam o retorno das garotas.
– Elas estão demorando... – comenta o minotauro.
– São espertas. Não se deixariam se capturar tão facilmente. – acredita o vampiro.
Ouve-se um arfar no meio do mato.
– Pôxa! Demoraram! – comenta com um tom de alivio o Tapista.
Quando surgem duas mulheres diferentes com machadinhas afiadas, o grupo fica em choque.
– Silêncio, rapazes. As suas companheiras estão em nosso poder. Se puderem nos acompanhar, ficaremos felizes em recebê-los. – diz uma ruiva.
– Marianne! Um vampiro! – grita a sua parceira.
– MALDITO! – e tenta dar um golpe de machadinha.
–NÃO! – e o Tapista fica na frente da machadinha e o vampiro.
Tasso Atripas recebe o golpe em seu peito. Por causa disso ele cai no chão contorcendo de dor.
– Por que fizeram isso?! – diz Bruce desesperado pelo ferimento do seu amigo.
As duas riem.
– Parece que teremos carne amanhã. – gargalham.
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