Magic Mystery Theatre

Capítulo 12 - Inimigas para sempre.


Caminhando calmamente pelas trilhas do campus, a tenente Louise Burker observa os estudantes fazendo os seus afazeres acadêmicos. Vendo aqueles estudantes, a investigadora recorda do seu tempo que era uma menina sonhadora e determinada em ser alguém. Olhando o céu e admirando a beleza do lugar, a mulher de cor-de-rosa decide fazer algo que não faz há muito tempo.

Sentar sob a sombra de uma árvore.

O clima é tão relaxante que a investigadora fecha os seus olhos e repulsa tranquilamente. Um sono de minutos que é interrompido por uma voz delicada e muito feminina. Por um momento, Louise pensou que era a sua mãe, mas ao abrir os seus olhos constata que é um dos membros do corpo docente da Academia Arcana. O professor em questão ministra as aulas de Encantamentos e Boas Maneiras para Diplomacia Mística.

Louise vê a linda e sensual Lady Esplenda, a mulher mais bela da Academia Arcana, quiçá de toda Arton. Os olhos de íris de cor-de-rosa descrevem uma linda mulher de cabelos cor-de-mel e olhos verdes brilhantes. A sua face angelical, seu corpo perfeito e sua voz melodiosa despertam a investigadora do seu sono. Devido a sua beleza, a mulher pensa que está diante de uma visão de um ser divino.

– Tenente... Desculpa interromper do seu repulso... Será que poderíamos conversar um pouco? – pergunta a professora com uma voz que invejaria até anjos.

“Só pode ser Glamour... É algum encanto que essa dona usa...” São os pensamentos da investigadora ao constatar quem era a mulher que está na sua frente. Por isso, a mulher rosada faz um gesto que a professora se sente ao seu lado.

Logo a mestra se instala ao lado da tenente e não fica acanhada em sujar as suas roupas naquela grama macia e cheirosa.

– O que foi? – pergunta Louise sem parecer grosseira.

– Eu vou ser direta. Pois sei que és uma mulher ocupada, mas eu estou representando todos os membros do corpo docente da Academia Arcana. E nós, inclusive eu, estamos preocupados com a demora para elucidação do ocorrido. Pois temos um cronograma a ser cumprido e a presença dos detetives incomoda o bom andamento da Academia. – diz a linda mestra de Encantamentos.

Louise se ajeita e olha para a mulher que espera a sua resposta sem mover um músculo.

– Talude foi esperto em enviar-te para dizer isso, porém, antes que eu possa provar que o seu plano não deu certo, há algo mais que você gostaria de dizer. Não é? – questiona a investigadora.

Um pouco envergonhada, a linda mulher responde de uma forma delicada, mas direta.

– A sua suspeita de roubo, está equivocada. Pois nada na Academia Arcana foi roubado. Verificamos três vezes todos os itens de valor ou de periculosidade. Achamos que o caso do senhor Carlos Castanheira fez um ritual particular de renovação Xamânica, portanto não é um crime, mas uma falta de comunicação ou, no pior das hipóteses, uma brincadeira de mau gosto. Como membro e representante do corpo docente dessa instituição, pedimos que retirasse os seus agentes imediatamente antes do próximo semestre deste corrente ano letivo. – pede a linda Lady Esplenda.

O sangue ferve no corpo da investigadora.

– Vocês são um bando de covardes... Mesmo que fosse um ritual, haveria a possibilidade de um atentado ou um assassino em série. Pois com o fato de não haver roubo, tudo volta à estaca zero. Vou ter que continuar a investigação. Que se dane o seu “ano letivo”! – e a mulher de rosa se levanta de uma vez. Não quero ter a culpa da possibilidade de ter mais um “ritual xamânico” com outro mestre ou aluno desta Academia. Eu faço isso para a segurança de vocês! Sei que sendo magos, se acham que podem se defender de qualquer coisa. Não é bem assim. Todos aqui são mortais, podem ter alguma parcela divina de uma Deusa que gosta de dividir os seus poderes com todos. Todavia, essa mesma Deusa não é criteriosa. Esta falta de critério é muito perigosa. – discursa a investigadora.

Calmamente, Lady Esplenda se levanta, limpa a sua saia com as mãos e olha para a mulher de rosa.

– Ninguém duvida de suas intenções. O fato que estamos sendo pressionados pelos representantes dos pais de alunos que, efetivamente, exigem o retorno das aulas e os ritmos para as atividades curriculares. – responde a professora.

– Imagino que tipo de responsável seja idiota o suficiente que deseja que as investigações sejam interrompidas. – questiona a mulher de rosa.

– Alguém tipo eu, Algodão Doce... – diz uma voz sensual, mas particularmente irritante.

Aos poucos, o rosto de Louise Burker se vira na direção daquela voz feminina e tão conhecida. Quando os seus olhos de brilho rosado captam a imagem, um jato de adrenalina percorre todo o seu corpo. O seu coração acelera e a sua face enrijece. A sua mão se comprime e os seus dentes trincam.

Louise reconhece a sua maior inimiga...

– Lor-dan-na... – soletra silabicamente como num mantra de puro ódio.

– Bom dia, Corna! – provoca a elfa. Noto que a sua incompetência está atrapalhando a Vida Academia de alunos realmente inteligentes e não uma semi-alfabeta que não conseguiu entrar nesta instituição.

Louise se controla e começa a pensar logicamente depois de alguns instantes de ódio profundo.

– Imagino que tenha te prendido na última vez que cruzamos. Corrupção de menores, não foi? Não sabia que tinha diversificado no seu ramo de atuação como vagabunda e cadela que é. – diz com pura raiva.

– Obrigada por seus elogios, Amor... – e sorri mostrando os lábios vermelhos brilhantes como rubis. Soube que quer saber quem foi o autor do assassinato do seu amado safadão. Engraçado... Quando ele me procurava, sempre reclamava o quanto a sua esposa era frigida e era péssima na cama. Era uma coisa que abria as pernas e ficava parada. Nem gemia. É lógico que quisesse uma mulher de verdade, mesmo sendo uma puta. – e ri. Corna.

– Não sou do seu nível. Não sou baixa, asquerosa, nojenta, egoísta, miserável, asno e etc. – e olha para Lady Esplenda. Quem convidou esta rameira? – e aponta o dedo para o nariz da elfa.

Antes que a professora pudesse responder, outro elfo surge de súbito e abraça a elfa que é o motivo de tanto ódio da investigadora. Era Tensey, o irmão de Lordanna.

– Ah, Louise! Que legal vê-la aqui! Conhece a minha irmã? – pergunta Tensey fingindo que não conhecia a história entre as duas.

– Irmã... Ela é a sua irmã? – balbucia.

Louise sabia que o elfo tinha uma irmã mais velha e que pagava os estudos do estudante genial e esforçado. O que ela não acreditava era que a Lordanna que pegava os estudos, sustenta grande parte das atividades culturais e ajuda substancialmente as finanças da instituição e a mesma criminosa que agencia tráfico de mulheres e tem uma rede de prostitutas e espiãs para quase todos os Reinos. Além de seduzir o seu ex-marido e traí-la na sua própria cama.

O mundo é muito pequeno...

– Prazer. – responde mecanicamente.

– A tenente Louise Burker é uma mulher brilhante, irmão. Conheço-a há muito tempo. Somos “amigas”. Tanto que dividimos tudo, não é mesmo, Cor... Ação? – a elfa dá ênfase à sílaba “Cor” de “Corna”, mas para humilhá-la muda o seu comportamento.

Revela-se gentil e amistosa.

Já Louise Burker usa a sua lógica para analisar a sua situação e descobre que está numa espécie de armadilha. Não chega a ser uma conspiração, mas a presença de sua adversária pode atrapalhar o andamento da investigação. O seu medo que, se houver um gênio do crime neste momento, poderia utilizar essa inimizade contra ela. A tenente tem que pensar rápido para sair dessa situação. E a única solução que encontrou foi uma retirada estratégica.

– Eu tenho coisas a fazer. Estava esperando a resposta, a qual a professora Esplenda concedeu. Portanto agradeço a todos. – e a investigadora tenta se retirar antes que os seus instintos mais primitivos de sua personalidade aflorem e resolvam dar um soco na cara da elfa.

– Espere um pouco, “Amiga”, - e a elfa segura o braço da mulher. Fique um pouco mais...

Aquele gesto foi à gota d’água. Tudo tem um limite, mas tocá-la é ultrapassar todos eles.

– Solta. – fala baixo a mulher de cabelo rosa.

– Por quê? Todas aqui apreciam a sua gentil companhia. Ainda mais com a sua incapacidade investigativa e suas avaliações equivocadas. É uma pena que não foi feliz na sua observação arrogantemente tão bem elaborada, Algod... – a elfa não pode continuar o seu discurso venenoso, pois o punho a atingiu na ponta do seu queixo.

Depois uma joelhada no seu ventre e mais dois socos no seu rosto, foram o resultado de suas provocações. Tanto o elfo quanto a professora tiveram que conter a investigadora do seu ódio de matar a sua adversária a pancadas.

– Você é um lixo, Lordanna! Uma ferida purulenta e infecciosa no seio de nossa sociedade. Era o meu dever prendê-la, mas infelizmente, vivemos numa sociedade hipócrita e machista. A qual prostitutas como você, podem corromper a ética e a moral de nossas crianças com as suas promessas de riqueza fácil através da prostituição. Vender o corpo, já ruim, mas a alma... Isso é demais! – discursa a investigadora.

Lordanna se recompõe e fica de pé. Mesmo com o lábio cortado, a mulher não perde tempo para dar a sua mais cruel revelação que a investigadora teve em sua Vida.

– Sabe... Vou te contar uma coisinha a respeito do seu ex-marido. Apesar de ser uma delícia de homem e desejei-o mais que tudo. Infelizmente, ele não te traiu. Eu te induzi. Fiz uma Magia para imaginar que foste traída, na sua cama, na sua frente. Eu gastei uma fortuna para conseguir isso, mas valeu à pena. Você me ferrou com aquela prisão. Se conseguisse entregar aquele lote, eu iria me aposentar e abandonar de vez essa Vida de cafetina e prostituta. Nunca iria revelar ao irmão que era uma piranha. – e limpa o sangue na ponta do lábio com a costa de sua mão direita. Mas você, sua desgraçada, estragou tudo! Tive que gastar as minhas economias para sair da prisão e me vingar de você. Mas não tem preço o prazer de destruir o seu casamento feliz! – e ri. Como se sente sabendo que condenou um inocente? – e gargalha.

Derrotada, Louise se ajoelha no chão e relembra dos fatos que aconteceram durante o divórcio e a dor daquele homem que amou e agora está morto. Lágrimas escorrem em sua face e um grito de dor ecoa em toda a Academia Arcana.

– Isso, cadela... Chora... Quero que sinta o que senti quando me prendeu, maldita! – amaldiçoa a elfa.

Tanto Tensey, quanto a Esplenda ficam chocados com a revelação.

– Professora, cuide da tenente Louise e eu vou levar a minha irmã para longe daqui! – ordena o elfo.

Prontamente a professora envolve a investigadora com carinho e Tensey leva a sua irmã longe dali.

– Eu... A... Feri! – e Lordanna gargalha como uma louca cheia de ódio e sentimento de vingança saciado.

Longe de todos, Tensey faz uma coisa que seria impensável para Lordanna. Um tapa no seu rosto. Isso fez que a mulher parasse com o seu êxtase delirante.

– PARE COM ISSO!!! – grita o elfo. Acha que gostei disso?! Essa não é a minha irmã que aprendi a amar! A minha irmã estava lutando pelo que acredita para sobreviver, a tenente também, mas é para tornar a nossa sociedade mais justa. O que você fez é tão baixo que não tenho classificação. Eu não posso ser irmão de uma criatura que destruiu a felicidade do meu mestre e de sua esposa por um motivo tão mesquinho. – e as lágrimas escorrem do rosto do elfo de cabelos prateados. Eu ODEIO você! – grita.

O sorriso delirante se transforma em desespero.

– Não... Por favor... Não diga isso... Irmão... – balbucia.

O elfo sai dali, sem olhar para trás, deixando a elfa sozinha e sua dor.
Neste momento, duas garotas aparecem. São Cordélia e Jeniffer que voltaram de suas aulas e souberam da confusão. Sem ainda conhecer quem era a linda elfa de cabelos negros, a dupla a acolhe.

– Está tudo bem, moça? – pergunta a ruiva.

Porém Lordanna reconhece as duas. Pois ela fez uma investigação minuciosa de todos os alunos que estão em volta do seu irmão. Talhada de mágoa e raiva, a elfa segura o pulso de ambas.

– Olha aqui, vocês duas! Sei dos seus relacionamentos lésbicos e a relação que tem com o meu irmão Tensey! Fiquem sabendo que vou marcar encima e vou cuidar que vocês não sejam felizes juntas. – e olha para Cordélia. Você serve ao meu irmão e vou te lembrar disso! E você! – e olha com ódio para a ruiva. Conheço os seus parentes, um escândalo seria muito bom para a sua reputação... – ameaça.

Com raiva, Jeniffer retruca:

– Quem é você?! Por que faz isso?! – interroga indignada.

– Porque eu sou a vilã da história, garota! Sou a vagabunda da irmã do Tensey e inimiga de tudo que é contra a felicidade dele! É isso que sou! – e olha fixo para os olhos verdes da ruiva. Sou capaz de vender a minha alma para destruir tudo que tiver no meu caminho.

Então soltando os pulsos das garotas, com as suas lágrimas marcando o seu rosto como chamas. A elfa de cabelos negros como as trevas parte dali deixando duas garotas assustadas e abraçadas.

– Quem é essa louca? – pergunta Cordélia.

– Não sei, mas imagino que algo aconteceu e o Tensey está envolvido nisso... – responde a Lefou.

– O que vamos fazer? – questiona a Qareen.