A semana se passou normalmente. Não havia brigas, não havia algo que pudesse ser discordado até o momento. Junior sentia-se bem, mas não podia negar que, mesmo que estivessem agindo da forma que deveriam desde o dia em que conversaram nas arquibancadas, o relacionamento deles não mudou em nada.

Continuavam completos estranhos um para o outro.

Jinyoung simplesmente não conseguia entender como poderia quebrar a barreira de afastamento de Bambam ao mesmo tempo em que ele simplesmente não lhe deu uma abertura para que ele pudesse saber mais, conversar, lidar com ele e coisas relativas.

Ainda naquela semana, quando o garoto não resolvia sumir, convidava-o para dividir seu tempo ou coisa do tipo, acabando por, na maioria das vezes, compartilharem seus silêncios. Sempre acabava por perceber que se abria cada vez mais, e o garoto continuava quase no ponto zero da escala.

Uma escala que não subiria, por mais insistente que resolvesse ser.

Ao fim de tudo, era frustrante e o irritava mesmo sem motivo algum, porque não sabia exatamente porque estava ficando assim com algo daquele tipo e menos ainda: Não sabia porque necessitava de ser tão próximo do garoto.

Junior estava crente de que precisava de uma segunda opinião sobre o caso, mas não tinha com quem falar e não queria, ao final de tudo.

Enquanto isso, Bambam continuava preso em seu mesmo mundo, vez ou outra admirando o professor em seus debates internos, notando o quão gradual vinha sendo o comportamento do moreno, estapeando-se internamente por não ter recusado o convite do primeiro dia em que “saíram” até as arquibancadas e os próximos que viriam.

Em sua cabeça, eles poderiam estar fugindo daquele tipo de fase onde um insistia para amizade e todo o tipo de coisa, que agora o irritava de forma profunda. Simplesmente não precisava daquilo e desde o começo havia sido um erro.

Agora sua cabeça se dividia em dois problemas: Seu professor que não largaria tão cedo de seu pé, e o fato de querer engolir seu orgulho por saudade e por seu coração, tentando ao todo se inibir a vontade de pegar seu celular em mãos e voltar a ligar para seu hyung.

Muitas vezes se sentia vivendo a história mais babaca de todos os tempos, fechando os olhos depois de muita concentração e os abrindo, tentando fazer com que tudo o que estivesse acontecendo não passasse de um pesadelo muito ruim e que ele acordaria assim que fizesse isso mais vezes seguidas.

Mas isso simplesmente não acontecia nem em seus sonhos, e não sabia como é que pesadelos eram abrigados em um mundo onde somente coisas boas deveriam ser admitidas.

Pensar naquilo lhe trazia os fantasmas das inúmeras dores de cabeça, tendo a possibilidade de comprimir seus olhos, esperando até o fundo de seu coração que tudo mudasse de repente, mais uma vez em menos tempo do que esperava.

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Junior havia sido solicitado na diretoria, indagando do porque havia recebido aquele tipo de chamado. Esperava não levar alguma bronca, repassando se havia feito algo de errado nos últimos dias, concluindo que nada havia dado errado.

Cuidadosamente abriu a porta de seu superior, passando a cabeça pelo vão da porta, admirando a feição do diretor que sorriu. Alívio.

— O senhor mandou me chamar? – Era retórico, mas não se importava.

— Sim, eu tenho um breve pedido pra você. – O professor assentiu, observando o outro fuçar em todos os documentos que tinha na mesa. – Você conhece o zelador? Ricky?

— O Wang? Conheço, claro! – Era um pouco difícil não conhecê-lo, desde que sabia que o senhor trabalhava lá fazia anos, tendo estudado no colégio inclusive. – Acho que todos o conhecem.

— Ótimo. Preciso que entregue isso a ele. Ele também quer te conhecer, já que você assume as salas dos terceiros anos em breve, não é? – O professor assentiu. – Pelo menos assim você conhece o filho dele.

Fora breve em retirar os papéis dos dedos do outro rapaz, antes de sair da sala tomando seu novo rumo.

A parte em que o zelador ficava era especifica e não muito isolada da escola. Uma casa simples, mas que dava muito bem para sobreviver com uma família que não fosse gigantesca. Não sofria com pagamento de aluguéis ou luz. Era perfeito.

Divagava em seu mundo antes de parar perto do corredor e atenciosamente ouvir a voz que claramente reconhecia.

Bambam?”

Aquele tom de voz, que não havia tido a oportunidade de ouvir uma única vez estando dividindo o mesmo espaço, agora era solto de forma animada para ninguém menos que o filho do próprio zelador.

— Bambam, você podia ter me dito que conhecia o Mark! – O tailandês rolou os olhos, como se já estivesse familiarizado com a insistência.

— Eu já disse para você que não conheço ele, meu Deus! Eu só estou na mesma sala que ele, mas nunca nos dirigimos a palavra. Por que você não fala com ele? É mais fácil! – O garoto comentou antes de se apoiar em um canto.

— Porque... Bem... Quando ele entrou no colégio eu tentei me aproximar, mas acho que estraguei as coisas... – Seu rosto era descontente e perguntava-se o motivo. Enquanto isso a segunda pessoa olhava-o de forma interrogativa. – Tudo bem, eu cantei ele de um jeito estranho.

— Tipo como?

— Perguntei se tinha doído quando ele caiu do céu.

Aquela foi a primeira vez que Junior ouviu a gargalhada do jovem, achando aquela uma das mais encantadoras que um dia tinha parado e tido a oportunidade de escutar.

— Não, não ria! Foi traumático, ok?

— Desculpa, hyung. – O ruivo teve tempo de limpar o canto dos olhos e suspirar. – É que essa é a pior cantada, eu realmente te odiaria se você usasse comigo.

— Você acha que ele me odeia? – O loiro agora perguntava aflito, não sabendo exatamente como agir.

— Eu não sei, eu disse que eu pelo menos faria isso.

Bambam fitou a expressão do outro, não sabendo como lidar com Jackson que parecia uma criança sem seu doce naquele momento.

— Hyung, você sabe que eu estou brincando. Eu não sei me aproximar das pessoas e eu não tenho coragem de chamá-lo em sala... Eu detesto multidões e pessoas me olhando demais.

— Mas você não precisa chamar ele no meio da sala. – Aquela mesma carinha de cachorro que caiu da mudança.

— Jackson... – O garoto suspirou. – Eu sei que é difícil, mas você precisa superar, não acha? Digo... Não que eu não queira te ajudar, mas só de pensar nisso minhas mãos começam a suar, olha! – Não só suavam, como tremiam. Seria uma fraqueza?

— Você tem mais chances de conseguir do que eu.

— Céus, onde eu fui amarrar meu burro? – Bambam jogou a cabeça para trás. – Eu não sei o que eu tinha na cabeça quando resolvi me aproximar de você. – Ao contrário das outras vezes, Junior conseguia entender que aquela era uma brincadeira e no fundo, sentiu inveja do outro garoto por tê-lo tão próximo. Por ter conseguido aquilo que ele não conseguiu em semanas.

Ao mesmo tempo que sem querer, odiava o outro garoto pelo mesmo motivo. E aquilo era simplesmente algo que não conseguia admitir que estava sentindo porque não sabia porque estava sentindo.

— Você sabe que é o melhor, não é? – Foi a vez de Jackson passar o braço em volta do menino maior, aproveitando para bagunçar seu cabelo, atraindo um olhar de desaprovação do garoto.

— Sua sorte é que eu gosto de você. – Acabou por rir da situação.

Aquela foi a hora em que o mais velho que observava a cena de fora perguntava-se internamente os pensamentos do garoto que dava aula.

Havia lido em seu diário que não iria aproximar-se de ninguém. Queria ser alguém sozinho, diferente. Então o que é que ele fazia ao lado de Jackson Wang? Como ele havia conhecido o garoto? Por quanto tempo se conheciam?

Pouco pôde se concentrar quando o sinal tocou e notou que ainda não havia entregue os papéis necessários ao pai do garoto, que havia virado seu primeiro inimigo do ano, depois do tailandês, é claro.

— Cara, eu preciso ir pra sala e acho que você também. – O loiro comentou, deixando o amigo com aquele olhar de quem claramente não queria ir.

— Eu sei... Bem, nos vemos depois, ok? – Ambos assentiram e rumaram para lados diferentes, enquanto Junior fora o único que ficou ali, digerindo todas as situações que seus olhos tiveram oportunidade de ver.

Suspirou sabendo que também tinha de tomar seu caminho de volta, mesmo que sua cabeça ainda não houvesse voltado ao seu devido lugar.

Um longo dia, seria um longo dia...

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Em sala, Junior continuava acrescentando sua matéria aos seus alunos, nunca perdendo a oportunidade de ficar de olho no garoto que sentava ao fundo da sala, sempre quieto e atencioso com sua agenda, aproveitando também para deixá-lo mais curioso sobre o que mais o menino contava naquelas folhas de papel.

Talvez nunca mais fosse ter aquela mesma oportunidade, de pegar o objeto em mãos e lê-lo calmamente na poltrona de sua casa.

O menino o desprezava tanto, que não podia conter a onda de raiva que parecia querer se apoderar de seu corpo.

— Bambam. – A classe observou, ainda intrigada com o fato do professor chamar o garoto por um nome estranho de uma hora pra outra, sem brigas, sem desentendimentos, mesmo pequenos. Realmente insistiam na teoria de terem abduzido sem professor. — Fale sobre Dilatação Linear.

— Aplica-se apenas para os corpos em estado sólido, e consiste na variação considerável de apenas uma dimensão. – Suspirou, levando Junior ao mesmo pensamento óbvio de sempre: Como? Era impecável. – Um bom exemplo são as barras, cabos e fios.

— Certo... Importa-se de vir até aqui e nos desenhar um esquema para melhor entendimento do tema? Uma tabela simples, juntamente da fórmula final. – Ok... O que era aquilo? O professor pretendia algo? Alisou a testa, suspirando antes de se levantar, hesitante.

Bambam não gostava nem um pouco de pessoas lhe admirando, seja para qual fosse. Talvez porque se envergonhasse fácil ou aquilo lhe pressionava. E Junior pôde perceber o primeiro resquício de falha vinda do garoto, começando pela vermelhidão em seu rosto quase compenetrado na lousa e seus dedos que tremiam.

Bingo!

Aquilo era exatamente o que precisava.

— Feito. – Estava pronto para virar as costas antes de ser novamente chamado pela pessoa que estava ali em pé ao seu lado.

— Ainda não, gostaria que você pudesse explicar com suas próprias palavras o esquema e coisas associadas, que tal? – Jinyoung sorriu vitorioso quando os olhos do ruivo pareciam lhe implorar para que mudassem de ideia.

— Bem... – O menino não sabia como começar. Todos ali olhavam pra ele esperando algo, esperando que ele tomasse frente e falasse como sempre fez, mas era mais fácil quando estava em seu lugar. Ali ele podia abaixar a cabeça e fingir que nada existia. Na frente de todos não.

Precisou tomar mais fôlego, lembrando-se do porque odiava o professor que agora lhe observava com um sorriso quase sádico no rosto. Suas mãos foram para trás do corpo, alisando-se umas nas outras, tentando diminuir o suor que elas soltavam.

Aquilo atraiu um olhar de Mark que rapidamente foi lido por Youngjae. Aquele já não era o mesmo garoto que falava do fundo da sala. O que, claramente, era o motivo perfeito para que ambos fossem atrás do tailandês no dia seguinte, já que não aguentavam mais observá-lo sozinho e quieto.

Sabiam, é claro, que seu professor andava levando o garoto para fora da sala, mas ao julgar pelo comportamento hostil de ambos, nada havia mudado realmente. Somente um tratado de paz estendido por cima de uma linha muito fina.

Aquele tipo de coisa não passava despercebido pelos olhos do americano que era ao todo muito bem atencioso e detalhista, sempre parando para analisar situações e pontos que julgava ser muito importante.

Youngjae não ficava muito atrás, mas o rapaz se ocupava mais em fazer comentários e coisas das quais Mark tomava como “geniais e criativas”, já que o garoto era bastante inteligente e tinha ideias que jamais teria tido tempo de pensar.

Era isso que elevava o dinamismo de ambos.

Enquanto isso, Bambam tentava sem muito sucesso falar sem gaguejar, vez ou outra mordiscando o inferior, procurando um ponto fixo pra se apoiar e olhar como se não tivesse vendo ninguém, explicando o que havia aprendido e feito no esquema.

Havia de torcer por seu pobre estômago que parecia querer colocar para fora todo o almoço que havia posto lá com tanto carinho, que não passou despercebido pelos olhos de Junior, que finalmente começava a sentir sua consciência desordenada pesar.

— Tudo bem, acho que seus colegas entenderam, não é? – Os alunos balançaram a cabeça antes de se entreolharem.

Kunpimook não poupou um olhar cúmplice para todos os olhares e um em desaprovação para seu professor antes de se sentar.

O moreno sentiu tudo queimar, estapeando-se internamente, sem saber exatamente porque tinha tanta raiva e estendeu a tortura do garoto.

Se aquele era seu jeito de tentar se aproximar do menino, não daria certo.

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Mark não podia deixar de cumprir o que havia em mente desde o dia anterior. Foi desse jeito que pisou na escola ao lado de Youngjae.

Ambos moravam perto e haviam passado quase o resto do dia na casa um do outro, comentando como deveriam abordar o aluno novo, o que seria melhor dizer, o que fariam se o garoto o rejeitasse, mesmo que no fundo, sentissem que não precisavam se preocupar com aquele tipo de reação.

Acabaram por ficar analisando os alunos ali na entrada, passando os olhos minuciosamente tentando encontrar o rosto familiar da sala, sem muito sucesso. Alguns dos terceiros anos se misturavam com os segundos, mas a maioria eram namorados bem sucedidos.

A fama era que terceiros anos não se envolviam com os segundos sem um bom motivo. E a maioria era forrada de apostas, o que gerava um certo afastamento de lados. Ninguém queria que seus sentimentos fossem jogados na lama.

Poucos casos se salvavam, mas a maioria era feita daquilo que ninguém queria.

Mark até se recordava de um deles vindo conversar com ele, mas a situação foi tão estranha que, além da falta de reação, só teve mesmo o tempo de lembrar do que todos eram capazes. Principalmente quando o rapaz era bonito e popular por alguma boa razão.

— Onde será que ele se enfiou? – Youngjae comentou, ainda sem ter desistido de encontrar o rapaz na multidão. – Agora que a gente decidiu conversar, ele resolve desaparecer!

— Mas se for ver, ele sempre aparece perto do horário de aula e some. – Mark comentou, deixando Youngjae pensativo.

— Isso é verdade. Inclusive, ele nunca sai com a gente quando o último sinal bate. Pelo menos, não que eu tenha visto ele sair pelo portão algum dia. – Onde será que o menino morava?

Essa fora a última coisa que conseguiu se perguntar antes de ouvir o sinal ecoar por toda a escola, não tardando a acompanhar seu amigo na direção de sua sala, logo fitando o rosto de seu professor que parecia procurar pelo mesmo rosto na porta da sala, parando apenas para jogar um bom dia curto para cada um.

Infelizmente nenhum deles pôde ter contato com o menino, desde que ele não compareceu nas aulas dos primeiros horários, gerando um questionário de perguntas vindas do adulto que agora tentava dar aula sem pensar no outro menino.

— Alguém sabe algo do Bambam? – Os olhares eram os mesmos e aquela era a terceira vez que perguntava a mesma coisa. Assentiu antes de voltar com o conteúdo na lousa.

Não queria ter deixado o menino irritado e sabia que o outro rapaz era propenso a fazer coisas precipitadas, por mais que o tempo de convivência que haviam tido fosse curto. E coisas precipitadas não eram boas, desde que tinha plena certeza de que sentiria falta daquele rosto sentado ao fundo de sua sala, escrevendo e balbuciando respostas certeiras sem perder o foco.

Na pior das hipóteses, não conseguia deixar de pensar que poderia algo de ruim ter acontecido e o outro precisava da ajuda de alguém.

Junior já havia desistido de pensar quando o menino de seus pensamentos brotou na porta, pedindo licença de forma educada. Seu rosto estava levemente inchado e seus olhos não estavam nas melhores condições, o que atraiu um pouco da atenção.

— O diretor pediu pra que eu te entregasse esse aviso de ausência nos primeiros períodos. – Junior pegou com cuidado o papel. – Perdão, estarei me sentando.

E assim ele voltou ao seu lugar, encolhendo-se por lá de cabeça baixa. No papel dizia que a ausência havia sido causada por uma gripe, mas no fundo sentia que era uma mentira. E como das outras vezes, não conseguia lê-lo. Não tinha a capacidade de ler o menino, irritando-o profundamente.

As preocupações eram reais. E elas visavam aquele rosto do garoto que não queria dizer nada, mas que dizia tudo. Queria tirá-lo dali, abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mesmo que aquilo deixasse o garoto muito mais afastado.

Era o que sua mente gritava ser certo, mas que, ao mesmo tempo, algo dizia para que evitasse, porque aquilo além de parecer estranho, poderia ser tomado como favoritismo, o que de fato seria interpretado errado pelos alunos.

Via agora como sua vida era difícil, desde que ela tinha tomado um ponto de vista diferente.

Aquele ponto de vista em que ele já não era mais uma pedra em relação às coisas em sua volta, mas que não o impedia de sentir um medo extremamente absurdo de tudo tomar um rumo que nunca tinha visto na sua vida e as coisas de fato começarem a dar errado.

Ainda estava digerindo o fato de que tudo aquilo fora causado por uma pessoa. Só uma, em poucos meses.

O sinal era o simples impedimento de que aquele debate interno deveria continuar em outra hora, deixando que seus olhos flutuassem na silhueta do garoto que agora saia manso da sala, procurando esconder o rosto de alguma forma.

— Vem, vamos atrás dele. – Ouviu Mark comentar com Youngjae antes de saírem da sala.

Aquilo fora a única coisa que o impediu de levantar e ir atrás do garoto.

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— Hey! – Foi a vez de Youngjae chamar o tailandês esperando que este se virasse para olhá-los, o que não demorou, não deixando de demonstrar surpresa.

— Oi?! – O outro não sabia muito bem como reagir, já que não esperava, realmente.

— Sabemos que você não é muito de conversar e sempre vemos você correr pra longe e sumir. Mark acha que não é legal você ser sozinho, porque ele também é estrangeiro e sabe que é ruim.

Youngjae arrastou as pontas dos pé no asfalto, ganhando a atenção de ambos que assentiam.

— Então pensamos que seria, sei lá... Legal chamar você pra vir conversar conosco?

— Ser nosso amigo, no caso. – Mark pontuou, recebendo um olhar diferente, ainda surpreso. – Sei que você é quase um fugitivo, mas não custa tentar.

Bambam parou e pensou por alguns minutos, admirando o rosto dos outros dois jovens.

— Eu talvez não seja a melhor pessoa para se ter amizades. – Deu de ombros, meio incerto. A voz ainda estava fanha, atraindo ainda mais a atenção do rapaz mais velho dos três. – Mas...

— Mas...? – Youngjae encorajou o mais alto.

— Não seria ruim eu pelo menos tentar, não é?

Um meio sorriso fora jogado, o que de fato animou os outros dois, tendo uma breve comemoração de ambos. Bambam já podia ver os olhos de Jackson brilharem quando desse a notícia, afinal, era por ele que estava fazendo aquilo, por mais relutante que estivesse.

— Ficamos felizes por isso... Bambam? – O outro assentiu, aumentando a curiosidade. – Já estava pensando em qual apelido teria de te dar pra não te chamar de Kunpimook.

— É mais fácil assim, não tem porque vocês ficarem se torturando. Vocês são Mark e Youngjae não? – Ambos confirmaram com a cabeça, enquanto Mark virava o pescoço em volta, procurando o lugar onde costumavam sentar.

— Bem, agora que estamos resolvidos, vem o convite de você se sentar no intervalo com a gente, que tal? – Bambam sorriu, aceitando o pedido genuinamente, não demorando a seguir ambos até o local.

O que não haviam visto era Junior que agora espiava a conversa, franzindo o cenho em desaprovação. Por que só ele não conseguia se aproximar do jovem?

A raiva era tanta que tinha vontade de pegar o pescoço do mais jovem e chacoalhar até que este decidisse responder suas perguntas e deixasse entrar em sua vida.

“Que diabos!

Amaldiçoou em sua mente, não sentindo mais nem os pés quando eles deram meia volta para voltar até a sala de aula e tentar ajeitar as folhas de atividade que estavam em sua bolsa fazia alguns dias, como sempre, sem obter sucesso.

Era como se houvesse um rosto em sua mente, aquele que havia decorado por raiva e por uma compaixão ridícula.

O que aquele menino havia feito com sua vida?

Infelizmente, ainda não sabia como responder a pergunta.