Mad About You
Capítulo 17: Barata!
Barata!
O grito de Lucy ecoou por todo o apartamento e não demorou mais do que alguns segundos para que ela viesse correndo de dentro do banheiro, o cabelo cheio de shampoo e a toalha pendendo desajeitadamente pelo seu corpo semi-nu.
Natsu levantou do sofá em um pulo, assustado pelo grito da parceira.
— O que foi, Lucy? O que foi? — ele perguntou quando ela se agarrou a ele com força, algumas lágrimas dramáticas no canto dos olhos castanhos.
— Eeeeh, Natsu! Uma barata! — gritou, verdadeiramente assustada. — Tem uma barata gigantesca no banheiro! — choramingou.
Antes que se desse conta, Natsu estava as gargalhadas, rindo tão alto que provavelmente toda a vizinha poderia ouvi-lo.
— Natsu! Por que você está rindo? Isso não tem graça! — resmungou irritada, dando tapas na costa dele.
— Você precisava ver a sua cara! — continuou rindo, colocando a mão na barriga que já começava a doer de tanto dar risada. — E tudo por causa de uma barata!
Ela deu um forte cascudo na cabeça dele e só assim para que Natsu conseguisse parasse de rir, a risada sendo substituída por um gemido de dor.
— Pare de rir, Natsu idiota! Vai matar a barata pra eu terminar de tomar banho! — mandou irritada, apertando a toalha na altura dos seios.
— Certo — acatou com um biquinho e caminhou na direção do banheiro.
Quando chegou lá, abriu a porta devagar, tentando usar seus sentidos apurados para procurar o gigantesco inseto, de início não houve nenhum sinal, então ele entrou no recinto. Lucy estava logo atrás dele, tremendo feito um boneco de posto, olhando para os lados desconfiada.
— Eu não estou vendo nada, Luce! Tem certeza que você não está vendo coisas? — perguntou, virando-se para ela.
— Você acha mesmo que eu iria sair correndo do banheiro praticamente pelada se não tivesse uma barata gigantesca ai dentro? — Revirou os olhos de forma exagerada. — Por favor, eu estava... Natsu!
A barata vinha voou na direção dos dois, Lucy gritou e correu para o sofá, Natsu não fora rápido o suficiente e a barata pousou em seu cabelo.
— Onde ela está? Onde ela está? — ele gritou para Lucy, enquanto olhava para todos os lados.
— No seu cabelo! No seu cabelo! — a maga pegou uma almofada e em um momento de coragem, começou a bater na cabeça dele com o objeto.
— Tira de mim! Tira de mim! Ai, ai, Lucy! — reclamou quando as pancadas ficaram fortes demais. Ela recuou alguns passos, segurando a almofada tão fortemente que as dobras dos seus dedos estavam esbranquiçados. — Cadê ela?
Ela olhou para o chão, esperando ver a barata morta no chão, mas tudo que encontrara foi o vazio.
— Natsu... Eu não sei. Ela sumiu... — Lucy sussurrou com pavor.
— Por Mavis! Eu fui espancado por nada — reclamou, massageando a cabeça. — Essa barata é feita de quê? Você quase me matou com essas pancadas e essa maldita ainda está viva?
— Isso não é importante agora! — choramingou, as lágrimas de medo presas no canto dos seus olhos. — Acha a barata, Natsu! Ou eu vou embora daqui e nunca mais volto! — deu uma pausa, o olhar de Natsu incrédulo sobre si. — De toalha!
O dragon slayer teve que conter a vontade de revirar os olhos unida a de rir. Nossa! Por que mulheres tinham que ser tão dramáticas sobre insetos?
— Ela está na sua roupa! Na sua roupa! — Lucy gritou, aterrorizada e afastou-se dele.
— Onde? Onde? — Natsu acendeu as chamas nas mãos e começou a bater em sua roupa a procura do bendito (maldito) inseto. Sentiu algo movendo-se nas suas costas e tirou o colete com rapidez.
Lucy não estava o ajudando com nada, a barata estava em suas costas! Nas suas malditas costas! Provocou uma rajada de fogo — o que foi completamente ineficiente, pois acabou acertando a cortina — e o animal voou para cima de Lucy.
— Pra cima de mim não! Não! — Arremessou uma das chinelas que estava no chão, mas ela era muito ruim de mira e passou no mínimo uns dez centímetros do alvo. — Natsu, seu molenga! Faça alguma coisa!
— Estou tentando! — gritou de volta e lançou outra rajada de fogo, o que foi inútil novamente, pois a maldita parecia inteligente e voou diretamente em Lucy.
A loira soltou a toalha e começou a balançá-la para afastar o inseto. Natsu teve o vislumbre do corpo nu da namorada e ficou parado, apenas observando o interessante movimento dos seus seios enquanto balançava a toalha de um lado para o outro.
— Odeio baratas! Odeio! — reclamou e parou quando perdeu o sinal do inseto. — Natsu, o que você está fazendo? Era pra você estar me ajudando! Mas parece que você só queimou minha casa! — acusou impiedosa. — E agora está me tarando!
O mago deu uma risada e ameaçou se aproximar, mas parou no lugar quando percebeu pequenas anteninhas em cima da cabeça de Lucy.
— Luce, amor... — começou receoso e engoliu em seco. — Fica paradinha.
— Para...dinha? — repetiu com os olhos arregalados. — Não! Não! Não me diga que...
Ele balançou a cabeça afirmativamente e começou a se aproximar. A maga celestial começou a se tremer inteira, faltando soluçar de tanto medo, fazendo uma careta de nojo ao lembrar-se que a maldita estava em seu cabelo! Em seu cabelo!
— Natsu... — murmurou fazendo um biquinho.
— Espera, fica quieta que eu vou... — Avançou mais alguns passos e quando estava perto o suficiente, jogou fogo por cima da cabeça dela. — Matá-la!
A Heartfilia se jogou no chão, sentindo o cabelo quente e se deu conta que o seu namorado — retardado — tinha acabado de queimá-lo. Levantou os olhos para encará-lo, estupefata, esquecendo-se da barata por um momento.
— Meu... cabelo! Você queimou meu cabelo! — Levantou rapidamente.
— Lucy, foi sem querer... Eu juro! — Natsu ergueu as mãos em um sinal de paz. — Você queria que eu matasse a barata!
— E nem isso você conseguiu fazer! — retrucou no limite de chorosa para raivosa.
— O que vocês estão fazendo? — Happy adentrou o apartamento de repente, brotando do além, inicialmente sem notar a pequena bagunça que estava ali. — Parece que eu cheguei em um momento mau, Lucy-gorda tá pelada.
— Ha...ppy.
— Não é uma boa hora mesmo, companheiro. Acho que devemos ir embora — Natsu sussurrou para ele com uma expressão assustada.
— Você botou fogo no apartamento de novo? — O gato balançou a cabeça, dando uma de sábio. — Tudo bem, vou embora antes que sobre pra mim.
— Não adianta fugir, Natsu Dragneel. — Vish, ela tinha o chamado pelo nome todo. — Porque eu vou achar e matar você.
— Olha só isso! — Happy cortou-a e voou para perto do banheiro distraidamente, até pousar no chão. — Uma barata. — E tão naturalmente como tinha chegado, apenas pegou uma das sandálias abandonadas de Lucy e matou o inseto. — Lucy-porca.
Inacreditável. Simplesmente inacreditável.
— Você matou... a barata? — Lucy perguntou com lágrimas nos olhos, mas dessa vez, eram de felicidade.
— Sim, por acaso ela era seu animal de estimação? — replicou inocente, pronto para fugir caso a resposta fosse “sim”.
— Você é o meu herói! — Com a toalha já recolocada no lugar, pegou Happy e abraçou-o com tanta força que quase o sufocou. — Vou comprar peixes para você! Todos que você quiser!
— Mas você é pobre! — ele retrucou.
— Não interessa! — insistiu de bom humor.
— E eu? — Natsu interrompeu com um bico. — O que eu vou ganhar?
A loira o fuzilou com o olhar e com a voz séria, disse:
— Vai ganhar uma chinelada na cara por ser um namorado incompetente que nem consegue matar uma barata, queima o cabelo da parceira e o resto do apartamento.
Ele fechou a cara.
Oh, vida cruel. E baratas definitivamente eram do demônio.
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