Macarons e chocolates

Capítulo 2


Katsuya saiu do banho com a toalha pendurada nos ombros, secando precariamente os fios longos enquanto observava o namorado sentado na cama, em uma cena bem incomum. Era estranho vê-lo sem o terno, quase como se fosse outra pessoa, totalmente relaxado, mas a imagem parecia mais fora do comum devido às caixas que o rodeavam, repletas de chocolates que ganhou de Valentine’s. Mikaru parecia não saber o que fazer com elas, já que as encarava tão fixamente. Pelo que conhecia do empresário, devia ser a primeira vez que ganhava tantos.

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Mikaru tinha ciência do julgamento errôneo que fez dos presentes. O primeiro bilhete que abriu estava em branco, exceto pelo seu nome, então julgou ser uma brincadeira de mau gosto. Foi apenas sua falta de sorte se manifestando. Se tivesse olhado os outros dois teria desfeito o mal entendido mais cedo. Takayama Saki foi concisa na mensagem, apenas desejando que a data lhe fosse agradável e que gostasse dos mochis. Miura Noriko, a supervisora, escolheu trufas com recheios diversos e escreveu quase uma carta, esperando que o gesto não fosse mal compreendido, se desculpando por qualquer inconveniente e comentando um pouco sobre as atitudes anteriores. Mikaru não se incomodava com aquilo, sabia que não era o chefe mais querido na cafeteria, mas apreciou o gesto. Não fazia ideia de quem enviou o terceiro, mas foi o mais curioso, com diversos sabores de pocky.

— Posso pegar um? – Katsuya perguntou sem esperar resposta enquanto se sentava à sua frente no colchão, pegando uma caixinha de pocky, abrindo-a e colocando entre os dois para dividirem – Ainda decidindo se vai mesmo comer?

Quando Mikaru chegou em casa carregando todos aqueles pacotes, Kurosaki não conseguiu evitar um sorriso. Ele parecia deslocado e com o rosto levemente avermelhado, reclamando a respeito da data e sobre não entender porque as pessoas faziam aquilo. Contou o drama com os doces que o incomodou desde a noite anterior, quando Izumi entregou o primeiro pacote, seguido dos outros três que surgiram na sua mesa de trabalho. Katsuya conseguiu convencê-lo a não jogar fora os que vieram de Izumi, mesmo que negasse a oferta de paz e amizade. O empresário só aceitou comer metade dos macarons ao ver o bilhete com a letra de Shiroyama, dizendo que escolheu a metade rosa. Os verdes eram de Hayato. Os que vieram das meninas foram bem aceitos, mesmo que Mikaru se sentisse incomodado, como se achasse que não merecia aquilo.

— Alguma coisa errada? – ao não obter resposta ou reação, Katsuya o questionou novamente, encarando a expressão compenetrada do namorado.

— Está faltando um. – Mikaru realmente parecia incomodado com aquilo, mas o rapaz não sabia dizer o porquê, até que viu uma caixinha na mesa de cabeceira.

— Aquele ali? – apontou o objeto atrás do empresário, que olhou com quase descaso, negando com um aceno.

— Não, aquele é o seu.

— Ah… Izumi-san mandou pra mim também? – o rapaz conhecia o emblema da loja. Era o tipo de confeitaria que Shiroyama gostava de frequentar, cheia de doces requintados.

— Tem um bilhete.

Katsuya saiu da cama apenas tempo o suficiente para pegar o presente, abrindo para ver o conteúdo antes mesmo de ler o que continha na mensagem, sorrindo com uma pequena torta de chocolate acomodada num embrulho bonito com seu nome na cobertura. Pegou então o bilhete e não viu quando mordeu o pocky, deixando uma ponta cair em seu colo.

Katsuya conhecia a letra bonita e desenhada. A vira em várias anotações no meio de projetos de construção. Olhou para Mikaru, que o encarava de volta, sorrindo em expectativa. Ele havia armado aquela cena toda… Era aquilo que ele queria dizer sobre faltar um?

— Achei que não gostasse de comemorar essas datas. – Katsuya respondeu com um leve tom de riso na voz.

— Não gostava. Acho que não custa tentar. – Mikaru deu de ombros, ainda em espera – Quer dizer que não tem mais um pra mim?

— Chocolates do Valentine’s são retribuídos no White Day. Vai receber os seus depois. – ele realmente não havia comprado nada. Não era a primeira vez que ouvia Mikaru reclamando sobre essas datas comemorativas que eram puramente comerciais.

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— Quando?

— Daqui um mês. – Katsuya olho novamente o bilhete, tentando conter o sorriso, mas parecia impossível – Isso quer dizer que podemos comemorar outras ocasiões? Todas elas?

— Sim, podemos. Só me lembre com antecedência. Não conheço todas as datas.

— Eu vou lembrar.

Katsuya precisava agradecer pelo presente, mas pelo bilhete também. Na verdade, responder à mensagem lhe pareceu mais importante do que agradecer à torta, mas havia palavras o suficiente para isso? Afastou as caixas de chocolate do caminho enquanto se inclinava na direção do namorado, resvalando os lábios contra os dele, mordiscando de leve e sussurrando um ‘Eu também’, como Mikaru já fizera diversas vezes diante de suas declarações, antes de então aprofundar o beijo.

— Você também o que? – Mikaru questionou baixinho, acomodado abaixo do corpo de Katsuya, o tom usado e a expressão em sua face longe de serem consideradas inocentes.

— Vamos normalizar isso também? – Kurosaki beijou-lhe o pescoço, recebendo um misto de gemido e confirmação como resposta. Ele era sensível ali – Você começa.

Mikaru o encarou com seriedade, sendo observado da mesma forma. Ele precisava começar se queria tornar aquilo um hábito. Ele quem sempre desconversava ou fingia não ouvir. Se queria mostrar que era verdadeiro, então devia partir dele. Não achava certo aquele tipo de declaração no começo do namoro, não tinha certeza do que sentia. Gostava de Katsuya, mas não sabia se era do jeito certo e tinha certeza que não era na mesma intensidade que o outro sentia. Quando ele dizia que gostava de si, não restavam dúvidas, não havia incerteza. Deixou o tempo passar e nunca encontrou oportunidade para tomar a iniciativa. Nunca parecia ser o momento ideal. Se pegou observando as declarações de Shiroyama para Izumi e notou que não havia isso de hora certa. Eles diziam quando e onde queriam e sempre parecia sincero. E agora queria tentar. Agora tinha certeza do que sentia, mesmo que não fosse nem uma parte do que sentia receber de Katsuya.

— Eu amo você. – sem sussurros ou tremores. A voz saiu clara e firme, como queria que fosse.

O sorriso que recebeu parecia muito satisfeito. Depois veio um beijo em seu rosto e lábios, e então ele o envolveu num abraço apertado.

— Eu também amo você.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.