MacGyver

Melissa The Teenage Witch


P.O.V. Melissa.

Ter essa vida dupla é meio que uma droga. Me lembro de quando a minha mãe tentou me contar que o meu pai não era meu pai.

Flashback On.

Minha mãe tá nervosa.

—Olha querida, tem uma coisa que eu preciso te contar. Nós te amamos e...

—Mãe, eu sei.

—O que?

—Eu sei que o papai não é meu pai biológico.

—Como?

—Eu tenho a internet. Caroline, a Virgem.

—O site. Desde quando você...

—Tinha dez quando descobri, mas o papai ainda é meu pai.

—Porque nunca disse nada?

—Porque não importa. Papai sempre esteve lá pra mim e você também. E a Riley, a tia Matty e até o Jack. Vocês são a minha família.

—Ah, querida. Nós te amamos.

—Também amo vocês.

Flashback Off.

Fui acordada dos meus pensamentos pela Claire Salvatore.

—Ei esquisita. Tá rindo sozinha?

—Estou. Você quer rir comigo?

Ela ficou puta.

—Você é louca.

—Particularmente, prefiro levemente desequilibrada.

Então, a Lucy veio.

—Chegou a namorada.

—Deixa ela em paz ou eu vou testar a minha tesoura nova em você.

Disse a Lucy mostrando a tesoura nova que ela ganhou de aniversário.

—É uma bela tesoura.

—Eu sei! Foi usada no filme a tesoura assassina, parte II.

A Claire saiu. Claire é a capitã do esquadrão de líderes de torcida da escola. Estudamos na North Shore.

—Você devia tacar um vodu nela. Uma maldição terrível.

—Não. Ela é só uma garotinha mimada.

—E você é a versão feminina de Jesus.

—Ah, nem me fala. Os carolas me mandam cartas e presentes até hoje. Foi só um erro médico, não teve milagre.

—Se eu pudesse fazer metade das coisas que você pode, eu me consideraria um milagre.

Rolei os olhos. A Lucy não tem jeito mesmo.

Lucinda West é minha melhor amiga desde o jardim, eu era esquisita e excluída e ela também, então decidimos ser esquisitas juntas.

—Vamos sair pra dançar hoje?

—Claro.

O sinal bateu. Temos aula de laboratório.

—Bom dia pessoal, hoje temos dois novos alunos. Estes são Brian Reeza e Alek Petrov.

—Bem vindos á classe. Eu sou Melissa MacGyver.

—Ela é a versão feminina de Jesus.

—E você a do Satã.

Olhei feio para a Lucy.

—Bom, vamos começar a aula.

P.O.V. Alek.

Ela foi a única que nos deu as boas vindas e foram boas vindas genuínas, sem segundas intenções envolvidas.

Minha mãe casou com o pai do Brian então, somos irmãos agora. Nova escola, nova casa, novo país. A América é uma bagunça, as pessoas estão sempre atrasadas.

Melissa é uma gata, mas acho que ela e a outra garota estão juntas.

O sinal do almoço soou e elas estavam sentadas numa mesa.

Melissa:—Vocês querem sentar com a gente?

Lucy:—Digam não.

Melissa:—Lucy! Não liguem, a Lucy é assim mesmo. Você se acostuma, aprende a gostar.

Alek:—Sua namorada parece meio super-protetora.

Melissa:—Ah, vocês são britânicos! Que legal, acho sotaque britânico tão chique. Espera, você disse namorada?

Alek:—É. Vocês... não são?

Melissa:—Não. Só amigas. As melhores amigas. Então, querem sentar?

A menina com maquiagem pesada, roupa preta e cabelo cheio de mexas coloridas estava com uma tesoura na mão picotando um guardanapo.

Lucy:—Digam não.

Brian:—Claro.

Lucy:—Melissa eu te odeio.

Melissa:—Também te adoro amiga.

Alek:—Ela é sempre assim?

Melissa:—É. A Lucy tem... problemas para deixar as pessoas se aproximarem.

Lucy:—Porque as pessoas são todas umas babacas. Interesseiras. Especialmente as garotas.

A gótica jogou ketchup no hambúrguer e começou a furá-lo com a tesoura.

Melissa:—Você está sujando a sua tesoura nova.

Lucy:—Eu sei. Depois eu lavo.

Então, ela comeu o hambúrguer todo furado.

Brian:—Você dá medo, sabia?

Lucy:—Eu assustei o Pitbull da minha vizinha, sabia?

Brian:—Rá, rá, muito engraçado.

Melissa:—Ela tá falando sério. O Toby não late quando ela tá em casa.

Alek:—Você é a dona do Pitbull?

Melissa:—Não. A vizinha do outro lado. Eu tenho medo de cães.

Lucy:—Mas, eles te amam mesmo assim. É irritante.

Melissa:—Com certeza.

Brian:—Porque a garota diria que você é a versão feminina de Jesus?

Melissa:—É um jeito de se colocar. Foi um... erro médico.

Alek:—Que tipo de erro médico?

Lucy:—A mãe dela era virgem e a médica idiota inseminou-a por engano.

Mel:—Esse tipo.

Brian:—Então, é só você e a sua mãe?

Mel:—Eu, minha mãe e meu pai. Ele não é meu pai biológico, mas me criou então...

Brian:—Ele é seu pai.

Mel:—Por ai. E vocês? Melhores amigos? Um casal?

Alek:—Irmãos postiços. O pai dele casou com a minha mãe e nos mudamos da Inglaterra pra cá.

Mel:—Você não tem sotaque britânico. Só ele.

—Sou americano. Fomos de férias para Londres e meu pai esbarrou na alma gêmea dele.

—Own! Que fofinho.

—MacGyver é da sua mãe?

—Meu pai, Angus MacGyver. Eles se conheceram quando ela já tava grávida de mim, começaram a trabalhar juntos, se apaixonaram e por ai vai. Sou Melissa Bishop MacGyver. Minha mãe é Caroline Bishop. E apesar do meu pai não ser meu pai biológico, pareço mais com ele do que com a mamãe. Fisicamente. Vocês jamais diriam que não sou sua filha biológica.

—Você parece com ele?

—Muito. Quando eu era mais jovem o meu cabelo era um castanho puxado pro ruivo, mas foi clareando.

—O seu aniversário de dezesseis anos está chegando. Logo, você vai poder ser presa. E vai ter a outra coisa também.

—Estou com medo disso.

—Que outra coisa?

—É uma coisa que acontece com as pessoas da minha família.

—Se fosse eu estaria ansiosa. Se você já é super foda sem todo o seu potencial, quando o tiver será implacável. Será a mais forte do mundo, poderosa o suficiente para acabar com a vidinha miserável da Claire Salvatore, fazê-la gritar, chorar e implorar por misericórdia.

—Eu não faria nada disso. Não é assim que funciona.

—Funciona se você quiser.

—Com licença, vou ao banheiro.

Melissa se levantou e saiu.

—Ah, que droga. Porque ele ter que ser tão sensível? Essa coisa de serva da natureza ás vezes é um pé no saco.

Lucy se levantou e saiu. Nem se incomodou em pedir licença.

—Serva da natureza?

P.O.V. Melissa.

Depois de usar o banheiro, fiquei em frente ao espelho retocando a maquiagem.

—Me desculpe. Sei que está nervosa por causa da sua elevação.

—Tudo bem. Mas, você pode estar certa. Talvez quando eu tiver acesso a todo o meu Poder, ao meu verdadeiro Poder eu pire e vire uma vadia maluca e vingativa.

—Se até agora você não acabou com a raça da vadia Salvatore, não acaba mais.

—Lucy, eu tenho pena dela. Ter que ficar menosprezando outras pessoas para poder se sentir bem? Uma pessoa assim, é digna de pena. Você vai na minha cerimônia de elevação não é?

—É claro. Não perderia por nada no mundo.

—E eu vou dar uma mega festa de aniversário no dia seguinte.

—Conte comigo. Vamos beber até cair. Bom, eu vou.

Eu ri.

P.O.V. Brian.

Serva da natureza? Será algum tipo de religião que eu desconheça?

Elas voltaram do banheiro abraçadas.

—Espero não estar sendo intrometido, mas essa coisa de serva da natureza é um tipo de religião?

—É mais... uma coisa de família. Tipo, um gene. Ou você é ou não é. Eu vou dar uma festa no sábado. Minha festa de aniversário, chegando em casa eu faço convites pra vocês.

—Não precisa nos convidar.

—Mas, eu quero. Vão precisar de convites para entrar, meus pais trabalham pro governo e tem muita gente ruim que quer... se vingar então...

—Oh! Por isso o convite.

—Isso. Tenho que alertar que a minha casa é cheia de coisas esquisitas. Velas e ervas, incensos, mas se vocês quiserem vir serão bem vindos.

—Eu vou.

—E eu também. Você foi a única pessoa que foi simpática com a gente.

—De nada?

—Você é muito meiga sabia?

—Sou uma romântica incurável.

Ela era mesmo muito meiga. Os olhos azuis capri cheios de inocência e doçura, sorriso sincero. Suas roupas eram totalmente girly. É assim que as garotas chamam este estilo. Melissa usava colares discretos, blusa básica, calça jeans skinny de lavagem escura, uma bota de cano curto com salto quadrado e umas pulseirinhas daquelas em que se colocam os penduricalhos.

—Você gosta destas pulseiras que se colocam o pingente que quiser?

—Gosto. Cada coisinha tem um significado. Este coração de cristal sou eu, minha mãe é o lobo e o meu pai, a Fênix.

—Porque?

—O coração representa o amor e o cristal é delicado. Eu sou amorosa e delicada. O lobo é feroz, especialmente em se tratando de defender sua matilha e minha mãe sempre lutou por mim com unhas e dentes desde o momento em que soube da minha existência.

—E porque o seu pai é representado pela Fênix?

—Porque ele é especialista em armar e desarmar bombas. Uma vez, ele foi para uma missão no Afeganistão, salvar uns soldados que foram feitos de reféns por uns terroristas e... eles explodiram uma bomba. Meu pai ficou preso nos escombros, ele quase morreu, mas renasceu. Por isso a Fênix.

Disse Melissa pegando o pingente com a mão. Seu olhar era triste e distante.

—Eu me lembro de ver o meu pai no hospital. Ele quebrou a perna e uma das costelas quando os escombros caíram encima dele, disseram que chegou inconsciente ao hospital.

—Sinto muito.

—Ele sobreviveu. Foi um milagre não ter tido nenhum dano cerebral ou morrido.

P.O.V. Melissa.

Não foi milagre, foi magia. Minha mãe sempre coloca um feitiço de proteção nele, eu não sabia disso na época, mas agora eu sei.

É meio que uma droga ser uma bruxa. Ainda mais sendo uma Bishop primogênita, mulher. Eu carrego o mundo nas costas e ninguém sabe. Ninguém exceto a Lucy e os meus familiares. Ás vezes eu queria ser normal, mas não acho que eu consiga viver sem a minha magia, sem meus poderes. Eles são parte de mim. Pra mim fazer magia é como respirar.