Marik olhou impaciente para o albino ao seu lado e tomou o controle das mãos dele apertando o play.

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Yu Gi Oh! apresenta: A Pequena Sereia.

Muito longe da terra, onde o mar é muito azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo tinha três filhas. Ishizu, Rishid, Namu e Marik. Todas muito bonitas...

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Bakura: Deuses... Namu nem existe!– resmungou cruzando os braços.

Marik: E eu sou uma garota novamente... Estou ficando cansado disso...– bufou apoiando o queixo na mão e olhando desinteressado para a TV.

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...porém a mais moça, Marik, se destacava por sua bela voz, com sua pele perfeitamente bronzeada e os que brilhavam como ametistas. Como as irmãs, não tinha pés, mas sim uma cauda de peixe. Ela era uma sereia.

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Bakura: Estamos mesmo falando do Marik?– pergunta erguendo uma sobrancelha e olha para o loiro ao seu lado.

Marik: Eu sou sexy! E minha voz é linda! – rosna estreitando os olhos.

Bakura: Confie em mim, Marik. Você simplesmente não pode cantar.

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Essa princesa era a mais interessada nas histórias sobre o mundo de cima, e desejava poder ir à superfície; queria saber tudo sobre os navios, as cidades, as pessoas e os animais.

– Quando você tiver 15 anos - dizia Ishizu, sua irmã mais velha - subirá à superfície e poderá se sentar nos rochedos para ver o luar, os navios, as cidades e as florestas.

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Marik: De certa forma isso me soa muito familiar...– comenta pensativo.

Bakura: Eu pensei que seu pai não deixasse nenhum de vocês sair do tumulo.

Marik: Bem... Alguém tinha que buscar comida. Ou você pensou que sobrevivíamos apenas de ar?

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Os anos se passaram... Quando a princesa completou 15 anos mal pôde acreditar. Seu pai lhe chamou e acariciando seus longos fios loiros colocou uma linda flor em sua cabeça lhe dizendo que poderia subir a superfície.

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Marik: Ei! Ninguém toca no meu cabelo!– protestou. O albino apenas o olhou e esticou o braço puxando os fios loiros com força - Fluffy!

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Ela subiu até a superfície e viu o céu, o sol, as nuvens... Viu também um navio e ficou muito curiosa. Foi nadando até se aproximar da grande embarcação. Viu, através dos vidros das vigias, passageiros ricamente trajados. O mais belo de todos era um príncipe de cabelos brancos anormalmente bagunçados e pele clara, que estava fazendo aniversário, ele não deveria ter mais de 16 anos, e a pequena sereia se apaixonou por ele.

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Marik: Não... – choramingou - Por que eu não posso ser o príncipe?

Bakura: Porque você fica melhor de princesa.– conclui sorrindo largamente - Ou nesse caso sereia.

Marik: Vai se fo...

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A sereiazinha ficou horas admirando seu príncipe, e só despertou de seu devaneio quando o navio foi pego de surpresa por uma tempestade e começou a tombar. A menina viu o príncipe cair no mar e afundar, e se lembrou de que os homens não conseguem viver dentro da água.

Mergulhou na sua direção e o pegou já desmaiado, levando-o para uma praia.

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Marik: Espere!– gritou apertando o pause - Por que estou ajudando esse cara? Eu não sei nada sobre ele! Ele é apenas um príncipe aleatório de cabelos bran...– ele fez uma pausa olhando para Bakura - Fluffy, você acha que ele é...

Bakura: Só agora percebeu Marik? Sinceramente, e eu achando que você não era tão idiota assim...– balançou a cabeça fingindo estar decepcionado.

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A pequena sereia o arrastou ate a praia e se deitou ao lado dele tentando aquece-lo.

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Bakura: Não sabia que você se importava tanto Marik.– disse divertidamente.

Marik: Oh, vá se afogar Fluffy!– resmungou fazendo bico.

Bakura: Pare de me chamar assim!

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Ao amanhecer, o príncipe continuava desacordado. A sereia, vendo que um grupo de moças se aproximava, escondeu-se atrás das pedras, ocultando o rosto entre os flocos de espuma.

As moças viram o náufrago deitado na areia e foram buscar ajuda. Quando finalmente acordou, o príncipe não sabia como havia chegado àquela praia, e tampouco fazia idéia de quem o havia salvado do naufrágio.

A princesa voltou para o castelo muito triste e calada, e não respondia às perguntas de suas irmãs sobre sua primeira visita à superfície.

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Bakura: Em nome de Rá! Como eu queria que isso acontecesse!– gritou dando um pulo.

Marik: Isso soou muito estranho Fluffy.– piscando algumas vezes. Bakura sentiu seu rosto esquentar e tentou disfarçar se fingindo de irritado.

Bakura: Não é o que você esta pensando pequena sereia. Apenas seria ótimo se você se calasse por um minuto.– explicou voltando a se sentar.

Marik: Eu não sou uma sereia!

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A sereia voltou várias vezes à praia onde tinha deixado o príncipe, mas ele nunca aparecia por lá, o que a deixava ainda mais triste. Suas irmãs estavam muito preocupadas, e fizeram tantas perguntas que ela acabou contando o que havia acontecido.

Uma das amigas de uma das princesas conhecia o príncipe e sabia onde ele morava. A pequena sereia se encheu de alegria, e ia nadar todos os dias na praia em que ficava seu palácio. Observava seu amado de longe e cada vez mais gostava dos seres humanos, desejando ardentemente viver entre eles.

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Bakura: Isso soa como se você estivesse me perseguindo, Marik.

Marik: Fluffy, pensei ter dito pra você se afogar na pia do banheiro.– respondeu irritado.

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A princesa, muito curiosa para conhecer melhor os humanos, perguntou a sua irmã se eles também morriam.

– Sim, morrem como nós, e vivem menos. Nós podemos viver trezentos anos, e quando “desaparecemos” somos transformadas em espuma. Nossa alma não é imortal. Já os humanos têm uma alma que vive eternamente.

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Bakura: Sim, eu sou a prova viva disso...– comenta amargamente.

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– Eu daria tudo para ter a alma imortal como os humanos! - suspirou a sereia.

– Se um homem vier a te amar profundamente, se ele concentrar em ti todos os seus pensamentos e todo o seu amor, e se deixar que um sacerdote ponha a sua mão direita na tua, prometendo-te ser fiel nesta vida e na eternidade, então a sua
alma se transferirá para o teu corpo. Ele te dará uma alma, sem perder a dele... Mas isso jamais acontecerá! Tua cauda de peixe, que para nós é um símbolo de beleza, é considerada uma deformidade na terra.

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Marik: Que coisa mais melosa... De onde tiraram essa idiotice toda? Quem acredita nisso? Só um imbecil daria ouvidos a essas bobagens...

Bakura: Marik me faz um favor?– o loiro assentiu com um largo sorriso - Cale a boca, sim?

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A sereiazinha suspirou, olhando tristemente para a sua cauda de peixe e desejando ter um par de pernas em seu lugar. Mas a menina não esquecia a idéia de ter uma alma imortal e resolveu procurar a bruxa do mar, Mariku, famosa por tornar sonhos de jovens sereias em realidade... desde que elas pagassem um preço por isso.

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Marik: E novamente meu yami é malvado...– suspirou - Gostaria de trocar de lugar pelo menos uma vez com ele!

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O lugar onde a bruxa do mar morava era horrível, e a princesa precisou de muita coragem para chegar lá. A bruxa já a esperava, e foi logo dizendo:

– Já sei o que você quer. É uma loucura querer ter pernas, isso trará muita infelicidade a você! Mesmo assim vou preparar uma poção, mas essa transformação será dolorosa. Cada passo que você der será como se estivesse pisando em facas afiadas, e a dor a fará pensar que seus pés foram dilacerados. Você está disposta a suportar tamanho sofrimento?

– Sim, estou pronta! - disse a sereia, pensando no príncipe e na sua alma imortal.

– Pense bem, menina. Depois de tomar a poção você nunca mais poderá voltar à forma de sereia... E se o seu príncipe se casar com outra você não terá uma alma imortal e morrerá no dia seguinte ao casamento dele.

A sereiazinha assentiu com a cabeça e, sem dizer uma palavra, ficou observando a bruxa fazer a poção.

– Pronto, aqui está ela... Mas antes de entregá-la a você, aviso que meu preço por este trabalho é alto: quero a sua linda voz como pagamento. Você nunca mais poderá falar ou cantar...

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Marik começou a cantar uma musica aleatória, mas foi cortado por duas mãos pálidas em seu pescoço o fazendo se engasgar.

Marik: Bakura! Eu estava cantando! – exclamou exasperado.

Bakura: Oh, me desculpe, pensei que você estava com algo preso na garganta.– disse casualmente sorrindo de canto.

Marik: Você estava me estrangulando!

Bakura: Bem, pelo menos o ruído estranho parou...– deu de ombros casualmente tentando sorrir inocentemente, o que era meio impossível para ele.

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A princesa quase desistiu, mas pensou no seu príncipe e pegou a poção que a bruxa lhe estendia. Não quis voltar para o palácio, pois não poderia falar com suas irmã e seu pai. Olhou de longe o palácio onde nasceu e cresceu, soltou um beijo na sua direção e nadou para a praia.

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Bakura: Marik, você realmente é idiota.

Marik: Cale-se Bela!

Bakura: Rapunzel!

Marik: Kitty!

Bakura: Cinderela!

Marik: Fluffy!

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Assim que bebeu a poção, sentiu como se uma espada lhe atravessasse o corpo e desmaiou. Acordou com o príncipe observando-a. Ele a tomou docemente pela mão e a conduziu ao seu palácio.

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Marik: Bakura sendo gentil? Isso é um bom motivo para se desconfiar de algo. Se eu fosse ela sairia correndo dali.– comentou com desdém.

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Como a bruxa havia dito, a cada passo que a menina dava sentia como se estivesse pisando sobre lâminas afiadíssimas, mas suportava tudo com alegria pois finalmente estava ao lado de seu amado príncipe.

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Marik: O dia que o Bakura for meu amado príncipe eu me jogo de uma ponte.

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A beleza da moça encantou o príncipe, e ela passou a acompanhá-lo em todos os lugares. À noite, dançava para ele, e seus olhos se enchiam de lágrimas, tamanha dor sentia nos pés.

Quem a visse dançando ficava hipnotizado com sua graça e leveza, e acreditava que suas lágrimas eram de emoção.

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Bakura: Pobre Marik...– disse com um revirar de olhos e levou um tapa na nuca - Ei!

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O príncipe, no entanto, não pensava em se casar com ela, pois ainda tinha esperança de encontrar a linda moça que ele vira na praia, após o naufrágio, e por quem se apaixonara. Ele não se lembrava muito bem da moça, e nem imaginava que aquela menina muda era essa pessoa...

Todas as noites a princesinha ia refrescar os pés na água do mar. Nessas horas, suas irmãs se aproximavam da praia para matar a saudade da caçulinha.

A família do príncipe queria que ele se casasse com a filha do rei vizinho, Ryou, e organizou uma viagem para apresentá-los. O príncipe, a sereiazinha e um numeroso séquito seguiram em viagem para o reino vizinho.

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Bakura: O QUÊ!?– exclamou se levantando bruscamente. Marik estava no chão rolando de rir - Em nome de Anúbis! Por que tem que ser o Ryou!? Bem... Faz sentido que ele é uma garota, ele se parece com uma.– Marik respirou fundo engolindo o riso.

Marik: E você se parece com ele...– não conseguiu segurar a gargalhada.

Bakura apenas se sentou cruzando os braços e pernas bufando em irritação.

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– Foi você que me salvou! Foi você que eu vi na praia! Finalmente encontrei você, minha amada!

A princesa era realmente uma das moças que estava naquela praia, mas não havia salvado o rapaz. Para tristeza da sereia, a princesa também se apaixonara pelo príncipe e os dois marcaram o casamento para o dia seguinte. Seria o fim da sereiazinha. Todo o
seu sacrifício havia sido em vão.

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Marik: Se essa sereia realmente fosse eu, o príncipe estaria morto em um piscar de olhos.

Bakura: Como se você tivesse capacidade para fazer isso...– murmura.

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Depois do casamento, os noivos e a comitiva voltaram para o palácio do príncipe de navio, e a sereia ficou observando o amanhecer, esperando o primeiro raio de sol que deveria matá-la.

Viu então sua irmão Ishizu, sem os longos cabelos negros, nadando ao
lado do navio. Em suas mãos brilhava um objeto dourado.

– Entreguei o meu cabelo para a bruxa do mar em troca do Cetro do Milênio. Você deve enterrá-la no coração do príncipe. Só assim poderá voltar a ser uma sereia novamente e escapará da morte. Corra, você deve matá-lo antes do nascer do sol.

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Marik: Se eu fosse você realmente tomaria cuidado com Ishizu. – comenta.

Bakura: É apenas um conto Marik...

Marik: Mas não quer dizer minha irmã não tenha o mesmo pensamento Fluffy.

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A sereia pegou o Cetro do Milênio e foi até o quarto do príncipe, mas ao vê-lo não teve coragem de matá-lo. Caminhou lentamente até a murada do navio, mergulhou no mar azul e, ao confundir-se com as ondas, sentiu que seu corpo ia se diluindo em espuma.

Colori, colorado, esta o conto acabado!

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Marik: Eu morri... – diz desconsolado.

Bakura: Veja pelo lado bom Marik, pelo menos agora você não é mais uma sereia.

Marik: Calado!