Acabei adormecendo no sofá com Bruno. Quando acordei preparei ovos mexidos com bacons para nós, fiz um suco de laranja para mim e café bem forte para Bruno. Depois preparei algumas torradas, fiz wafles e panquecas, deixando o mel pronto, óbvio.

Sentia algo de estranho no local, uma névoa esbranquiçada cobria a casa e as cores pareciam falhas... Mas continuei meu dia assim mesmo.

- Wow. – disse Bruno ao acordar. – Morri e tô no paraíso...

- Você só pensa em comer... – eu disse rindo.

Ele me beijou.

- Hm, agora sim tenho certeza de que tô no paraíso... – ele riu.

- Bobo! – não consegui conter a risada também.

Comemos tudo bem depressa. Bruno me deixou no Teatro e foi para o estúdio.

O dia foi corrido demais, só deu tempo de jantar com Bruno e depois cair na cama de tanto cansaço.

A peça é amanhã, e eu estou uma pilha de nervos! É óbvio que decorei o texto e que estou total e completamente preparada, mas o que me deixa nervosa é que amanhã minha irmã vem pra cidade.

Por falar nela, é ela quem está me ligando agora.

- Alô?

- Oiiii maninha! – ela disse.

- Oi Sarah... Tudo bem?

- Tudo amor! Ai, tô morrendo de saudades da minha maninha caçula lindaaa.

- É. – eu disse envergonhada. –Eu também.

- Aw linda, vou ter que desligar, a chata da chefe tá chegando. Te ligo depois. – e desligou.

O que me deixa nervosa é: o tempo que vou gastar com a minha irmã. Ela é totalmente louca, totalmente – eu não fico atrás, mas ok – e não poderia sequer ver Bruno direito.

Disquei seu número.

- Alô?

O barulho estava intenso.

- Bruno?! – eu quase tive de gritar.

Ele estava em uma balada.

Meu sangue ferveu sabe-se lá por que.

- BRUNO! – eu gritei dessa vez.

- Epa. – ele disse rindo. – Desculpa amor, que foi?

- Onde... você... tá? – eu disse entre dentes, tentando parecer calma.

- Hm, numa balada com o Ryan e umas amigas dele, por quê?

Sério mesmo que ele não via problema nisso.

- Awn, Bruno, desliga isso! – ouvi a voz de Sarah do outro lado.

- SARAH? - gritei.

- Ei! – disse Bruno. – Quase fiquei surdo... Você conhece ela?

- Sim, eu conheço! Mas, o que você tá fazendo aí com ela? – que estúpida eu, fazer uma pergunta dessas.

- Ah, olha garota, caso você não viu, eu tô tentando ter um lance com o Bruno, tá legal?! Nos deixa em...

- Olha, Lo, ignora isso, okay? Ela é só uma amiga do Ryan, nada minha.

- Arrãm, o nosso beijo de agora a pouco não foi nada.

- Cala a boca! – disse Bruno, alterado.

- Você tá bêbado! – acusei. – Você me traiu! – comecei a chorar. – Com a minha irmã.

- Irm... O quê? Irmã? M-Mas... – ele parecia confuso.

- Você beijou ela ou não?! – eu gritei.

- Na verdade, ela me roubou um beijo e...

Desliguei o telefone.

Já era o bastante.

Respirei fundo e tentei controlar o choro... em vão.

Tomei um banho quente e decidi sair para beber o máximo que pude.

Coloquei um vestido preto e fui para o bar mais próximo.

E quando você pensa que a pessoa te amava com a mesma intensidade que você a ama... Bem, você pode estar certa. Mas e se só isso não bastasse?

Talvez eu não fosse boa o bastante.

Nunca me achei digna de alguém tão sublime quanto Bruno... Sou uma idiota.

De pensar que ele iria me querer... Rá.

Meu coração doía, estava em pedaços... Havia um buraco em meu peito.

Um homem tocou meu braço.

- Você tá bem? – perguntou, os lábios pequenos. A pele branca e os cabelos louros escuros.

- Acha mesmo que eu tô bem?

- Não é bom para uma moça beber tanto.

- Fuck.

- Ei! Calma...

- Eu sei que não é bom! Eu sequer bebo! Meu coração está em pedaços, será que você não pode retirar essa sua maldita bunda de perto de mim e me deixar morrer?! – eu quase gritei.

Ele riu.

- Hm, acho que o cara que te fez isso é um estúpido.

- Não fale dele.

- Ainda o ama.

- Ele me ama também! Mas ele estava bêbado e a Sarah o beijou...

- Sua amiga?

- Não.

Ele me lançou um olhar confuso.

- Ele não fez nada demais, foi só um beijo! Mas eu o amo tanto que... dói como se ele tivesse enfiado uma faca no meu peito. – não conseguia parar de chorar.

Ele levantou meu queixo e me beijou lentamente.

Seus lábios eram leves, calmos e pacientes.

- Não me disse seu nome... – eu sorri.

- É Noah... E o seu é...?

- Lohyane... Mas me chama de Lo. – eu disse sorrindo.

- Hm... Desculpe pelo beijo, Lo. – ele deu um sorriso tímido. – Agora pelo o menos estão quites.

- É... Mas eu não quero falar sobre isso. – bebi meu último gole de uísque e joguei o dinheiro para o barman.

Noah apertou minha cintura e me inclinou para ele, fazendo-o me beijar por mais tempo.

- Isso é errado.

- Ele está beijando a outra agora... – ele pareceu cutucar minha feria no peito. – Eu te levo para casa.

Chegando em casa, Noah subiu, porque “acidentalmente” ele derrubou café em sua blusa.

Ele tirou a blusa e se atirou no sofá.

- Se importa se eu dormir aqui? – ele perguntou.

- Sim. Cai fora. – eu disse abrindo a porta.

Bruno estava lá, chorando.

- Lo, me desculpa, eu... Eu...

- Cala a boca! Noah, cai fora! – eu gritei de novo.

Noah colocou a blusa.

- Então você partiu o coração da minha menina? – ele disse apertando minha cintura.

- Fuck you! – gritou Bruno para Noah. – Eu a amo e nunca quis magoá-la, a louca irmã dela que me beijou!

Noah o olhou com ar tristonho.

- Que pena, você já a perdeu.

- O quê?

Ele saiu rindo.

- Do quê ele tá falando? – perguntou Bruno entrando como um furacão em nossa casa.

- Não interessa!

- Você ficou com ele?

Virei o rosto.

- Até onde chegaram?

- Beijos! Só beijos. – eu disse.

- Ah é? Pensa que é assim?!?! O que te faz pensar que eu queria que sua irmã me beijasse?! Você nunca me respeitou, não entende a história direito e... – ele riu, a dor era evidente em sua voz.

Senti uma vontade de fazê-lo sofrer tanto quanto eu estava sofrendo.

- Me esquece, Bruno! – eu ri, irônica. – Acha mesmo que eu sou tão idiota assim?! Vai lá com a Sarah, fique com ela, que seja. Você morreu para mim.

Não era o bastante.

- Quero que saiba que você não... – eu precisava feri-lo! Precisava mentir. – me amou de verdade! E eu não te quero.

- Não me quer? – as palavras saíram sufocadas.

Comecei a chorar, meu disfarce se desmanchando.

- Vai embora.

- Eu vou voltar. – ele disse olhando em meus olhos.

- Não Bruno! O que você dizia sentir não era amor! Me traiu com qualquer uma... – mesmo que seja minha irmã, foi com qualquer uma.

- Não foi traição, ela me beijou! Ela! Não eu.

- V-Você... Não sabe como isso machuca! E diga para a Sarah que nunca mais vou olhá-la no olho.

Bruno começou a chorar junto à mim.

- Eu vou voltar.

De repente, acordei, assustada, na cama do lado de Bruno... Chorando.

- Foi... só um sonho. - eu disse, rindo de como eu era patética.

Bruno me consolou.

- O quê? Me conte sobre ele...

Mas eu não conseguia falar. Só conseguia me debulhar em lágrimas com medo de que aquilo se tornasse realidade ou se fosse um... sinal.