Luar

Tudo normal


Capítulo 1 – Tudo normal
Eu não queria nada disso. Não queria ser uma aberração da natureza. Mas agora eu sou.
Agora eu entendo as histórias que a tia Beck me contava, sobre as lendas do mar, não são histórias, tudo é real. Eu só queria ter acreditado nas histórias antes... de fazer parte delas.
Tudo começou no ultimo dia de aula.
-Acorda, Claire!-disse Lucy, minha melhor amiga desde....desde que eu me lembro- Dá pra pelo menos fingir que ta animada, é o ultimo dia.
Eu tinha ido dormir na casa dela já que íamos passar as férias separadas.
-Ah,qual é?!Não vão passar nada hoje.Vamos dormir e depois ver um filme,ninguém vai sentir nossa falta na escola.
-Só a Dorothy, a professora da qual estamos devendo uns dois pontos na matéria dela!Alias, temos prova de recuperação da matéria dela hoje. Então levanta!
Eu detestava admitir, mas ela estava certa se a gente não fosse ia reprovar.Levantei e vesti a camisa de uniforme e uma saia jeans, calcei o tênis e desci pra tomar café da manha. Eu sempre fico mais tranqüila quando durmo na casa da Lucy porque o pai dela sempre leva a gente de carro para a escola, já que é a caminho do trabalho dele.

Nossa escola é a Agatha Guimarães High School, carinhosamente apelidada pelos alunos de “prisão para adolescentes na puberdade”, onde os professores são carcerários mal pagos que descontam suas magoas com notas baixas nos boletins alheios.
A primeira aula era história e a Sra. Dorothy, como sempre, estava de mal humor, parece que ela tem uma vida baseada no filme “idas e vindas do amor”, só que só com a parte do “idas”.
Sabe eu até gosto de historia só que para que eu tenho que saber o nome dos burguês da época de 1500 e minha tataravó era virgem. Eu sempre fui do contra as matérias que todo mundo diz que são impossíveis, tipo matemática, química, física e biologia, eu acho fácil parece que meu cérebro funciona em outra frequência.
Uma hora depois a aula tinha acabado eu tinha conseguido os pontos que faltavam, mas minha cabeça estava rodando com as historias de romances mal sucedidos da Sra. Dorothy e a revolução industrial.
Encontrei Lucy na cantina, como era o ultimo dia, o cardápio era sanduíche natural (com gosto de grama), suco de goiaba (que estava mais pra goiágua) e iogurte (que parecia passado da validade), sinceramente um manjar dos deuses com os cumprimentos da equipe penitenciaria que fizeram discursos de boas férias, sentiremos saudades (mas na verdade queriam dizer já vai tarde, graças a Deus não vamos ter que aturar esses pestinhas).
Depois desse delicioso banquete (SQNÃO!), fomos liberados da escola por dois meses (Amém!).
Eu e Lucy fomos pro shopping, a gente tinha combinado de fazer umas comprinhas juntas antes das férias.
Andamos o shopping inteiro, eu comprei uns biquínis novos já que eu ia pra a casa da minha tia Beck, que mora perto da praia. Lucy comprou uns vestidos de festa já que nas férias ela ia conhecer a família do namorado, Jared, ele está morando com o irmão, por isso eles vão ter que viajar para a casa dos pais dele, que fica em Curitiba. Quando começou a escurecer eu me despedi da Lucy, não veria ela por um bom tempo, já que eu viajava no domingo, mas combinamos de ligar uma para outra sempre que tiver novidades.

Cheguei em casa era umas sete da noite, a casa e estava vazia já que meu pai trabalha embarcado numa base petrolífera ele só fica em duas semanas por mês, minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos, meu pai disse que ela sumiu no mar...não morreu sumiu. Mas é claro que ela morreu ninguém desaparece desse jeito por dez anos.
Então subi pro meu quarto experimentei de novo as roupas, por que se não estivessem servindo tão bem quanto eu imaginava, não queria descobrir quando estivesse na hora de usá-las. Quando terminei desci coloquei as roupas na maquina pra lavar antes da viagem, fui ver TV e o mais importante de todos: jogar fora as coisas que eu não ia usar mais da escola tipo uniforme, já que eu ia pro ensino médio, então ia ter que mudar de escola. Mas é claro como eu sou uma moça econômica e não desperdiço nada resolvi usar o antigo uniforme com pano de chão.

Acordei um pouco tarde, já era meio dia, pensei em fazer mais algumas coisas antes da viagem, mas como sempre deixei tudo para ultima hora. Então fui arrumar a mala, quando o telefone tocou:
-Alô!
-Alô. - era meu pai.
-Já está tudo arrumado para a viagem?
-Já - menti.
-Mesmo, a nossa vizinha me ligou ontem à noite e disse que você nem esvaziou a piscina como tinha prometido. - maldita velha fofoqueira!
-Foi mal, eu fiquei um tempão arrumando a mala que até esqueci.
- Não se esqueça de fazer isso e de levar o peixe para a vizinha cuidar. OK?
-OK.
- Filha, cuida bem de você e toma cuidado no aeroporto. OK?
-OK.Tchau Pai.
-Tchau.
Meu pai era um pouco sem jeito para conversas, mas sempre tenta fazer de tudo para que eu me sinta bem.
Terminei de fazer a mala e entreguei o Bob, o peixe, para a vizinha. Eu ainda tinha umas cinco horas livres antes do meu vôo, então entrei no face por uns dois minutinhos (ou duas horas).
Almocei, guardei o PC para levar na viagem, me arrumei, mas acho que estava esquecendo alguma coisa... a piscina, sorte que ainda dava tempo. Coloquei a piscina para esvaziar e fui embora para o aeroporto.
Cheguei lá, estava tudo lotado dei sorte de conseguir fazer o check-in a tempo, acho que dá próxima vez vou chegar umas duas horas antes do vôo.