POV. PIERRE

Tudo estava voltando ao normal logo após a correria da sala de emergência. Estava indo em direção ao refeitório quando vi o Marcos parado igual uma estatua olhando pro nada.

–Ei gatão- digo chamando a atenção dele- O que você ta ai parado igual uma estatua?-pergunto.

–Nada, só pensando na minha miserável vida- diz ele sorrindo de lado.

–Ata, e essa miserável vida tem haver com uma certa ruiva, baixinha também conhecida como Carol?-digo a ele.

–Ta tão na cara assim?-pergunta ele.

–É a vida, não da pra negar-digo- e alem do mais eu sou seu amigo, sei de tudo o que se passa na sua vida- digo a ele.

–Pois é, mas me conte como anda a vida de namorado perfeito?-pergunta ele pra mudar de assunto.

–Ah você sabe, sendo o melhor sempre- digo a ele que da risada.

–Você ta sabendo que se magoar a Sarah a Annie te castra-diz ele.

–E você sabia que o primeiro da lista é você- digo o fazendo arregalar os olhos, não me contendo e começo a rir- é meu querido você esqueceu que a Annie é a protetora das meninas?-digo ainda rindo.

–Mas não tem porque eu estar na lista se eu nem estava namorando com a Carol ou ate tendo algum envolvimento- diz ele pensativo.

–Ai meu Deus- digo chocado- Você é um completo cego mesmo- digo a ele- Até parece que você não gosta dela do mesmo jeito que ela gosta de você- digo a ele.

–Talvez, você não tem certeza se isso é verdade-rebate ele.

–Acontece que eu namoro uma certa bailarina que também mora na mesma casa que uma certas ruiva- digo- então meu querido, pensa um pouco- digo.

–Você quer que eu faça o que? Que eu chegue nela e diga que tenho ciúmes dela com o Doutorzinho de meia tigela, quer que eu diga que amo ela e que passaria o resto da minha vida com ela, é isso?-diz ele pra mim confessando.

–Sim, é isso que ela quer ouvir-digo pra ele.

–Não dá, tem muita coisa acontecendo e também tem a historia de ela ter me pego com a Vanessa, ela nunca ira acreditar em mim- diz ele.

–Mas você não teve culpa se a louca da....-ia dizendo quando alguém nos chama.

–Pierre ou Marcos, tem uma ambulância vindo com uma paciente que necessita dos cuidados médicos urgentes -diz Daniel- Quem de vocês está disposto?-pergunta.

–Eu vou-digo ao mesmo tempo em que o Marcos.

–Ótimo quanto mais gente melhor, venham vocês precisam se trocar-diz ele.

–Se trocar? Porque?- pergunta Marcos confuso.

–A paciente que esta sendo encaminhada ela está com algum vírus contagioso -diz ele.

–Que Virus?-pergunto curioso.

–Ai é que está, ninguém sabe- diz ele- então a paciente esta sendo direcionada até nós para descobrirmos, já que temos o melhor laboratório de pesquisas- diz.

–Entendi, mas porque você disse ser contagiosa se esta vindo uma pessoa?-diz marcos.

–Eu não disse que era somente uma vitima- diz Daniel.

–Quantas pessoas exatamente?-pergunto.

–Um hospital inteiro- diz ele nos fazendo arregalar os olhos.

–Como assim um Hospital?-pergunto chocado.

– A paciente infectada foi direcionada ao Hospital próximo a sua residência e como ninguém sabia o que era todos foram infectados, sendo assim o hospital ficou em estado totalmente critico, vários médicos ficaram infectados e é por isso que precisam da nossa ajuda-diz ele.

–Nossa então a coisa é grave- digo.

–E o hospital? Qual são as medidas que eles estão tomando?-pergunta Marcos.

–Pelo que eu fui informado eles só estão dando os medicamentos para desacelerar o coração e para abaixar a febre, a maioria esta sedada-diz ele.

–Mortes? Houve alguma?-pergunta Marcos e Daniel fica em silencio.

–Daniel- digo chamando a sua atenção.

–Eu fui informado que deveria alertar os médicos urgentemente para dar inicio a procura do antiduto, e pelo que eu soube sim houve muitas mortes- diz ele cochichando.

–É pelo jeito a coisa ta feia- digo e os dois concordam.

–Andem troquem de roupa e vão já para a ala de isolamento do hospital que a ambulância já esta chegando-diz Daniel.

Assim que já estamos prontos chega à ambulância com uma das vitimas infectadas. Quando vejo que é somente uma criança, uma criança que poderiam estar somente com alguma gripe passageira e não infectada onde corre o risco de vida.

–Qual o nome dela? –pergunta Marcos ao socorreste.

–Vitoria, 11 anos, e aparentemente órfã- diz ele entregando a prancheta com dos exames- aqui está todos os exames que eles fizeram e a lista dos remédios que não causam nenhum efeito.-diz ele.

–Os sintomas já sabem quais são?-pergunto já olhando a prancheta em busca de informação.

–Febre alta, desmaios, alguns tem convulsões, batimentos acelerados, e também essas manchas vermelhas por todo o corpo- diz ele mostrando o braço.

–A quanto tempo ela esta sedada?-pergunta Marcos examinando ela.

–Há mais de 3 horas- diz ele- Bom eu deixo ela em suas maos, preciso voltar ate mais.-diz saindo da ala nos deixando a sós.

–vamos ao trabalho- diz Marcos pegando a seringa pra coletar o sangue.

Enquanto ele coletava eu estava lendo todas as observações dos médicos, as anotações, onde diziam que os pacientes deliravam por causa da alta, por isso eles sedavam a pessoa. Estou tão concentrado lendo a ficha que nem percebo Marcos me chamar.

–Pierre- diz ele e me viro pra olhar pra ele. -Você precisa sair daqui- diz ele.

–O que? Por quê?-pergunto, só então percebo que sua luva esta com sangue.-Por favor me diga que é o sangue dela e não o seu- digo já preocupado.

– A luva tinha um furo- diz ele- eu to bem, mas por via das duvidas comece a fazer a pesquisa o mais rápido possível e chame todos para ajudar quanto mais gente melhor- disse ele.

–Marcos eu não vou te deixar-disse a ele.

–Você precisa, não tem escolha -disse- vai chame as meninas, mas não assuste a Carol ela vai ficar emotiva demais -diz ele preocupado.

–Como você acha que ela vai reagir ao saber que você é obrigado a ficar aqui ate acharmos um antídoto? Acha que ela não vai pirar ao saber que teve mortes?- disse pra ele.

–Não vai haver mais mortes- diz ele- Agora vai.

Saio do quarto de isolamento, retiro a roupa de proteção. E vou indo em direção ao Daniel.

– Daniel preciso que você bipe as meninas avisando da quarentena- digo pra ele.

–Pode deixar, e o Marcos?-pergunta.

–Ele ficou lá dentro, a luva tinha um furo então ele teve que ficar lá dentro antes de os sintomas aparecerem- digo tristemente;

–Nós vamos encontrar o antídoto o mais rápido possível- diz ele- Esse é o sangue da Vitoria?-pergunta ele.

–Sim, você poderia levar pra mim? Eu vou ficar aqui pra dar as noticias a elas- digo.

–Claro, diga a elas que tem que fazerem os exames também- diz ele.

–Exames?-pergunto.

–Sim, todo o hospital ta fazendo os exames pra verificar se mais alguém entro em contato com o vírus - diz ele- Não se preocupe até agora todos estão limpos, sugiro que faça o mesmo já que você estava lá dentro.-diz apontando pra ala de isolamento.

–Pode deixar-digo a ele.

Faço os testes que me informaram que estava tudo limpo, espero as meninas sentado na recepção com a cabeça baixa pensando no que poderia ajudar quando escuto ela.

– Pierre- diz ela e eu levanto olhando pra ela- O que houve?- pergunta já preocupada.

– É o Marcos- digo e num piscar ela já esta desmaiando. Merda. Marcos vai me matar ao saber disso.Seguro ela pra ela não cair com um baque.

–O que você fez?-pergunta lety com raiva, ao me ver segurando ela.

–Eu não fiz nada, eu só contei uma coisa, mas acho que ela entendeu mal-digo.

Pego um pedaço de algodão com álcool, e passo em seu nariz ate que ela acorde. Assim que ela me vê ela começa a chorar. E as meninas me fuzilam como se eu tivesse culpa.

–Cadê o Marcos? Pierre me conte-diz ela desesperada batendo no peito.

–Bom por onde eu começo- digo- A gente estava trabalhando com uma paciente que esta com um vírus contagioso, e nesse caso não sei como o Marcos foi infectados, por causa da luva e tudo o que indica é que agora ele tá la dentro ficando doente a cada minuto.-digo e ela suspira sentando no banco.

–Ai meu Deus- diz ela preocupada.

–Que vírus é esse?-pergunta Annie do meu lado.

–É ai que está o problema parece que é um vírus raro, que precisa ser encontrado o antídoto o mais rápido possível, pessoas estão morrendo por falta dele-digo sem me controlar. Merda de novo.

–Morrendo? E o Marcos tá lá preso? Como você pode deixar ele lá-diz ela me batendo.

–Ei não desconta a sua raiva em mim não, que eu me lembre você esta brigada com ele, se duvidar nem se importa com ele- digo pra ela com raiva- E antes que alguém diga alguma coisa eu estava lá poderia ter sido eu, você acha que eu queria deixar ele la? Esta muito enganada queria ter ficado com ele, mas ele me obrigou para que assim possamos encontrar o mais rápido possível esse antídoto.-digo tudo de uma vez com raiva mesmo. Raiva por meu amigo estar correndo o risco de vida. Raiva porque queria que fosse eu e não ele. Raiva por que todos falavam como se a culpa fosse minha.

–E-eu não sabia, eu-diz ela gaguejando.

–Esquece, ta tranquilo eu que to nervoso aqui –digo me desculpando.

–Fica calmo, toma um café alguma coisa lá no refeitório- diz Annie.

–Eu vou, me avisem quando o Daniel chegar com os resultados- digo- e mais uma coisa alguém tem que ficar de olho no Marcos pra caso os sintomas aparecerem.- digo

–Eu fico-diz Carol.

–Acho melhor não Carol, porque você não vai lá no refeitório se acalmar também?-diz Annie- Eu e as meninas olha ele, ou você vai querer que ele veja esses olhos inchados ai?-diz ela sorrindo.

–Obrigada-diz ela indo abraçar a Annie.

–Vamos?-estendo a mao pra ela que pega de bom grado.

Seguimos os dois em silencio, compartilhando a tristeza. E são nesses momentos que você pensa que a vida é única e que devemos aproveitar cada segundo com as pessoas que gostamos.