Love before it's the end.

Capítulo 37: Palavras machucam mais


Andrew estava começando a voltar ser o Andrew que eu conhecia. Já conseguia andar e ate mesmo me irritar. Eu não ligaria, ele estava voltando. Dava para ver no sorriso de Lauren o quanto ela estava feliz com isso com tudo aquilo. Eu já estava naquela maldita sala três semanas, não era o melhor lugar que se estar. Minha diversão era Lizzie, ela me fazia companhia em cada lugar que eu ia. Nós ate brincávamos de missão, se eu estivesse muito cansada ela iria fazer a minha missão, era bem legal. Ela ate sabia da história do governador. Uma noite. Daryl esqueceu a porta aberta. Lizzie tossia muito. Mas ela foi subornada por vários chocolates, quem resiste a chocolates ?.

Acordei tão animada, faltava poucos dias para sair daquela sala e encontrar com todos e voltar as minhas rondas. Eu estava tão pasma que ate perde minha cor, eu perdi. Eu estava tão pálida que me sentia desconfortável. Eu preciso de Sol. Coloquei todos os que estavam acordados para tomar um pouco de Sol, Doutor 'S' achava que eles precisavam de Sol. Sol é um ótimo medicamento.

– Temos missão para hoje ?. - Lizzie estava sonolenta e com o cabeço bagunçado.

– Por enquanto não. - respondi. - Soube que Mica veio lhe ver, como ela está ?.

– Bem. - Lizzie ficou tristonha. - Sabe, ela está melhor que eu.

– Sempre terá alguém que estará melhor que nós. - deslisei meus dedos sobre o cabelo bagunçado de Lizzie - Já já você estará tão boa quanto ela.

Lizzie sorriu meio triste, mas sorriu.

No mesmo instante, Brian entrou no bloco, gritando algumas coisas que mal dava para entender e apontando o dedo em minha cara. O que, eu matei quem ?. Senti meu corpo bater contra uma das colunas do bloco, Brian tinha acabado de me empurrar. Minha reação foi dar um soco na cara de Brian, logo após, balancei meus dedos que doíam com o impacto. Ele me pegou pelos braços e empurrou meu corpo contra a parede novamente, só que desta vez ainda mais forte. Não iria ficar assim, não comigo. Empurrei Brian para trás e dei um tapa no rosto dele, o tapa fez um barulho enorme.

– Você matou Kath. Você matou ela, vadia. - Ele gritou novamente disparando um soco contra meu ombro.

Brian me pegou novamente pelos braços e jogou meu corpo contra uma das grades. Eu bati minha cabeça nas grades. Estava tonta, tonta e machucada. Olhei para Lizzie que estava aterrorizada e mandei ela entrar na cela, aquilo não acabaria bem. Mesmo tonta, consegui pegar uma barra de ferro e com ela, bater em Brian, que caiu no chão.

– Eu não matei ninguém. - Gritei. - Ela estava morrendo. Ela morreu. Ela se transformaria em uma daquelas coisas. Você aguentaria isso ?.

Brian não deu a minia, na verdade, ele nem ouviu. Ele simplesmente me deu outro soco, desta vez esse foi o mais forte. Foi incrível, eu nem imaginei que tinha tanta força, deixei marcas na cara de Brian. Ele estava tão revoltado quanto eu, e eu queria mata-lo naquele momento. Ele saiu bufando pelos blocos e saiu do meu campo de visão. Olhei para Lizzie que balançava a cabeça negativamente. Eu estava machucada, muito machucada, meu supercílio estava sangrando, minha boca também, meu ombro doía muito com o maldito soco que Brian me deu, sem contar as milhares de marcas avermelhadas no meu braço. Como eu contaria isso para Glenn ?.

– Posso ajudar ?. - Lizzie sorriu.

Sequei um pouco de sangue que escorria da minha boca e entrei na sala, esperando Lizzie chegar com os medicamentos. Eu não queria ferrar com a vida de Brian, ele estava revoltado porque Kath morreu, eu ate entendia. Rick também teve seu ponto de loucura quando Lori morreu. Eu só pensava em como explicar isso para Glenn, nenhuma das minhas mentiras me convenciam e nem iria convencer a ele. Talvez eu estivesse ferrada.

– Está tudo bem ?. - Lizzie limpava o machucado no meu supercílio.

– Uma maravilha. - respondi irônica. - Sobre o que você viu hoje... não conte à Glenn.

– Mesmo sendo a coisa certa para fazer ?. - Ela parou e encarou meus olhos.

– Mesmo sendo a coisa certa. - Eu nem sabia mais o que era a coisa certa. - Essa é sua missão de hoje, guarda este segredo.

Lizzie sorriu.

Agora eu estava mais que ferrada. Glenn tinha acabado de entrar na sala, com Brian todo machucado. Brian estava com mais raiva que antes e Glenn bravo, muito bravo. Brian estava ainda mais machucado, Glenn devia ter batido nele. Eu não queria confusão, mas Glenn estava atrás de uma, ele insistia para que Brian se desculpa-se, mas Brian continuava quieto, recebendo vários socos de Glenn.

– Chega Glenn. Chega. - gritei. O que fez Glenn parar, me encarar ainda mais furioso e sair pelo corredor. Vá atras dele sua idiota. Corri atrás de Glenn pelo bloco inteiro, ele não atendia meus chamados e o pior, continuava a caminhar.

– Glenn. - o segurei pelo braço. - Por que você fez isso ?.

– Por que ? Você quer saber ?. - Ele gritou. O que fez todos do pátio principal virar suas atenções para nós. - Eu estou cansado de cuidar da suas coisas, das suas atitudes, esse farto está me cansando, na verdade, eu não devia ter pegado ele. Você me cansa Maggie.

– Cuidar de mim não é obrigação sua. Você fez isso porque quis. - Minhas palavras eram socos no meu próprio peito. - Cuidar de mim nunca foi obrigação sua.

– Okay. Se é assim, você pode sair daqui. Não é mais um fardo meu. Talvez nunca mais seja. - Ele falava isso com desprezo na voz.

– Ótimo. Hoje mesmo saiu da sua vida, não sou mais seu fardo. Pode voltar com sua vidinha idiota. - Foram mais socos em mim.

Minhas palavras me machucaram tanto, mas as de Glenn, as de Glenn me destruíram por completa. Eu estava no chão, um pouco abaixo disso, mas no chão. Palavras machucam mais que socos na cara. Como Glenn pediu, eu iria sair dali, iria mesmo, sai da vida dele, sai da prisão. Eu estava decidida, mesmo deixando minha família para trás, meu pai, Beth, Daryl, Andrew, Lauren... era difícil esquecer eles e segui em frente, mas eu ia pra frente. Mesmo carregando as mágoas do passado nas costas.

Esperei a noite cair, coloquei todos no bloco para dormi e voltei à minha sala. Minhas roupas estavam preparadas, roupas de frios e algumas de calor. Peguei alguns enlatados esquecidos na dispensa e coloquei tudo dentro de duas mochilas. Peguei uma lanterna e minha arma com algumas balas. Passei na cela de Andrew, ele ainda dormia, deixei um bilhete explicando tudo e peguei as mochilas. Mal coloquei uma mochila no ombro e senti uma dor horrível, teria que à carregar na mão mesmo. Fui ate os prédios afastado da prisão e... sai. Estou deixando uma vida no fim do mundo para trás, mas não ligaria, seria melhor.

Na parte da floresta onde eu estava era mais tranquilo. Poucos zumbis passavam por lá. Ainda estava escuro e eu utilizava minha lanterna para isso. A cada passo que eu dava, uma lágrima passeava pelo meu rosto, em poucos minutos eu estava chorando, chorando muito, a cada passo eu me distanciava mais da prisão e me aproximava mais de um perigo maior, de um 'nunca mais verei eles.' Eu estava sentido saudades de todos, ate mesmo de Carl, garotinho irritante. Eles iriam fazer uma enorme falta para mim.

Decidi parar em uma casa que encontrei na estrada. Eu me viraria sozinha. Coloquei minhas coisas na sala e fui entrar nos quartos. Estava escuro, assenti a luz de toda a casa e subi as escadas. No primeiro quarto tinha uma mesa, um abajur e várias canetas, escritório, pensei. Entrei no outro quarto, era quarto de casal. Um zumbi estava lá, devia ser o homem, ele estava magro e fedia, enfiei minha faca na cabeça dele e comecei a procurar coisas. Achei roupas, medicamentos e algumas formulas, era perfeito tudo aquilo. Bati meu olho na foto, uma mulher morena, um rapaz branco e um cachorro estavam nele. Todos sorriam, ate mesmo o cachorro, cachorro sorria ?.

Quem é você ?. - Uma voz surgiu atrás de mim. Me virei já com minha arma preparada e travei. Anthony ? O que Anthony fazia aqui ?. Anthony estava morto, não estava ? a mãe dele falou que um zumbi pegou ele, Anthony ?. Senti os braços de Anthony pelo meu corpo, ele estava me abraçando. Sai do meu transe e também o abracei. Anthony estava de volta.

– Você viva ?!?. - Ele sorria.

– Acho que sim. - respondi também sorrindo. - Como você sobreviveu ? sua mãe disse que você foi pego por um zumbi.

– Eu quase fui. Era uma manada, eles vinham eu me distanciei da minha mãe e ela deve ter pensado nisso. - ele respondeu triste, sua mãe havia morrido três dias depois daquilo, ele não sabia, mas na mente dele ele já entendia. – Como você sobreviveu ?.

– Um grupo. Um grupo chegou na fazenda, conseguimos nos manter à salvo. Depois as coisas mudaram, todos morreram. - Menti. Menti tão feio que uma lágrima caiu do meu olho.

– Então agora é eu e você ?. - ele continuava a sorrir.

Acho que sim. – respondi.

x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x.

Pov. Glenn.

Maggie tinha sumido, sumiu. Ela fez o que eu mandei e agora ela se foi. Eu não falei de verdade, eu estava com a cabeça quente. Falo qualquer coisa mesmo, nem era pra ser assim. E agora ? Como ela deve estar ?, o ombro dela tava machucado. Meu Deus, aquela garota iria me matar. Ninguém veio me bater ou me odiar, todos ficaram em silêncio, talvez entendo a escolha dela. Essa não era a escolha dela, ela tinha que ficar, ficar aqui... comigo. Eu fiz aquilo ?, Eu fiz aquilo. Eu fiz ela ir embora. Nunca mais eu iria ver ela, ela sumiu, foi embora. Minha mulher foi embora.

Não briguem com Glenn. Não discutam com ele. Não venham me procurar. Eu estou bem, me viro sozinha. Posso conhecer outro grupo e ficar por lá mesmo. Não peguei quase nada, só o que era meu. Continuem a vida de vocês, vocês precisam ficar vivos. Lembrem meu pai de tomar seu remédio, lembrem Daryl para ele arriar sua besta em 15 dias, continuando isso sempre. Eu amo muito vocês, eu amo mesmo. Vocês ainda são tudo na minha vida.

Maggie.

Eu chorava vendo aquilo, vendo ela ir embora deixando apenas uma carta para trás. Eu fiz alguma coisa errada ? Fez, você fez ela ir embora.