Gritei. Meu pai me costurava com uma agulha encharcada de álcool. Daryl estava na sala juntamente a Glenn. Beth ajudava meu pai, me segurando para não arrancar todo aquele equipamento do meu corpo. A dor era horrível, horrível de sentir e horrível de estar com ela. No meio do caminho, consegui acorda e percebe o que tinha acontecido comigo. Uma estaca de madeira atravessou minha barriga, por sorte Daryl conseguiu me levar a prisão a tempo e felizmente eu não iria morrer.

– Aguente firme, Maggie... só aguente firme. - Meu pai exclamou como se fosse fácil.

Assenti com a cabeça ainda respirando ofegante e fechei meus olhos. Forcei com força quando senti novamente a linha passar pela minha pele e depois novamente. Consegui sentir a gota de suor escorrer por todo meu corpo. Eu queria gritar, mas já gritei e não sou fraca para gritar, mesmo naquele momento eu estava parecendo uma.

– Você vai matar ela. - Glenn gritou, sorri com a preocupação dele, mas era o certo. - Hershel, você está matando ela.

– Não... não estou. - Meu pai apenas o olhou de canto.

Com toda aquela correria, alguém deve ter acordado Noah e por isso consegui ouvir ele chorar. O choro dele estava me deixando ainda mais desesperada, olhei para Glenn e ele assentiu com a cabeça. Conseguiu me entender, eu queria que ele fosse ver Noah.

– Minha pequena.... - Meu pai confortou sua mão em minha coxa. Eu queria muito que ele não me chama-se de 'minha pequena'. - Você só precisa descansar.

– Estou farta de descansar. - Murmurei brava, já que sabia que não ia fazer alguma coisa por um bom tempo, teria de ficar de repouso.

Minha pequena cirurgia me cansou literalmente. Fiquei por um tempo ouvindo as recomendações do meu pai. Teria de ficar deitada na cama, sem fazer qualquer movimento. Seria difícil, obvio que seria. Agora com Noah crescendo, ele não para quieto no meu colo, quer andar por ai, ver pessoas, vê o movimento e Glenn não tinha a mesma paciência que adquirir com o tempo.

Lauren estava cuidando do meu curativo, ela passava um álcool que ardia a cada toque com minha pele. Ela contava sobre as coisas que aconteceu enquanto eu estava apagada. Foi uma grande correria por remédios.

– Você tem que cuidar um pouco mais de você... - Lauren levantou da cama e sorriu. - Vou trazer seu jantar, espere um pouco.

Assenti com a cabeça e sorri cansada. Aquele momento me deixou bastante cansada. Enquanto ela estava lá, olhei pro lado e fiquei encarando um brinquedo de Noah. Era um ursinho cheio de argolas - um urso ou um monstro - ele sorria e as argolas estavam todas arrumadas.

– Como se sente ?. - Glenn estava encostado na parede da cela, me encarando com as mãos nos bolsos.

– Um pouco melhor. - deixei um sorriso torto nos meus lábios. - Costurada, exausta, mas um pouco melhor.

– Você está horrível. - Ele riu, mas ainda estava com as mãos no bolsos.

– Na próxima eu tento ficar um pouco melhor. - Ironizei. - Vem, senta aqui.

Glenn sentou no lugar aonde eu apontava, era bem ao meu lado. Ele me encarava normal, não assustado ou apavorado, mas normal. Beijou minhas ambas mãos e sorriu.

– Daqui a pouco... vou sair com Daryl. - ele exclamou.

– É ?, com Daryl ?, para onde ?.

– Não sei... Daryl não falou. - Ele olhou para o lado pensativo. - Vou ficar longe por três dias.

– Mas Glen.... - Eu estava cansada de ver ele saindo por ai, sem lugar ou destino. Eu sei que era pela prisão, por nós, mas eu não conseguia dormi a noite, ficava preocupada e aquilo esbarrava em Noah o deixando menos paciente. - Você tem que ir mesmo ?.

– Você sabe, é pela prisão. - Ele deslisou sua mão por minha coxa no sentido de carinho.

Conversei com Lauren e Glenn por um bom tempo. A comida que Lauren buscou era horrível, uns enlatados pareciam estragados. Desciam enlatados pela minha garganta e era um grande esforço engolir aquilo. Depois de um tempo, todos foram deitar, Glenn deitou ao meu lado. Deitei minha cabeça sobre seu peito e fiquei confortável em senti sua respiração. Estava calma, como tudo naquela noite. Noah estava dormindo no seu berço ao nosso lado. Glenn acariciava meu braço em um movimento para cima e para baixo. O nosso silêncio já dizia nossas palavras, não precisávamos falar muito.

– Vou trazer alguma coisa para você, prometo. - Glenn cochichou para não acorda Noah. - A coisa mais bonita que eu achar, vou trazer para você.

Sonho:

Era um lugar remoto, tudo lá era escuro. Eu caminhava meio hesitando, não queria encontrar alguma coisa ou alguém. Continuei a caminhar, estava bastante frio. Esfreguei minhas mãos nos meus braços na tentativa de ficar quente o máximo possível. Era uma grande escuridão, só tinha uma luz lá, a luz que estava acima de mim, me iluminando.

Ouvi um riso meio vitorioso. Caminhei ate lá e pude ver o governador. O maldito do governador. Ele estava com a katana da Michonne na mão, com a mão encostada em alguém de joelhos. Não consegui ver a cara da pessoa, mas pude ver o sorriso convencido do governador quando me viu.

– Sentiu saudades ?. - Ele perguntou.

– De você ?, como senti saudades de um morto ?.

– Ué, por que você não sente saudades de um morto ?. - Ele afrouxou a Katana em sua mão.

– Porque já estão mortos e mortos são mortos. - respondi.

– Que ótimo então. - Ele exclamou. - Então você não vai sentir saudades dele.

Assim que ele falou, a escuridão que cobria a pessoa no chão sumiu, mostrando assim Glenn. Meu coração rapidamente pulou no meu peito. O governador segurou ainda mais firme a katana e levantou ela ao alto. Gritei para ele parar, mas mesmo assim ele continuou e assim desceu a mão. Decepando a cabeça de Glenn.

Realidade.

– Não... - Gritei tentando me levantar, mas foi em vão já que minha barriga impediu.

Respirei fundo e o choro de Noah ecoou na cela. Olhei para ele e tentei não lembrar da dor que iria sentir quando iria me levantar. Respirei fundo novamente e fui, mordendo os lábios para aguentar a dor. Segurei Noah no colo e balancei ele para ele se acalmar.

– Foi tudo um sonho... - Olhei para Noah. - Seu pai não vai morrer... - Respirei fundo. - Ele está seguro, foi um sonho.

Não sei se era um sonho, mas eu estava preocupada. Eu não sabia o que iria acontecer naquela viagem. Meu coração estava inseguro. Eu sabia que não conseguiria dormi naquela noite. Deitei Noah no seu berço e fiquei encarando aquela imagem. Fiquei encarando aquela imagem por um bom tempo, era confortante aquela imagem. Ele dormia tranquilo com sua respiração forte.

– Vai ficar tudo bem, logico que vai. - murmurei baixinho para mim mesma na tentativa de me acalmar.