Era uma tarde fria, eu estava em meu quarto. Alicia estava ao meu lado com a cabeça baixa, sussurrava baixo. Tentei não fazer barulho, mais deixei o copo de água que estava na cabeceira cair no chão.

– Oi. - ela disse, e se ajoelhou do meu lado. - Toma.

Ela pegou meu moletom.

– Onde está Nathan? não mente pra mim, por favor. - perguntei, aflita ao ver sua expressão mudar. - Ele se foi? É isso?

Ela balançou a cabeça, chorando.

– Você tá mentindo. - disse. - Vocês só sabem mentir pra mim, ele está vivo!

Ao ouvir que estava acordada, Jeremy e o irmão de Alicia correram até meu quarto. Alicia se retirou do quarto, sem saber o que fazer. Jeremy se sentou ao meu lado, vi uma lágrima deslizar sobre seu rosto.

– Ei, precisamos conversar.

– Eu sei o que vai dizer, mais é mentira. - disse, tapando meus ouvidos.

– Lisa, você tem que entender... a cirurgia estava correndo bem, mais como a dar erro e ele não aguentou. Ele foi forte, pensamos que ia conseguir, mais eu sei lá, sinto a mesma coisa que você, ele era meu melhor amigo.

Agora estava chorando, muito. Era difícil acreditar.

– Porque aconteceu isso? Ele não pode. Mais um não. - disse, abraçando Jeremy. - É a segunda em que perco a pessoa que amo, primeiro meus tios e agora o amor da minha vida.

Fiquei tanto tempo abraçada a ele que mal percebi, dormi em seus braços. Quando acordei já era dia, o frio entrava pela janela e então eu a fechei. Desci as escadas e todos estavam lá embaixo de preto. "Então é hora de me despedir." pensei, sentindo uma dor em meu coração, deixando uma lágrima escapar sem querer.

Coloquei minha roupa, meu coturno, uma touca vermelha. Antes de sair peguei meu casaco e coloquei, então fomos em direção ao cemitério. Alguns familiares de Nathan me cumprimentaram, embora eu não conhecesse metade. Estava chorando com rosas na mão, então me lembrei do dia em que ele me deu rosas. O choro apenas aumentou a saudade e a dor de pensar que Nathan não estava mais aqui.

– Quer falar algo, querida? - perguntou um familiar.

– Não. - disse. - Ele sabe, não importa aonde estiver que eu sempre o amarei.

Todos bateram palmas quando beijei e joguei as rosas em seu caixão. Alicia me levou de volta a casa, e subiu comigo. Quando entrou em meu quarto, com uma folha de papel meu coração parou. Nela estava o cheiro de Nathan, não aguentava mais, então novamente chorei. Alicia se sentou ao meu lado. "Para Lisa." dizia na frente da carta.

"Lisa,

oi meu amor, eu to bem. Só pra você saber, eu to sendo forte. Estou aqui na sua escrivaninha escrevendo algumas coisas pra você. Depois do acidente, a minha vida mudou, eu realmente me sinto mais forte pra tudo. Ao seu lado mais ainda. Mais eu juro.. acho que não vou aguentar. Tudo bem, não vamos pensar nisso agora. Lisa, eu te amo, muito. A minha vida é você e tudo que eu menos quero é te fazer sofrer.. Mais eu penso, se eu partir o que vai acontecer? Eu vi uma forte ligação sua com Jeremy, sei que ele gosta de você e você talvez um pouco dele. Olha, se eu partir me prometa que irá seguir sua vida normalmente, ter novos amigos, permanecer com os velhos amigos, ter novos amores.. Eu te amo e sempre te amarei, não importa quantas coisas houverem eu sempre estarei ao seu lado. Bom, eu tenho medo de admitir isso, mais se eu partir, eu irei partir, mantenha a sua vida. Não deixe que nada a impeça de ser feliz, tenha filhos, seja avó, tenha um futuro brilhante. E mais uma vez, eu te amo. Sabe o que é certo. Sabe qual é o seu destino. Sabe a quem ama, e a quem poderá amar novamente.

Com todo amor do mundo, do seu Nathan."

Alicia estava ao meu lado e me abraçou, e chorou comigo. Seus olhos diziam que eu deveria fazer, mais tudo que me importava era que Nathan me amava tão quanto eu o amava. Jeremy entrou e Alicia saiu, deixando o sentar ao meu lado.

– Olha, ele não podia ter feito isso. - ele disse, após ler.

– Você sabe o que sente por mim. E eu sei por você, por muito tempo amei Nathan. Quer dizer, eu ainda o amo, sempre o amarei. Mais você sabe que sinto por ti, não sei se é atração ou sei lá o que. Mais Jeremy, eu preciso de um tempo. Tempo pra mim.

Ele me abraçou, consentindo. Me deitei na cama, pense em todos os momentos lindos, então coloquei o fone e ouvi uma música. A ficha não tinha caído, sobre o que tinha acontecido, mais uma vez eu perdi quem amava.