Eu gostaria de ser uma especialista para entender o que se passa naquela linda mente distorcida dela. Ou pelo menos tentar entender por que ela continuava a fantasiar com o que ela não podia ter, porém não podia culpa-la, afinal eu fazia o mesmo. Eu fantasiava com ela todos os dias e eu sabia que nunca poderia tê-la.
Lorna Morello.
O motivo que me tira a paz aqui dentro dessa prisão.
Era pra ser só mais uma foda, não era como se eu fosse lésbica predadora e saía por aí perseguindo as detentas, mas aqui em Litchfield não há muito o que se escolher. Então, do momento em que eu coloquei meus olhos nela, eu sabia que não sossegaria até tê-la.
Estava livre das drogas graças a Red, então para matar o tempo eu fiz de meu hobby preferido: stalkear Lorna até que ela fosse minha. O que com o tempo e esforço eu consegui.
Como eu disse, era pra ser só uma foda, mas eu me apeguei.
Não era como se ela tivesse a vagina de ouro nem nada, mas algo nela sempre me fazia voltar e querer mais. E então eu me apaixonei.
Lorna Morello conseguiu fazer Nicole Nichols se apaixonar.
Há muito eu já nem sabia o que era isso, na verdade eu nunca tive um relacionamento, pelo menos não um que durasse. Mas então ela apareceu e foi como se por alguns segundos eu soubesse que havia esperança pra mim, mesmo estando nesse lugar horrível.
Estar com Lorna era a melhor parte do meu dia e não me refiro apenas ao sexo. Eu aprendi a memorizar cada detalhe dela: o jeito como penteava o cabelo, o batom vermelho provocante me causava arrepios, os olhos sempre implorando por atenção e até quando ela fantasiava com Christopher e seus contos de fadas, mesmo eu sabendo que aquilo não existia e que ela provavelmente não terminaria em um deles, eu me forçava a dar esperança pra ela porque ver seus olhos brilharem de felicidade me fazia feliz também, mesmo que apenas por alguns momentos.
Lorna me fazia esquecer a realidade a nossa volta e isso aquecia meu coração. Havia momentos em que eu o sentia palpitar fortemente e eu respirava fundo, não queria ter uma parada cardíaca e morrer na frente dela, ela teria uma lembrança horrível de mim. Morta, credo! Prefiro as lembranças quentes, de quando fazíamos sexo ou até mesmo as conversas, isso já bastava pra mim.
Quando estava na máxima, eu achava que iria morrer sozinha, aquele lugar estava acabando comigo aos poucos. A única coisa que mantinha viva era a raiva que eu nutria por Luschek, não podia deixar que ele achasse que venceu. Pensar em Red, que praticamente era uma mãe pra mim e pensar em Lorna.
Ah, Lorna.
Ficar com a Stella não me fez esquece-la e eu acho que nada faria, nem mesmo a dogra, o que eu não cogitei até o dia em que aquele fodido foi me visitar e me lembrar de tudo que ele me fizera passar. E ainda se fez de vítima.
Filho da puta!
Eu juro que pensei que eu iria morre na máxima, ou quem sabe a droga me levaria antes. Mas ao saber que Lorna estava casada e pior, fantasiando com outro cara fora o ápice pra mim.
Se nada me matou até então, aquilo com certeza me mataria.
Às vezes Lorna pode ser como uma criança. Ela é doce e inocente, e isso seria muito bom se não fosse tudo invenção de seu cérebro. Eu não jogava aquilo na cara dela por maldade e sim por que eu amava ela.
Eu a amo.
E eu sei que não é saudável pra ela manter esperanças de que tudo ficaria bem e que ela e esse tal de Vince iriam ser felizes para sempre, isso só a machucaria. Às vezes eu gostaria de poder dizer isso a ela, dizer que os contos são reais e que finais felizes existiam, mas porra! Alguém tinha de trazer a realidade à tona.
Ninguém iria ama-la do jeito que ela queria e com certeza, não do jeito que ela merecia.
Ela só precisava olhar ao redor para perceber.
Eu estava ali, Vince não estava. Ele não era real. E eu estava disposta a ama-la, mesmo que depois de todo aquele tempo, Lorna ainda pensasse que eu só a via como mais uma transa fácil, eu a amava. Eu não iria prometer casamento, nem filhos e muito menos finais felizes a ela, mas eu poderia tentar de meu jeito torto, ama-la da forma que ela merecesse.
Mas aquilo tudo era apenas eu reclamando da fantasia dela, enquanto eu mantinha a minha própria. Lorna era inalcançável pra mim.
Eu sabia que nunca iria tê-la, mas isso não me impedia de deseja-la todos os dias durante todo o tempo aplicado em minha sentença.
Porque ninguém iria ama-la mais do que eu. Ninguém.
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