Capítulo Único

Fria. Sem coração. Maldosa. Cruel. Psicopata. Insana. Apelidos básicos que ela ouvia todo dia. Isso importava? Não. Nunca importou. Mas era difícil. Essa era a parte mais difícil de suportar, anda mais quando ela se sentia esgotada.

Tudo que ela teve tornou-se irreal, todo o amor que já sentira algum dia se evaporara de seu coração morno. Era horrível saber que ela já fora alguém tão especial e alguém tão linda por dentro, enquanto agora tudo o que ela é, é uma fria e solitária mulher.

Aconteceu de maneira rápida. Ela era psiquiatra e ele fora seu paciente psicopata, mas o mais especial. Ela o amava. Ele era um assassino. Ela tentou ajudá-lo. Ele mostrou à ela sua visão obscura do mundo, implantou essa visão e pensamentos depressivos na mente dela. Foi simples. Ela tornou-se sua própria paciente. Um monstro a ser estudado. O amor a abandonara, por que ela não faria o mesmo? Seu ex-paciente morrera nas mãos de um policial, ela não derramara nenhuma lágrima por aquele homem que um dia ela amou. Sua personalidade piorou após ela chegar no apartamento se deparar com seu namorado - por quem ela já não sentia mais nada - com outra.

Então, foi horrível. Ela os esfaqueou e se demitiu do emprego. Foi para seu país de origem, fugindo da polícia. Ela ainda assim conseguia dormir tranqüila à noite, ignorando as vidas que tirara. Ela colocava o pijama, prendia o cabelo louro, deitava-se e sua mente a guiava para um local desconhecido. Só. Sua alma já estava amaldiçoada, segundo ela mesma. Quem ouvia as palavras dela se horrorizava, ela os ignorava e continuava a viver. Mas uma pessoa a intrigou. A pessoa a ouvira falando da própria alma e coração, então se aproximara e perguntara:

-Onde está o teu amor? - Ela nunca esqueceria essa pergunta, pois é o que havia se perguntando por anos, e é claro, não esqueceria a pessoa que a fizera. Ela sorriu sem humor algum e respondeu docemente:

- O amor está morto, o amor foi embora, o amor não vive mais aqui.