Love Is Always Good

You're pulling the trigger, all wrong


Have some composure


Tenha alguma compostura


Where is your posture? Oh, no, no


Onde está sua postura? Não, não, não!


You're pulling the trigger


Você está puxando o gatilho


Pulling the trigger, all wrong


Puxando o gatilho, tudo errado


Panic! at the Disco – Time To Dance


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Chegamos na escola e Ian e Dallon vieram em nossa direção.


– Hey.

– Oi.

– Onde você se meteu ontem, Ross? Nós ficamos te esperando por horas.

– Eu acabei dormindo a tarde toda, me desculpem.

– Hm, está tudo bem.


Avistei Spencer se aproximando de nós.


– Ei, Ryan! Onde você se meteu? Ficou maluco?

– Eu dormi fora.

– É, isso deu pra perceber. Podia pelo menos ter avisado.

– Ia fazer alguma diferença? Ninguém está nem aí para mim. As pessoas estão pouco se lixando para o que eu faço.

– Ninguém está nem aí? – Spencer riu ironicamente. – Minha mãe te ofereceu abrigo quando você não tinha nenhuma merda de lugar para ficar. Isso é não estar nem aí? Você podia pelo menos respeitá-la, mas nem disso você é capaz. Eu já estou cansado desse seu jeito estúpido de tratar as pessoas.

– Ei, calma aí, amigo – Dallon ficou na minha frente e colocou sua mão no peito de Spencer, para afastá-lo de mim.

– Calma aí nada. Seus pais morreram – dirigiu-se a mim. – Supere isso e pare de tratar os outros feito animais, porque ninguém é obrigado a ouvir seus desaforos.


Spencer se afastou e Dallon colocou suas mãos sobre meus ombros.


– Você está bem?

– Estou.

– Não ligue para ele, ok? Ele não sabe como é perder os pais para estar falando essas coisas.

– Ok.

– Temos que marcar outro dia para tomar um suco

– É, qualquer dia desses está bom para mim. Ei, eu já volto.

– Ok.


Caminhei na direção de Brendon.


– Oi

– Oi

– Está tudo bem? Eu soube que você fugiu essa noite. O Spencer quase morreu de preocupação.

– Por favor, pare de usar as palavras “preocupado” e “preocupação”. Eu já estou cansado de ouvir essas bobagens.

– Tudo bem.

– E o Spencer já veio falar comigo. Acho melhor eu sair daquela casa, estou causando muitos problemas.

– Como se você se importasse se está ou não causando problemas.

– Eu não me importo, mas depois do que o Spencer me disse, eu não quero mais entrar naquela casa. É capaz do Spencer me esperar com quatro pedras na mão.

– Mas onde você vai ficar?

– Eu não sei, eu dou um jeito. Não se preocupe quanto a isso. Aliás, eu sei que você não se preocupa – eu disse e caminhei de volta.

– Ryan! – Brendon chamou – E se você ficar na minha casa?

– Não acho que seja uma boa ideia.

– Claro que é! Meus pais te adoram, Ryan.

– Eu não quero ser um incômodo, Brendon.

– Você não se importa em ser um incômodo.

– Mas eu não quero. Obrigado por oferecer, Brendon, mas eu vou arrumar um emprego para pagar um hotel, ou sei lá.

– Ah é? E aonde você vai ficar enquanto não tiver o dinheiro?

– Eu sou George Ryan Ross III, Brendon, eu dou um jeito. Afinal, algum dia eu vou ter que trabalhar, não é mesmo?


Antes que Brendon pudesse responder, saí de perto dele e voltei de onde eu havia vindo.


– Voltei.

– Legal.

– Pena que já temos que ir para a sala.

– Pena? Tem matemática.

– Pior ainda.

– Pior? Matemática. Com a Breezy.

– Ah, Dallon – Ian riu.



A escola já estava vazia. Na calçada, em frente à mesma, estávamos somente eu, Ian, Dan e Dallon.


– Parece que fomos esquecidos.

– Parece que sim.

– Vocês foram esquecidos. Eu poderia ir para a casa do Spencer se quisesse, mas eu não vou.

– Para onde você vai então?

– Boa pergunta.

– Acho que você devia voltar para a casa desse seu amigo.

– Não. Hoje eu vou lá buscar minhas coisas.

– Ryan, você percebe que está se afastando dos seus outros amigos?

– A culpa é toda deles. Bem, gente, eu vou indo porque tenho que arrumar um emprego hoje. Tchau.



Após muito tempo caminhando pela cidade, consegui um emprego em uma cafeteria. Fui até a casa de Spencer para pegar minhas coisas.


– Onde você foi, garoto?

– Olá, senhora Smith, eu vim buscar minhas coisas.

– Buscar suas coisas? Como assim?

– Eu vou embora daqui.

– Como? Por quê?

– Porque eu não sou problema seu. Você não é obrigada a ficar agüentando minhas chatices. Eu sou, chato, reconheço, mas não vou mudar. É por isso que eu vou embora.

– Ryan, eu gosto de ter você aqui. Você é como um filho para mim. Eu vi você crescendo . Além disso, aonde você vai ficar?

– Eu dou um jeito.

– Não. Você ainda está na escola, Ryan.

– Eu arrumei um emprego.

– Não importa. Você já perdeu os pais, Ryan, não quero que perca o lugar onde morar – ela disse e meu coração apertou. – Eu estou pedindo: fique aqui

– Está bem.

– Ótimo. O Spencer está no quarto dele, se você quiser.

– Não, eu estou bem.



Era segunda-feira. Eu começaria a trabalhar. Havia passado o fim de semana sem trocar nenhuma palavra com Spencer.


Eu estava pronto para começar a trabalhar. Saí de casa e demorei um certo tempo para chegar até a cafeteria.


Após um tempo sem fazer nada, avistei dois garotos altos e um baixinho entrando.


– E aí, George.

– Não me chame por esse nome.


George era o nome do meu pai, e se havia uma coisa que me deixava triste e furioso, era ser chamado por ele.


– Isso é jeito de falar com os clientes?

– Vocês estão mais para penetras que me fazem passar vergonha no primeiro dia de trabalho.


Na verdade, eu não estava nem aí. As pessoas podiam pensar o que quisessem. Meu lema era “que a opinião das pessoas vá para o inferno junto com elas”.


– Ei, garçonete – Dan brincou -, não vai anotar nossos pedidos?

– É, eu já estou cansado de esperar – Dallon completou, estufando sua barriga e a acariciando.


Caminhei na direção deles com um papel e uma caneta.


– Uau, você fica linda nesse uniforme. O que acha de darmos uma volta algum dia desses? – Ian brincou e eles riram.

– Vão se ferrar – eu ri.

– Também te amamos.

– E quem disse que eu amo vocês?

– Einstein.

– Einstein?

– É, Ross. O Einstein é o cara, ele sabe de tudo.

– Sobre ciência, e não sobre um garoto amar ou não seus amigos.

– Tanto faz, cara. A questão é que você nos ama. Não precisa ter vergonha disso.

– É, Ryan, vem cá me dar um beijinho – Ian brincou, fazendo bico.

– Ei, que palhaçada é essa? O Ryan é meu – Dallon entrou na brincadeira.

– Ei, ei, calma aí, amigo. O Ryan é propriedade minha e de mais ninguém.

– Nos seus sonhos apenas, Dan.

– O Ryan é meu. Fim de papo.

– Fim de papo o caramba, eu vi ele primeiro.

– Eu acho que não.

– Eu acho que sim.

– Não.

– Sim.

– Ele é meu

– Não, é meu.

– Calem a boca vocês dois, o Ryan pertence a mim.


Ian, Dan e Dallon começaram a se bater.


– Bastardos – eu disse, baixo, e voltei para o balcão.


Preparei os cafés dos três e os levei para eles.


– Pronto. Bom café.

– Nós não pedimos nada.

– Que se dane, agora vocês vão tomar.

– Tá bom.

– Hey, espera – Dan disse -, senta aqui com a gente.

– Eu não posso.

– Mas não tem quase ninguém aqui.

– É, Ryan, senta aí.

– Ok – concordei e sentei ao lado de Dan.

– Ah, é, quase havia esquecido de falar: amanhã eu levo sua mochila na escola

– Ok, sem pressa.

– Mochila? – Dallon questionou.

– Ryan passou uma noite na minha casa

– Ah é? Está me traindo, Ryan?

– Você já tem a Breezy.

– Nada me impede de ter dois. Mas e aí, o que vocês fizeram naquela noite? – Dallon sorriu maliciosamente e Ian riu.

– Vá se ferrar, Dallon, eu só dormi na casa do Dan.

– É mentira. Não precisa negar nosso amor, Ryan – Dan brincou, mas ainda mantendo sua expressão séria, e apertou minha bochecha, fazendo com que Dallon e Ian rissem.

– Vão para o inferno todos vocês – eu ri baixo e voltei para o balcão.


Os três adoravam me zoar. Quando eu achava que eles iam parar, eles começavam novamente. Mas era engraçado, admito. Eles eram três das raras pessoas que conseguiam fazer-me rir e esquecer de tudo. Mas, sempre havia algo que me fazia lembrar.


– O Ryan ficou nervosinho, ui.

– Não precisa ficar assim, amor. Cedo ou tarde eles teria que saber – Dan brincou, e, novamente, Dallon e Ian riram.

– Vocês são três perfeitos bastardos, sabiam disso?

– Já ouvi algo semelhante.

– Apenas estou orando pelos pais de vocês que têm que aguentá-los.

– E eu estou orando por você que não sabe o que está perdendo não fazendo parte do clube dos legais.

– Você quis dizer “clube dos dementes”?

– Ei, por falar nisso, você não quer entrar pro nosso clube “apaixonados por Ryan Ross”? Têm vários pôsteres, fotos e discussões lá, e tudo sobre você.

– Mais uma vez: vão para o inferno.

– Você fica lindo dizendo isso, sabia? Vem cá.


Ian levantou-se da cadeira e foi até mim, me encostando na parede e fingindo me beijar.


– Saia daqui, baixinho.

– Uuuh, levou um fora.


Ian voltou para a mesa, fingindo estar chorando.


– Você partiu meu coração.

– Que crueldade, Ryan Ross.

– Agora você tem que dar um beijinho nele para curá-lo

– Só nos seus sonhos.

– Viu o que você fez? Agora magoou ele ainda mais. Não ligue para ele, Ian. O Ryan é mau, muito mau.


Apenas ri, e antes que pudesse responder, a porta se abriu. E lá, estavam Brendon, Jon e Spencer.