Love Is Always Good

You're my best friend and I love you.


You're my best friend

Você é meu melhor amigo

and I love you, and I love you

E eu te amo, e eu te amo

Yes I do

Sim, eu amo

Weezer - My Best Friend

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Estávamos tão alegres e distraídos que nem percebemos que a diretora caminhava em nossa direção. Dan e eu soltamos nossas mãos e olhamos para a mulher como se nada tivesse acontecido.

– Bom dia, diretora.

– Querem fazer o favor de me explicar o motivo de estarem aqui cantando ao invés de estarem na aula?

– Chegamos atrasados.

– Claro. Saiam no horário certo das suas casas a partir de hoje. Podem ficar aqui desde que não façam barulho.

A diretora caminhou de volta e desapareceu entre os corredores. Dan sentou na grama novamente e eu deitei nela. Nos entreolhamos e começamos a rir.

– Você viu a cara dela?

– Vi. Ela deve ter pensado que estamos com algum tipo de problema.

– Cara, o Dallon fala que você é o namorado dele. É óbvio que nós temos algum tipo de problema.

– Bem, isso é verdade. Mas fala sério, ela não gosta de Beatles pela cara que ela fez.

– A diretora é amaldiçoada.

– Quem raios não gosta de Beatles?

– Várias pessoas.

– Só podem ter problemas.

– Certamente.

– E então, além do maravilhoso gosto musical, que outras coisas boas você tem?

– Eu sou lindo.

Dan e eu rimos.

– Brincadeira. Mas eu beijo bem.

– Mesmo?

– Claro. Quer experimentar?

– Demorou.

Dan e eu chegamos mais perto. Ele fez bico e depois se afastou; nós rimos.

– Shhh! Não conta pra Dallon - sussurrou e riu em seguida.

– Pode deixar - sorri.

Escutamos o sinal tocar.

– Vamos?

– Vamos lá.

Caminhamos pelos corredores até chegarmos na sala. Girei a maçaneta e um minuto depois, estávamos sentados à nossas classes. Escutamos o professor tagarelar sobre física durante uma hora.

O sinal tocou e todos se aglomeraram no pátio. Dan e eu optamos por passar o intervalo na biblioteca, onde havia silêncio e uma pilha de livros dos mais variados assuntos.

– Melhor irmos agora, temo que atravessar a escola e não vai ser legal se chegarmos atrasados novamente.

Atravessamos a escola e e entramos na sala.

– Estou com sono.

– Eu também.

– Vai ser uma droga estudar hoje.

– Nem me fale.

O sinal tocou novamente. Todos chegaram rapidamente e se sentaram. Mais tarde, me despedi de Dan e fui para casa com Spencer. Chegando lá, almocei - ou comi uma migalha de pão, como a senhora Smith dizia - e fui para meu quarto. Estudei durante a tarde toda e fui dormir.

– Bom dia.

– Oi, filho! Dormiu bem?

– Sim, e você?

– Ótima!

– Bom dia, querida, Ryan.

Ele chegou perto de mim e me deu um abraço.

– Como passaram a noite?

– Bem.

– Bem, também.

– Ótimo. Bem, eu vou para o trabalho. Quando eu voltar, veremos o jogo de beisebol, ok, Ryan?

– Claro!

– Se comporta na escola. Amo você.

Novamente se aproximou. Me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Depois, desapareceu pela porta.

Acordei com os olhos molhados. Não havia sido um pesadelo, e sim um dos melhores sonhos que eu já havia tido. Mas era justamente o fato de ser apenas um sonho que me deixou daquele jeito. Lágrimas derramaram sobre meu colchão. Seja forte, Ryan.

No dia seguinte, fui acordado pelo despertador. Peguei minha mochila e fui sozinho para a escola, pois Spencer ficou para tomar café, à pedido de sua mãe.

– Bú!

– Ian...

– Tudo bem?

– Tudo...

– Hey! - Me virou de frente para ele. - O que houve? É sua família, não é? Não fique assim, Ry, isso vai passar.

– É até melhor não ter família, sabe? Assim eu posso fazer o que quiser.

Ian me abraçou, enquanto eu permaneci imóvel, chorando.

– Fique feliz, ok? Ponha um sorriso no seu rosto. Você vai ficar bem, eu acredito em você. Vamos para a aula agora.

Ian e eu ficamos em silêncio durante todo o caminho. Quando chegamos na escola, achamos os outros conversando.

– E aí, Ry, eu v...

Não esperei Dallon terminar; fui correndo ao banheiro, antes que me vissem chorando. Abri a porta e entrei numa cabine. Sentei no chão e chorei. Ouvi a porta se abrindo e não me dei ao trabalho de olhar quem era.

– Ryan - disse, parecendo saber que eu estava ali. - Não é legal ficar aí sozinho chorando.

Ergui a cabeça e vi quem estava comigo, também sentado no chão. Sorriu gentilmente. Fiz cara de interrogação e a pessoa conseguiu entender o que eu queria dizer.

– Se você vai ficar aqui, eu também vou.

– Você vai perder a prova.

– Não estou nem aí.

Ficou me observando e a seguir chegou mais perto, me abraçando.

– Eu sei que é difícil.

– Não, você não sabe.

– Eu vou te contar uma coisa. Uma vez, quando eu era pequeno, eu estava brincando e a minha avó estava ao meu lado. Só o que eu ouvi foram barulhos de tiros e e ela estava caída no chão, sangrando. Ela morreu na minha frente. Eu me lembro perfeitamente de como ela era. Sempre fazendo o possível e o impossível para ajudar todos. Me lembro até hoje de nós dois juntos. Eu sentava no colo dela enquanto ela me contava histórias. Eu sofri muito quando ela morreu, aos sessenta e quatro anos de idade. Eu ficava trancado no quarto, chorando o dia todo. Na escola era a mesma coisa. Qualquer coisa que me falassem me dava vontade de chorar. Eu ia muito mal nas notas, eu estava perdido. Eu sei que não é a mesma coisa que perder os pais, talvez seja incomparável. Não se destrua desse jeito, Ryan, não faz bem. Se eu consegui me recuperar, você também vai. Você só precisa ser forte e acreditar em si mesmo. E fique perto dos seus amigos sempre. Se você se isolar, vai se sentir pior ainda. Eu vou estar aqui para o que você precisar, e você sabe disso.

– Obrigado. Eu te amo, você é meu melhor amigo.

Abracei Dan mais forte chorei mais ainda.

– Agora lave o rosto, sim?

Assenti e mergulhei meu rosto na água. Depois, Dan e eu saímos do banheiro. Todos me olhavam estranho.

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– Muito bem, boa prova à todos.

Olhei para a prova, cheia de números e letras, e comecei a me preocupar. Vamos lá, Ryan, se concentre, você estudou. Comecei a calcular as respostas. PAF! Aquela imagem terrível invadiu minhas lembranças novamente. Vamos, Ryan. Parecia que minha cabeça estava dando milhares de voltas. Pare de pensar nisso, seu imbecil. Pare de ser fracote. Calculei mais algumas coisas da segunda página. Aquela prova parecia sem fim. Imagino o tamanho das trimestrais. Mais cálculos, mais denconcentração.

O sinal tocou. A professora caminhou pelas filas recolhendo as provas. Saiu pela porta e o outro professor entrou. Era o de artes.

– Bom dia.

– Bom dia - responderam todos em coro.

– Hoje vocês farão um desenho de sua escolha. Depois irão pintá-lo e me entregar. Eu vou distribuir as folhas.

Passou de fila em fila, até chegar na minha. Peguei meu lápis e comecei a rabiscar. Quando terminei, olhei para meu desenho: uma casa. Eu sempre me interessei por arquitetura. Também devo ressaltar que minha casa estava bem bonita. Mas uma lembrança tirou meu orgulho por ter feito aquele desenho: era a minha casa. A casa na qual eu vivi os piores momentos da minha vida. Por que eu desenhei ela? Não sei. Talvez porque naquele dia minha cabeça estivesse inundada de lembranças ruins. Com o que Dan me contou, fiquei pior ainda. Ele era apenas uma criança e deve ter ficado traumatizado. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a infância dele não foi pior que a minha.

– Por Deus, que desenho maravilhoso! - Exclamou o professor.

– Obrigado.

– Você tem mãos mágicas, meu jovem. Gosta de arquitetura?

– Sim, gosto muito.

– Seria uma boa opção para você. Certamente daria um ótimo arquiteto.

– Bem... obrigado - respondi um pouco tímido.

– Ei, Ryan, olha só, eu desenhei eu e você.

– "Dallon e Ryan, amor eterno" - li. - Você é um idiota.

– Agradeço.

O sinal tocou de novo. Esperei Dan para irmos para o pátio.

– Foi bem na prova?

– Ah... claro, e você?

– Acho que sim.

Sentamos na grama, à sombra de uma árvore.

– Ouvi dizer que você é o novo arquiteto do pedaço.

– Eu desenhei minha casa... Ex-casa.

– Ah, Ryan, mas que droga. Você tem que parar de pensar nisso.

– Eu sei. Comecei rabiscando e quando vi, lá estava minha casa. Só faltou meu pai batendo em mim de enfeite. O que você acha? Ficaria legal.

Dan me abraçou.

– Pare de falar essas coisas - sussurrou em meu ouvido, me deixando arrepiado.

– E aí, casal - Dallon riu.

Imediatamente, Dan desfez o abraço.

– Podem continuar, eu vou dar privacidade - riu e saiu de perto.

– Que droga.

– Casal? O Dallon viajou legal dessa vez.

– Com certeza - concordei e Dan riu comigo.

– O que você acha de irmos lá junto com os outros?

– Pode ser.

– E aí, pessoal - cumprimentou Dan quando chegamos perto dos outros.

– Hey.

– Oi.

Não falei nada enquanto estava ali. Era estranho, porque eu só me sentia seguro e à vontade quando estava sozinho com Dan.

Dallon, por sua vez, lançava olhares e sorrisos para mim e Dan.

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– Ei, você quer ir lá em casa hoje?

– Você se esqueceu do que fez comigo?

– Eu já disse que esqueci, droga. Por que você não acredita em mim?

– Porque eu conheço você. Provavelmente estava rindo com seus amiguinhos.

– Eu não estava, Brendon, eu juro pela minha mãe!

– Jurar pela sua mãe é fácil, ela já está morta!

Ele disse. Um "tapa na cara" do qual eu precisava para cair na realidade.

– Desculpe, Ryan, eu... Desculpe.

– Você não falou nada menos que a verdade.

– Mesmo assim, eu não queria ter lembrado você disso.

– Alguém precisava me lembrar. Então... estamos bem?

– Estamos bem.

– Ótimo. Eu prometo que nunca mais vou fazer isso de novo, ok? Eu vou colar um cartaz bem grande na minha parede.

– Senti sua falta.

Sorri. - Eu também senti a sua.

Brendon e eu caminhamos abraçados até minha casa. Era bom ter meu amigo de volta.

Chegando lá, vimos a família Smith sentada à mesa.

– Brendon, querido! Que bom ver você!

– Agora ele vem até na minha casa sem pedir - brincou Spencer.

– Eu pedi para que ele viesse, espero que não se importe.

– Claro que não, Ryro, a casa é sua também.

– Vocês vão ficar aí de pé?

– Não.

– Eu vou.

– Como assim?

– Não vou almoçar.

– Ryan, você sabe que...

– Desculpe, não estou escutando! - Tampei os ouvidos e gritei.

Subi para meu quarto e fechei a porta. Senti meu celular vibrar; era uma mensagem de Dan.

Minha mãe está perguntando de você. Quando vem?

Sua mãe me ama demais, cara. Eu não sei quando vou.

Que tal hoje?

Não posso, o Bden está aqui.

Bem, então marcamos para outro dia.

Tudo bem, tchau!

Tchau nada! Antes quero saber como você está.

Estou bem.

Tem certeza? Não está chorando?

Não.

Nem doente?

Nem doente.

Então tudo bem. Nos vemos amanhã.

– Com licença.

Levei um susto, fazendo com que o celular voasse das minhas mãos e quase caísse.

– Há quanto tempo você está aí?

– O suficiente para perceber você sorrindo. Quem era?

– Quem era quem?

– Vamos, não se faça de bobo.

– Tudo bem, era o Dan.

– Hmmmmmm...

– Cala a boca, Urie. Qual é o problema de sorrir com as mensagens de um amigo?

– O problema é que eu sei o que aconteceu debaixo de uma certa árvore. O Dallon me contou.

– Foi só um abraço. Eu não abraço você também?

– Sim.

– Então!

– Tudo bem então, retiro o que eu disse.