Unhappy girl


Menina triste


Left all alone


Deixada totalmente só


Playing solitaire


Jogando paciência


Playing warden to your soul


Enclausurando sua própria alma


You are locked in a prison of your own devise


Você está trancada numa prisão que você mesma criou


And you can't believe


E você não consegue acreditar


What it does to me


No que me acontece


To see you crying


Ao te ver chorando



The Doors - Unhappy Girl


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Dallon's POV:


Estávamos na rua, procurando por Ryan. Já havíamos procurado nas lojas de instrumentos, e agora era a vez dos parques. Já havíamos ido em dois, portanto, eram poucos os que haviam sobrado.


– Ok. Eu, Jon e Ian vamos para o sul e vocês três para o leste. Nos encontramos aqui depois. Boa sorte.


Após várias horas, ainda não o havíamos encontrado. Era a vez das praias. Optamos pela que ficava mais perto.

Fomos todos juntos, pois a praia era grande. Spencer, Jon e Ian foram para um lado e eu, Dan e Brendon fomos para outro.

Brendon e eu subimos nas dunas formadas pela areia. De lá, pudemos ver os cachos de Ian voando com o vento. Dan ficou embaixo, procurando.


Dan's POV:


Avistei uma espécie de barraca perto do mar. Me aproximei cada vez mais. Coloquei a cabeça para dentro dela, e lá, vi Ryan.


– Ryan! - Gritei e o abracei.

– Ah, oi, Dan - respondeu ele sem animação.

– Você ficou louco?

– Não, eu só quis ficar longe das pessoas.

– Que droga, Ross, ficamos a tarde inteira te procurando. Vem, vamos.

– Não.

– Eu não vou te deixar aqui.

– Você não precisa. Fica aqui comigo.

– Nem pensar. Olhe seu estado, Ryan, está na cara que você não dorme bem desde que está aqui. Dallon, Brendon! - Gritei, e os dois vieram correndo, seguidos de Ian, Jon e Spencer.

– Ryan! - Dallon abraçou-o com força.

– O que houve? - Jon perguntou.

– Coisas que eu não estou com vontade de explicar.

– Vem, suba em mim.


Ryan subiu na minha garupa e eu o carreguei.


– Então, Ross, foi bom passear esses dias dormindo na areia, com os mosquitos chupando seu sangue, comendo suas tripas...?

– Fica quietinho, ok, Dallon?

– Hunf.

– Ainda bem que encontramos você.

– Nunca mais faça isso, ouviu? Você podia ter se machucado e até morrido.

– Só falta eu para a família Ross inteira sumir - Ryan riu e todos nos entreolhamos sérios.

– Isso foi engraçado?

– Você prefere que eu chore?


Ian se calou.


– Como imaginei - Ryan completou.

– Você vai ter sorte se não for demitido.

– Eu não estou nem aí. Se fosse por mim eu morava na praia.

– Tenho certeza de que em uma semana lá você mudaria de ideia.

– Você que pensa. Ei, Daniel, eu estou pesado?

– Você pesa menos que uma pena.

– Você esperava o quê? Ele não come nada o dia inteiro.

– Me surpreende ele não ter ficado doente ainda.

– Dá pra parar de discutir sobre a minha barriga?

– Dá.

– Ótimo. Ah!

– Desculpe. Que droga, eu sou muito desastrado.

– Está pingando sangue no chão - Brendon alertou.

– Ryan? Ryan! Ele desmaiou!

– Larga ele no chão.

– Acho melhor o levarmos para o hospital.

– Sem dúvidas ele não comeu nada, e ainda perdeu sangue. Acho melhor o tirarmos daqui.

– Tudo bem, vamos então.


O único problema era que o hospital mais próximo ficava bastante longe. Tão longe que, no meio do caminho, ele abriu seus olhos castanho-esverdeados, confuso. Eu havia o colocado na grama do chão, pois eu não aguentava mais o carregar.


– Oi?

– Oi.

– E aí, Ryana - Dallon brincou.

– Ryana?

– Isso mesmo.

– Você é ridículo, Dallon.

– Levanta logo, ou você gosta de grama?

– Vem, eu te ajudo.

– Me desculpa, Ryan.

– Tudo bem, Dan. Eu estou bem. Minha perna só está doendo.

– Se apoie em mim e no Brendon - Dallon disse.

– Ok.


Ryan se apoiou nos dis e todos os acompanhamos até a casa dele e de Spencer.


– Bem, então, tchau. - Ian disse.

– Até amanhã - Ryan respondeu, deitado na cama.

– Tchau amorzinho - Ian se despediu novamente e atirou um beijo.

– Tchau, cachinhos.

– Te pego amanhã para nós sairmos, está bem, docinho?

– Vai logo, Ian.

– Nossa. Tchau pra vocês, boa noite.

– Bem, eu também já vou indo - Jon disse. - Fique bem, Ryro.

– Vou ficar.

– Tchau.

– É, eu vou indo também. Você vem, Dan?

– Não, eu vou ficar aqui um pouco, já que fui eu que causou isso tudo.

– E você, Brendão?

– Vou ficar aqui também.

– Então tá, juízo. E você - Dallon apontou para Brendon -, nem ouse encostar um dedo no meu Ryan. Nem você, Keyes.

– Tchau, Dallon.

– Tchau.

– O Dallon é uma figura mesmo.

– Ele é um completo ridículo, isso sim - Spencer disse irritado.

– Mas ele é engraçado. É ele quem anima o grupo, com participação do Ian e do Dan, é claro.

– Ele te chamou de Ryana - Brendon lembrou.


Dan e eu nos entreolhamos e começamos a rir.


– O Dallon é mesmo uma graça.

– Dallon, Dallon, Dallon... Dá pra parar de falar nesse babaca?

– Acho que tem alguém com ciúmes do seu namorado, Ryan - eu disse.

– Namorado?

– Você ainda acredita? Eles só falam isso pra tirar sarro de mim.

– Tanto faz. Vamos mudar de assunto.

– Está bem. Sobre o que vocês querem falar? Diga você, Ryana.

Spencer bufou. - Eu vou buscar um copo d'água.

– Eu também.


Ryan e eu começamos a rir.


– Eles se irritaram.

– Eles não suportam o senso de humor do Dallon.

– Pois é. Aqueles dois não sabem o que estão perdendo.

– É.

– Escuta, Ryan, me desculpe. Eu devia ter olhado melhor à minha volta.

– Dan, você se ofereceu para me levar nas suas costas. Além disso, esse corte não é nada se comparado às agressões que eu já sofri. Relaxa, está tudo perfeitamente bem.

– Tem certeza?

– É claro.

– Ok. Quando você vai lá em casa de novo? Minha mãe te adorou.

– Eu também adorei ela. Não é à toa que você é tão gentil. É igual a ela. Eu acho que não tenho nada parecido com meus pais. De caráter, sabe?

– Ryan, eu... não quero conversar sobre isso. Não vai fazer bem a você e certamente nem a mim, se você estiver triste. Vamos falar sobre outra coisa.

– Que coisa?

– Sei lá, a gente acha algum assunto.

– Voltamos - era a voz de Spencer. Ele e Brendon surgiram.

– Se afogaram com a água ou o quê?

– Não, demoramos o tempo que acredito ter sido suficiente para vocês dois pararem de tagarelar sobre o Dallon.

– Eu não sei o que vocês veem de errado nele. O Dallon é maravilhoso.

– Vão parar de falar dele ou não?

– Vamos.

– Ótimo.

– Eu preciso ir.

– Já?

– É. Não esqueça do nosso combinado de passear essa semana, ok?

– Pode deixar. Tchau, Bden.

– Até amanhã.

– Até.

– Bem, só sobramos nós três.

– Só sobrou você, porque eu e o Ryan moramos aqui. E espero que você vá embora logo.

– Credo, Spencer, não precisa falar assim com ele.

– Ele me magoou, Ryan - fiz bico e encostei minha cabeça no peito de Ryan, fingindo chorar. Ele acariciou meus cabelos.

– Não chore, amor - Ryan entrou na brincadeira. Olhou para Spencer e fez bico também.

– Vão se ferrar - Spencer disse irritado, e eu e Ryan começamos a rir.

– Você está muito mal-humorado para o meu gosto, Spencer - Ryan disse.

– Oh, é mesmo? Então enfia o seu gosto no seu cu e para de me incomodar. Escuta, Dan, quando você vai embora?

– Agora.

– Já? - Ryan interrompeu. - Fica mais um pouco.

– Não, por favor - Spencer disse e eu sorri e ri pelo nariz.

– Não posso, já está tarde e amanhã tem aula. Te vejo na escola, tchau.

– Tchau.


Dan's POV Off.


– Finalmente, pensei que ele nunca ia ir embora.

– Você também vai ter que ir, porque eu quero dormir.

– Ah, Ryan.

– É. Tchau, boa noite.

– Tchau...


Spencer saiu do quarto, me deixando sozinho. Adormeci logo depois.