Love In Cold Blood

Cap 6 – But there was someone trying suicide…


Esperei algum tempo se passar, peguei uma faca e voltei até a frente da porta dela. Eu estava determinado a conseguir aquele CD de volta. Era “TheNumberOfTheBeast”! Olhei no relógio: 9 da noite.

Bati na porta e nada de alguém vir me atender. Bati mais uma vez. Mais uma vez... E outra, e outra... Mas nada dela vir. Foi aí que percebi a idiotice que estava fazendo: a porta estava aberta. Ainda com a faca nas mãos, entrei cuidadosamente naquele quarto. Não havia ninguém... Ela não estava mais lá.

V: Puta merda! Não acredito nisso...

Sentei-me em uma cadeira qualquer e vi um bilhete em cima do sofá. Larguei a faca em cima da cadeira e me dirigi até o sofá para saber o que era...

Adeus mundo cruel.

Só que eu era mais cruel do que você mundo, e não consegui suportar isso...

Tenho que partir... Por conta própria, mas tenho que partir sim. E vou voando até as portas do paraíso ou do inferno...

Ela iria se matar. “Vou voando”... Já sabia onde encontrá-la. Larguei tudo do jeito que estava e corri até a escada de serviço que levava ao telhado do prédio. Lá estavam as estrelas olhando lá do alto para mim. Lá estava Ethel olhando para as ruas lá embaixo.

V: Você não quer fazer isso.

E: Não. Eu quero sim, mas não consigo. Não acho que eu tenha vivido algo que tenha valido a pena ainda. Quando isso acontecer, não precisarei mais viver... Eu olho lá para baixo e...

V: Sente medo?

E: Não. Eu só não consigo pular. Não dá ainda. Você tem medo?

V: Não. É só uma rua. Minha alma voaria livre se saísse do meu corpo.

E: Como tem tanta certeza?

V: Não tenho. Agora sai daí antes que você decida pular.

E: Pensei que você iria gostar se eu pulasse.

V: Eu também. Agora sai daí logo.

E: Não quero.

O que estava acontecendo comigo? Eu não devia tentar ajudá-la, afinal eu matava as pessoas. Mas dessa vez não queria fazer isso. Tudo o que eu podia ver era apenas uma pessoa muito confusa...

V: Não me faça ter que ir até aí te buscar.

Ela riu alto.

E: Pode vir. Eu não vou sair.

Andei até ela e a puxei pelo braço.

V: Não seja insuportável.

E: Me solta... Me solta agora Ville Valo ou...

V: Ou o que? Eu não tenho medo de você!

E: Também não tenho medo de você! Me solta agora!

Ela me deu um olhar desafiador.

E: Como soube que eu estava aqui?

V: Fui até o seu quarto.

E: Para...

V: Pegar meu CD de volta.

E: Não iria achá-lo tão cedo...

V: Não importa. Vem, vamos descer.

E: Eu não quero, Ville... Não quero descer agora. Vou ficar aqui.

V: Você vai acabar pulando se ficar aqui.

E: É essa minha intenção. Mas por enquanto não tenho coragem o suficiente...

V: Pra que quer pular de um prédio? Não leva ninguém a lugar nenhum!

E: Vai me levar para um lugar melhor!

V: Não vai não!

E: Vai sim!

V: Ethel... Você ta chorando?

E: Talvez. Algum problema com isso?

V: Não.

Fiquei a observando por algum tempo. Depois nos abraçamos.

V: Eu te odeio.

E: Te odeio também.

V: Ótimo.

E: Ótimo!

Mais silêncio. Não havíamos nos separado do abraço ainda, muito pelo contrário. Parecia que o “laço” que se formara entre nós só ficava cada vez mais forte.

E: Seu cheiro é bom.

V: Eu sou bom.

Isso a fez rir. E separou nosso abraço.

V: Vou te levar lá para baixo, está bem?

Ela fez sinal de sim com a cabeça. Eu a peguei no colo e descemos juntos as escadas até seu quarto.