Corri para fugir dos problemas... Corri para fugir de mim mesmo... Corri para fugir dela... Aquela mulher não saia mais da minha cabeça... Seu perfume... Seu toque... Seu beijo... Não era possível que eu estivesse gostando tanto de alguém assim, apenas após duas noites. Não... Não era possível! Eu havia acabado de matar alguém e isso não havia nem ao menos me divertido! Parei um pouco... Deixei a chuva cair... Estava ventando tanto... Chovendo tanto... Eu estava arrasado por dentro... E o pior... Era que eu sabia que ela tinha outro... Sempre andava com aquele desgraçado pelo prédio. Se não era pra ela ficar comigo, não ficaria com mais ninguém.
Andei mais um pouco até em “casa” (a quem eu estou tentando enganar? Aquilo não era nem um quarto direito! Como é que posso chamar de “casa”?) e peguei uma faca decente, porque aquela do cozinheiro era um lixo! Totalmente torta... E a lâmina... Deixa pra lá! Melhor terminar com isso logo. Segui em direção até a porta da frente e... Não consegui fazer nada. Minhas mãos estavam tremulas e eu estava encharcado... Encostei minha cabeça na porta e senti as lágrimas quentes caírem de meus olhos... Ela abriu a porta.
E: Ville... O que... Deixa pra lá... Você ta todo molhado e... Ta chorando, amor?
Ela me chamou de “amor” pela primeira vez...
V: To. Não consigo matar você... Eu tentei, mas... Não dá...
E: Não precisa fazer isso...
Senti uma de suas mãos retirar cuidadosamente a faca de mim.
V: É claro que eu preciso fazer isso! Eu sei que você dormiu com aquele babaca!
E: Que babaca?
V: Aquele que usa óculos e anda sempre com você! Eu sei que você fez isso! Eu sei que...
Senti os seus lábios nos meus de maneira suave...
E: É. Eu fiquei com ele.
V: Viu só?
E: Mas já tem tempo. Eu não vou mais ficar com ele. Ninguém mais vai ficar com ele.
V: Você jura?
E: Juro. Agora entra pra se secar.
V: Ta.
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