Love, Beth - JDD

Capítulo Único - Love, Beth


Benny estava tentando achar alguma coisa útil no livro de feitiços, mas era difícil ler com os olhos cheios de lágrimas. Ele ao menos tentava não fazer barulho para não acordar sua avó, mas acabou dando um pulo de susto com o som de duas canecas sendo postas na mesa.

— Vovooó. O que- o que tá fazendo acordada? — perguntou tentando disfarçar o choro com um sorriso quando viu a senhora se acomodar na cadeira ao seu lado.

— Tome o chocolate quente e me conte o que está acontecendo. — a senhora ignorou a pergunta e empurrou uma das canecas para mais perto do neto. — O que está procurando no livro de feitiços?

— Eu estou com um sentimento que não passa e preciso que ele vá embora. — Benny admitiu sabendo que não conseguiria mentir para sua avó, nem se não soubesse que os poderes dela lhe permitiam ler se ele falava a verdade ou não. — Tava procurando algo pra me ajudar a tirar isso do meu coração.

— Benny, não é assim que a magia funciona. Tudo o que vai contra a natureza cobra um preço e as vezes é alto demais. — a mulher explicou, olhando-o de forma compreensiva. — Você não iria querer pagar o preço, não é?

— Bem... Talvez, se eu soubesse... — Benny começou a ponderar, mas foi interrompido pela avó, que tomou o livro de sua mão.

— Resposta errada. Eu queria te dar a impressão de que tinha escolha, mas esqueci que um garoto da sua idade nunca pensa direito. — ela resmungou revirando os olhos. — Entenda, todo mundo gostaria de poder resolver os dilemas do coração com um truque de mágica, mas... Até a dor faz parte da vida. Temos que aprender a lidar com ela.

— Eu entendo, é só... Isso é cruel. — Benny bebeu um gole do chocolate quente e soltou um suspiro entristecido.

— Me conta, do que você quer tanto se livrar? — a senhora perguntou, olhando-o como se pudesse enxergar através dele e mentir não fosse uma opção.

Benny suspirou e encarou sua caneca já que não conseguiria sustentar o olhar da avó. — Acho que não é um sentimento só, é uma mistura de um monte de coisas. Amor, ciúmes... Mas o principal é culpa.

— Culpa pelo que? — ela franziu as sobrancelhas.

Uma semana antes...

Rory estava andando pelo corredor do colégio e sentiu um cheiro familiar, um cheiro no qual pensava mais do que sentia que deveria e causava borboletas em seu estômago. O cheiro de Benny. Mas quando ele fechou os olhos para sentir melhor notou que não era bem o cheiro dele, era parecido, mas misturado com spray para cabelo, gloss labial e algumas coisas que não conseguiu identificar.

Então abriu os olhos e se deparou com uma garota. Bem, na verdade duas, porém sua atenção se focou só em uma. Com aqueles olhos verdes e brilhantes e pele delicada, fazendo-o ficar bobo e corado, e quase se sujando com a raspadinha derretida que estava bebendo.

— Opa. Olá, bonitonas. — murmurou com um sorriso, tentando não parecer tão mexido por aquela garota quanto de fato estava.

— Ah, oi. E-eu sou a Beth. E ela é... — a loira se apresentou parecendo um pouco nervosa e apontou para a amiga, mas sinceramente Rory nem prestou atenção quando a morena disse seu nome.

— Beleza. Vai ser bem mais fácil de lembrar do que... — Rory tocou o queixo de Beth e ela abriu um sorriso, então ele teve certeza que não conseguiu conter a cara de bobo ao terminar a frase. — Anjo 1 e anjo 2. A gente se vê, garotas.

Ele poderia ficar ali o resto da tarde, admirando o rosto de Beth, sentindo o cheiro dela e ouvindo sua voz doce, mas precisava se afastar para controlar as borboletas em seu estômago, afinal acabara de conhecer aquela garota, não podia se permitir ficar tão encantado por ela.

Benny suprimiu um suspiro de alívio porque até aquele momento não tinha certeza se seus disfarces estavam mesmo convincentes, mas queria que Ethan acreditasse que estava cem por cento confiante ao se virar para ele e dizer “viu?”, então Ethan finalmente entrou de vez no plano e os dois seguiram em direção ao ginásio.

Mas enquanto caminhava Benny conseguiu processar o que havia acabado de acontecer e pode entender que Rory havia olhado para ele.

E aquele não foi qualquer tipo de olhar, foi um olhar que Benny nunca admitiria para si mesmo, mas sempre quis receber daquele garoto adorável de cabelos loiros. Naquele momento mesmo ele tentava se convencer de que só não conseguia parar de sorrir porque aquela situação havia sido engraçada, mas se fosse apenas isso seu estômago não pareceria querer literalmente explodir em borboletas.

Quer dizer, não literalmente, figurativamente. Era importante frisar isso, pois ele já vira em seu livro de feitiços que isso poderia acontecer. E não era nada bonito.

Enfim... Era melhor se concentrar no problema com as líderes de torcida, não no sorriso fofo de Rory ao lhe chamar de “anjo” ou como os olhos dele pareciam brilhar... Foco, Benny!

Durante o teste (no qual “Beth e Verônica” passaram graças a um bom feitiço, é claro) e o primeiro ensaio foi fácil se forçar a focar em outras coisas, mas quando deitou a cabeça em seu travesseiro para dormir naquela noite, tudo o que conseguia pensar era no jeito fofo de Rory e seu coração estava tomado por sentimentos controversos.

Por um lado, ainda que tentasse negar, estava feliz em ter flertado com ele, mesmo que só por um breve momento. O outro estava com um ciúme irracional, pois Rory não havia flertado com ele e sim com Beth. Que era ele, mas Rory não sabia.

Todos esses sentimentos reviraram o seu interior até que por fim ele conseguiu dormir, bem tarde da noite.

No dia seguinte, na hora do almoço, Benny estava conversando com Ethan sobre como a coreografia da torcida era mais difícil do que ele esperava quando Rory apareceu vestindo uma fantasia de mascote da escola.

— E aeee, meus camaradas. — ele os cumprimentou com sua típica animação.

— Rory? Você é o mascote? — Ethan foi o primeiro a expressar sua surpresa.

— É claro. É o melhor jeito de ficar perto das gatas da torcida. — Rory respondeu com um sorriso e concluiu com um olhar sonhador. — Eu conheci uma loira gatíssima. Se chama Beth. Tá muito a fim de mim.

Benny arregalou os olhos e entreabriu a boca, não queria ser tão óbvio quanto aos seus sentimentos, ainda mais porque estava negando-os para si mesmo com muito esforço, então se forçou a sorrir e tentar disfarçar para Ethan, que sabia que ele era a Beth.

— O-olha... Duvido muito. — murmurou, tentando não corar, e negou com a cabeça.

Ethan pareceu não prestar atenção e apenas perguntou. — Mas e a Verônica?

— Ah, ela é bonitinha. — Rory respondeu sem qualquer animo, com uma expressão de quem só estava dizendo por educação.

Benny não queria ter ficado tão satisfeito com a cara de frustração de Ethan com aquela resposta, muito menos rir tão feliz quando Rory apontou que Verônica tinha “as pernas tortas”, mas não conseguiu evitar.

— Mas a Beth... — o olhar de Rory ficou desejoso e ele deixou os caninos proeminentes. — Dá vontade de enfiar as minhas presas.

— É... A gente sacou. — Benny murmurou engolindo em seco e tentando manter uma expressão neutra, o que era difícil quando ele não conseguia parar de imaginar qual devia ser a sensação.

Para sua sorte aquela conversa não durou muito mais, as líderes de torcida entraram no refeitório e sugaram toda a atenção do ambiente para si, em especial Stephanie.

O dia foi passando e depois da aula Benny e Ethan foram colocar seus disfarces de Beth e Verônica para poderem acompanhar o ensaio de perto. Conforme aprendiam a letra da música das torcedoras alguma coisa se agitava no interior de Benny, ele sentia que algo estava errado, o que ele não pode deixar de comentar com o amigo quando as garotas saíram da quadra.

— Ethan, tem uma coisa nisso, sabe? Que faz eu vibrar por dentro.

Porém Ethan viu Rory se aproximando e não deixou passar a oportunidade de fazer uma piadinha sem graça. — Ah, é a rima mesmo? Ou é o seu novo namorado?

— Eaee, minha deusa e belezura. — Rory disse jogando todo seu charme ao chegar perto o bastante, sorrindo de um jeito que fez o interior de Benny se agitar mais ainda.

Benny sorriu e afinou a voz para pedir que o loiro parasse, então saiu fechando a cara e se repreendendo em pensamento por estar tão mexido com um simples cumprimento. Saiu tão distraído que só se lembrou de um detalhe quando ouviu os passos de Ethan se aproximando.

— Droga. — resmungou.

— Que foi? — Ethan perguntou.

Benny suspirou irritado e se aproximou para poder sussurrar. — Eu esqueci o meu livro de feitiços no ginásio.

— Cara, não me leva a mal, mas se eu ficar mais cinco minutos com essa calcinha, juro que vai ser minha vez de querer enfiar uma estaca em mim mesmo. — Ethan respondeu, fazendo referência ao que Sarah disse mais cedo. — Vai lá buscar e me encontra na minha casa depois.

— Nossa, que amigo, hein? — Benny ironizou, mas acabou rindo. — Beleza, te vejo mais tarde então. Tchau.

— Tchau.

Quando Benny estava bem perto das portas do ginásio Rory saiu e assim que seus olhos se encontraram um sorriso se espalhou pelos lábios do loiro e seu rosto pareceu se iluminar, de novo todo o interior de Benny pareceu vibrar.

— Oi, minha linda. — ele disse dando uma piscadela.

— Oi, docinho. O que ainda tá fazendo aqui? — Benny afinou a voz e tentou controlar o coração acelerado.

— Precisava tirar aquela roupa de mascote. Cadê aquela sua amiga? — Rory perguntou, franzindo as sobrancelhas e se aproximando.

— Ela já foi embora. — Benny estava ficando nervoso com a proximidade, porém havia algo tão magnético no loiro que não lhe permitia se afastar.

— Beleza. Porque tem uma coisa que eu queria dizer só pra você. — Rory disse sorrindo e pegou sua mão, o que fez seu coração disparar de vez por mais que Benny tentasse controlar.

— O que? — a pergunta lhe escapou não mais alta que um sussurro enquanto seu olhar se perdia no dele.

— Não consigo te tirar da cabeça desde que a gente se conheceu. Só de olhar pra você eu fico louco pra... — a primeira frase que passou pela mente de Rory foi “enfiar as presas nesse lindo pescocinho”, mas não queria assustar Beth, então disse algo que também não era mentira. — Beijar você até perder o fôlego.

Benny estava paralisado, não conseguia pensar em nada para dizer nem forçar seu corpo a se afastar, então apenas observou quase em câmera lenta enquanto Rory se aproximava até que suas bocas se tocaram com suavidade.

Sem que pudesse conter Benny deixou um suspiro escapar e Rory aproveitou seus lábios entreabertos para aprofundar o beijo. O tempo pareceu até parar só para que os dois pudessem curtir o momento, porém os minutos estavam passando e aquele beijo ficava mais envolvente a cada segundo até que eles precisassem parar para tomar um ar.

— Beth, você me deixa maluco. — Rory disse baixinho, sorrindo com uma felicidade que parecia fazê-lo reluzir.

Benny sentiu o coração apertar, tanto pela culpa de ter se aproveitado, mesmo que sem querer, de seu disfarce de líder de torcida para beijar o garoto que no fundo sempre amou e só agora estava começando a aceitar, quanto pelo ciúme porque o loiro estava se apaixonando por alguém que não era ele.

— Eu estou atrasada, minha mãe vai me matar se eu não for logo pra casa. — murmurou com a voz fina, tentando não deixar a vontade de chorar embargar suas palavras.

— Sei como é. — Rory respondeu sem diminuir o sorriso, então pegou sua mão e beijou com delicadeza. — Mas mal posso esperar pra te ver de novo, minha deusa de olhos verdes.

— Eu também, meu diabinho. — Benny respondeu sorrindo miúdo e então se permitiu dar um selinho longo em Rory apesar de toda a culpa, pois sabia que aquela seria a última vez.

Os dois se despediram e Benny foi pegar seu livro de feitiços, se forçando a focar naquela sensação ruim que tinha sobre as rimas da torcida porque pensar em Rory doía demais.

Agora...

— Tudo que eu pude fazer depois foi deixar uma carta pra que ele não achasse que não significou nada pra mim. Quer dizer, pra ela. — Benny terminou de contar toda a história para a avó, depois de uma ou outra pausa para controlar a vontade de chorar. — E aí de lá pra cá esse... Furação de sentimentos tá me consumindo por dentro.

— Não tenho um feitiço pra resolver isso, mas tenho uma ideia de por onde você pode começar. — a senhora disse depois de pensar por um momento.

— É mesmo? Como? — o peito de Benny se inflou de esperança.

— Falando com ele. — ela respondeu como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Eu não posso fazer isso. Eu enganei o Rory. — replicou sentindo o coração apertar só de pensar nisso. — E se ele me odiar?

— Duvido muito disso. — a senhora sorriu de um jeito misterioso, mas que passou uma estranha sensação reconfortante. — E falar vai te permitir organizar os sentimentos e lidar com eles, mesmo que essa história acabe não tendo o desfecho que você deseja. Ouça meu conselho: converse com o Rory.

Benny tinha medo de fazer isso, mas confiava em sua avó. Ele não conseguia se lembrar de uma vez sequer em que a intuição daquela senhora havia falhado.

— Bom, eu... Eu acho que vou tentar.

— Ótimo. Mas agora vá pra dormir. — ela murmurou, lhe devolvendo o livro de feitiços. — Já está tarde e amanhã você tem aula.

— Sim senhora.

No dia seguinte...

Rory estava deitado na cama lendo uma revista em quadrinhos quando o toque familiar de Freak do Surf Curse preencheu seu quarto. Ele deixou o celular tocar um pouco, pois adorava aquela música, mas assim que o pegou se arrependeu ao ver o nome de Benny brilhar na tela.

— Eaee, meu mano. — disse tentando soar descontraído, não como se seu estômago se enchesse de borboletas toda vez que aquele garoto lhe ligava.

— Oi, Rory. Tá fazendo o que? — Benny parecia estar um pouco nervoso, mas devia ser só impressão sua.

— Nada. To de bobeira. — Rory sorriu ainda tentando soar casual.

quer dar uma passadinha aqui em casa? — a voz de Benny tremeu um pouco, Rory tinha quase certeza.

— Com certeza. Agora? — perguntou, deixando sua animação escapar.

— Se tiver livre pode vir. — ele respondeu e fez uma breve pausa antes de dizer. — Ah! E... Não comenta nada com o Ethan, tá bom?

Rory se engasgou com o ar ao entender que aquilo queria dizer que seriam apenas eles dois daquela vez. As borboletas em seu estômago entraram mais em frenesi ainda, então ele se fez dar a resposta mais breve possível para que Benny não percebesse a euforia em sua voz.

Depois de desligar ele foi tomar um banho rápido e escolheu duas camisetas que achava ressaltar melhor a cor de seus olhos e combinavam com o tom de sua pele, uma de botão e uma para usar por baixo. Aquele foi um dos momentos em que mais foi grato por poder voar, estava ansioso para passar um tempo a sós com Benny. Não seria do jeito que realmente queria, mas estar perto dele já o deixava feliz.

— Toque-toque. — disse com um sorriso ao parar em frente à janela do garoto.

— Oi. — Benny também sorriu, mas suas bochechas tingiram-se de vermelho por algum motivo enquanto ia abrir a janela. — Entra aí.

— Valeu. E aí? O que a gente vai fazer hoje? — perguntou animado, imaginando que iam jogar videogame ou assistir tv.

Benny desviou o olhar e foi se sentar na cama, dando um tapinha no espaço vazio ao seu lado. — Senta um pouco. Eu preciso falar com você.

Rory franziu as sobrancelhas e se aproximou devagar. — Tá bom.

— Eu preciso contar uma coisa, mas quero que prometa que não vai ficar bravo comigo. Por favor. — a inquietação do garoto de olhos verdes era quase palpável.

— Claro. Mas desembucha, tá me deixando nervoso. — Rory respondeu, se inclinando para tentar olhá-lo nos olhos, já que Benny estava tentando não encará-lo diretamente.

— Eu espero que não me trate diferente depois de saber que... Eu gosto de você. Gosto mais do que como amigo e já faz muito tempo, mas só agora tive coragem de assumir pra mim mesmo. — finalmente admitiu, sentindo um vendaval de emoções tão confuso que não sabia se estava aliviado ou apavorado. — Eu não quis me aproveitar da situação, aliás, eu ainda tava em negação quando aconteceu. Só percebi que gostava de você quando... Quando nos beijamos no corredor do ginásio.

Rory estava paralisado de choque com tanta informação junta, nem estava conseguindo processar tudo. — Do que... Do que você tá falando?

— Rory... — Benny afinou a voz para que o amigo pudesse entender melhor a situação. — Eu era a Beth.

— O que?

— O Ethan teve uma visão de que algo aconteceria com as líderes de torcida, precisamos nos disfarçar pra descobrir mais e poder impedir. — Benny falava atropelando as palavras, com cada vez mais medo de que Rory não o perdoasse. — Eu não esperava que você fosse... Eu não esperava que a gente se beijasse e o meu mundo virasse de cabeça pra baixo ao perceber o quão apaixonado por você eu estou. O quanto eu sempre fui e nunca fui capaz de admitir.

Rory ficou calado por um tempo, que pode ter sido um segundo ou um bilhão de anos e Benny não saberia dizer.

— Eu... Eu sabia que duas pessoas não podiam cheirar tão parecido. — murmurou baixo finalmente.

— Você me reconheceu? — foi a vez de Benny ficar em choque.

— Não você. Só seu cheiro. Foi o que me atraiu na Beth. — Rory respondeu, sorrindo e desviando o olhar envergonhado.

— O que? — Benny franziu as sobrancelhas e seus lábios se abriram em surpresa.

— Eu sempre gostei de você e já tinha admitido pra mim mesmo que gostava, é só... Eu não queria estragar a nossa amizade. Tanto de nós dois quanto a minha com o Ethan, tudo podia ficar estranho porque vocês tão sempre juntos. — Rory explicou de um jeitinho doce e até meio tímido, mas sem conseguir deixar de sorrir por saber que não estava nessa sozinho. — Eu adoro tudo em você e o seu cheiro... Principalmente depois que virei um vampiro, seu cheiro é muito marcante pra mim. Eu senti esse cheiro na Beth, só que misturado com gloss e outras coisas. Eu achei que ela podia ser sua prima sem você saber. Agora entendo que era você. Sempre foi você.

— Caramba. Eu não sei nem o que dizer. — Benny quase sussurrava, ainda processando tudo aquilo.

— Eu só preciso que diga uma coisa. — Rory mordiscou nervosamente o canto da boca e respirou fundo antes de perguntar. — O final da carta era verdade?

— O que? — Benny franziu o cenho, confuso demais para lembrar do que havia escrito naquele papel cor de rosa.

— Você escreveu “com amor, Beth”. Isso é verdade? Você me ama? — os olhos de Rory brilharam lindamente de esperança e um sorriso bobo se espalhou por suas bochechas, Benny nem sequer precisou pensar.

— Com certeza eu amo. — respondeu com o mesmo tipo de sorriso.

— Então tá beleza. — ele segurou a mão de Benny e entrelaçou seus dedos.

Benny tocou os lábios de Rory lentamente com seu polegar e então finalmente o beijou, dessa vez como ele mesmo. E parecia tão certo, tão bom. Rory afundou uma das mãos em seu cabelo e repousou a outra em sua cintura.

Conforme os minutos foram passando aquele beijou virou dois, depois três e mais. Cada um deles cada vez mais intenso até que Rory desceu os lábios pelo pescoço de Benny, passando a língua delicadamente até achar o ponto de pulso e afundar suas presas ali.

A sensação foi estranhamente prazerosa e Benny acabou gemendo e puxando o cabelo de Rory como se não quisesse que ele saísse dali, mas logo percebeu o que estava acontecendo e o afastou com os olhos arregalados.

— Ai, caramba! Um vampiro me mordeu. — constatou em pânico.

Rory lambeu os dentes ainda sujos de sangue e a imagem era um pecado muito sensual, mas logo ele também percebeu o que havia feito e começou a repetir. — Ah, cara! Desculpa, me desculpa mesmo. Eu juro que foi sem querer. Foi mal, desculpa.

— Eu vou ter que beber ratos agora? Ainda vou conseguir fazer feitiços sendo vampiro? O Ethan não vai durar uma semana sem... — Benny estava começando a surtar, mas então Rory o segurou pelos ombros e olhou em seus olhos.

— Calma. Respira fundo. — mandou e observou-o obedecer. — Isso, muito bem. Escuta, você não vai virar um vampiro. Eu não injetei o veneno em você.

— É mesmo? — perguntou em um falsete apavorado.

— É. Isso já aconteceu outras vezes, não se preocupa. — tranquilizou-o.

— Ah, que bom. — Benny suspirou aliviado por um instante, mas assim que percebeu o que aquilo significava fechou a cara sentindo o peito enchendo de ciúmes. — Espera aí, quando? Com quem? Como?

Rory coçou a nuca e deu uma risadinha sem graça. — Isso importa?

— Não se você prometer que o único com quem isso vai acontecer a partir de agora sou eu. — Benny decretou em tom muito sério.

— Tá falando de exclusividade? Tipo um namoro? — Rory por outro lado não conseguiu evitar um sorriso.

— Não tipo um namoro. Um namoro. — Benny o olhou nos olhos e segurou as mãos do vampiro. — Rory, você quer ser meu namorado?

— Cara, eu acho que nunca fiquei tão feliz na minha vida. — e o que ele disse se provou verdade quando seu corpo começou a levitar e Benny precisou firmar o aperto em suas mãos para mantê-lo na cama. — É claro que eu quero. Eu amo você.

Os dois sorriram e voltaram a se beijar, dessa vez sem mais mordidas.

Em algum momento Benny precisou mandar o namorado embora ou acabaria fazendo coisas além de beijos e ainda não se sentia pronto para isso. Eles se despediram da forma mais boba e apaixonada possível, Rory ficou dando tchauzinho enquanto se afastava voando e isso o distraiu tanto que ele acabou batendo em uma árvore, o que era sinal de que devia voar olhando para frente. Mas o vampiro nem se importou com as roupas sujas de musgo, estava feliz demais para qualquer coisa conseguir tirar o sorriso de seu rosto.

No dia seguinte...

Benny havia levado o próprio lanche para o colégio, então já estava sentado e comendo enquanto Ethan e Sarah conversavam na fila do refeitório. Mas quando eles se acomodaram à mesa junto com ele perceberam que sua expressão não estava muito boa.

— O que você tá comendo? — Sarah perguntou, franzindo as sobrancelhas para a cara de nojo que Benny fazia ao mastigar.

Ele engoliu e respondeu. — É beterraba.

— Cara, isso parece horrível. — Ethan constatou o óbvio, também fazendo uma careta.

— E é mesmo. — Benny choramingou, levando mais um palitinho de beterraba à boca.

— E porque tá comendo? — os outros dois perguntaram em uníssono.

Nesse momento Benny viu Rory se aproximando por trás deles e um sorriso se espalhou por suas bochechas imediatamente.

— Fazer o que se eu amo meu namorado vampiro? — murmurou todo bobo apaixonado. — Tenho que manter o sangue forte.

— Eaeee, meu príncipe encantado. — Rory o cumprimentou com um beijo na bochecha e se sentou ao seu lado.

— Príncipe encantado? — Ethan repetiu em choque.

— Namorado vampiro? — Sarah repetiu confusa.

Rory encarou Ethan e se deu conta de algo que não tinha processado ainda. —Verônica?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.