“Eu vou pegar algo para bebermos”.

Ela sorriu em resposta, observando-o se afastar.

Eles tinham dançado mais que uma musica, talvez três. Havia perdido a conta envolta na doce sensação que era estar nos braços dele, e por incrível que pareça, ele parecia desfrutar do mesmo.

Brennan sorriu.

Era comum homens se interessarem por ela – nômades idiotas – mas nunca alguém a tratou do jeito que Booth a tratava. Provavelmente estava confundindo as coisas, mas ele a fazia sentir-se especial.

E de repetente percebeu que gostava disso.

...

“Senhorita Burley, senhorita Burley”.

Hannah suspirou.

“O que foi Harmony? Não tenho tempo para brincadeiras agora” suspirou “Estou ocupada”.

“Você não está dançando, então não está ocupada” a garotinha sorriu diabólica “Ao contrário do meu irmão”.

“Quem é aquela moça que esta com ele?”

“Senhorita Brennan, ela é uma enfermeira e meu irmão gosta muito dela” contou entusiasmada “Você sabia que ele a salvou de homens com más intenções? Não é romântico?”.

“Não, não é. Uma moça que se preze não se coloca em situações de perigo para atrair atenção” murmurou brava “O que ela está fazendo aqui, não tem nenhum doente pra cuidar não? Que enxerida”.

“Minha mãe disse que Seeley fez questão de sua presença. Eles fazem um casal perfeito, você não acha?”.

A caçula sorriu quando a mulher fez uma cara de emburrada e a deixou falando sozinha. Apesar de ser uma garota fácil de lidar, Harmony não gostava de Hannah. A mulher fingia adorá-la na frente do irmão, mas quando ele virava as costas seu tratamento mudava completamente.

Ela riu, andando na direção oposta.

Tinha feito um ótimo trabalho.

...

Booth se aproximou de Brennan novamente, e lhe entregou um copo de vinho.

“Isso é bom” ela respondeu, sorrindo “Obrigada Seeley”.

“Sempre que quiser, porém prefiro meu whisky” ele retribuiu o sorriso.

Os dois começaram a conversar animadamente, e ele percebeu que ela era uma caixinha de surpresas.

“Você é cheia de mistérios, Temperance Brennan” ele disse, guiando-a pelo salão “Eu adoro mistérios”.

E antes que ela pudesse responder, foram interrompidos por uma loira.

“Olá Seeley” ela se jogou nos braços dele “Também senti sua falta querido”.

“Oh, me desculpe?”

“Sem problemas, podemos ter nossa dança mais tarde, eu sei o quão ansioso você estava, fique com sua amiga para que ela não se perda. Eu entendo”.

Brennan olhou intrigada para a mulher, e mesmo sem motivos não gostou do tom da voz dela.

“Esta tudo bem, Booth, eu hmmn... Vou pegar um ar, aqui esta realmente muito quente”. Ela disse se encaminhando para saída.

“Tempe...”.

“Vamos dançar Seeley, o show nos espera”.

Ele sabia que largar Hannah no meio do salão seria indelicado, e por mais que seu corpo clamasse para que fizesse isso, se controlou respirando fundo.

Paciência, muita paciência.

“Oh, eu adoro essa musica. Você não acha que é a nossa cara?” Senhorita Burley perguntou animada sorrindo aos quatro cantos, enquanto tentava diminuir a distância que Booth impunha.

“Oh droga” ele murmurou baixinho, voltando à dança.

Essa seria uma longa noite.

...

“Temperance, esta tudo bem?”

Ela olhou para trás, surpresa ao ver a caçula dos Booth vindo em sua direção.

“Sim querida, tudo esta bem. Por quê? Algo aconteceu?”

Harmony se aproximou dela na varanda, encostando-se ao para peito.

“Você está sozinha aqui fora, e está bem gelado” ela respondeu “Onde está meu irmão? Pensei que ele ficaria a noite toda com você”.

Ela sorriu, ajeitando a tiara da garotinha.

“Aqui, pronto.” E continuou “Seu irmão está dançando com uma loira, eu acho que ele foi emboscado”.

A pequena fez cara feia.

“Senhorita Burley? Ela é um pé no saco!” informou “Está atrás do meu irmão nessa temporada. Ela até parou de falar com a senhorita Catherine por causa dele”.

Brennan gargalhou.

“Sério? Quanta idiotice. Até parece que ele é o ultimo homem do mundo”.

“Pra elas, ele é. Seeley não gosta muito disso”.

Brennan percebeu que ela dava alguns pulinhos para poder observar além do balaústre. Suspendeu a garota de modo que Harmony sentasse sobre os objetos podendo apreciar a vista.

“Apenas não se mexa muito, não quero que seu irmão mande a policia atrás de mim se você cair dessa altura”.

A garotinha sorriu.

“Eu acho que ele iria atrás de você pessoalmente” ela riu “Ele gosta muito de você”.

Brennan corou.

“Nós somos bons amigos”.

“Então vocês não vão se casar?” perguntou, chateada.

“O que? Não! Claro que não” ela respondeu, sentindo as orelhas queimarem “Seu irmão é apenas meu amigo, só isso”.

“Então eu não vou te ver mais? Você foi à primeira das pretendentes que foi legal comigo”.

“Bom, você pode me ver a hora que quiser pequena” Temperance sorriu “Minha casa é sempre aberta para garotinhas inteligentes como você”.

Harmony sorriu.

“Você acha que sou inteligente?”

Brennan concordou.

“Você é incrível, Temperance” e completou “Eu vou pedir para meu irmão me levar a sua casa sempre que puder. Eu posso te mostrar minhas anotações sobre...”.

“Olá garotas!” uma voz conhecida soou atrás delas “Sentiram minha falta?”.

Elas se viraram para a voz.

“Nem um pouco Seel” a caçula respondeu, brincalhona “Até mais Tempe”.

“Já vai? Minha presença te assusta tanto, bobinha?” ele agarrou a irmã, começando uma sessão de cócegas.

“Seeley me largue, por favor” implorou “Eu vou fazer xixi no meu vestido e a mamãe vai te matar!”.

“Okay, isso é o suficiente” ele largou Harmony “Cuidado ao voltar”.

Ele observou enquanto a irmã refazia seu caminho para dentro do salão.

“Então... Esta tudo bem por aqui?”

“Sim, sua irmã é uma ótima companhia” ela respondeu.

“Eu aposto que ela é, quando quer” ele riu “Fico feliz que vocês se deem bem, ela não tem muitos amigos, e você é uma ótima influência”.

“Claro que sou” ela disse bem humorada.

“Olhe, sobre Hannah eu s-”

“Esta tudo bem, Seeley” ela o interrompeu “Me desculpe por não poder ajudar, mas sinceramente? Ela não ia sossegar enquanto não dançasse com você”.

“Elas são todas doidas. De um jeito ruim” ele se juntou a ela “Às vezes me sinto como uma propriedade é uma droga!”.

Temperance tocou o braço dele, apertando-o.

“Eu não te contei a razão principal porque gosto de você” ele sussurrou.

“Não?” ela perguntou confusa ao perceber ele se aproximando.

“Não...” e continuou “Você hmmn... Faz-me sentir algo mais, como se eu pudesse ser um homem normal, com sentimentos e não um prêmio a ser ganho”.

Ela pegou a mão dele na sua, entrelaçando os dedos.

“Mas você é” ela disse baixinho “Você não é um premio e sim um homem maravilhoso, bondoso, que ama sua família e louco o suficiente pra trazer uma enfermeira para um baile da elite da sociedade” ela riu.

Ele retribuiu o sorriso, apertando a mão dela.

“Quando eu estou com você... Sinto-me normal. Esqueço-me de todos os problemas e sou apenas... Eu”.

“Fico feliz de saber que estou fazendo bem a alguém” e completou “E que esse alguém é você”.

E quando percebeu Brennan estava junto dele, cercada pelos braços fortes que a prendiam em uma doce prisão. Ela retribuiu o gesto, afundando o rosto no peitoral dele, abraçando-o forte.

Eles ficaram ali por um bom tempo, quietos desfrutando do momento perdidos um no outro, até ela murmurar.

“Eu devo ir, prometi a minha mãe que não chegaria muito tarde”.

Seeley a soltou do abraço, as mãos na cintura dela.

“Sim, claro. Eu te levo”.

Dessa vez ela não discordou, apenas aceitou o gesto enquanto ele os guiava em direção à carruagem. Informou ao cocheiro seu destino, e se acomodou ao lado dela.

Em silêncio eles percorreram todo caminho, as mãos juntas emanando calor.

Quando os cavalos pararam, ele soube que sua noite havia terminado. Booth ajudou-a descer e a levou até a porta.

“Obrigada pela noite” ela agradeceu, sorrindo “Foi incrível, mesmo”.

“Ainda bem que você gostou” respondeu, e beijou a mão dela “Assim fica mais fácil te convencer para um próximo”.

“Boa noite, Seeley”.

“Boa noite, Tempe. Te vejo por aí”.

Ela esperou ele entrar no veiculo, mas no meio do caminho Booth deu meia volta caminhando em sua direção.

Em um gesto rápido, segurou o rosto dela e deixou um beijo na bochecha macia.

Ela estremeceu e não soube como não se desmantelou ao chão.

E tão rápido quando o beijo, ele já estava de volta na carruagem que alçava pela estrada.

Brennan sentia como se um milhão de borboletas estivessem voando dentro de seu estômago, e acima de tudo ela queria voltar no tempo e sentir os lábios dele contra seu rosto de novo, e de novo, e de novo...

Afinal de contas, estava feliz e foi tão bom. Sentiu-se como as protagonistas dos romances da época e quando realmente percebeu o sentido disso se assustou.

Poderia ela estar apaixonada?