Sexta feira.

Seeley estava em seu quarto terminando de arrumar suas roupas, ao todo deram dois baús cheios e teve certeza que os empregados teriam trabalho em desloca-los.

Amanhã neste mesmo horário estaria em sua nova casa com sua viscondessa, e esse pensamento o trouxe arrepios. Tudo que ele queria era tê-la nos braços novamente, sentir a maciez da pele dela e o som doce dos gemidos...

Estava apaixonado, e talvez até amando e essa percepção também o fez sorrir. Quem diria que uma mulher astuciosa o conquistaria desse jeito?

“Querido os empregados já estão prontos para levarem sua bagagem” Marianne se recostou na soleira da porta “Está tudo certo?”.

“Sim senhora, todos os pertences arrumados”.

“Está ansioso?”

“Um pouco, acho que nervoso seria a palavra que está procurando” parou no meio do quarto, encarando-a “Posso lhe perguntar algo?”.

“Sim”

“O que eu posso fazer para tornar-me um bom marido mãe?”.

“Ah então é isso” a mulher sorriu alegre “Escute sua esposa meu filho, ela é sabia e sabe o que faz”.

“Somente isso?”

“O que te aflige?” Marianne se aproximou dele, tocando seu ombro “Está com medo de que Temperance não desfrute da vida conjugal?”.

“E-eu... Ela é diferente de todas as mulheres que conheci. Independente, altruísta, astuciosa e muito teimosa” sorriu recordando-se de algo “Casamento não é algo que estava nos planos dela, e eu...”.

“Não quer que ela se sinta desconfortável na vida a dois” a mulher completou.

“Quero que ela seja feliz”.

“E você não acha que pode proporcionar isso a senhorita Brennan?”.

“Eu não sei, talvez. Ela é um mistério”.

“Querido, olhe para mim” Marianne segurou o rosto de seu filho, sorrindo “Você sabe qual é o pensamento da maioria dos noivos antes de se casar?”.

Ele negou.

“Se estão fazendo um bom negócio ou não, ou família da noiva poderá beneficiá-los de alguma forma, e quantos herdeiros elas lhe darão. Isso é o que acontece querido, eles não se preocupam com o bem estar, ou se ela estará feliz, a maioria é tudo... Negócios. Mas isto que você está se questionando, se será capaz de fazê-la feliz ou não, não é comum querido, mas quando acontece é maravilhoso. É Prova que você quer que essa relação de certo e principalmente se importa com ela, e este fato já faz de você uma pessoa incrível e tenho certeza que a futura viscondessa saberá reconhecê-lo”.

Seeley sorriu e abraçou sua mãe.

“Obrigada por tudo, eu realmente não saberia o que seria de mim sem a senhora”.

“Estou apenas fazendo meu papel, mas saiba que estou muito orgulhosa de você e sua escolha”.

...

E por fim o dia mais esperado chegou.

A igreja estava cheia, todos os acentos ocupados por familiares, amigos e alguns curiosos dotados de coragem para conhecer a nova viscondessa de Booth, e principalmente se fazia jus ao titulo, e entre nós, caro leitor, eles não ficaram decepcionados.

Senhorita Brennan – por enquanto – escolheu um vestido longo, adornado de detalhes em um tom dourado que cobriam delicadamente seu corpo. O cabelo fora preso em um coque, e alguns fios teimosos teimavam em cair por sua face corada, o que só exaltava sua beleza natural.

A cerimônia teve a duração esperada, e os mais experientes poderiam jurar terem visto faíscas despontando dos olhos do noivo, que, durante nenhum momento os desviou de sua noiva.

E, finalmente, a família Booth tinha sua viscondessa.

...

“Querida, você está maravilhosa, eu não consigo parar de chorar” senhorita Montenegro dizia em meio a lágrimas “Definitivamente vou fazer uma pintura sua depois de hoje, será perfeita”.

“Não exagere, Angie, por favor” Brennan comentou tímida.

As duas estavam um pouco afastadas da multidão que se reunira no salão para comemorar o casamento.

“Você e Seeley fazem o casal perfeito, ninguém poderia duvidar de nada. Ele não desgrudou os olhos de você, tão romântico”.

“Pare de imaginar coisas, acho que chorar muito não lhe fez bem”.

“Temperance Booth pare de ser tão besta e aceite logo, todo mundo poderia ver que vocês estão apaixonados” e a amiga levantou o dedo, impedindo-a de falar “Não tente negar, está estampado no seu rosto”.

“Eu não iria” ela sussurrou, olhando para os lados certificando-se de que não estavam sendo ouvidas “Mas ele pensa em mim apenas como uma amiga é o suficiente”.

Angela bufou, bebendo seu vinho.

“Espanta-me que com a sua inteligência consiga ser tão estúpida em alguns assuntos”.

“Angie” Brennan exclamou, espantada.

“Tudo bem, querida, mas quando vocês se declararem não há necessidade de me enviar cartas, pois eu já sei” sorriu diabólica “Mas... Você está preparada?”.

“Para o que?”.

“Sua noite, bobinha” comentou entusiasmada “Eu sei que será ótimo, seu marido é muito agradável aos olhos”.

“Você é terrível, a pior de todas” Temperance sorriu, corando em seguida “Eu estou... B-bem com isso sou uma enfermeira, sei como as coisas devem acontecer, é apenas uma parte do meu dever como esposa”.

“Você não deveria ver desse jeito, sabe. Não é uma-”.

“Tempe, pelos Deuses, ainda bem que te achei. Pensei que já havia cansado de ser uma viscondessa e desaparecido no tempo” Booth exclamou, aproximando-se.

Passou um dos braços pela cintura de sua mulher, encarando a morena à frente.

“Imagino que essa seria a senhorita Montenegro? Aquela da casa a qual estava voltando quando nos conhecemos?”.

Brennan concordou, e ele fez uma saudação à moça.

“É um prazer finalmente conhecê-lo, senhor Booth. Minha amiga aqui sempre falou muito de você”.

“Mesmo? Interessante” olhou brincalhão para a mulher em seus braços e percebeu que suas bochechas já começavam a corar.

Tão linda.

“Ela também me falou muito da senhorita, e realmente é uma honra conhecer alguém tão próxima de minha esposa, aguardamos uma visita sua em breve” sorriu “Mas poderia liberar ela alguns minutos? Meus tios do sul estão aqui e todos estão ansiosos para conhecê-la”.

Angela concordou e despediu-se da amiga observando a agora viscondessa caminhar pelo salão com seu marido.

...

Mais tarde naquela noite o casal havia finalmente chegado a casa, para o alivio de todos. Os empregados já estavam à espera e foram todos devidamente apresentados a nova senhora.

Berta acabou por levar Brennan para seu quarto, prometendo ajudá-la com o vestido enquanto Booth seguia para seus aposentos. Algum tempo depois, finalmente pode se juntar a sua esposa, e bateu de leve na porta do quarto.

“Pode entrar”

Uma voz baixa soou de dentro do cômodo, enquanto Seeley caminhava para dentro.

Ele suspirou.

E depois suspirou novamente.

Ela estava estonteante, maravilhosa, digna de um poema dos melhores escritores.

“Você e-está... Linda” murmurou, aproximando-se “Não que não seja antes, mas isso está...” atrapalhou-se.

“Eu acho que entendi” ela o interrompeu, alisando a camisola de seda branca.

Seeley pegou a mão dela, dando um leve aperto e teve a impressão de senti-la tremer, sem falar do fato de estar gelada.

“Claro, seu idiota. Ainda é inverno!” pensou consigo mesmo.

“Você está com frio?”

“Não, e-eu estou bem” ela respondeu rápida, evitando o olhar dele.

“Então porque está tremendo?”.

“Não estou”.

“Sim, está!”.

“Não, não estou!” aumentou o tom de voz, exasperada.

“Então porque está gelada, e tremendo? Está com calor por acaso?” desdenhou, divertindo-se.

“Você está rindo de mim, ou algo?” perguntou confusa.

“Você está nervosa” ele afirmou “E não tente dizer o contrário. Nem quando estávamos floresta a fora nesse inverno terrível você ficava gelada”.

Ela corou, e finalmente encarou o olhar dele, duas esferas castanhas perfeitas.

“O que você quer que eu diga?”

“Do que você tem medo?”

“Tudo, nada. Eu apenas... Não sei”.

Seeley rapidamente tirou os sapatos e jogou o paletó na cadeira próxima, sentando-se na cama.

“Vai ficar em pé a noite toda?” ele perguntou brincalhão “Venha aqui, sente-se comigo”.

Brennan poderia perguntar qual era o objetivo dele, mas ao invés disso apenas resolveu fazer o que ele pedia. Seja lá o que fosse acontecer, ela confiava nele.

Booth entrelaçou seus dedos ao dela, os dois recostados na cabeceira da cama.

“Então, o que achou do nosso casamento, senhora Booth?”.

“Isso é estranho, ser chamada de senhora Booth. Estou me sentindo como sua mãe” ela riu.

“Menos mal” ele se juntou as gargalhadas com ela “Então continuarei a chama-la de Tempe”.

“Você experimento aquele bolinho junto das bebidas?” Booth perguntou “Eles estavam uma maravilha”.

“Eu concordo totalmente, nós provavelmente deveríamos descobrir quem os fez e contrata-la, uma pessoa que cozinha daquele jeito não pode ser nada menos que espetacular”.

Ele sorriu agraciado com o som de “Nós” vindo dela, de alguma forma sentiu que estavam se aproximando ainda mais, e isso o alegrou.

...

Os dois continuaram a conversar, e tinham certeza que já era madrugada, mas ninguém se importava. Brennan agora estava recostada no braço dele, as mãos permaneceram juntas, enquanto ambos desfrutavam da companhia.

“Você já pensou como serão nossos filhos?” Booth perguntou de repente.

Ela se mexeu, apenas se aconchegando mais, antes de responder.

“Lindos? Nós somos pessoas bem atrativas, a junção dos nossos genes seria muito benéfica” comentou “Mas quero que eles se pareçam com você”.

“Serio?”.

“Sim” sorriu, apertando a mão dele “Quero que tenham seu coração, sua bondade e a sua coragem. E também seus cabelos, são lindos”.

“Obrigado” murmurou, tocando o rosto dela “Eu só quero que eles tenham seus olhos”.

“Porque são azuis?” ela o encarou.

“Também, mas principalmente porque quando olho pra eles, me sinto bem, querido, me dão paz. Quero que nossos filhos sejam capazes de fazer o mesmo que você”.

E novamente Seeley perdeu-se nas duas safiras brilhantes que eram os olhos dela. Sua mão calmamente acariciou o rosto macio, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

E pela primeira vez naquela noite, eles se beijaram.

Um beijo lento e curioso.

As bocas já conhecidas desfrutavam das sensações adornadas e timidamente, Brennan passou os dedos pelo pescoço dele, aprofundando o contato.

Quando a necessidade de ar já não poderia ser mais ignorada, se separaram ofegantes, e Temperance carinhosamente acariciou os cabelos que caiam pela testa do parceiro.

E sorriu.

“Estou pronta”.