O salão estava cheio e diversas pessoas deslizavam umas pelas outras ao som da orquestra.

Redemoinhos se formavam aos cantos com senhoras não mais tão jovens conversando sobre a vida alheia enquanto os cavalheiros mais corajosos convidavam suas damas para a dança.

“Não imaginava que haveria tanta gente aqui” comentou Temperance adentrando o local junto de seu marido.

“Você não viu nada” Booth respondeu “Pelo menos desta vez não terei de me preocupar em fugir das casamenteiras”.

Ela sorriu.

“O que seria de você sem mim, nobre companheiro?” perguntou divertida.

“Não queira imaginar minha dama, não queira imaginar” disse-lhe compartilhando da alegria e beijando ternamente sua bochecha continuou “Minha mãe nos espera, consigo sentir seus olhos em mim de longe, vamos antes que ela venha nos arrastar”.

Ambos caminharam em direção à mesa onde se encontrava a família Booth.

“Temperance! Sente aqui do meu lado, por favor” exclamou Harmony entusiasmada ao visualizar cunhada.

“Minha filha, comporte-se, até parece que não lhe dei educação” Marianne a repreendeu, voltando-se para o casal “Pensei que não viriam mais, estão atrasados”.

“Pelo meu relógio estamos no horário certo, as pessoas nem se organizaram nos lugares ainda” Booth respondeu, sentando-se ao lado de sua mulher.

“Somente porque um dos músicos teve um imprevisto e irá se atrasar” ela o observou, curiosa “Não acredito que você sabia disso, certo?”.

“Sou um homem cheio de surpresas mamãe” sorriu, voltando-se para Harmony “Alguma novidade pequena? Além do fato da minha esposa ter se tornado sua pessoa favorita?”.

“Jared está de volta” a garotinha respondeu.

“O que? Como?” Seeley se virou para sua mãe “Não pretendia me contar as novidades senhora Booth?”.

Marianne suspirou.

“Apenas não encontrei o momento oportuno meu filho, somente isso. Não quero rodear nossa noite de preocupações” esclareceu “Ele chegou há quase uma semana, mas não está dormindo em casa, apenas passa para cumprimentar”.

“Preciso conversar com ele?” Booth indagou.

“Vamos deixar esse assunto para depois, podemos?”.

O visconde resmungou na cadeira quieto enquanto Brennan acariciava ritmadamente sua coxa em um gesto de calma.

Percebendo a preocupação de sua companheira, apertou a mão dela entre a sua mesmo com o sorriso esmorecido.

“Temperance querida, você está quieta. Conte-me, como está a vida de casada? Meu filho está sendo um bom esposo?”.

“O melhor, não precisa se preocupar” a viscondessa respondeu entusiasmada voltando-se ao marido “Podemos dançar? Eu adoro essa música”.

“Ao seu dispor, belíssima” ele concordou, levantando-se com ela em direção ao centro do salão.

De onde estava Marianne pode vislumbrar o casal apaixonado. As mãos de seu filho cercavam firmemente a cintura de sua nora, enquanto sua face perdia-se nos olhos dela.

“Eu sempre soube que você fez a escolha certa meu menino, porém é sempre bom ter provas disso”.

...

“Tem um lugar fantástico a poucos metros daqui, você irá amar”.

“Não acha que vão desconfiar da nossa ausência?”.

Booth parou de repente, virando-se para sua esposa.

“Não me importo com o que pensem, e você?”.

Ela ponderou por uns minutos antes de cair na gargalhada.

“Preciso responder?”

Ele balançou a cabeça, guiando-a entre algumas arvores até parar atrás dela, tapando seus olhos com as mãos.

“Dez passos para frente devagar, não quero que minha bela donzela se machuque”.

“Você sabe que odeio surpresas” Brennan resmungou, seguindo as instruções “Ainda mais quando estamos no escuro, no meio de uma pseudo floresta. Pode ser perigoso” brincou.

“Eu a protegerei com todo prazer”.

Temperance sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao som estrondeante da voz de Booth. Caminharam alguns passos a mais, quando pararam novamente.

“Abra seus olhos”.

Ela obedeceu, e no instante ficou sem palavras.

A sua frente estava um imenso pomar, e mesmo com a escuridão podia notar a beleza.

Saiu caminhando dentre as arvores, tocando delicadamente cada fruto com curiosidade, e admiração.

“Você tem que parar de me surpreender” comentou admirada “Este lugar é lindo Booth”.

“Até eu me perco nessa imensidão. Temperance Brennan e pomares, a primeira e única maravilha do meu mundo”.

“Pare de ser besta” ela sorriu “Eu sou um alfinete no meio dessas plantas”.

“Um alfinete muito bonito por se dizer” Seeley sorriu enrolando os braços ao redor dela “Temos que voltar logo”.

“Eu sei”

“Minha mãe irá desmaiar se não nos ver lá na hora da apresentação”.

“Concordo”

“Mas não quero ir” sussurrou contra os lábios da viscondessa.

“Não vá. Alguns minutos não irão causar tanta diferença, certo?”

“Totalmente, até por que...” segurou os quadris dela contra o seu “Irei te beijar agora e não vou parar tão cedo”.

Booth capturou os lábios de sua esposa nos seus, sentindo o amargo do vinho misturado com seu sabor. Sua língua rapidamente explorou aquele local tão conhecido, aprofundando o beijo o quanto podia e suas mãos escorregavam para o quadril cheio, deliciando-se.

“Não deveríamos ter vindo aqui” Brennan disse respirando fundo a procura de fôlego.

“Quer parar?”

“Por Deus, não!” espalmou suas mãos no peitoral de seu marido “Podemos ser pegos... Ou até mesmo...”.

“Tempe, pare de falar e deixe-me beijar você”.

Ela suspirou rendida enquanto voltava a doce prisão dos braços de seu amado, sentindo o desejo manifestar-se sem timidez logo abaixo de seu estomago.

Céus! Estava perdida.

...

“Posso apostar que minha mãe já mandou minha irmã a nossa procura” Seeley disse rindo enquanto ambos se encaminhavam de volta ao salão. Quinze minutos depois.

“Somos loucos, completamente insanos”.

“Não me arrependo por isso também” ele agarrou a mão dela beijando-a sem pudores.

Mais alguns poucos minutos e estavam à frente do teatro, ao que parecia pronto para o inicio da peça.

Mal entraram e Seeley pode ouvir o porteiro chamar seu nome.

“Senhor, uma moça deseja conversar com você urgente, e se recusa a sair daqui enquanto não lhe der a palavra”.

“Diga a ela para me encontrar outra hora, estou atrasado para a apresentação. Transmita minhas desculpas”.

“Por favor visconde ela está possessa, até parece que viu um monstro. Disse-me que iria começar um escândalo se não o leva-se. Entenda que esse estabelecimento zela por uma ordem, um tipo de ocorrên-...”

“Você devera ir” Brennan interrompeu “Se ela está aqui, sinal que deve ser algo importante”.

“Mas, e a peç-...”.

“Não se preocupe, eu explico a situação a Marianne” sorriu calma.

Ele pensou por alguns segundos antes de concordar, e acenar para o porteiro.

“Leve-me até esta moça”.

O homem concordou e seguiu em direção à saída.

“Volto logo, e boa sorte com minha mãe” beijou a testa de sua esposa carinhosamente.

“Por favor, tenha cuidado”.

“Sempre, minha rainha. Sempre”.

Apertou a mão de sua mulher antes de desaparecer pela porta.

...

“Como isso pode acontecer? Já se passaram cinco meses, você deveria ter comunicado antes”.

“Eu estava assustada...”

“Ou pensando em quem iria procurar” Booth sugeriu, irritado.

“Eu não sou uma qualquer Seeley, e a este ponto você deveria saber disso. Pensei que poderia enfrentar sozinha, acontece que não posso, e preciso de ajuda”.

“Como vou saber se você está falando a verdade?”.

“Terá que simplesmente acreditar”.

“E isso é pra valer alguma coisa?”.

“Eu mudei, tudo bem. Sou uma mãe agora e a única coisa com o que me preocupo é esta criança. Se quisesse dinheiro já teria espalhado ao sete ventos, mas estou aqui. Meu filho será um Booth e merece todo respeito”.

Seeley suspirou.

O mundo estava desabando.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.