Lost Girl

Capítulo 12: Happy? Birthday


Sem eu perceber, meus olhos encheram d’água.
- Tudo bem Mel?
- Sinto muito Matt…
- Pelo que? - Perguntou se afastando um pouco para me olhar
- Por tudo, tudo que um dia eu fiz pra você, por tudo de ruim que já causei.
- Cada coisa valeu a pena.
- Não, não valeu e você sabe. Mas me escuta, tudo que eu puder fazer por você, eu faço.
Ele sorriu - Obrigado Mel. Mas eu não preciso de uma retaliação ok? Fico feliz em ser seu amigo de novo.
Abracei-o de novo e ele acariciou meu cabelo.
- Você sabe que agente ainda vai tocar hoje?
- Vão?
- Vamos. Nos colocaram por último, já estão todos lá, quer ir?
- Claro! Só vou colocar uma roupa.
- Espero aqui.
Corri escada a cima e troquei de roupa, penteei o cabelo e passei um lápis no olho, desci as escadas e encontrei Matt sentado no sofá.
- Vamos?
- Foi rápido.

Ele dirigiu até um bar lotado e nós entramos, ele me levou pra uma salinha onde estavam os outros, cheguei a conclusão de que aquilo seria uma tentativa de camarim.
- Mel! - Jimmy disse feliz - Parabéns pra você.
- Obrigada. - Respondi quando ele me levantou do chão em seus braços.
Todos eles me parabenizaram, até chegar em Syn, o que fez meu estômago congelar, eu não tenho certeza do que raios tenho com ele.
- Parabéns Mel.
- Obrigada.
Ele passou os braços pela minha cintura e me abraçou, passei os braços por seus ombros, as coisas pareciam meio em câmera lenta, ele beijou meu pescoço e se afastou, Matt nos olhou um pouco estranho, mas deixou pra lá.

Ficamos conversando um pouco até um cara com cara de mau entrou e falou que eles iam entrar.
Eu, obviamente, saí de lá e sentei na mesa mais próxima do palco, cheirando o cimento praticamente.

Pouco tempo depois eles foram apresentados e entraram, as garotas ficaram loucas, porque né, olha bem a imagem, os caras só surtaram depois de a música começar, eles eram realmente muito bons.
Eu devo ter ficado rouca de gritar, mas valeu a pena, Matt sorria pra mim toda hora e abaixou pra pegar minha mão uma vez.
Quando acabou, todos gritaram e aplaudiram, mas ninguém bateu meus gritos.

Eles saíram da salinha um tempo depois e nós sentamos em uma mesa mais longe do palco.
- Viu só Sanders? Não sou só eu que acho sua voz perfeita. - Eu disse sorrindo e balançando a perna dele.
- Ninguém aqui disse que era perfeita.
- Eu digo! Já disse mil vezes que é, e aposto que todos pensaram isso.
- Mas você me ama Mel, você não conta.
- E se eu tatuar “Sua voz é perfeita M. Sanders”?
- M. Sanders?
- Minha testa não é tão grande, só Matt ia ser muito abrangente, Sanders podia ser sua irmã, por exemplo.
- Tatua Shadows ao invés de M. Sanders. - Jimmy comentou
- Ah é. Isso aí. Aonde você fez suas mil tatuagens? Me leva lá pra eu tatuar minha testa.
- Você não vai tatuar a testa.
- Tatuo a mão, a bochecha, o pescoço, a coxa. O que você quiser.
- E se eu fingir que acredito em você?
Rolei os olhos e o chutei, Matt era simplesmente insuportável quando queria.
- Não quero mais falar com você. - Disse me virando de costas pra ele, ficando de frente pra Syn. - OI! Como vai você?
Ele riu e fez joia com a mão.
Matt puxou meu ombro e eu acabei olhando pra ele de novo.
- Deixa de ser chata.
- Deixa de ser chato.

Discutimos sobre coisas idiotas a noite toda, umas quatro da manhã ele foi me levar em casa.

Quando pisei na varanda a luz acendeu, eu tenho luz com sensor e não sabia?
- Mellanie? - Minha mãe perguntou lá de dentro destrancando a porta
Meus ossos gelaram e ouvi a porta do carro atrás de mim bater.
- Mel? - Matt chamou andando até mim - Por que está parada?
Minha mãe abriu a porta e nos olhou.
- Boa noite Sra. Sheen. - Ele disse sorrindo
- Boa noite Matthew, você sabe o quanto eu sempre gostei de você, mas sequestrar a Mel no meio da noite? Logo depois de ser preso? Se você é realmente amigo dela não a levaria com você.
Arregalei os olhos, como ela podia dizer algo assim?
- Sinto muito, não farei de novo.
- O que? Fará sim! Matt foi preso por minha causa! Entendeu? Ou você preferia que ele tivesse ficado parado enquanto aquele idiota me agarrava no quarto?
- Essa não é a questão Mellanie.
- Não é a questão? Qual é o seu problema? Essa é TODA a questão! Em invés de brigar com Matt, que tal agradecê-lo por sempre ter cuidado de mim enquanto você caia na sua depressão maldita?
- Mel… - Ele chamou colocando a mão em meu ombro
Senti meus olhos encherem d’água - Se existe alguém certo aqui, esse alguém é ele! Porque quando você saiu da depressão só você bebia e transava com qualquer cara, quando não, passava o tempo todo no trabalho com medo de voltar pra casa! Quer saber quem cuidava de mim? Quer saber quem me levou ao hospital quando eu fui atropelada? QUER SABER MÃE? FOI ELE! ESSE CARA QUE VOCÊ ESTÁ XINGANDO!
- Mellanie! Você não tem o direito de falar comigo assim!
- TENHO! TENHO TODO O DIREITO! PORQUE EU PERDI MEU PAI E ACABEI PERDENDO A PORRA DA MINHA MÃE! E A ÚNICA PESSOA QUE ESTEVE SEMPRE AQUI PRA MIM FOI ELE! FOI O MATT! ENTÃO SE VOCÊ QUIZER XINGAR ALGUÉM, QUE SEJA A SI MESMA!
Desabei a chorar e Matt me abraçou, ela entrou em casa batendo a porta e trancando-a.

- Me leva embora Matt? - Pedi entre soluços e ele me carregou até o carro.
Matt me colocou lá dentro e pouco tempo depois estava dirigindo pelas ruas mal iluminadas.
- Você quer ir direto lá pra casa ou quer comer alguma coisa?
- Comida não ajuda em tudo. - Eu disse forçando um sorriso
- Pra mim ajuda.
Sorri - Obrigada, mas eu prefiro dormir.
Ele assentiu e me levou pra casa dele, entramos em silêncio e fomos pro quarto dele.

- Eu vou dormir na sala então… - Começou, mas eu sacudi a cabeça.
- Óbvio que não vai. Eu vou.
- Você não vai dormir na sala!
- Ok, vamos dormir os dois aqui então.
Ele sorriu e foi até o armário me entregando uma blusa dele. - Toma, dormir com isso aí não deve ser confortável.
Fui pro banheiro e troquei de roupa, eu estava péssima, lavei o rosto tirando a maior parte do lápis borrado.

Saí do banheiro e vi Matt sentado na cama e balançando as pernas, estava só com uma bermuda preta.
- Hey. - Eu disse baixo e ele se virou pra mim sorrindo
- Está melhor?
- Estou.
Matt bateu na cama ao seu lado e eu me sentei lá, vendo que, talvez, aquela blusa não fosse tão gigante assim, pois mostrava de mais minhas coxas. Ele passou um braço por meus ombros e eu encostei a cabeça no ombro dele.
- Olha, eu sei que você não quer ouvir isso agora, mas me escuta ok?
Levantei os olhos pra ele e assenti.
- Mel, eu sei que você está abalada e ressentida por tudo que aconteceu entre você e sua mãe, mas você tem que lembrar que não foi só você que perdeu alguém. - Ele disse sorrindo doce e acariciando meus cabelos, eu baixei os olhos marejados pro carpete - Eu sei que você acha que ela está completamente errada e que está te controlando, mas esse é o jeito dela de te proteger. Mel ela nunca quis te ignorar aquele tempo, provavelmente ver você a lembrava seu pai, porque vocês são muito parecidos.
Abracei Matt e coloquei o rosto em seu pescoço, me deixei chorar enquanto ele me abraçava de volta e beijava meu cabelo.
- Escuta, não estou pedindo pra aceitar tudo ou esquecer, mas só pensa pelo lado dela um pouco. Sei que você não estava bem e precisava dela, mas você tinha a mim e ela não tinha ninguém além das filhas que eram a lembrança mais forte do homem que ela amava. Pensa nisso com carinho ok?

Assenti e continuei abraçada a ele chorando por um tempo, quando consegui me acalmar, fui ao banheiro e lavei meu rosto, que estava ainda mais destruído.
Saí e vi Matt de costas pra mim, olhando algo no armário.
- Matt?
- Sim?
- Obrigada por tudo. - Eu disse sorrindo e estendendo os braços, ele veio até mim e me abraçou.

O calor do corpo de Matt passou pro meu como um choque elétrico e eu o apertei mais contra mim, ele fez o mesmo.
Talvez eu fosse a única pessoa do mundo que não tinha visto Matt como homem, cara, até minha mãe achava que eu devia namorá-lo, ok, antes de ele ser preso, mas isso é outra história.
Ele sempre foi meu garotinho, meu melhor amigo.
Matt era o raio de sol do meu dia chuvoso, mas eu nunca pensei nele como algo além de amigo, sempre foi o cara que me protegeu, que cuidou de mim.

Respirei fundo o cheiro dele e apoiei minha testa em seu ombro.
- Tudo bem Mel?
- Tudo. - Respondi levantando a cabeça e sorrindo pra ele, levei as mãos ao seu pescoço e acariciei ali.
- Você sabe que eu sempre estarei aqui pra você. - Ele disse sorrindo e eu assenti com a cabeça
- Obrigada Matt.
Ele levou os lábios aos meus e me deu um usual selinho, mas ao afastá-los de mim, me encarou de forma intensa.
O choque que passou por mim quando sus lábios voltaram aos meus, anestesiaram o pensamento de que aquilo era, no mínimo, muito errado.
Apertei a pele se seu pescoço enquanto ele me virava e me encostava na parede.
E esse terceiro beijo era ainda mais estranho e diferente do que os dois primeiros.

Matt não estava nada calmo, me apertava contra ele como se sua vida dependesse disso, o beijo dele era quase urgente e me fazia sentir uma agitação estranha por baixo da pele.
Cravei minhas unhas em seu pescoço e ele riu baixo em meio ao beijo, me puxando ainda mais pra si.
Eu estava completamente imersa naquilo, tudo que existia era Matt e a parede na qual eu estava encostada, o cheiro dele era tudo que eu sentia quando respirava e o gosto dele inundava minha boca.
Tudo que eu podia fazer era corresponder ao beijo, me sentia, na verdade, muito idiota, enquanto Matt estava, definitivamente, em todos os lugares, eu só tinha força suficiente pra ficar em pé e beijá-lo de volta.

Quando nos separamos, puramente por falta de oxigênio, ele apoiou a testa na parede ao meu lado, eu joguei a cabeça pra trás, fitando o teto branco do quarto e sendo cegada pela luz que brilhava bem no centro do mesmo.
Coloquei uma das mãos no cabelo, apertando com força e massageando o couro, tentando recobrar a consciência e e tirar a entorpecência que se instalara em mim, nublando meus pensamentos.

Matt deu um passo pra trás, olhei pra ele e vi que suas mãos tremiam, ele levou-as a cabeça, pareceu a mim, que estaria agarrando os cabelos se ainda tivesse algum.
Ele engoliu e fechou os olhos com força jogando a cabeça pra trás.
- Matt? - Chamei com a voz mais baixa do que deveria
- Desculpa Mel. - Pediu ainda sem se mexer - Eu sei que você pediu pra eu não fazer isso, mas… Desculpa ok? - Pediu baixando as mãos e abrindo os olhos pra me encarar.
Sorri e andei até ele, passando os braços por seus ombros e beijando sua bochecha.
- Tudo bem Matt.
- Não queria me aproveitar do seu momento de carência.
Sorri e coloquei a testa em seu ombro.
- Tudo bem Matt, eu já disse. Acho que devíamos dormir agora.
- Concordo.
Me soltei dele e fui pra cama, mas ele foi mais rápido, se jogando de costas com um pulo, eu comecei a rir, mas ele me puxou e eu caí deitada de seu lado, fiquei com a cabeça no peito de Matt até dormir.