Capítulo II:

A música e as vozes eram altas. O cheiro de bebida e perfumes baratos se envolviam e deixavam o lugar insuportável. A sensação de estar ali, em lugar que ela não gostaria estar, já deixava tudo pior. Lana já estava se considerando uma Serial Killer, sem pegar em arma alguma, mas com aqueles papelotes que estavam em sua bolsa ela iria matar tantas pessoas quanto.

Não tinha outro jeito, ou fazia aquilo, ou morria de vez nas mãos de Jimmy. Se Lana voltasse pro carro sem nada vendido ela não conseguia nem pensar nas conseqüências, o homem de olhos pretos amedrontadores iria ser cruel, mais cruel do que já costumava ser. Ela tinha de usar seus artifícios para conseguir vender, afinal não era a única ali. Tinha de seduzir os clientes. Não tinha como negar, Lana é linda, sedutora, e sabe que tanto homens, tanto as mulheres que a observavam queriam passar uma noite com ela.

Foi para o meio da pista de dança, começou a dançar sensualmente, o vestido curto e os sapatos altos a ajudavam a ficar mais sexy. Enquanto dançava sentiu uma mão forte a agarrar pelos braços, abriu os olhos e encarou o homem que a segurara, era Jimmy.

-Você vai vender algo ou vai ficar só se exibindo, sua vagabunda? – podia ver raiva nos olhos negros de Jimmy, podia se ver fúria.

- Me larga. – Lana o encarou

- É melhor você andar logo com isso, ou não vai gostar muito das conseqüências. – ele continuou a apertar os braços de Lana.

- Já disse pra me soltar. – rangeu os dentes – E relaxa, eu sempre consigo não é? Então me deixa fazer o trabalho sujo em paz.

- Não se esqueça que eu estou sempre de olho em você. – A encarou nos fundos dos olhos.

- Não me esquecerei.

E Lana voltou a andar pelo local, ela andava mexendo os quadris e piscando para alguns garotinhos de 17 anos que ficavam enlouquecidos com o olhar penetrante de Lana. Ela cumpriu o que prometeu a Jimmy, viciou mais alguns jovens, destruiu mais algumas vidas, ou no ponto de vista do gangster, simplesmente fez o seu trabalho.

Já que ele estaria por ai se enrolando com algum rabo de saia, Lana resolveu sentar em algum lugar mais afastado daquela festa, sabia que o homem demoraria a chegar para que ela pudesse finalmente estar em casa. Sentou-se em um pequeno sofá que estava bem afastado de todo aquele barulho, ficou quieta. Ela começou a fazer um retrospecto de sua vida, pensou em tudo em que vivera até agora e como tem sorte de estar viva até hoje. Observando aqueles jovens bêbados, uma lembrança de sua infância veio a sua mente:


[FlashBack]:


Lana era apenas mais uma garotinha de oito anos, mas com problemas de adultos. Seu pai era um grande traficante, e ela tinha consciência disso e sabia o peso dessas palavras. Sua mãe era uma pobre coitada, era uma vadia submissa ao marido. Lana já não tinha mais uma mentalidade de uma criança de oito anos, ela já tinha visto demais, vivido demais.

Viviam numa casa miserável em uma favela, tinha apenas quatro cômodos: a cozinha, a sala, um banheiro e um quarto. O casal ocupava o quarto e Lana era obrigada a dormir no chão da sala, pois em um acesso de raiva de sua mãe, ela tacou fogo no sofá da casa.

Mais uma noite, e a mesma cena se repetia aquilo já não incomodava, já era completamente normal. Seu pai chegava a casa completamente chapado gritando com sua mãe que não se encontrava em estado diferente:

- SUA VADIA, EU TE VI COM AQUELE CARA! – o homem de cabelos negros e olhos da mesma cor gritou.

- E QUANTAS VEZES EU JÁ NÃO TE VI COM OUTRAS MULHERES, SEU DESGRAÇADO? – foi a resposta da mulher loira de belas curvas.

Ambos começaram a rir, e a se xingarem. Estavam completamente drogados e bêbados. Nem perceberam que a pequena garotinha observava tudo. Eles continuaram a gritar, a usar as drogas, e rir alto. Começaram se despir, e a imagem que se seguiu traumatizou Lana pra sempre, seus pais tiveram relações bem na frente da garota. Naquela hora ela não conseguiu segurar e começou a chorar, mas os dois adultos continuaram o que estavam fazendo, não deram atenção a ela, como sempre...

[FlashBack off]


Lana foi tirada de seus devaneios por uma voz feminina e suave que a chamava, olhou pra cima e viu uma bela jovem de cabelos negros e olhos grandes e verdes:

- Então você vem pra uma festa pra ficar largada num sofá sem fazer nada? – perguntou a garota. Lana deu um leve sorriso e respondeu:

- Estou a trabalho, se é que me entende.

- Ah, você é uma de nossas fornecedoras? – A garota deu uma pequena gargalhada

- É... por ai. – Lana respondeu desanimadamente, mas a garota a sua frente nem percebeu.

- Garota, eu te amo. Você trás alegria pra gente. – a morena sorriu.

“Eu trago mortes, você quis dizer”, pensou Lana.

- Vem, vamos dançar. Mas antes, qual o seu nome? – perguntou a garota já puxando Lana pelas mãos e a colocando de pé.

- Sou Lana, e você é...

- Carmen.

As duas andaram até o centro da pista de dança, e todos as observavam. Elas chamavam atenção, tanto pela dança, tanto pela beleza das duas. Lana conseguiu naquele momento esquecer um pouco de seus problemas, ela só não sabia que o maior deles a observava de longe.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.