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Vivir contigo cada instante


Um grande barulho se formara no local quando León dissera aquilo. Por um momento eu até pensei que ele não estava falando sério, mas pude perceber que as coisas realmente eram sérias pela maneira dura em que ele se comportava. Ele não disse mais nada, até que todos os convidados se deram conta e foram se retirando um a um. Por algum motivo eu fui caminhando em direção à saída juntamente com os convidados até que fui agarrada pelo braço.

- Você não, né? – León disse como se aquilo fosse óbvio.

- Ah, é que eu...

- Bobona. – Incrivelmente León mostrava-se de bom humor para mim.

Lara passou por nós também rumando a saída, mas para a minha surpresa, León também a pegou pelo braço.

- Você. – Ele disse em um tom frio. – Que direito você acha que tem de tratar a minha mulher assim, ainda por cima na minha festa?

Mulher. Será que León tinha escutado o que acabara de dizer? Talvez as coisas estivessem mudando entre nós, talvez fosse só uma maneira mais madura de me ver.

- Só estava revidando o que essa coisa fez comigo no acampamento.

- Coisa? – León logo me defendeu. – Você já se olhou ao menos alguma vez? Agora fora daqui, não quero ver sua cara por um bom tempo.

- Meu pai vai saber disso. – Disse com a voz enjoada.

- Que se dane. – León deu de ombros e Lara se retirou.

Eu estranhei aquela atitude, mas confesso que estava maravilhada.

- O-obrigada. – Me virei para León.

- Pelo que?

- Me defender daquela maneira. – Meus olhos brilhavam.

- É o mínimo que eu tinha que fazer, por favor. – Ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Sorri.

- Lindo.

- Eu sei. – Sorriu convencidamente.

- Mas qual é, você não ia expulsar todo mundo por causa disso né?

Ele suspirou.

- Confesso que já estou de saco cheio dessa festa, sem contar que quero ficar com você. – Abriu um sorriso estranho enquanto passava a mão pela minha cintura.

Senti um enorme frio na barriga naquele momento.

- É, eu também quero. Entretanto, preciso tomar um banho primeiro.

- Eu sei. – León disse e riu.

Não demorou muito até que todos os convidados se retiraram do local, exceto pelos nossos pais, que obviamente não foram convidados a se retirar. Claro que nós pedimos desculpas pelo transtorno aos nossos amigos, mas eles logo entenderam que o motivo daquela expulsão tinha a ver com a chatice da festa. León me perguntou por diversas vezes se eu estava bem, e eu pude notar como ele se sentia culpado pela noite terminar daquela maneira. Nós caminhamos até a porta (onde os nossos pais já estavam parados, prontos para ir), e recebemos algumas “instruções”.

- Violetta, você tem que ir pra casa, como vai passar a noite aqui com essas roupas? – Meu pai logo perguntou, mas confesso que senti que ele estava um pouco arrependido de ter me deixado dormir no apartamento.

- Isso não será problema. – Sra. Vargas logo respondeu. – As roupas do León já estão todas no armário, acho que ele não vai ligar de emprestá-las pra Vilu dormir até o vestido dela secar, não é mesmo?

- Claro que não! – León respondeu com afobação.

Eu pude notar que meu pai ia voltar atrás com o que falou, tinha certeza de que ele iria querer que eu voltasse para casa, mas por sorte, havia mais pessoas a nosso favor.

- Violetta, eu acho melhor... – Meu pai começou.

- Germán! Já que a festa terminou cedo, que tal irmos jantar em um restaurante ótimo que eu conheço por aqui? – Sr. Vargas logo começou a falar.

Meu pai revirou os olhos, mas para a nossa sorte, cedeu.

- Claro. – Respondeu com incerteza.

Logo depois aquilo todos começaram a sair pela porta, exceto pela mãe de León.

- Bem, acho que vocês conseguem se virar. Tudo está feito, tem comida na geladeira, as roupas do León estão no armário e tem até escova de dente nova no banheiro. Vocês vão precisar de mais alguma coisa?

- Não, mãe. Tchau. – León logo disse.

Eu soltei um riso involuntário ao ver a pressa de León.

- Tudo bem, filho. Já estou indo. – A Sra. Vargas riu. – Aproveitem bem o apartamento. – Deu uma piscadela e fechou a porta.

Eu logo corei, e pude ver que León também ficou completamente sem graça. Nós nos entreolhamos e ficamos em silêncio por alguns minutos, nos dando conta de que nós realmente estávamos sozinhos ali. Depois desse momento completamente constrangedor, León fora o primeiro que tivera coragem de dizer algo.

- B-bem, eu vou ver se arrumo as coisas. Você pode ir tomar banho, não tem muito que fazer aqui.

- Tudo bem. – Apenas concordei. – As roupas estão no quarto, né?

- Sim, no armário. – Sorriu.

Eu estava tão constrangida que não pensei duas vezes em subir para tomar o banho. Quando cheguei ao quarto, logo abri o armário de León e percebi que suas roupas estavam completamente organizadas, coisa que não duraria muito tempo. Procurei pela roupa mais apertada possível ali, mas não consegui nada muito eficiente. Peguei uma camisa xadrez e um short qualquer e então fui para o banheiro.

Tomei uma ducha rápida. Durante o momento em que estive no chuveiro, pensara nas diversas coisas que aconteceram nessa noite. Era perfeito finalmente estar com o León sem interrupções, pessoas pegando no nosso pé, gente chata ou qualquer coisa do tipo, mas confesso que por um lado isso me fazia morrer de vergonha.

Depois de um pouco de esforço para tirar o forte cheiro de vinho de mim, terminei o banho e coloquei as roupas de León. Abri um sorriso involuntário ao perceber que aquele cheiro maravilhoso que ele tinha se espalhara por todo o meu corpo, apesar de as roupas terem ficado completamente largas. Não fiz muita cerimônia, somente penteei o cabelo com pressa e então já desci novamente para a sala.

Pelo jeito as coisas já estavam arrumadas, notava-se pela maneira completamente desleixada que León se encontrara no sofá. Soltei um pigarro na tentativa de fazer uma aparição sutil, então logo León se virou para mim, abrindo aquele sorriso maravilhoso de sempre. Fez um sinal com as mãos para que eu me sentasse ao lado dele no sofá.

Eu caminhei lentamente até ele e então me sentei ao seu lado, León não perdeu tempo e já se aninhou a mim no sofá.

- Se eu te disser algo, você não vai ficar brava?

Bufei.

- Fala logo, León. – Disse e revirei os olhos.

- Você está linda demais com essas roupas, são de quem? – Riu.

- Idiota. – Disse e dei um tapa de leve em seu braço.

- Não era disso que você tinha me chamado há poucos minutos. – Ele riu. – Mas mudando de assunto, você está cheirosa, hein?

Eu corei.

- Será que é porque eu tomei banho? – Disse sarcasticamente e então revirei os olhos.

- Espertinha. – Sorriu. – Então, o que vai ser? Quer assistir um filme?

- Pode ser. – Dei de ombros.

León coçou a cabeça.

- O pior é que eu não tenho DVDs aqui, a gente vai ter que assistir TV aberta mesmo. – Fez uma cara de decepção.

- Hoje é sábado, deve estar passando algum filme. – Tentei reanimá-lo.

- Pois é. De qualquer forma, tente achar algum canal interessante aí enquanto eu faço a pipoca. – Me deu um selinho e se levantou.

Eu permaneci no sofá. Peguei o controle da televisão e comecei a passar pelos canais como uma pessoa doente. Infelizmente me dei conta de que estava enganada, não tinha absolutamente nada que prestasse para assistir, somente um filme completamente desconhecido de terror passando em um canal aleatório. Como não tinha programação melhor, deixei ali mesmo e em seguida me levantei para apagar as luzes. Já que no momento León estava na cozinha e não havia ninguém para conversar, resolvi prestar atenção no filme, e confesso que aquilo foi a pior coisa que eu poderia ter feito.

O filme era algo completamente esquisito, a imagem era ruim e se via passando vultos pela tela em todo o momento, o que o transformava em algo completamente assustador para mim apesar de eu nunca ter tido problemas com filme de terror. Como algo completamente clichê, chegou um momento completamente decisivo no filme em que o protagonista se encontrava em uma cena tensa, onde provavelmente ele ia morrer. Eu já estava quase morrendo do coração quando fora surpreendida.

- Violetta! – León gritou atrás de mim, me fazendo dar um pulo do sofá e um grito.

Ele começou a rir automaticamente.

- Idiota! – Gritei e me deitei no sofá, com a respiração completamente acelerada. – O que você quer?

- Só queria avisar que não temos pipoca. – León disse entre risos. – Pelo visto você não vai querer comer nada, não é mesmo?

- Trouxa. – Murmurei. – Você acha que isso é engraçado? Você quase me mata do coração!

- Ei, não me trata assim. Fere os meus sentimentos. – León disse com cinismo e levantou as minhas pernas do sofá para sentar-se nele. Eu nem liguei e deixei minha perna em cima de seu colo mesmo, depois daquele susto eu merecia descansar.

- Sentimentos, quais sentimentos? Aparentemente você não tem nenhum. – Eu disse ainda com raiva.

- Ah, é assim? Não me provoca, senão você vai ver. – Ele disse com a cara desafiadora.

- Vou ver o quê?

- Quero ver se você consegue resistir tanto tempo sem mim.

- Isso é moleza. – Eu disse com convicção.

- Ah é? – Então você não vai ligar se eu fizer um teste.

- Vá em frente. – Eu disse e soltei uma risada maléfica.

Eu e minha grande boca. Logo depois da minha fala, León fizera questão de levar o seu rosto até o meu pescoço, o que automaticamente fez com que eu recostasse a minha cabeça no braço do sofá, deixando León por cima de mim. Ele passou seu rosto por toda a lateral do meu pescoço enquanto levava a sua mão até o meu rosto, acariciando-o. Minha respiração já tinha começado a ficar desconcertada e eu pude perceber que os meus batimentos cardíacos aceleravam à medida que sua respiração quente entrava em contato com a minha pele. Quando eu pensei que a situação não poderia piorar, León sutilmente cheirou o meu pescoço, o que me fez ficar arrepiada por completo e começou a falar em um tom completamente baixo, quase inaudível:

- Eu já te disse que você está muito cheirosa?

- N-não dessa maneira... – Eu disse em um fio de voz.

León soltou uma leve risada ao perceber a minha vulnerabilidade. Então, aquele idiota que eu tanto amava começou a dar leves beijos pelo meu pescoço e fora subindo até que estes passassem pelo meu queixo, bochecha e finalmente o canto da minha boca. Foi naquela hora que eu percebi que não se tratava de eu resistir a ele ou não, se tratava de que León se sentia tão atraído por mim quanto eu por ele, e estava se aproveitando da situação para pode ficar comigo. Era como se eu tivesse sob o efeito de alguma droga naquele momento, como se não houvesse mais alternativa ou resistência que fosse forte o suficiente para aquilo, e pude perceber que León se sentia da mesma maneira.

Antes que selássemos nossos lábios, León fizera questão de olhar profundamente em meus olhos e acariciar meu rosto, até que uma energia tomou conta do meu corpo e em um movimento eu mesma o tomei em um beijo intenso e apaixonante, com a afobação de quem espera por aquilo há muito tempo. Nossas línguas se entrelaçavam de maneira rápida e desesperada, e minhas mãos foram automaticamente para o pescoço de León, fazendo com que este se aproximasse mais de mim e aprofundasse mais o beijo. Eu sequer ligava se estaria o machucando, só o queria mais próximo de mim o quanto desse.

Continuávamos a nos beijar daquela maneira, até que León desceu a sua mão da minha cintura, levando-a até a minha perna e me puxando em um rápido movimento até o seu colo, me deixando de frente para ele e sem parar o beijo sequer. Como estávamos no beijando de maneira afobada e intensa, o ar acabou rapidamente, e quando aconteceu, León levou sua boca novamente até o meu pescoço. Dessa vez, invés de deixar beijos ali, o mesmo deixara mordidas, me fazendo ficar mais arrepiada a cada toque dele. Recuperamos o fôlego nesse intervalo e levamos novamente as nossas bocas uma até a outra. A situação já estava perdendo o controle, minhas mãos subiram até o cabelo dele, deixando-o completamente bagunçado. Entretanto, as mãos de León que até então estavam nas minhas costas, desceram até a minha cintura e a apertaram com força. Eu separei nossos lábios com brutalidade, mas ainda deixei meu rosto colado no dele, até que em um ato involuntário as minhas mãos foram até a gola de sua camisa, desabotoando o primeiro botão da mesma. León olhou para mim como se estivesse inseguro, mas voltou a me beijar.

Continuamos a nos beijar intensamente até que as minhas (malditas) mãos continuaram presas na camisa de León e desabotoaram o segundo botão da mesma, o que praticamente foi um basta para aquela situação. Em um movimento rápido, León me tirou do colo dele e me colocou novamente no sofá, enquanto se levantara com agilidade.

- Chega. Banho? – Ele disse ainda ofegante.

Banho? O que ele queria dizer com aquilo? Era algum tipo de sugestão? Eu fiquei desesperada ao me dar conta do que quase acabávamos de fazer, e mais desesperada ainda ao me dar conta de que talvez León quisesse dar continuidade a isso.

- Banho? Nós? O QUÊ???!- Pude perceber que falei essa frase com um pouco mais de desespero do que planejara.

León arregalou os olhos.

- NÃO! – Praticamente gritou. – Banho. Eu. Sozinho. E GELADO! – Ele disse com desespero e saiu correndo dali.

Eu tentei concertar a minha respiração depois da saída de León. Confesso que apesar de ter gostado do ultimo momento eu me sentia aliviada por não termos feito nada e por León ter autocontrole, ao contrário de mim, que até então parecia uma louca. Recostei a minha cabeça no sofá e me preocupei ao pensar que as coisas estavam mudando, e que talvez nós não estivéssemos preparados para mudanças tão bruscas ainda.