Lizzy e Gabriel

Capitulo 1 : À procura de um emprego


França 1840, Província de Berry.

O sol reluzia sobre os telhados das casas do vilarejo, sobre a qual viviam os artesãos, vendedores e camponeses. A carruagem passava com suas amplas rodas sobre a rua rochosa, fazendo um pequeno barulho. O calor exalava do chão, assim como o cheiro das amoreiras que se encontravam próximas de uma pequena casa, pouco ornamentada. Havia homens bebericando em suas tavernas, para se esvair do abundante calor. E concomitantemente a isso, numa casa de tecelagem mãe e filha dialogam.

—Mas mãe! –Exclamou Lizzy. - Eu preciso de um novo emprego, não posso ficar trabalhando no campo a minha vida inteira, preciso prosseguir com minha vida, e é isso que estou a caminho de fazer.

-Hunf! - Lizzy, você é muito ambiciosa. — Arfou a mãe. -Querida, você não entende¿! -Somos camponesas e não podemos deixar a vida no campo. Isso é tudo que nos restou, e após a ida de seu pai, as coisas se tornaram mais difíceis. Você bem sabe.

Lizzy não tinha pai, pois, durante uma viagem feita para transportar madeira para o outro lado do condado, ele foi saqueado por vândalos e foi deixado na estrada gravemente ferido, mas não resistiu. A sua pequena carruagem foi levada juntamente com as madeiras e os cavalos.

Ignorando-a, Lizzy deixa seu lar, batendo a porta bruscamente atrás de si, deixando a mãe com uma expressão encabulada.

A caminho da cidade, Lizzy relembra um de seus sonhos, que seria trabalhar e viver em um grande castelo, assim como a realeza.

Lizzy vai à busca do tão almejado emprego, sofrendo vários preconceitos em sua jornada à cidade por ser uma simples camponesa que não tem nem um pouco de experiência com de trabalho na cidade.

Ao voltar pra casa, Lizzy se depara com sua mãe sentada em uma cadeira na cozinha, como fazia de costume. E, olhando-a com uma expressão árdua em sua face ela disse:

—E aí, Lizzy. -Como foi sua jornada em busca de trabalho¿ -Indagou a mãe com um tom de sarcasmo na voz. -Ela fez uma pausa, e, sem deixar Lizzy responder, ela continuou. -Parece que não foi lá grande coisa. -E soltou um riso de escárnio.

Lágrimas brotaram em seus olhos e estavam quase se expelindo pela face, mas Lizzy se conteve, e não as deixaram escapar. Logo, adquiriu uma postura indiferente em seu semblante, sem deixar transparecer a tristeza que carregava consigo naquela tarde.

— Realmente mamãe! -Exclamou ela em um tom de sarcasmo. -Hoje não consegui emprego algum, mas em breve, conseguirei. -Disse ela convicta.

Lizzy deixou a cozinha e foi diretamente para seu quarto carregando consigo um jornal que havia comprado em uma banca na cidade.

Deitada em sua cama com o jornal estirado através dos dedos finos, Lizzy pode se deparar com um grande anúncio destacado em negrito logo acima da página, que dizia: "Precisamos de serventes: Interessados, procurar o castelo. Logo abaixo: Príncipe Gabriel."

Obviamente que todos sabiam onde ficavam o castelo. Mas, aquele anúncio, ao ser lido, fez algo transparecer em seu olhar tão reluzente que podia-se até iluminar a folha.

Algo emergiu de dentro dela, e logo, Lizzy sentiu uma sensação na qual ela atribuiu pelo nome de "esperança."

Mais um dia se passou. E Lizzy estava convicta de que conseguiria o tão almejado emprego. Então, Lizzy saiu ao entardecer, por volta das 07h30h, pegando uma carruagem pela estrada que levaria até a floresta sombria e que a levaria ao seu próximo destino: O castelo de Gabriel.

Ao chegar na entrada que dava para floresta. Lizzy se deparou com uma longa estrada escura. A sua frente reluziam vultos de tamanhos grotescos e bruxuleantes, e, ao olhar para trás, ela pode ver uma carruagem se distanciando e desaparecendo por entre a névoa. Ela hesita por um instante e puxa o arreio de seu cavalo, e logo após, começa a entrar na floresta.

Com um lampião ela pôde iluminar o caminho por entre as sombras da noite, e nesse mesmo caminho, ela pode ver outra carruagem voltando da mesma direção em que ela estava seguindo. Mas, por um momento avistou um vulto que aos poucos foi tomando forma, conforme ela se aproximava. O vulto tomara a forma de um gigantesco portão de bronze. Lizzy se postou diante dele e ficou parada por um momento.

~*~

UM PEQUENO FATO.

Vocês devem estar se perguntando por que Lizzy iria ao castelo apenas a noite?!

Bem, há uma explicação para isso. Primeiramente, o príncipe Gabriel não se encontra em seus aposentos de dia, pois, se ocupa com negócios do castelo e viaja sempre para a cidade ou até mesmo para outros domínios, a fim de resolvê-los, ou apenas pelo fato de não quer ser incomodado enquanto tira uma soneca vespertina. Por isso, ele anunciou aos interessados, para procurar o "Castelo Maverick" à partir das 7:00 horas da noite. Um pouco Exigente não¿! Pois é. Ele é o príncipe, era de se esperar. E isso, o faz no direito de "comandar" os habitantes do vilarejo de Cantwick, e como de fato, controlar seus próprios honorários.