Living in the North

Capítulo 13 - Lucy Prescott & Rose Sullivan


Lucy estava no refeitório do hospital em que trabalhava, terminando de comer o seu almoço com a mão esquerda. Desde que perdeu sua mão direita, na batalha contra os canibais no shopping, Lucy teve que se adaptar e se tornar canhota, pois não tinha outra opção. Nos primeiros dias foi difícil, é claro, mas com o passar das semanas e dos meses, ela se acostumou a usar a mão esquerda para fazer as atividades e se tornou canhota.

Estava trajando um jaleco médico de cor branca, calça também branca e um sapato da mesma cor. Usava branco da cabeça aos pés. Seus cabelos negros estava preso em um rabo de cavalo que chegava até os ombros da garota, quando terminou a sua refeição viu no prato o reflexo do rosto de pele clara e olhos azuis. Se levantou da cadeira que estava sentada, junto com uma amiga de profissão chamada Maggie, e ambas foram até o local onde se recolhia as bandejas plásticas que os funcionários do hospital comiam.

— Como está a Rose? – quis saber Maggie, olhando pra amiga.

— Melhor... As primeiras semanas foram difíceis, ela mal falava comigo e não saía do quarto ou sala – respondeu Lucy, retribuindo o olhar. – Mas no meio do segundo mês ela começou a melhorar, e posso dizer que ela está quase voltando ao normal. Acho que mais um mês e ela fica completamente bem – concluiu.

Depois que Rose perdeu seu marido, Owen, e seu filho, Aaron, ambos no shopping, ela passou a ficar isolada e quieta a maior parte do tempo. Lucy decidiu morar na mesma casa que ela justamente para cuidar da mulher e ficar perto dela, porque sabia que Rose estava mal com a perda do marido e filho. Atualmente Rose estava conversando com Lucy, perguntando do trabalho da médica, como estava os amigos e amigas de trabalho, se interessava pelos pacientes que eram atendidos por ela, etc.

Mesmo apenas com uma mão, Lucy seguiu na sua profissão enfrentando todo tipo de dificuldade. A garota fazia atendimento que o tratamento seria fácil, e que ela teria certeza que conseguiria fazer o que era necessário com sua única mão. Algumas vezes ela ousava e se submetia a fazer cirurgias, mas é claro que sempre acompanhada de outros médicos para auxiliá-la e ajudá-la caso fosse preciso.

— Você foi brilhante ontem, Lucy. Sério mesmo. Surpreendeu à todos – disse Maggie. No dia anterior, Lucy havia feito uma cirurgia de coração com ajuda do Doutor David.

— Obrigada, Maggie.

As duas se separaram e foram realizar seus afazeres como médicas.

O dia estava tranquilo e Lucy teve pouquíssimo trabalho para fazer. O dia de trabalho de Lucy se resumiu em aplicar soro em alguns pacientes, aplicar injeções, trocar gazes e aturadas de machucados, e examinar os doentes e feridos em geral. Antes que pudesse perceber, seu horário de ir embora já havia chegado, e então ela se despediu dos amigos e também dos superiores e se retirou do hospital.

Lucy foi para um posto de combustível, mais especificamente na loja de conveniência do posto, para comprar algumas coisas para levar pra casa, tais como: pães, barras de cereais, biscoitos, pó de café, entre outras coisas. Após pagar a atendente, saiu da loja de conveniência, chamou por um cocheiro e voltou para casa.

— Olá, Lucy! – cumprimentou Rose, quando a médica entrou na casa. – Venha aqui, assei um bolo.

O cheiro do bolo de chocolate invadiu e impregnou o olfato de Lucy, que sorriu ao ouvir a voz da Rose. A médica cumprimentou a dona de casa com um abraço, colocou as coisas que comprou sobre a mesa e disse que iria se trocar e já voltaria para comer. E assim foi feito, depois de apenas cinco minutos Lucy voltou vestindo uma camisa xadrez nas cores azul-claro com detalhes em preto e branco, um calça jeans cinza e um tênis preto. Sentou-se na cadeira e serviu uma fatia de bolo em um prato para ela, enquanto Rose servia um copo de leite com achocolatado para Lucy.

— Obrigada – disse após Rose encher o copo. – Hmm, está delicioso, Rose! – engoliu um pedaço do bolo e bebeu um gole do leite com achocolatado. – Muito bom mesmo!

Rose sorriu e Lucy também. Ver o sorriso de Rose confortava e alegrava a médica. As duas comeram mais uma fatia de bolo cada e beberam um copo grande de leite com chocolate em pó. Depois de terem enchido a barriga, ambas se levantaram e Rose lavou a pouca louça que tinha na pia da cozinha enquanto Lucy secava as louças e as guardava no armário.

— Stefan e James vão abrir o bar amanhã – informou Rose, terminando de lavar a última louça. – Quer ir lá na abertura?

— Claro – respondeu Lucy. – Que horas será a abertura?

— Seis e vinte da noite. Eles disseram que vão fazer uma festa pra comemorar o primeiro dia de funcionamento do bar, e também que as bebidas serão mais baratas do que serão nos dias normais.

— Opa, então vamos aproveitar bastante, não é mesmo? – Lucy riu, seguida de Rose. A médica tombou a cabeça pro lado e ficou observando a mulher sorrindo e rindo, toda feliz. – É bom tão vê-la rindo e sorrindo, Rose... – sussurrou. A mulher olhou pra ela e assentiu. Lucy entendeu que a Rose lhe agradecia com o olhar.

Lucy considerava Rose sua mãe, assim como considerava Owen seu pai. O seu pai biológico, Gregory, veio a falecer devido à um ataque do coração, pois o mesmo fumava um maço de cigarro por dia e isso lhe resultou em um infarto e morte. A sua mãe biológica, Lilian, veio a falecer nas mãos do seu padrasto, Dwayne, que a estrangulou após ter chegado em casa bêbado e bravo com a Lilian por ela ter terminado com ele pelo motivo dele a trair com outra mulher. Sem pai e sem mãe, e com o padrasto preso, Lucy passou a morar com os avós até completar idade para ir à faculdade.

Depois da morte da mãe, Lucy teve bastante sequelas e sua psicologa lhe deu um violão para que Lucy pudesse extravasar tudo com a música. A médica tem esse violão até hoje, pois ela sempre conseguiu levá-lo consigo, mesmo nos ataques de hordas ou grupo de humanos, ela arrumava um jeito de levar o violão com ela. E lá estava o violão, apoiado em um suporte para instrumentos que ela comprara na loja que Tom viera a trabalhar.

A médica pegou o violão com a mão esquerda, sentou-se em uma poltrona e colocou o instrumento sobre suas pernas. Como ela não tinha a mão direita para tocar as cordas do instrumento com a palheta, ela tocava apenas com a mão esquerda, fazendo acordes, escalas e solos. O violão havia sido reformado para que ele pudesse soar as notas com os toques nas cordas e casas certas. Claro que não era a mesma coisa que tocar com a palheta na mão direita, mas era melhor do que simplesmente abandonar o instrumento e sua paixão por música. Algumas vezes, principalmente nos últimos dias, Rose fazia companhia para Lucy e cantava as músicas enquanto a médica tocava o violão.

— O que acha de levar o violão pro bar dos rapazes pra você tocar junto com o James? – sugeriu Rose. Lucy sorriu e assentiu.

— Boa ideia... A última vez que toquei com ele, foi no shopping – disse Lucy, deslizando seus dedos da mão esquerda pelas cordas do violão. – Última e única vez, na verdade – concluiu.

— É... eu me lembro de vocês terem tocado e cantado juntos – disse Rose, fazendo uma expressão de que estava buscando uma lembrança. – Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, certo?

— Isso mesmo. Amo essa música...

— E quem não ama? – perguntou de forma retórica. – Quem não ama, precisa ir fazer uma visita pra você e outros médicos do hospital, sério mesmo – riu.

— Concordo com você, Rose – a médica também ria. – Acho que o James, e outras pessoas também, é claro, terão uma surpresa quando me verem tocando violão com somente uma mão – o riso dela foi morrendo conforme ela falava. Parou de tocar o violão e o colocou no suporte novamente.

Rose assentiu mas não disse nada. Ela se retirou e foi para o lado de fora da casa, onde tinha um pequeno jardim que ela mesma cuidava e cultivava com muito amor e carinho. Lucy ficou na sala de estar da casa, voltou a sentar-se na poltrona e ligou o rádio para ouvir algumas notícias e também músicas.

No dia seguinte, as duas foram para a abertura e inauguração do bar de Stefan e James.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.