Apesar de Stefan não se dar bem com James e não gostar da ideia de seguir a sugestão do ex-lenhador, ele não tinha muitas opções além dessa. Porém, Stefan ainda desconfiava de James e por isso ele iria investigá-lo da maneira mais furtiva possível, para que não fosse percebido.

Stefan foi em busca de Jarold e pediu para que ele ficasse de olho no Zograf. Ele sabia que podia ser um tiro no escuro e acabar se fodendo por causa disso, mas ele deixou de lado toda a insegurança que o fazia não pedir ajuda e logo pediu pela ajuda do seu amigo mais próximo. Jarold aceitou em ajudar.

Depois disso, Stefan procurou por Benjamin, o achou jogando pôquer com Clark, Mark e Dave, enquanto a Lizzie era a dealer do jogo. Stefan sentou-se e resolveu relaxar um pouco e jogar, para depois pedir um favor a Ben. Os rapazes estavam jogando apostando alguns enlatados, isto é, os que pertenciam a eles. Cada um tinha uma certa quantidade de enlatado, que era dividido nas mesmas quantidades para todo o grupo, e por causa disso Stefan acabou desistindo do jogo, porque sabia que seu raciocínio não estava rápido e eficiente pelo fato de ter passado a noite toda em claro, e sem falar que ele já sabia que Benjamin ia ganhar.

Horas mais tarde, Stefan foi finalmente falar com Ben a sós.

– Ben, preciso te pedir uma coisa – Disse Stefan – Você lembra o que o Volkov disse quando estavámos fazendo o funeral de Susie?

– De pouca coisa... Porque? Quer que eu repita? – Perguntou Ben, e Stefan assentiu – Bom, eu me lembro dele ter falado que não conhecia ela muito bem, assim como não conhece todos aqui... ele disse que ela era uma moça gentil, divertida e bonita... – Ben fazia uma expressão que estava buscando por memórias – Só me lembro disso, cara. Não sou fluente em búlgaro, só sei falar o básico mesmo...

– Certo, isso ajuda bastante, obrigado – Disse Stefan, passando sua mão sobre o rosto – A verdade é que eu desconfio daquele dele e... – Ele ia contar que desconfiava de James, mas mudou sua frase no último instante – É que... ele é estranho, sabe? Um cara que não interage com a gente, fica quieto o tempo todo... entende?

– O James é assim também – Ao ouvir isso, Stefan engoliu seco – Ele é quieto e afastado do grupo...

– Eu sei, Ben. Mas é o jeito dele, certo? – Stefan nunca imaginou que ia defender James. Ele tinha que fazer isso, caso contrário Benjamin ia descobrir que ele não confiava e suspeitava do ex-lenhador.

– É... beleza – Disse Benjamin, se retirando.

Stefan já pensou que Ben tinha descoberto que ele desconfiava de James, e isso poderia ser um problema para ele. Estava extremamente cansado, ele foi até Jarold e pediu para que o ex-cirurgião ficasse ainda mais atento em tudo no que estava acontecendo naquele vilarejo, e então Stefan foi dormir um pouco.

[...]

– Vocês acham que pode ter sido aquele Retalhador que fez aquilo? – Perguntou Mark, olhando para Nadin e Harry. Os três estavam sozinhos conversando na casa de Harry.

– Aquele que você e Clark interrogaram? – Perguntou Harry, e Mark assentiu – Parece ser. Quero dizer, o jeito que a Susie foi brutalmente assassinada... é exatamente o jeito que aqueles maníacos faziam.

– Mas não temos provas. Quando o deixamos naquela cidade, ele estava desmaiado e nós não demoramos para sair de lá, seria difícil ele ter acordado e nos seguido – Disse Nadin – E outra coisa, o barulho do tiroteio deve ter atraído aquelas criaturas até a cidade e talvez ele não tenha saído de lá com vida.

– Não podemos saber disso, porque não ficamos lá – Disse o ex-militar.

– Exatamente – Disse a ex-advogada.

– E se foi alguém daqui? Um deles, ou um de nós? – Perguntou o ex-professor.

– O que você quer dizer? – Perguntou Nadin.

– Não podemos suspeitar de alguém que nem sabemos se está vivo ou morto – Harry se referia a Bernard – Temos que investigar. Clark era policial e pode nos ajudar... sei que policial não é a mesma coisa que detetive, mas a ajuda de um policial para esse caso é melhor do que a de um professor, militar e advogada.

– Tem razão – Disse Mark.

– E se o culpado for um de nós e ser descoberto, o que faremos? – Perguntou Nadin.

– Não sei... – Sussurrou Harry.

– Se isso acontecer, temos que perguntar porque diabos a pessoa assassinou Susie. Nós temos de homens no grupo, além de mim e de Harry, o Dave e o Clark... – Mark passava sua mão sobre a sua barba – Eu sinceramente não acredito que Dave faria uma coisa daquelas, e se for o Clark não podemos pedir ajuda para ele.

– Verdade, não tinha pensado nisso – Disse Nadin, mordendo o próprio lábio, pensando no que Mark tinha dito – Temos que tentar descobrir isso nós três, não falamos disso para ninguém, nem mesmo para as garotas, entendido?

– Sim – Respondeu Harry. Ele não queria esconder as coisas da sua namorada, Wendy, mas nesse caso não seria um problema porque os três estavam pensando no bem-estar do grupo e tentando descobrir o assassino.

Mark e Nadin saíram da casa de Harry e alguns minutos depois Wendy entrou no local, sentou-se ao lado seu namorado e o ficou olhando. Ele estava em silêncio, retribuindo o olhar e fazendo carinho em Wendy, que percebeu que Harry não estava no seu estado normal.

– Tá tudo bem, amor? – Perguntou a garota.

– Só estou preocupado... quero que descubram logo quem foi que fez aquilo com Susie, não posso dormir em paz sabendo que tem um assassino entre nós.

[...]

Ariel, Lizzie e Chelsea estavam em uma rua atrás da que viviam, essa rua era praticamente igual a outra, mas nela tinha uma casa que possuía um jardim enorme, com um belo gramado, flores, duas árvores e uma mesa de piquenique. As garotas estavam sentadas sobre essa mesa, comiam alguns enlatados enquanto conversavam.

– Quem vocês acham que foi? – Perguntou Chelsea, se referindo ao assassino.

– Não faço ideia... E isso me faz sentir medo, podemos estar compartilhando a casa com um estuprador e assassino – Disse Ariel.

– E estamos em mais perigo que os outros, por sermos mulheres... – Sussurrou Lizzie.

– Por isso, na última noite eu dormi com minha arma debaixo do travesseiro. E recomendo que vocês façam o mesmo, meninas – Disse Ariel, levando a colher até a boca.

– Acha que foi um dos nossos? – Chelsea perguntou para Lizzie.

– Sinceramente, acho que não. Se foi um dos nossos, porque ele não fez antes com uma de nós?

– Talvez porque ele nos conhece mais... temos mais amizade com os homens do nosso grupo – Disse Chelsea.

– Acha mesmo que isso faz diferença? Estamos falando de um psicopata, e pessoas desse tipo não pensa nessas coisas – Disse Ariel.

– É, você tem razão. Acredito que foi não um dos nossos – Disse a ruiva.

– Mas não deixe isso te iludir, pode ter sido um dos nossos e teremos que lidar com isso, se isso realmente for verdade – Disse a judia.

– Espero que não tenha sido um dos nossos – Disse a inglesa.

E então as três mudaram de assunto e saíram daquele jardim, voltando pra rua das casas que estavam morando atualmente.

[...]

Stefan acordou depois de ter dormido somente quatro horas, se levantou e saiu do seu quarto, viu que Benjamin estava na sala de estar, caminhou até o local e parou na frente dele. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, trocando olhares. Stefan voltou a pensar que Ben tinha percebido que ele desconfiava de James e preferiu não falar nada, continuou parado em pé no meio da sala, apenas olhando para Ben. Por fim, Benjamin resolveu começar o diálogo:

– Stefan, eu sei que você desconfia de James – Ao ouvir isso, Stefan sentiu um frio na barriga, imaginando o pior por vir – Sei que ele é arrogante e estúpido muitas vezes, mas o cara está do nosso lado, droga! Se for pra desconfiar de alguém, desconfie desse grupo que chegou! – Ben estava se referindo a Mark e cia – Eu sei que eles aparentam ser legais e tudo mais, mas pense nisso... tudo estava em ordem e em paz aqui, e depois que eles chegaram, aconteceu essa merda! Também sei que não foi de imediato, mas talvez eles tenham pensado nisso, entendeu? Pensaram em esperar alguns dias e então fazer aquela merda! – Ben olhava fixamente nos olhos de Stefan, que estava um pouco apavorado em ouvir as palavras de Ben – Só pense nisso, tá bom?

Stefan respirou fundo e sentou-se na poltrona, absorvendo todas as palavras que ouviu de Benjamin. Podia ser verdade, e Stefan estava pensando nessa possibilidade, que fazia muito sentido pois não era algo surreal e sim algo mensurável, ele estava analisando a fundo as palavras que ouviu, sua mente ainda estava muito bagunçada por causa do acontecimento recente. Mas Stefan também pensou na possibilidade de Benjamin ter ido falar com James, e este ter confessado ao seu companheiro que era ele o assassino e pediu para que Ben o ajudasse a se livrar desse problema. Stefan colocou as mãos sobre seu rosto, em sua mente passa mil coisas naquele momento, e uma lágrima escorre de seus olhos, ele com certeza foi o mais afetado por tudo o que ocorreu.

– PUTA QUE PARIU! – Gritou a voz de Benjamin, do lado de fora da casa.

Stefan saiu correndo pra rua imediatamente, viu o rosto de Benjamin assustado e seus olhos estavam fixos e arregalados em sua direção. Ao virar o rosto pra ver a direção que Ben estava olhando, os olhos de Stefan ficaram do mesmo jeito que os do Ben. O motivo era simples, centenas de infectados estavam se aproximando do vilarejo.