Dave dirigia sua picape e logo atrás vinha o furgão, com Clark ao volante. Ao lado de Dave estava Mark, que tinha colocado um pano com álcool em seu antebraço machucado por seu irmão mais velho. Ambos os veículos, além da moto de Harry, estavam percorrendo a cinquenta milhas por hora. Harry puxava a fila, dirigindo sua moto na frente da picape de Dave.

Eles tiveram que parar ao verem que tinha vários carros no meio da estrada que estavam, e não dava pra passar pelas beiradas porque a lama estava molhada da chuva. Se tentassem passar pela lama, o veículo iria escorregar e atolar. A chuva tinha parado, mas o chão e tudo no ambiente estava molhado e úmido. Todos desceram dos veículos e se reuniram no meio da estrada.

– Vamos tirar esses carros do nosso caminho – Disse Nadin, caminhando em direção aos carros.

O grupo a acompanhou e então começaram a empurrar os carros abandonados para fora da estrada. Tinha exatamente dez carros ali, o grupo era formado por dez pessoas, só que cada carro era empurrado por três pessoas do grupo e por isso não dava para cada pessoa empurrar um carro, e por conta disso iria demorar um pouco.

Um lado da estrada tinha uma floresta, e do outro lado um campo imenso com algumas árvores. Eles ouviram um barulho vindo da floresta, algumas pessoas do grupo sacaram suas armas e ficaram atentos, enquanto os outros apenas ficaram parados tentando ouvir novamente o barulho.

Cerca de vinte mordedores saíram da floresta, fazendo com que todos do grupo sacassem suas armas e começassem a atirar nos mordedores que se aproximavam. O grupo tiveram um pouco de dificuldade de eliminar as criaturas pois o forte vento mudava um pouco a trajetória das balas, e por isso a maioria dos tiros não eram certeiros na cabeça. Mark, Clark e Harry pegaram cada um a sua faca usando a mão esquerda, enquanto mantinham suas armas na mão direita.

Os três se aproximavam das criaturas cuidadosamente, atiravam nas que estavam mais longe e enfiavam a faca na cabeça nas que estavam mais perto. Clark pisou no sangue negro de um mordedor que estava morto no chão e escorregou, caiu no chão e um mordedor se debruçou sobre o corpo de Clark. Na hora que o mordedor ia fazer do ex-policial a sua refeição, Harry enfiou sua faca na nuca do morto-vivo.

Em seguida Harry ajudou seu amigo a se levantar e os dois se afastaram, pois os vinte mordedores que tinha saído da floresta já estavam mortos, mas vinham mais dez deles em direção do grupo. Dave estava com seu rifle, Wendy agiu rápido e pegou duas das novas armas, que tinham o calibre maior, entregou uma para Lizzie e ficou com a outra. Nadin pensou em pegar uma arma também, mas não pegou porque sabia que não se dava bem com armas de grande porte, e que tinha muita dificuldade com os coices dessas armas.

Ela continuou atirando com sua pistola, assim como a maioria do grupo. Então, por fim, os dez últimos mordedores caíram no chão. Todos guardaram suas armas e facas, Wendy devolveu as duas armas no mesmo lugar que tinha pego, que era dentro do furgão.

– Vamos terminar de tirar esses carros – Disse Harry.

O grupo demorou mais do que o esperado, já que tiveram que tirar os corpos dos infectados que tinham caído na estrada, para então tirar os carros. O último era o trailer de tamanho médio, Dave entrou no veículo e viu que a chave estava na ignição, logo depois dele entrou a Wendy e caminhou para o fundo do trailer, lá tinha uma porta que era do banheiro. Ela abriu e viu dois corpos pútridos lá dentro, era um casal de idosos que tinha cometido suicído atirando em suas próprias cabeças, o cheiro forte fez Wendy recuar alguns passos.

– Droga, que cheiro horrível! Achei os donos desse trailer! – Disse ela.

Em seguida Dave passou por ela, segurou os pulsos de um dos corpos e o arrastou para fora, voltou para pegar o outro corpo e também o arrastou para fora. Dave pegou a arma que foi usada para o suicído, era um revólver, e o levou pra mochila que Mark tinha deixado em sua picape.

– Esses carros não tem nenhum combustível – Disse Harry, com a mangueira e galão em suas mãos.

– Esse trailer tá quase cheio de combustível, e o melhor, a chave está na ignição! – Disse Dave, eufórico.

– Ótimo, mais um veículo para nós! – Exclamou Nadin.

– Não acha que temos veículos demais? Quero dizer, é difícil achar combustível por aí e seria complicado administrar tantos veículos assim – Disse Ariel, se aproximando.

– Então você acha que devemos deixar esse trailer para trás? – Perguntou Nadin, incrédula.

– Eu não disse isso.

– Nós vamos levar esse trailer, e você... – Ia falando Nadin, mas foi interrompida por Harry:

– Ariel tem razão – Ao ouvir isso, Nadin ficou mais incrédula ainda, e Ariel abriu um sorriso um tanto malicioso – Mas não podemos deixar esse trailer para trás, com certeza devemos levá-lo.

– Certo. Então você decide o que vamos fazer! – Disse Nadin, apontando seu dedo indicador para Ariel – Já que você teve essa ideia brilhante, a decisão é sua – Completou, com sarcasmo em sua voz.

Mark estava atrás do furgão um pouco afastado da conversa mas ouviu tudo o que eles disseram, Nadin deixou Ariel e Harry e caminhou em direção ao furgão, e então viu Mark ali.

– Tem certeza disso? – Perguntou o ex-militar.

– Ela começou a contestar depois que você disse que eu tinha poder para tomar decisões para o grupo – Disse Nadin, parecia estar um pouco irritada – Quando você era o líder ela não contestava nada, obedecia e concordava com tudo.

– Mas você não precisava jogar essa decisão pra cima dela.

– Eu sei... Vamos ver o que ela vai decidir – Nadin olhava pra Ariel e Harry, que estavam conversando – Você ouviu o que ela disse mais cedo? Como ela pôde?

– O que? Ela falando mal da sua religião? – Nadin assentiu – Bom, todos sabemos que judeus e muçulmanos não se dão muito bem. Você precisa deixar isso de lado, se deixar palavras te afetar será um problema pra você e pro grupo.

Enquanto isso, Harry e Ariel também conversando.

– Tem certeza disso? – Perguntou o ex-professor.

– Sim. Esse trailer chamaria muita atenção e já temos veículos demais, só vamos tirar o combustível dele pra colocar no furgão e na picape.

Dave estava na porta do trailer, ele arqueou a sombrancelha ao ver o que Ariel disse e parecia que não concordava com ela. Dave olhou para Harry, que fez um sinal para que ele guardasse as chaves do trailer caso fosse necessário em um futuro próximo. Harry pensou em convencer a Ariel de ficar com o trailer e deixar o furgão ou a picape para trás, mas não falou nada porque sabia que isso poderia acabar e discussão e envolver o grupo todo.

Ele pegou a mangueira e o galão novamente, começou a tirar o combustível do trailer que tinha o tanque quase cheio. Caminhou até o tanque do furgão e colocou a metade do combustível que tinha coletado, e a outra metade na picape. Dave fechou a porta do trailer e a trancou usando outra chave. Depois disso todo o grupo voltaram para os veículos e antes de partirem, eles viram três homens que vinham do campo.

Nenhum do grupo que tinha visto os três se aproximando porque a estrada tinha o nível mais alto do que o campo, ou seja, para ir pro campo tinha que descer um pequeno barranco, e isso que impossibilitou de alguém do grupo avistasse os três.

– Não somos perigosos – Disse um deles, que já estava com as mãos levantadas – Ouvimos os tiros e então viemos para cá...

– Quem são vocês?! – Perguntou Mark, sacando rapidamente a sua pistola e mirando em um dos três.

– Me chamo Stefan Hatkins, e esses são Adolf Schaefer e Benjamin Potter.

– Jarold Schaefer.

– Ah é, esqueci que não gosta de ser chamado de Adolf, me desculpe – Disse Stefan.

Stefan tem uma pele parda, um tom que não é negro e nem branco. Ele tem cabelos pretos crespos bastante curto, quase um corte militar, mas com um pequeno volume. Possui os olhos negros e cerca de um metro e setenta e oito de altura, aparentemente tem trinta e seis anos. Seu corpo tem músculos parcialmente definidos mas nada exagerado, ele veste uma camisa cinza de manga comprida com uma camiseta social azul aberta por cima e uma calça jeans da mesma cor.

Jarold tem cabelos castanhos, sua pele é branca meio bronzeada e tem olhos azuis com um tom mais escuro, sua altura é praticamente a mesma de Stefan e seu corpo é magro, trinta e dois anos. Ele usa uma camiseta cinza listrada e abotoada, uma calça jeans preta.

Benjamin é o mais alto dos três com quase um metro e noventa, seu corpo é uma mistura de gordura e músculos, tem os olhos verdes claro e os cabelos negros bagunçados, assim os outros dois não possui barba no rosto, sua idade é de trinta e oito anos. Suas vestes se resumem a uma camiseta xadrez preto e branca, e calça jeans cinza.

– O que vocês querem, porra? – Voltou a perguntar Mark, Stefan olhou para Benjamin, que assentiu.

– Vou ser sincero e direto ao ponto. Precisamos de comida – Agora Stefan olhava para Mark – Temos um abrigo não muito longe daqui, é mais perto ainda de carro... estamos a pé. Precisamos de comida porque as lojas e estabelecimentos perto de onde moramos foram todos saqueados, estamos desesperados por comida.

– Vocês vão dar meia volta e irem embora daqui! – Disse Mark, que continuava apontando sua pistola para Stefan.

– Calma aí, cara – Disse Harry, se colocando ao lado do ex-militar – Vocês são em quantos? Estão armados? Esse abrigo é seguro?

– Mas que merda você tá perguntando, cara? – Perguntou Mark, olhando para seu amigo – Vai acreditar neles?

– Eles chegaram sem que nós os percebêssemos, e acredite, se eles fossem uma ameaça chegariam atirando. Mas isso não aconteceu, não é mesmo?

Mark fez uma expressão confusa, mas o que Harry tinha dito era verdade. O resto do grupo entendeu o que Harry disse, mas mesmo assim alguns deles não iria confiar nesses três, aliás, eles eram desconhecidos. Stefan, Jarold e Benjamin permaneciam com as mãos levantadas.

– Não podemos confiar neles, Harry – Disse Mark.

– Somos nove, além de nós três, temos mais seis no abrigo. Sim, estamos armados. E o abrigo é seguro – Stefan respondeu as perguntas de Harry.

Ao ouvir que eles estavam armados, Mark voltou a olhar para os três homens que estava na sua frente, e ficou revezando a sua mira neles. Harry se aproximou deles e desarmou os três, que não reagiram e não falaram nada.

– Acho que devemos votar – Disse o ex-professor.

– O que? Mas que merda, cara... – Mark estava incrédulo.

– É o melhor a se fazer. Eu quero ir e você não quer ir, e aposto que o grupo está dividido e devemos dar a eles o poder de votar.

– Tá bom, que seja – Disse Mark, abaixando sua pistola logo após os três serem desarmados.

– E então? Vocês querem ir para o abrigo deles ou continuar na estrada?