Capítulo 2

Narração por John

- O que vocês vão fazer amanhã?

- Cara, eu vou dormir o dia todo... – Olhei para a cara do Tico querendo saber se ele falava sério e tive que rir, era bem a cara dele falar isso. – Claro como se você fosse fazer algo muito interessante... – Respondeu irônico para mim, revirei os olhos.

- Mais do que você com certeza!

- Tá bom... – Respondeu não acreditando em mim, olhei para David que estava mais perto de mim e pelo que vi também não acreditava em mim, já que parecia segurar o riso, será que eu era tão sem graça assim?

Deixei isso de lado e percebi Richie bebendo mais uma cerveja.

- Cara não acha que já é bom parar não? – Falei me levantando do sofá que estava.

- Que nada, só duas garrafas, ainda to bem, fica tranquilo.

Não acreditei no que ele tinha falado, não por que eu não quisesse mas por que eu tinha medo que ele não conseguisse se controlar, nós da banda sabíamos o problema dele com o álcool e por isso ficávamos de olho nele quando ele ficava perto de alguma bebida.

- Vamos pro hotel mano, já tá na hora – Falei pegando em seu braço

- Me solta porra! – Falou arrancando o braço da minha mão. – eu não estou bêbado, pode ficar tranquilo Ok!

Não fale nada só fiquei observando ele ir, pedi silenciosamente para David que fosse com ele, eu queria acreditar em Richie mas ainda sim ficava em duvida. Depois que a porta foi fechada, me jóquei no sofá que que estava sentado antes.

- Para e querer controlar tudo John...

Virei para Tico que fechava o notebook e se espreguiçava, olhei-o sem expressão nenhuma.

- Você que que eu faça o que? Deixe ele ficar bebendo todo dia e toda hora como anos atrás?

- Claro que não! Mas você sabe que ele está se cuidando, já faz semanas que ela não bebe nada e você sabe disso, e não é só dele que eu estou falando, desde que tu se separou está assim, mal humorado , estressado, nem parece o cara que eu conheço.

Imediatamente me calei, ele estava certo e esse assunto ainda me doía muito, todos sabiam disso e por esse motivo não comentavam isso perto de mim, também não era pra menos já que depois de um casamento de quase quinze anos e você acreditando que sua mulher e filhos eram felizes com a vida que tinham e o nada, e você descobre que nada disso era real é desolador.

Sem pedir as imagens daquele dia vieram a minha cabeça me atormentando mais uma vez...

“Cheguei em casa por volta das quatro da manhã, o ultimo show da turnê havia sido em New Orleans e por ser perto de New Jersey não demorei muito para chegar. Estava completamente cansado do show e do voo, havia tentado dormir um pouco no avião, mesmo o voo sendo até rápido.

Abri a porta tentando fazer o menor barulho possível e acabar acordando das crianças, liguei as luzes da sala e logo dei de cara com Dorotheia parada me olhando com uma cara impassível, sorri colocando minha única mala num canto qualquer da sala, e segui em sua direção com a intenção de abraça-la e beija-la, mas seus lábios estavam imóveis sobre os meus, soltei-a dando um passo para traz, seus olhos estavam fixos em mim, minha mente logo pensou em motivos para ela estar assim.

Perguntei-lhe o que havia de errado, se as crianças estavam bem, senti um alívio quando ela disse que estava tudo bem com elas só que esse meu alivio não durou muito já que logo ela me veio com um pedido de divorcio.

Percebi ela falando outras coisa, mas não prestei atenção ainda estava muito chocado pra prestar atenção em qualquer coisa que fosse. Perguntei depois de um tempo que não sei o quanto, onde estavam as crianças, que aparentemente estavam com os avos, vi Dorotheia pegando a mala que estava ao seu lado e que eu não tinha visto e saiu pela porta.”

Afastei com muita dificuldade as lembranças daquele dia da minha cabeça, me focando novamente em Tico que me olhava como que esperando uma reação minha.

- Vamos embora cara já está tarde, quero dormir! – Pisquei meus olhos mais uma vez e segui meu amigo para fora daquele camarim.