Lives
Capítulo 9
Capítulo 9
Foi naquela tarde enquanto ajudava a enfermeira Lauren a organizar a farmácia que se esbarrou com o chefe de sua equipe, Dr. Willians.
- Oh, me desculpe, Dr. Willians.
Ele a ajudou a recolher os pacotes e a colocar de volta a caixa.
- Obrigada.
Peterson já estava no final do corredor quando ele avisou.
- Quero vê-la na minha sala em meia hora.
As mãos de Sarah tremeram e o esperou virar o corredor e ouvir a porta fechar. A caixa caiu novamente. Não gostava desse “meia hora”, normalmente era para broncas, ou expulsão da equipe. Ficou apavorada.
Passada meia hora sem um segundo a mais, Sarah estava em frente à sala do Dr. Willians. Deu três toques e escutou um grave “entre”. Ela entrou.
- Feche a porta. – Ele disse.
Sarah fechou.
- Sente-se.
Ela sentou.
Logo após, Sarah pareceu ter ganho na loteria, estava exultante, sorridente. Não tinha semelhança alguma com a médica de meia hora atrás. Seus olhos brilhavam como cristais. Só faltava pular e dar rodopios no corredor. Passou próximo a Honey que a parou.
- E então? Transou com quem na sala dos médicos? – Indagou ela, séria.
- Com ninguém, sua idiota. – Brincou. – Você não vai estragar minha felicidade.
Honey esperou que continuasse.
- Dr. Wallace voltou e agora sou eu quem está de licença!
Quase deu dois pulinhos em frente a Honey.
- E Jackson?
- Oh, droga! Já estava de malas prontas para San Francisco! Vou conversar com ele. – Murmurou. – Que droga, Honey! – Bufou e saiu.
À noite quando organizava suas malas, a campanhia tocou. Olhou para o relógio no criado-mudo – 22:43m – Esse povo não tem relógio em casa, não?
Foi atender. Abriu a porta e Sam a beijou. Ela o empurrou que caiu sentado em seu sofá. Bateu a porta.
- O que deu em você?
Ela estava irada.
- Fiquei com saudades.
- Já disse pra esquecer isso!
Peterson caminhava de volta ao quarto e Sam vinha logo atrás.
- Impossível!
- Finja que aquela noite nunca aconteceu, e pronto!
Ela voltou a dobrar as roupas.
- Então por que fez “aquilo” comigo?
Sarah parou. Olhou para o grande monte de roupas em sua cama, e fitou-o.
- Talvez... – Desviou o olhar. – Talvez eu precisasse “daquilo”, apenas. – Falou quase num sussurro.
Sam a pegou pelos braços e voltou-a para si. Estavam frente a frente.
- Eu fiz amor, com você e não sexo.
Sarah fechou os olhos por um momento e pensou antes de responder. Não poderia mentir.
- Lamento, Sam, mas para mim não foi amor.
Silêncio. Ouvia-se apenas ambas as respirações.
- Me desculpe. – Sussurrou.
Ele a soltou, incrédulo. Deu meia volta com os dedos entre os cabelos. Peterson sentou-se na cama, preocupada. Sam ajoelhou-se em sua frente, juntou-lhe as mãos e olhou-a nos olhos.
- Eu a amo, Sarah, nunca amei ninguém assim.
Sarah continuou calada.
- Sabe o que é ficar anos esperando por uma pessoa?
Ela sabia muito bem o que era. Namorou durante a adolescência, mas nunca se esqueceu de Matthew e de suas juras de amor. Ainda guardava esperanças em serem um casal. Sonhava com uma casa de cerca branca e crianças ao seu redor, um cachorro no jardim, tudo, junto a ele.
- Lamento, Sam.
E foi apenas o que conseguiu dizer.
Na manhã seguinte, seria a segunda vez que se apresentaria à mansão de Jackson, e a primeira que ia sem a preocupação de tentar salvá-lo de algo. No entanto, iriam resolver como se daria o tratamento do astro, contanto que o Dr. Murray não interferisse. Sarah não se atraiu nem pelo nome desde quando o ouviu pela primeira vez.
O seu humilde automóvel adentrou os largos portões e um empregado, do qual não vira da última vez a recebeu e levou-a ao escritório, onde Michael estava sentado “informalmente”, com óculos, devorando um livro. O criado precisou chamá-lo duas vezes para que se desse conta da presença. Descruzou as pernas sobre o puff, retirou os óculos e apertou a mão de Sarah. Sorriu.
- Desculpe, fico concentrado quando leio.
Colocou sobre a escrivaninha o livro de capa azul e brilhante, intitulada: Peter Pan. Sarah olhou brevemente. Jackson percebeu, e com o receio que pensasse qualquer coisa, se explicou.
- Gosto também de contos infantis. Tem sempre algo profundo por trás deles. Uma lição.
- Oh, eu também gosto. Papai lia muito para mim quando pequena.
Tomou um colorido rosa na face.
- Sempre leio para meus filhos. – Disse Michael. – Já deve os ter conhecido, não?
- Visto. Eu apenas os vi, na verdade, quando esteve internado no hospital.
Sentiu-se tentada em perguntar o porquê usavam máscaras.
- Ah, sim! Havia me esquecido. E tem filhos?
Ele apontou para a cadeira de estofado vinho para que se sentasse.
- Bem, eu gostaria, mas as circunstâncias não permitem. Na verdade, eu gostaria de adotar. Não teria coragem de por um filho nesse mundo maluco aí fora. Nada contra a quem tem.
Michael sorriu no mesmo instante em que Dowall entrou na sala com uma bandeja. E um delicioso aroma de maçã e canela tomou todo o escritório. Os sapatos de Dowall batiam com força no assoalho, produzindo ainda assim, um agradável som.
- Quanto tempo, Dra. Peterson! – Exclamou Dowall, jovial.
- Olá, Sra. McDowall! Verdade, já faz um tempinho. – Sorriu.
- Não sabia que se conheciam. – Falou Jackson, surpreso.
- Foi naquele dia quando o senhor...
O rosto de Michael avermelhou-se. Lembrou-se mais uma vez das falas de George. E Peterson estava ali em sua frente, apenas com a distância da escrivaninha os separando.
Ela me viu nu. Ele sentiu-se nu.
- Trouxe o chá que pediu, senhor.
- Michael! Me chame de Michael, Mike, ou qualquer outra coisa que preferir. Sempre tenho que lhe falar isso Dowall! – Riu. - Sabe que nunca gostei dessa formalidade. - Falou, dócil.
- Lamento, Sr. Jackson, vou te chamar de Michael.
E saiu. Michael riu.
- É sempre assim. – Sorriu. – Ela nunca me chama de “você” ou de “Michael”. Amo a Dowall! – Exclamou enquanto enchia duas xícaras de chá. Ofereceu à Sarah.
- Não, obrigada, Sr. Jackson.
- Tem certeza? É o chá da Dowall. É maravilhosamente incrível! Deve provar!
Sarah hesitou.
- Já tive o prazer de prová-lo na última vez. – Pegou a xícara. – É realmente muito bom. Irresistível! – Acanhou-se. Levou a boca.
Jackson esperou que desse o primeiro gole.
- Garanto que não é água de privada. – Brincou.
O chá desceu rapidamente a garganta, nem degustou. Tossiu. Michael era péssimo em piadas. Peterson viu o riso de Jackson ser escondido pela xícara. Achou graça.
- Então tudo certo, Sr. Jackson. Começamos o tratamento na próxima semana, quando estarei de volta.
-Tudo bem.
- Preciso ver minha família.
Isso é, se posso chamar aquilo de família.
- Espero o seu retorno. – Sorriu.
Michael sempre soube o significado de família. Mas apenas a teve quando seus filhos nasceram.
Sarah foi surpreendida por um beijinho úmido na bochecha. Achou estranho, mas não levou a sério.
Jackson a viu entrar no carro e ir embora. Voltou para casa.
Ele me beijou?
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