Lives
Capítulo 27
Capítulo 27
- Sim?
- Murray?
A voz era fina e cansada do outro lado. Murray sorriu. Grande Morgan! Fez tudo certinho... Minha garota!
- Está ocupado? – Perguntou Michael, receoso.
- Não muito. Mas o que te faz me ligar nessa hora da noite?
Eram quase onze.
- Preciso de sua ajuda.
- Já entendi.
- Pode vir aqui?
- Estou à caminho.
- Dr. Thome?
- Sabe que horas são? – Ríspido.
- Boas novas.
O outro lado ficou mudo.
- Avise ao Smith o nome do incrível documentário sobre o nosso falecido Rei do Pop: Michael Jackson’s This Is It –Like you’ve never seen him before. (Como você nunca viu antes).
E riu satisfeito.
Sinto muito, Sarah.
Meia hora depois, um belo automóvel parou em frente à mansão de Holmby Hills.
- Obrigado por ter vindo.
Murray deixou a maleta sobre a mesa envernizada do escritório. Sentou-se.
- O que acontece?
- Precisa mesmo perguntar? Olhe para mim! Estou exausto! Não consigo dormir... e preciso estar no meu melhor para amanhã.
- Por que não chamou sua nova médica? – Perguntou Murray, sarcástico.
- O modo de trabalho dela não dá um resultado tão rápido...
- Entendo.
- Me faça dormir! Te pago o dobro!
- Triplo!
- Certo.
Nem imagina o quanto dormirá, Sr. Jackson...
Quero o da melhor qualidade!, relembrara a conversa que tivera na farmácia. Desde quando não fazemos isso?
Seguiam pelo corredor em direção ao quarto de Jackson.
- Senhor?
- Dowall? O que faz aqui nesse horário?
- Blanket foi ao meu dormitório pedir que lhe preparasse um copo de leite. Só o trouxe de volta ao quarto. – Olhou para Murray, desconfiada. – Algum problema, senhor?
Michael engoliu seco.
- Não. – Era péssimo em mentiras.
- Ok. Boa noite.
- Durma bem.
Ele precisou se apoiar na parede de tão nervoso. Seus dedos tremiam.
Murray olhou-o e indagou:
- Sente-se bem, Michael?
Jackson ergueu os olhos.
- Só me apague!
Foram para o quarto.
Deviam ser quatro da manhã, e por algum motivo Sarah não dormiu. Levantou-se e foi à cozinha pegar um copo de leite. Arriou-se no sofá. Remexeu nas almofadas atrás do controle e ligou a televisão. Os olhos ainda pendiam de cansaço...
Aquela imagem a despertou. O copo estilhaçou rente a seus pés.
O repórter informava:
“ Estamos na mansão em Holmby Hills do famoso cantor Michael Jackson. Às 3:47m dessa madrugada de sexta-feira o cantor foi vítima de mais uma parada cardíaca, encaminhado às pressas ao hospital mais próximo: Ucla Medical Center. Michael Jackson aparentava estar inconsciente.- Pausa. - Estava previsto para hoje sua viagem da tão aguardada turnê This Is It, que teria seu início amanhã em Londres. A notícia espalhou-se rápido e já podemos ver a residência apinhada de fãs e curiosos. Para mais informações fique ligado na..."
Sarah desligou. Estava transtornada. O que houve? Tudo parecia tão bem!
Susie surgiu no corredor, assustada, analisando a figura preocupada a sua frente. O copo em cacos no chão.
- Vai fazer um buraco no piso se continuar assim de um lado a outro.
Sarah correu para seu quarto. Susie seguiu-a.
Peterson se enfiava numa calça e camiseta brancas, às pressas. Enrolou os cabelos num coque e agarrou as chaves do carro. A irmã estava atordoada.
- Sarah... O que está havendo? Por que está nessa pressa? Hoje não era seu dia de folga?
Sarah calçou um sapato qualquer e voou para a sala.
- Sarah, pelo amor de Deus... Diga-me o que está acontecendo! Eu ouvi o copo cair e me assustei... vim correndo e... – Desistiu. - Por que você está assim?
- Preciso ir ao hospital, Susie... Eu preciso ir!
Quando Susie avistou o estacionamento da janela, viu o carro arrancar com Peterson dentro.
Um imenso burburinho eclodia. Estava impossível de se entrar naquele hospital. Apinhado de fãs, repórteres e diversos carros de emissora de TV local e internacional. A polícia se descontrolava no ato de pôr ordem na multidão agitada. Peterson precisou deixar o carro num endereço antes e correr para dentro do mar de gente.
- Licença! Licença!
Não estava nada fácil. Tinha que se encolher, se esfregando nos corpos amontoados para chegar até a porta de vidro fumê com alguns seguranças ali plantados. Foi barrada. Arrancou o crachá da bolsa e calou a boca do brutamontes. Entrou. Trocou-se o mais depressa possível e foi ao balcão da recepção.
- Onde se encontra o Sr. Jackson?
- Hum... – Olhou para uma imensa lista de nomes no computador. – Sr. Jackson está sendo encaminhado para a SO 2.
- Sala de operações? Tem certeza?
- Não há dúvidas.
Droga!
Antes que voasse ao elevador, a recepcionista a informou:
- Acalme-se. Ele já está sobre os cuidados do Dr. Rodner.
O 007?
- Está brincando?
- Por que estaria, doutora?
- Ele é o meu paciente! Deveriam ter me chamado! – Berrou.
A família Jackson chegou minutos depois de Sarah correr para a SO 2.
Dr. Rodner e sua equipe adentravam apressados quando ela se aproximou. Agarrou Rodner pelo braço levando-o para um canto.
- Mas o que está fazendo, doutora? Não está vendo que é urgente? Eu tenho uma cirurgia.
- Você está louco?
- Você quem está! Quanto mais me atrasa menos tempo de vida tem o Sr. Jackson. E acredito que não queira ser culpada pela morte do Rei do Pop, não é mesmo?
Cretino.
- Não vou permitir que o opere...
- Diga isso ao administrador do hospital... Belezinha. – E acariciou com o polegar o queixo de Peterson, afastando-se.
Michael já estava em coma antes da operação. Pálido, definitivamente sem vida e ar nos pulmões.
A anestesia foi dada. A cirurgia iniciada.
Peterson esmurrou a porta da sala diretiva do Dr. Wallace. Ele simplesmente a abriu.
- Sim, Dra. Peterson?
- Quero que mande parar o procedimento cirúrgico na SO 2! – Berrou, a voz rouca, fraca.
- Está ouvindo o que está me dizendo?
Sarah agarrou a gola do jaleco de Wallace e o prensou na parede do corredor.
- Por acaso parece que estou brincando?
Silêncio.
- Se não mandar parar o procedimento eu mesmo farei isso.
- E será presa.
- Que se dane! – Largou-o.
Wallace ajeitou sua roupa.
- É impossível o que está me pedindo... não permitirei... – Virou-se. Ela não estava mais ali. - Dra. Peterson?
Ele a viu correr em direção as escadas. Wallace imediatamente agarrou o fone e contatou a recepção.
- Rápido. Mandem seguranças para a ala cirúrgica na SO 2, STAT!
Jackson entrou em espasmos.
- Doutor, ele não respira!
Os movimentos cardíacos cessavam deliberadamente.
Rodner olhou para tela. Ficou tenso.
- Maldita seja aquela Peterson. – Praguejou.
- Maldito seja você! – Sarah entrou vestida para uma cirurgia.
- Chamarei os seguranças, doutora. A cirurgia não é sua. Exijo que saia!
- Doutor, o paciente... – Alguém falou.
Jackson estava morrendo. O monitor não mais constava um espasmo do coração.
Sarah sentiu o maior medo.
- Pelo amor de Deus! Vocês estão fazendo o quê aqui? – Olhou para todos.
- Epinefrina? – Perguntou um enfermeiro auxiliar.
- Depressa! – Ordenou Sarah. – Vamos, alguém me diga a situação do paciente!
Um residente anunciou:
- No paciente consta alto nível de Propofol, Demerol... – E vários outros. – Deu entrada ao hospital propenso a coma.
Sarah teve vontade de esfolar Rodner.
- Certo. Overdose de medicamentos. – Pensou ela, alto, tentando manter a calma. – Santo Deus, perda demasiada de sangue!
Rodner no meio do procedimento de abertura cortou uma veia próxima. A quantidade de sangue envolta do coração criava uma pressão que impedia ainda mais os batimentos. Era preciso cessar a jorrada vermelha e logo após repor ao corpo, devido a perda excessiva.
- Mais sangue!- Gritou Sarah, tentando manter a concentração no peito exposto de Jackson.
- Acabou! – Informou o anestesista.
Rodner se virou e sumiu da sala.
Você me paga, Dra. Peterson.
- Tipo de sangue? – Perguntou Sarah enquanto avaliava a sua auxiliar ao utilizar a esponja para aliviar a quantidade de sangue para não coagulação.
- Tipo O.
- Estamos em falta!
Sangue Tipo O é universal, doa para todos, porém só aceita o mesmo tipo do seu. Possui anticorpos contra A, B e AB.
Sarah entrou em pânico. Aquela vida estava em suas mãos.
- Rápido, avisem ao banco de sangue e peça para contatarem alguém da família.
Minutos depois duas bolsas de sangue O entraram a sala.
- Bombeiem!
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