Lives

Capítulo 22


Capítulo 22

- Quinta com a Broadway é aqui?

- Sem dúvidas!

- Então chegamos!

Michael se apressou em saltar do automóvel preto. Ajeitou o falso bigode e boné e bateu a porta. Olhou para o motorista da janela semi-aberta.

- Obrigado, Henrique.

Ele sorriu.

- Senhor, não acha arriscado?

- Estou acostumado...

- Quer que eu o espere?

- Não. Aviso quando for voltar.

Michael deu alguns passos à frente, varrendo o local com os olhos, curioso. Sentiu-se em liberdade. Era ótimo poder olhar para cada rosto sem aquele alvoroço de quando viam Michael Jackson.

Henrique deu uma leve acelerada e parou próximo ao patrão, parecendo uma criança num parque de diversões.

- Senhor! – Sussurrou. – Sr.Jackson!

Michael engoliu seco e olhou para os lados antes de se aproximar do carro.

- Henrique! Quer que me matem?

- Desculpe.

- Então?

- É aquele condomínio. – Apontou para o prédio de seis andares amarelo claro com simples varandinhas.

- Oh, obrigado. – Michael sentiu o peito arfar. – Ok, vou lá.

Sarah voltou a sentar no sofá tentando ler um livro com uma xícara de algo quente ao lado. Prendeu os fios ao alto, cruzou as pernas metidas num shorts curto jeans, e voltou a ler. Porém não tirava os olhos do relógio da mesinha de abajur.

Pequeno hotel à meia-noite.

Momento após o telefone tocou, e uma voz familiar lhe chamou:

- Sarah?

Ela engoliu forçado. Sentiu todo seu corpo estremecer.

- Senhor? Sr. Jackson? – Lembrou-se do beijo, do sabor dos lábios, do abraço, de Michael. – Hã... Sei que lhe devo satisfações pelas faltas, eu... É que eu estive... – Falhou. Era impossível de se falar com o nervosismo.

- Sarah, esqueça isso. Preciso falar com você.

- S-sim, claro. Quando?

- Hoje. Agora.

- Quer que eu vá para aí?

- Não é preciso.

Pausa.

- Sarah?

- Sim.

- Está em casa?

Por quê?

- Algum problema, senhor?

- Pode vir me buscar?

O quê?

- Como?

- Estou em frente a seu prédio.

Sarah se ergueu e foi até a janela. Afastou as cortinas e vasculhou toda a rua na procura de Jackson.

- Isso é alguma brincadeira? – A voz ganhou um tom mais sério, ríspido.

Michael encheu os pulmões antes de se pronunciar:

- Você está no Bloco 2, quarto andar, terceira janela da direita com cortinas brancas. No fundo tem um belo quadro de flores – Michael ficou na ponta dos pés para olhar melhor. -, se não me engano, é claro. Está vestida com... com... – Ficou mudo. Que pernas! – Shorts jeans, regata sobre um casaquinho branco de linho.

Foi à vez se Sarah emudecer.

- Onde o senhor está?

Minutos depois...

- Entre, por favor.

Ela o viu entrar, olhar para tudo e se voltar a ela com um cativante sorriso, apesar do bigode horrível colado na cara.

- Quer tirar o casaco?

- Oh, sim. – Ele se desfez e entregou a ela que pendurou próximo à porta. Tirou o boné e bigode.

- Sente-se, por favor. Fique à vontade.

Antes que Sarah recolhesse o livro do sofá, Michael já havia passado os olhos.

- Gosta desse autor?

- Adoro.

- Então somos dois. – Sorriu. Ela lhe retribuiu.

Sem falas. Clima constrangedor.

Peça desculpas, Sarah.

- Hã... – Sarah se levantou.

Agora!

- Antes de qualquer coisa...

- Desculpe, Sarah. – Falou Michael interrompendo-a, também se erguendo. – Eu não deveria ter feito aquilo... foi sem pensar... estou envergonhado.

Estavam muito próximos. Peterson recuou, estava receosa quanto à distância mínima.

- Oh, sim, claro, desculpados então?

Estendeu a mão junto com um sorriso tímido.

Ele apertou e meneou a cabeça revelando os dentes brancos.

- E o que tinha para me falar?

Jackson voltou a se sentar.

- Na verdade, era isso. – Confessou ele, tímido. - Fiquei tão preocupado, você não voltou desde aquele dia.

- Tive uns contratempos. – Grávida! – Mas já estou resolvida. – Mentira.

- Fico feliz.

- Ansioso para a turnê?

- Muito.

- Imagino. Desejo-lhe muita sorte!

Ele lhe enviou uma piscadela ao deslizar os dedos nos lábios. Olhou para baixo e mirou as linhas sinuosas de Peterson até seus olhos que lhe fitavam. Ela corou. Deu um sobressalto.

- Nossa, que falta de educação a minha. Nem lhe ofereci nada!

- Não, não! Por favor, estou bem!

- Tem certeza?

Jackson assentiu. Peterson voltou a se sentar. Consultou o relógio mais uma vez – 20:35m.

Michael saltou do sofá.

- Melhor eu ir. Devo estar aqui lhe tomando o tempo.

- De forma alguma!

Muito próximos. Encontro de olhares. Peitos arfantes.

- Não está, não...

Não souberam como, mas se viram em mais um beijo urgente. Sentiu as mãos grandes lhe apertarem a cintura e deslizarem pelo quadril. Pensou que fosse desmaiar.
Aquele perfume, o perfume, lhe fazia perder as estribeiras.
Jackson a segurou com mais força, fazendo com que ela não sentisse o chão. Peterson entrelaçou-lhe o quadril com as pernas, envolvendo-o pelo pescoço com os braços, não cessando o momento de carinho.

Agora ele lhe afagava o montante de cabelos loiros.

- Sarah... – Ele ofegou junto aos seus lábios, os olhos meio abertos.

Ela apenas olhou-o, e voltou a ter o chão em seus pés. Tentou recuar, receosa. Não pôde dizer nada. Ele fitou-a, namorando-lhe os olhos e lábios, e voltou a lhe assaltar a boca puxando o lábio inferior com os dentes.

- Senhor... – Ela tentou pronunciar, ofegante.

- Shhh... – Michael lhe tocou os lábios com os dedos. – Você me faz sentir um velho com esse “Senhor”, Dra. Peterson. – Brincou. - E eu sei que você quer tanto quanto eu.