Live To Rise

Capítulo 7- Counting Stars


– Tony?- engoli em seco, meu coração batia desesperado e eu me sentia mais sóbria do que nunca.

– Katherin?- suspirei.

– É Katie. Onde você está Stark? Como você está telefonando?

– Eu não sei exatamente onde é, mas julgando pela umidade e o cheiro de peixe podre, diria que é um píer. Os guardas estão dormindo, realmente Loki devia arranjar aliados melhores, quer dizer da ultima vez teve muito mais ação, mas enfim, se vocês pudessem se apressar eu agradeceria, sabe o cheiro aqui é um pouquinho enjoativo, mas o serviço de quarto é ótimo, realmente, pão seco todos os dias é revigorante. Sem contar os discursos psicóticos. Não sei o que faria sem eles.

Rolei os olhos. Conseguia imaginar perfeitamente a cena. Ao meu lado Rogers ligava para alguém. Ou pelo menos tentava.

– Que seja. Nós vamos tentar localizar o endereço. Capitão você tem que ligar o celular primeiro. Deus, quem deu um celular para ele?

– Hey Cap! Sentindo minha falta?

Steve rolou os olhos enquanto brigava com o telefone.

– err, Tony?

– sim?

– só tente não... morrer, ok?

– Tome cuidado Katherin.- E com isso a ligação terminou.

Olhei para Steve, que agora falava com Clint e Natasha no telefone.

– Eles estão vindo nos buscar.

Assenti e suspirei, passando uma mão pelos meus cabelos. Eu me sentia uma confusão. Parecia que quanto mais eu tentava fugir, mais meu passado apertava suas garras em torno do meu pescoço, até que uma hora, eu parasse de respirar. O silêncio entre mim e o Capitão não era confortável nem desconfortável. A lembrança do beijo cimentada pelo novo fluxo de informações. Eu me sentia mal por isso. Por ele. Por mim. Por nós. Por... Loki. Eu me sentia enganando ambos. Porque o asgardiano ainda mexia muito comigo. Ele era uma parte do meu passado que eu não conseguia enterrar. E começar qualquer coisa com Steve agora parecia... errado, porque não era ele.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo helicóptero da SHIELD que nos levou não para o porta aviões, mas para a torre Stark, aparentemente ali seria nossas instalações no momento. Me senti num dejavu contando os acontecimentos de novo e de novo. Fora um longo dia. Tudo o que eu queria era ir dormir e descobrir que tudo não passara de um sonho. Mas é claro que não seria tão fácil assim, afinal estamos falando de mim. Naquela noite, tudo o que eu consegui foi cair num sono perturbado e frágil. Deveria ser quase 4:00 am quando eu desisti de dormir e vaguei sem rumo até parar no Central Park. Ri sem humor da ironia. As imagens de um ano atrás dançando pela minha mente.

“Lately I’ve been losing sleep

Thinking about the things we could be

Lately I’ve been praying hard”

Sentei num dos bancos e deixei minha mente relaxar, vagando nas estrelas que brilhavam no céu noturno. Ouvi alguém sentar do meu lado. Qualquer pessoa no meu lugar teria tido um ataque de pânico. Mas bem, eu tinha pena de quem tentasse me atacar. Além disso, no fundo, eu sabia quem era.

– O que você está fazendo aqui?- me amaldiçoei pelo tremor na minha voz.

– Eu deveria perguntar o mesmo. Já está bem tarde.

– ou bem cedo, depende do ponto de vista.- retruquei. Porque eu ainda estava ali mesmo?

Ele riu e balançou a cabeça.

–De fato. Tudo é uma questão de pontos de vista.

– Não. Nem tudo. Algumas coisas não têm um lado certo, só um errado. Muito errado.

E de repente não estávamos mais falando das horas. Ele se mexeu desconfortável no banco.

– Podemos simplesmente não falar sobre isso?

– Sim. Mas faria a diferença? O fato de ignorarmos o assunto não o torna menos real.

– Realmente, mas se não falarmos sobre isso, podemos fingir que não está acontecendo e que ainda estamos juntos, que a gente acabou de sair de uma festa e paramos no parque para ver as estrelas, igual 1 ano atrás.

– Eu não sei, Loki. Porque eu não sei se aquilo foi real. Eu não sei se você sente, sentia, o mesmo que eu. Eu simplesmente não sei.

Senti seu olhar pesar em mim. Encarei essa imensidão verde.

– Nunca, por nenhum momento duvide disso, de que eu te amei. Eu sempre vou, eu suponho. Eu quis aprender mais sobre os humanos. Esse era meu plano inicial. Eu não queria... você não deveria... mas você nunca foi igual as outras, não é mesmo? Você não deveria ter significado tanto, mas significou. Eu não deveria ter te amado, mas amei. E nada vai mudar isso. E eu sei que você não me esqueceu também. Se não você não estaria aqui. E se eu não sou o mesmo quando estou perto de você, é porque você tem esse efeito em mim. Você acorda o que eu tentei matar muito tempo atrás dentro de mim. Eu não queria me tornar humano, mas quando você está do meu lado é isso que eu me torno. E por mais que eu tente, eu não consigo me arrepender disso. Porque mesmo após todo esse tempo, ainda parece certo.

“I feel the love, I feel it burn

Down this river, every turn

Hope is a four-letter word”

Eu fechei os olhos com força, porque parte de mim queria acreditar que aquilo era verdade, mas havia aquela voz no fundo da minha mente sussurrando: será?

Mas qualquer chance de montar uma resposta foi perdida quando senti seus lábios quentes tocando os meus. Foi como se algo acordasse em nós. Tudo o que fora guardado, reprimido, todo esse tempo subia á superfície de repente. E seria tão fácil me deixar levar, porque eu queria aquilo. Sentir seu perfume, seus braços ao redor de mim, olhar dentro daquelas orbes verdes de manhã, ouvir sua risada. Isso soava tão clichê, mas era tudo o que eu podia pensar no momento. Se eu ao menos soubesse o que ainda viria nos próximos dias! Como tudo terminaria...

Mas naquela noite(manhã?) éramos só nós dois. Não havia Iniciativa Vingadores, não havia SHIELD, não havia Cubo, não havia mais nada além das estrelas iluminando o céu acima de nós.

– Só por essa noite...

– Não vai fazer diferença, nada vai mudar... você ainda não vai estar lá quando eu acordar...

– Eu posso estar...

– Hoje. Mas e amanhã? E depois?

– Você sabe que eu quero estar...

– Mas não vai...

– Não é tão simples assim...

Ele me beijou de novo. Isso já estava virando um hábito. Só uma noite, não poderia fazer algum mal, poderia?

Então meu celular vibrou. Isso também já estava começando a virar um hábito.

Steve.

“I feel something so right

Doing the wrong thing

I feel something so wrong

Doing the right thing

I could lie, I couldn’t lie, I could lie

Everything that kills me makes me feel alive”