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Uma nova casa


Desisto de conseguir com que meu cabelo fique atrás de minha orelha, com essa ventania ele nunca vai parar. Então que ele fique em meus olhos.

Acordei com uma bela dor nas costas, pela noite mal dormida embaixo de uma árvore.

Deve ser umas 9 da manhã, o sol brilha fraco, entre as nuvens cinzentas e pesadas de chuva.

As pessoas passam de um lado pro outro, correndo, falando ao celular, brigando com algo ou alguém e falando mal do chefe.

-Você é Annabel?

Jesus! Que susto eu levei!

-Sou eu sim. Eu respondi ao senhor, meio desconfiada

-Tenho ordens para lhe levar a um lugar.

Do que esse senhor estava falando? Quem era ele?

-Me levar a um lugar? Quem é o senhor?

-Trabalho para senhora Julieta Simis.

Grande informação. Não conheço nenhuma Julieta Simis.

-Vou lhe explicar quem é ela. Senhora Julieta lhe deu uma carona ontem, ela percebeu que você estava sozinha e com poucas coisas, então pediu para que eu lhe achasse e a leva-se até sua casa.

-Então aquela senhora simpática se chama Julieta...

-Vamos? Ele disse estendendo a mão para que eu me levantasse do chão.

-Ta bom.

Quando chegamos pude ver o quanto a casa era enorme, na verdade, gigantesca.

E por dentro ela era toda branca, emanava uma paz tão grande quanto seu tamanho. Mas entre toda essa paz e “brancura” enxerguei uma pessoa toda de preto, parada em pé perto das escadas, de frente para mim.

Era um garoto, de cabelos pretos, olhos azuis bem profundos e de maquiagem e roupa igualmente negras. Eu já iria sorrir e cumprimentá-lo, quando ele me lançou um olhar de superioridade e em seguida deu as costas e subiu as escadas.

-Por favor, não ligue para Adrian. É um bom garoto, mas não está muito conformado.

Dona Julieta diz, saindo de uma enorme porta de vidro, que parecia dar para um jardim de inverno.

-Conformado?

-É. Agora você irá morar aqui, conosco.

-Hãm? Não... Não posso...

-Annabel, eu sei que você está sozinha, não há problemas em ficar aqui enquanto acerta a sua vida.

-Mas, como a senhora sabe meu nome? E como sabe da minha vida?

-Eu morei na cidade de onde você saiu. Conheço o pessoal de lá e fiquei sabendo da sua história. Você é uma boa menina e não merecia isso. Fique conosco, será minha convidada.

-É que eu não quero incomodar...

-Não irá. Faça assim; Fique aqui até você conseguir um trabalho e juntar um pouco de dinheiro e depois você aluga um apartamento pequeno pra você.

-Mas...ele pareceu não gostar de mim... É seu filho?

-Neto. Os pais dele morreram em um acidente a alguns anos. Mas Adrian é um bom garoto, vai aceitar você. E a casa é muito grande, preciso de mais companhias aqui. Fique, por favor.

-Tá bem, mas assim que eu conseguir um emprego eu irei ajudar a senhora com o dinheiro e se você quiser eu posso ajudar a arrumar a casa, lavar louça, ou algo do tipo.

-Não precisa minha filha, temos empregadas que cuidam de tudo.

-Mas eu não irei morar aqui de graça.

-Tudo bem. Agora, Alfred, mostre para Annabel onde é o quarto dela.

Xx

O quarto era lindo, também todo branco, com uma “porta-janela” de vidro que dava para uma pequena varanda, onde tinha uma grade e encostada na grade, uma jardineira com pequenas margaridas em flor.

Ouvi alguém bater na porta e logo em seguida entrar. Voltei ao quarto e vi Adrian parado, segurando nas mãos o que parecia ser uma toalha de banho, bem felpuda e branca.

-Vovó pediu para lhe dar isso. Ele disse seco e colocou a toalha em cima da cama

Eu realmente não quero que ele me odeie.

-Sou Annabel, é um prazer te conhe...

-Tanto faz. Ele disse antipático me interrompendo e já fechando a porta do quarto.

-Mal educado. Disse pra mim mesma.

Logo depois Dona Julieta entrou em meu quarto, conversamos mais um pouco.

Ela é uma senhora bem alegre e agitada. Mostrou-me a casa e me disse que sabia que eu ainda estava no 3º ano então me matriculou na mesma escola que seu neto, mal educado, frequenta.

Ok, ela não falou mal educado.

Fiquei feliz por isso, achei que não iria terminar o colegial. Acho que Dona Julieta percebeu minha felicidade.

Logo depois jantamos e ela me disse que em meu quarto tinha um computador e que eu poderia usar, mas que eu deveria dormir cedo, pois haveria aula amanhã.

Eu não usei o computador, apenas tomei um banho (o banheiro era em meu quarto mesmo) e fui dormir.