-Tem alguém aqui. Adrian disse olhando o carro parado na porta de casa.

-É o carro do meu padrasto. Eu disse observando o carro

-Quem lhe deu o direito de pegar Lara?! Era a voz de minha mãe, que saia de trás da enorme árvore no jardim.

-Ela é minha irmã, ficará comigo agora. Falei firme.

-Sua pirralha revoltada! -Meu padrasto gritou- Dês de quando anda com garotos que mais parecem garota de tanta maquiagem?! Ele cuspiu as palavras de tanta arrogância.

Vi Adrian cerrar os punhos e respirar devagar. Deve estar se segurando para não o bater.

-Você não tem direito de escolher com quem eu ando, nem você e nem você –apontei para minha mãe- depois de ter me expulsado de casa. E Adrian é meu namorado.

-Não vou permitir que você namore um garoto desses! Meu padrasto gritou

-Digam logo o que vocês vieram fazer aqui, já estou sem paciência!

-Por sua culpa Lara agora tem essas doenças iguais a você! Gritou minha mãe.

-Eu já deveria saber que era isso. -Ri ironicamente para eles- Mas vocês não farão o mesmo que fizeram a mim com Lara, não vou deixar.

-Sua bruxa! Meu padrasto veio pra cima de mim e me deu um tapa forte, fazendo-me cair ao chão.

Adrian correu para cima dele e o esmurrou. Como em meu pressentimento, vi a imagem de meu padrasto com as mãos erguidas e fechadas e esmurrou-o de volta, fazendo um corte perto de sua boca.

Meu padrasto sacou uma arma, Adrian correu para cima dele, segurando suas mãos. Eles se debatiam, e a arma continuava nas mãos deles.

Então ouvi um tiro, imediatamente vi minha mãe cair ao chão, com o peito sangrando. Nesse instante Adrian tirou a arma das mãos de meu padrasto e apontou-a para sua cabeça, rendendo-o.

Minha mãe morria aos poucos no chão, na frente de todos, inclusive Lara, que continuava imóvel, nos observando, perto do carro, ao longe.

A policia logo chegou, algum vizinho deve ter os chamados. Meu padrasto, em nenhum momento, esboçou preocupação com minha mãe, quando cheguei perto dela, já na maca, ela apenas me mandou sair de perto, pois disse que “a culpa era toda minha”, em suas palavras.

Antes mesmo de ela chegar ao hospital, já estava morta, meu padrasto ficaria preso por um bom tempo.

........

-Eu vi isso tudo. -Lara disse sentadinha perto do carro, olhando o local onde antes estava o corpo de nossa mãe e agora havia só seu sangue- Não queria que acontecesse, mas mamãe quis, e quando alguém aceita a situação imposta, ninguém, absolutamente ninguém, pode mudar o futuro dessa pessoa, nem nós.

Nunca vi minha irmã dizer algo tão complexo quanto agora. Apenas a abracei, e logo em seguida Adrian se sentou ao nosso lado, no chão, e nos abraçou também.

Olhei-o e percebi que o ferimento em sua boca havia sumido.

-Adrian, o corte em sua boca...

-Todos nós somos especiais e possuímos sentidos especiais, não pudi salvar sua mãe. Ela não queria ser salva, sinto muito. Ele disse me olhando.

-Você pode curar as pessoas, inclusive você. Conclui por mim mesma.

-Sim, e sua irmã pode ver o futuro e você pode senti-lo e iluminá-lo.

-O que vamos fazer agora?

-Ser felizes e viver, juntos.

-Eu te amo Adrian.

-Também te amo Annabel, e também te amo Lara. Ele sorriu olhando minha irmã que sorria para ele.

Xx

O corpo da mãe de Bel fora enterrado, seu padrasto cumpriria 10 anos de prisão.

Adrian e Annabel agora namoravam assumidamente, Dona Julieta agora tinha uma nora e ganhou outra neta, a esperta Lara, que estudava no mesmo colégio que Annabel e Adrian e morava na casa com eles.

Dona Julieta, dês do inicio sabia do dom de Annabel, e como uma excelente profetisa sabia que os caminhos de Adrian e Annabel se entrelaçariam, juntando seus dons em um só.

Nós podemos não perceber, mas pessoas ‘diferentes’ estão sempre por perto de nós, povoando o mundo junto conosco, tão especiais quanto espertos.

E todos nós um dia encontraremos a felicidade. E enquanto isso, VIVA, apenas viva, do seu modo, com a tua felicidade e tuas verdades.

Xx

-Chegou essa carta para você, senhorita. Uma das copeiras da casa entregara uma carta, sem remetente para Annabel, que a abriu.

“Se você acha que ficará por isto mesmo, está muito enganada. Vou voltar e matar todos vocês.

Para minha querida afilhada Annabel, de seu padrasto.”

-Pois que ele venha, estarei o esperando, junto a sua carta de óbito. Ela disse a si mesma observando o papel amarelado em suas mãos e ainda refletindo.

-Vamos meu amor, eles vão cantar os parabéns para Lara.

-Claro Adrian, vamos sim. Ela sorriu e ele retribuiu o sorriso, dando-lhe um pequeno beijo no canto dos lábios

Fim


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.