Little Lies

Capítulo 6 - Nova oferta.


Escolha o lado bom e fique com metade dele.

Saí da cafeteria e voltei para o meu escritório olhando para todos os lados a procura de Peter, ele não poderia me ver sozinha por ai ou sabe se lá o que seria capaz de fazer. Entrei e tranquei a porta, encostando-me nela logo após.

Olhei de relance para a minha mesa e vi alguns papéis que não me recordo de ter deixado-os ali. Aproximei-me e peguei o papel em minhas mãos, correndo os olhos pela folha percebi que eram “informações sobre Stella?” pensei.

Li as informações diversas vezes, e no final havia um recado escrito à mão.

Nós já sabemos sobre você, Blair. Mas podemos evitar um escândalo se você vir até a Dálet e fazer-nos um favorzinho. Até logo. E não traga o seu namoradinho.” Ass: Sr. Daniel Couper.

“Que droga de convite é esse?” pensei. “Por que me queriam na empresa concorrente?”

Coloquei os papéis na primeira gaveta da mesa que era trancada, joguei a chave na última gaveta e saí, cuidando a cada passo para que nenhum dos dois me visse. Passei pela porta da empresa e enquanto procurava um táxi, vi dois brutos-montes me seguirem.

- Aonde vai, Srta? – um deles me perguntou já segurando discretamente meu braço.

- Eu preciso sair certo? É um caso de vida ou morte! – dramatizei tentando convencer um deles que estava me segurando.

- As ordens que recebi foram bem claras, não pode sair da empresa sem a presença do Sr. Bass. – disse ele segurando já o microfone que tinha pendurado na orelha e direcionado à boca.

- Ok, espere! – eu disse segurando o microfone. – Venha comigo então.

- Isso não me foi permitido.

Droga, como eu vou convencê-lo?

- Certo, eu não vou fugir. Eu não quero fugir. Só preciso concertar as coisas. Se você não colaborar comigo agora, uma hora ou outra eu vou tentar sair por ai e vai ser bem pior do que agora, certo? – sorri.

- Ande logo. – ele disse olhando por cima dos ombros, para certificar-se de que ninguém nos havia visto saindo da empresa.

Entramos em um táxi e seguimos até a Dálet.

Entrei discretamente na empresa sendo seguida pelo guarda-roupas que chamam de segurança. Assim como na Aleph, as pessoas ficavam olhando pra mim, algumas sorrindo na recepção da empresa. Pelo que percebi, não seria difícil chegar até o Daniel.

- Espere aqui, ou não poderei resolver o que preciso. – disse baixinho para o segurança.

- Estou de olho. – ele avisou.

Revirei os olhos e subi com o elevador. Como eu havia imaginado o escritório de Daniel também era no último andar. Saí do elevador e logo uma garota aparentando ter seus vinte anos, cabelos curtinhos e pretos, veio correndo em minha direção.

- Srta. Stella, o seu café está no seu escritório. Espere. A Senhorita não tinha uma reunião com o Sr. Daniel à meia hora atrás? – ela perguntou me encarando. Evitei como pude de que ela me olhasse diretamente, talvez percebesse alguma diferença com a original Stella.

- Sim, estou indo pra lá. – disse saindo rapidamente do campo de visão da garota e seguindo por um corredor à esquerda. Onde uma plaqueta indicava “Presidência”. Quase corri até lá. Bati incessantemente na porta até que ela se abriu.

- Parece que a nossa convidada chegou, Stella. – ele disse olhando novamente para dentro da sala. Pelo que percebi, Daniel era quem havia atendido a porta, de terno e gravata, cabelo curtinho e com os seus quase trinta anos, talvez. – Seja bem-vinda, Waldorf. – então ele sabia mesmo de tudo.

Assenti sorrindo cinicamente e adentrando o cômodo. Sentada na ponta da mesa da presidência estava Stella. Olhamos-nos surpresas pela semelhança inegável entre nós duas.

- Uau, ela se parece mesmo comigo. – disse Stella me olhando de cima a baixo. – Incrível. Eles fizeram uma cópia perfeita, não? – agora ela olhou pra Daniel que já havia se sentado na cadeira atrás da mesa. Eu estava já cansada de toda essa comparação e olhos que vinham em mim e voltavam na conversa deles.

- Vamos direto ao assunto, o que querem de mim? – perguntei fazendo-os olhar em minha direção.

- Acalme-se, Srta. Waldorf, não é nada demais. – ele disse sentando-se na mesa ao lado de Stella. - Precisamos que você denuncie o Peter Willans.

- Não é o suficiente. Sem provas eu não posso nada. – falei mostrando o óbvio.

- Então consiga provas.

- De que? – tentei parecer confusa.

- Você sabe muito bem do que estou falando. Roubo de identidade, suborno, seqüestro... – engoli em seco. Se eu o denunciasse, Chuck estaria envolvido em tudo também. Cúmplice. Mas por que eu me importo tanto?

- Se não o fizer...? – perguntei.

Ele levantou-se e veio andando em minha direção. Mantive minha postura ereta enquanto esperava sua resposta.

- Não queremos nada de violência, certo? Apenas seremos justos. Você me ajuda e eu salvo a sua pele, ou recusa e eu dou um sumiço no seu namoradinho.

- E o que me garante de que se eu denunciar Peter, vocês não entregarão Chuck?

- Não precisamos garantir nada. A escolha é sua. – disse ele pegando uma mexa do meu cabelo e olhando para Stella.

- Pense bem, Blair. Não queremos que ninguém saia machucado, apenas esperamos que Peter pague pelo que está fazendo. – disse a loira sentada ainda na ponta da mesa.

- Chuck está dentro disso, mas não parece. – falei referindo-me a ele ter me defendido de Peter, mesmo quando eu havia estragado os planos dos dois.

- Na verdade Chuck está nisso acidentalmente. – ela falou relembrando. – Peter e eu tínhamos um caso, mas quando ele começou a me colocar dentro de seus planos ilegais para ficar no topo da empresa, eu desisti de tudo e desapareci. Nós estávamos discutindo, então Chuck apareceu e ouviu toda a conversa. Depois disso, ele foi obrigado a guardar o segredo sobre o golpe para tomar a presidência. Peter queria acabar com o Sr. Boughest e eu o impedi. Então aparentemente sem emprego, procurei Daniel que então me convidou para trabalhar na sua empresa, e eu aceitei. – ela disse olhando para o presidente.

- E como ficaram sabendo sobre mim? – perguntei.

- Acabamos descobrindo que Peter Willans havia encontrado Stella. Mas como a verdadeira sou eu, notamos que tudo não se passava de uma farsa para que ninguém o culpasse do desaparecimento. Nós saímos juntos no último dia que eu trabalhei lá, e todas as pessoas viram. Então nas próximas semanas eu sumi e ele estava sendo apontado como culpado. A polícia estava seguindo seus passos cautelosamente até “Stella” reaparecer. – ela disse fazendo aspas com os dedos.

- Deixem Chuck fora disso e eu ajudarei vocês. – eu disse decidida, mas confusa por nem ao menos saber por que eu havia deixado Chuck de lado, afinal, fora ele que me trouxera para todo esse problema.

- Certo. E mantenha esse segredo só entre nós. – Daniel disse enquanto eu saía do escritório.

Eu deveria ter imaginado que meu trabalho no meio desse rolo todo não seria apenas vender alguns cosméticos.