Little Lies

Capítulo 3 - Vida Nova.


Uma pequena mentira não faz mal a ninguém.

- Bom dia, Waldorf. – Chuck havia acabado de invadir meu quarto me fazendo acordar assustada com tamanho ânimo para oito horas da manhã? Olhei incrédula para o relógio, mas que porra é essa? Abri um pouco meus olhos para vê-lo melhor e desejei que ele tivesse realmente um bom motivo para invadir o meu suposto quarto a essa hora.

- Só se for pra você! – falei irritada. Ninguém acorda Blair Waldorf oito horas da manhã e tem uma resposta agradável.

- Que mal humor. – balançou a cabeça me reprovando.

- O que quer? – perguntei me sentando na cama e encostando-me na cabeceira.

- Hora de trabalhar.

- Como é? Eu ouvi direito? – comecei a gargalhar, ele estava ouvindo o que estava falando?

- Certamente. Ou prefere que eu repita? – ele estava com um envelope em mãos, já devidamente vestido em seu costumeiro terno de alta costura. Aproximou-se de onde eu estava, sentando-se na beirada da cama e debruçando-se sobre meu pés ainda cobertos. Apoiou seu braço esquerdo ao lado das minhas pernas e com a mão direita jogou os envelopes no meu colo. – Abra.

Fiz o que ele havia mandado. Abri-o e tirei de dentro vários papéis com nomes de uma empresa, fotos que pareciam minhas, mas meu cabelo estava liso e loiro e embaixo delas escrito Stella Heefort.

- O que é isso? – perguntei levantando os documentos na direção de Chuck que estava com um sorriso de canto analisando minha reação.

- Você a partir de hoje, Stella.

- Você só pode estar brincando! Eu não vou fingir que sou outra pessoa. – retruquei tentando me levantar, mas Chuck deixou o peso de seu corpo cair sobre minhas pernas me impedindo de sair da cama.

- Você vai sim. Deixe-me explicar. – tentei protestar, mas ele me interrompeu e continuou. – Stella Heefort ocupa o cargo de vice-presente de vendas, um cargo importante na empresa de cosméticos, Aleph. Ou pelo menos ocupava. – disse pensativo. – ela desapareceu desde a última semana. Então o Senhor Willans, vice-presidente de fabricação precisa que Stella volte ao seu cargo, ou ele será indiciado como suspeito pelo desaparecimento dela. Eles tinham um caso.

- E onde eu entro na história? – perguntei totalmente confusa.

- Quando Willans a viu na divulgação do desfile de sua mãe pela televisão, ele afirmou que você era parecidíssima com a garota desaparecida, então decidiu colocá-la no lugar de Stella, assim, o sumiço dela passaria despercebido. No dia do desfile, ele foi até lá conferir de perto, ele já havia me contado sobre isso, então bastou ele confirmar o plano para eu entrar em cena.

- Eu sabia que Willans não me era estranho. Quantos anos ele tem? E ela? Então a pessoa da foto não sou eu?

- É você. Apenas com o cabelo liso e loiro como os dela. Ele tem quase 30 e ela 23. – Analisei mais uma vez a foto, eu teria então que mudar o meu cabelo?

- Vocês me mantém presa para ocupar o cargo de uma garota desaparecida?

- Não é um bom motivo? – ele sorriu de canto novamente.

- Não, não é.

- E mais uma coisa. Willans quer a presidência da empresa.

- Era de se esperar. – concluí revirando os olhos.

- Stella o estava ajudando.

- E você, está dentro da empresa também?

- Vice-presidente de finanças.

- Com 19 anos? – gargalhei.

- E por que não? Quando se tem uma influência grande no mundo dos negócios, as coisas tornam-se mais fáceis. – ele falou referindo-se ao pai, bastante conhecido por suas habilidades com negócios.

- Então vou ter que mudar o meu cabelo? – fiz um beicinho mostrando quão decepcionada eu estava em ter que mudar o meu cabelo para um tom mais claro.

- Certamente. Daqui a pouco uma cabeleleira bem conceituada virá para cuidar disso. Ela é confiável, nos dois sentidos. – no sentido de cuidar bem do meu cabelo, e de fazer-me ficar parecida com a tal Stella deixando o segredo bem guardado.

- Então, o que eu preciso fazer na empresa? – perguntei olhando os papéis. Chuck saiu de cima das minhas pernas vindo sentar do meu lado na cama. Encostou suas costas na cabeceira e esticou os pés, exatamente na mesma posição que eu.

- A empresa se chama Aleph Cosmetics, você vai ser a vice-presidente de vendas. Precisa encontrar métodos para driblar a concorrência e atender aos pedidos dos clientes para não deixar a empresa reduzir os lucros.

- Só isso?

- E claro que convencer todos de lá, exceto eu e Willans de que você é Stella Heefort. Solteira, determinada e competente.

- Fico me perguntando, por que ela sumiria?

- Ninguém sabe. – ele disse pensativo. – Na verdade acredito que a pergunta seria “quem queria que Stella sumisse?”. – me olhou.

- Quanto mistério. – concluí.

- Que tal desvendar ele depois, hn? – ele perguntou sussurrando em meu ouvido depois de ter se debruçado sobre mim.

- Certo, porque agora eu preciso ir me vestir e... – tentei sair dali, mas ele estava me impedindo segurando minha cintura com uma mão que eu realmente não percebi que ele havia passado por trás de mim. – me solte, Chuck! – ordenei enquanto empurrava seu peito com as minhas mãos ainda livres.

A mão que nos sustentava ainda sentados na cama foi em direção aos meus pulsos, segurando-os e nos fazendo escorregar da cabeceira e cair na cama. Chuck aproveitou o momento para subir mais sobre mim, deixando nossos rostos precisamente próximos.

- Você quer mesmo se vestir? – disse com os lábios quase colocados aos meus.

- Quero. – a voz me traiu quase desaparecendo quando eu mais precisava que ela estivesse firme.

Então me contrariando, Chuck me beijou. Logo todos os meus protestos pareceram uma grande mentira, e toda aquela resistência em aproximar-me do garoto que havia me seqüestrado simplesmente não existia mais. Eu estava definitivamente entregando meus pontos a Chuck Bass. Mas jamais o meu coração. Passei as mãos pelo seu pescoço acariciando seus cabelos curtos da nuca. Pude sentir suas mãos ágeis passando por debaixo da blusa do meu pijama e apertando a minha cintura. Dei graças quando o silêncio da casa fora interrompido pelo som da campainha sendo tocada seguidamente. Ou sabe se lá onde iríamos parar.

- Mas que... – Chuck bufou levantando-se da cama e nem ao menos olhando em minha direção, estava definitivamente muito irritado. – Quem precisa de empregados? – gritou pelo que supus, ainda descendo as escadas.

Passei a mão pelos meus cabelos respirando profundamente. Eu quase podia ouvir as batidas do meu próprio coração. Tentei me acalmar respirando uma, duas, três vezes. Nada. Levantei rapidamente da cama procurando algo para me distrair. Fui até o closet procurar alguma roupa para vestir como havia planejado antes de, bem... você sabe. Chuck não havia voltado, mas podia ouvir sua voz conversando com alguém lá embaixo. Decidi tomar um banho e depois o procuraria para saber talvez os detalhes do meu novo emprego.