Não tinha como meu dia piorar! Engraçado que, quando falamos isso , sempre consegue ficar pior. Acordei com uma puta dor de cabeça, tem um vazamento na minha casa, meu vizinho ficou fazendo festa ate as cinco da manha então eu estava com um humor péssimo, minha mãe me ligou pela quinta vez nesse mês para me falar o quanto a minha “querida” prima estava fazendo nossa família orgulhosa e só vai piorando com o passar do tempo. Mas ignoro tudo isso quando chego ao orfanato em que sou professora e sorrio para as crianças que vem correndo me abraçar

— Onee-cha! - rio com o apelido

— vocês estão assistindo muito anime -

— você que viciou as crianças - encaro minha amiga, e dona do orfanato, Mary. Cabelos curtos e negros, alta e elegante. Nos conhecemos na faculdade e ajudei quando ela quis construir o orfanato. – não pode reclamar

— confesse que ama quando as crianças te chamam assim - ela da de ombros e fica ao meu lado - quem quer brincar de pega-pega? - todas levantam as mãos e começam a correr de mim

— às vezes você parece uma delas - minha amiga saí e eu continuo brincando com elas, mas desvio o olhar para o chão quando algumas pessoas passam sorrindo para as crianças e coro, não de vergonha, mas sim de raiva, quando elas comentam sobre a “garotinha de moletom”, ou seja, eu! Sempre, repito Sempre, me confundem com uma criança por causa da minha altura e rosto de criança. Os maiores problemas eram quando tentavam me levar para alguma festa e barravam minha entrada por causa disso. Se me importo? Muito. Não com as festas, mas sim com os comentários das pessoas que eu normalmente ignorava. Uma pena que nem todos conseguiam fazer o mesmo. E agora estava aqui sentada no banco em frente ao orfanato, depois de brincar com as crianças, pensando no fim do meu namoro.

~~ Flashback on ~~

—eu te amo e você é incrível, mas simplesmente não posso continuar com isso – encaro o loiro na minha frente com raiva.

— então eu quero um motivo para isso –

— você é uma criança perto de mim – o encaro confusa – você parece uma criança e age como uma. As pessoas ficam me olhando com reprovação quando estamos juntos

— mas você sabe que não sou e isso é o que importa –

— não, eu não sei – suspira frustrado – sempre age de maneira fofa, fica brincando com as crianças e, mesmo sendo incrível, parece uma delas.

— então vai terminar comigo por causa da opinião deles?

— Claro não! – me abraça – só que poderíamos manter nosso namoro escondido e evitar nos falarmos em publico... Quem sabe eu arranje uma namorada fake para apagar essa imagem – me afasto e soco seu estomago

— você é mesmo um babaca – pego minha bolça em cima da cama e o encaro se contorcendo no chão – da próxima vez vai ser pior – saio ignorando os chamados dele e corro ate em casa.

~~ Flashback off ~~

Fico olhando o céu ate que alguém senta ao meu lado

— ainda pensando naquele imbecil?

— infelizmente sim –

— você disse que não estavam se dando bem como antes

— ainda sim foi estranho terminar o namoro...

— deixa o merdinha de lado e vamos preparar o jantar – ela se levanta e me puxa pelo braço

— que exemplo você da para as crianças falando assim Senhorita Mary – faço uma voz de criança e ela ri

— você fala coisa pior – mostro a língua para ela e vamos para a cozinha. Ficamos brincando ate que as crianças começam a descer e arrumamos tudo. Quando todas as crianças se sentam em suas respectivas mesas olho para a noite pela janela e vejo algo brilhando na escuridão

— Mary eu já volto – a morena só acena não prestando atenção ao que disse e saio para o frio da noite. Vou para o ponto que vi brilhar e encontro uma bala azul e branca no chão – como uma bala pode brilhar se nem mesmo tem luar – olho para o céu, mas o som de passos próximos me faz ficar atenta. – Olá? – saio andando em direção ao barulho e quando vejo mais balas só consigo pensar em uma coisa... Estou parecendo mocinha em filme de terror. Quem, em sã consciência, sai no meio da noite ao ver algo brilhar no escuro e sai em direção a algum barulho? Pelo visto, eu!

— Olá! – escuto a voz parecendo de um palhaço que tinha contratado para o aniversario de uma das crianças ano passado e me viro. Por que eu fiz isso? No começo não consegui distinguir suas feições por causa da escuridão, mas então ele fica mais próximo da luz e arquejo com a visão. Cabelos negros ate os ombros emolduravam seu rosto pálido. As roupas monocromáticas escondiam seu corpo na escuridão e eu conseguia ver levemente dentes afiados em seu sorriso contido. Me aproximo do palhaço quando o mesmo me chama sorrindo. Pode parecer loucura, mas ao mesmo tempo em que ele era assustador era a criatura mais linda que já vi na vida.

— Qual o seu nome pequena? – sorri e retribuo

— Mirela – foi a ultima coisa que disse antes que um sorriso psicopata aparecesse em seu rosto e tudo fica escuro.

Me mecho desconfortável sobre a cama quando a porta do quarto range. Uma dor na cabeça me impedia de abrir os olhos e resmungo qualquer coisa inaudível para outras pessoas.

— shh... go to sleep – “vá dormir?” minha mente sonolenta traduz as palavras automaticamente e consigo abrir os olhos devagar para me deparar com um homem pálido de cabelos negros, olhos azuis e a boca vermelha cortada em um sorriso sinistro me encarando com divertimento no olhar.

— AHHHHH – grito e por reflexo acerto um soco no garoto que se afasta gemendo de dor

— Você é louca? – o ignoro e me levanto saindo correndo do quarto gritando indo ate uma sala, mas para assim que encontro pessoas ainda mais estranhas olhando para mim. O que mais me chamou atenção foi um homem alto de terno no meio da sala sem rosto e braços longos

— quem é você? – abro a boca, mas nenhum som sai.

— ela ia ficar tão linda como uma boneca – olho as pessoas na sala tentando descobrir quem falou isso não obtendo sucesso

— ela ia ficar mais linda gritando de dor enquanto a torturo – o garoto de antes fica ao lado do homem de terno

— achei que ela era do Laughing – isso me faz despertar. Eu não era de ninguém

— agora que ela esta aqui poderia ser uma Proxy –

— eu poderia pegar seus rins antes disso – eles começam a discutir sobre o que fazer comigo ate que minha raiva explode

— Todo mundo calado! – grito e eles me encaram assustados

— ela acabou de gritar com a gente? – o garoto com a boca cortada diz um pouco alto e o encaro ameaçadoramente

— ta surdo cosplay do coringa? -

— quem você pensa que é para falar assim conosco? – fala o homem sem rosto. Serio como ele conseguia fazer isso?

— uma professora lidando com um bando de crianças poste ambulante – eles iam começar a discutir, mas os calei com um grito – sentem calados. AGORA! – eles me obedecem e sorrio com aquilo

— o que esta acontecendo aqui? – o palhaço chega à sala e todos os outros levantam quase chorando de felicidade

— Jack leva essa louca daqui agora! – o loirinho fala quase chorando

— o que esta fazendo fora do quarto pirralha?

— pirralha o caramba – o encaro com raiva – você me sequestrou e acordo com um louco – aponto para o coringa – dizendo “go to sleep” sendo que ele é burro demais para perceber que eu já estava dormindo. Quem acorda alguém para manda-la dormir logo depois?

— Jeff eu disse para deixa-la em paz – então ele se chama Jeff... E o palhaço é o Jack. Aqui só tem pessoas com “J”? Qual o próximo Jackson? Jason?

— o Jason me desafiou – ele da de ombros e um ruivo ri. Meu Deus! Eu tava certa

— qual o problemas com vocês? Parecem crianças – o poste volta a se sentar

— olha só quem fala! Um poste segurando um urso de pelúcia – ele fica vermelho e me encara, ou ao menos eu acho que ele faz isso, com raiva. – por quanto tempo dormi?

— um dia inteiro. Iriamos te dar adrenalina, mas o Smiley não esta na mansão e no consultório não tem. – o loirinho fala e tento ignorar os olhares do Jack em mim

— vocês são...?

— Eu me chamo Slender – aponta para si mesmo – Jeff the killer, Ben Drowned, Eyeless Jack, Jason the toymaker e acho que já conhece o Laughing Jack – aponta respectivamente para o cosplay do coringa, o elfo loirinho, o garoto com uma mascara azul, um ruivo sorrindo gentil e por último o palhaço que me sequestrou.

— eu me chamo Mirela, trabalho como professora em um orfanato –.

— professora? Tem quantos anos? –

— 25 - eles me encaram e o tal de Jeff sorri

— ta conservada hein – sempre com essa mesma frase... Parece que ninguém pensa em mais nada

— e vocês? O que fazem? –

— matamos pessoas – sorrio e olho no rosto de cada um não vendo traço de humor neles. Ah não ser no sorriso macabro do Jeff

— vocês são assassinos –

— Somos conhecidos como Creepypasta – me lembro de já ter ouvido falar deles pelas crianças, mas eram lendas – algumas pessoas acreditam em nos e outras acham que somos lendas.

— e estou aqui por...? – olho o palhaço monocromático

— gostei de você mesmo que tenha me dado um soco enquanto adormecia em meus braços – segura o maxilar como se ainda doesse

— desculpe por te machucar lindinho, mas preciso voltar – todos da sala começam a rir – o que foi?

— você chamando o Jack de lindinho – Jeff segura a barriga de tanto rir e reviro os olhos

— e você será docinho, que tal? Só falta um para formarem as meninas super poderosas – fica serio me encarando mortalmente e devolvo o olhar

— não pode ir! -

— ou você vira um de nos ou só sai daqui morta –

— prefiro a terceira opção. Sair – vou ate a porta que é barrada por uma parede ruiva

— nada disso bonequinha –

— então a segunda opção não parece tão ruim, mas não vou facilitar para vocês – me sento no sofá e o Laughing Jack se ajoelha para ficarmos da mesma altura.

— você não pode fugir para sempre Mirela – arrepio quando escuto meu nome em sua voz

— quer apostar que posso?

Uma semana. Estou presa nesse lugar há uma semana e o único lugar que tenho paz é o “meu quarto” que tranco toda noite para evitar ser morta por essas caras. Sabem o quanto é estranho dizer isso?

—sua vez – Sally sorri fofamente e jogo os dados. Estávamos jogando na sala com a Angel, Jane, Jill, Nurse e Candy Cane. Todas me odiavam por algum motivo a única exceção sendo a Sally – cinco. Ganhei!

— desisto – Angel sai da sala seguida pela nurse e Jill e Candy que antes me lança um olhar mortal

— Jane você viu meu moletom? – Jeff aparece sem camisa e reviro os olhos com isso. Por eu ter “cara de criança” os garotos acham que seria fofo me ver corar. Tradução: todos os caras dessa casa aparecem sem camisa para tentar me fazer corar se bem que o Offender, irmão do slender, apareceu de um jeito mais ousado.

— já tentou procurar na zona que chama de quarto?

— está de tpm janeiro? – prendo o riso com o apelido e a Jane bate o pé irritada

— eu vou te matar cosplay de coringa –

— ei! Esse apelido é meu! – eles me ignoram e a Sally sai da sala entediada. Aproveitando a distração saio correndo para fora daquela casa e respiro fundo aproveitando a sensação de liberdade – seria bem melhor se eu pudesse sair mais vezes...

— Mirela! – me viro quando aquela voz rouca que aprendi a amar grita meu nome. Como eu posso estar interessada por um cara que só conheço há uma semana e pior. Quer me matar? Não faço a mínima ideia

— meu palhaço favorito voltou! – comemoro, mas ele me encara serio – tudo bem laughing?

— Pra dentro. Agora – faço o que ele manda ainda estranhando e por sorte o Jeff já tinha colocado o costumeiro moletom branco manchado de sangue e a Jane o encarava entediada – eu pedi que ficassem de olho nela ela

— não somos babas dessa pirralha –

— laughing eu odeio concorda com a Janeiro, mas eu não preciso que me vigiem. Por mais que eu sinta saudades das crianças minha vida estava um inferno e não planejo fugir daqui por agora – cruzo os braços – me divirto aqui

— corra! –

— palhaço esta no meu horário de folga – pois é em certos momentos do dia podia andar livremente pela casa sem me preocupar em tentar ser morta por um deles

— eu disse corra, criança tola! – sua voz fica como na noite que o conheci e corro ate o meu quarto. Eu não estava exatamente com medo, mas sim confusa do por que. Avisto meu quarto quase no final do corredor e fico tentada a parar e desafia-lo, mas ele segura meu braço assim que seguro a maçaneta da porta.

— quer brincar comigo? – ele se aproxima e posso sentir o cheiro de doce que tanto amo. Seria incrível se ele não pudesse me matar a qualquer minuto

— claro! – antes que ele possa fazer algo o puxo para um beijo. No inicio ele só fica estático pela surpresa, mas depois de alguns segundos segura minha cintura me beijando de volta. Arranho minha língua em seus dentes pontudos e a dor misturada ao sangue só torna o beijo mais prazeroso.

— não sabe com quem esta se metendo pirralha – sussurra rouco ainda de encontro a minha boca me deixando arrepiada

— então me mostre – abre a porta do quarto e me empurra sobre a cama logo em seguida me beijando ate que a falta de ar nos obriga a nos separarmos

— você esta me olhando como se fosse me devorar – fico brincando com seu cabelo

— que culpa eu tenho se com essa roupa fica linda... Realmente tenho vontade de te devorar – olho o vestida rosa e a meia ate a coxa preta*

— tem que estar brincando – morde o lábio me encarando e reviro os olhos – por que não tira logo uma foto

— eu posso? – estreito os olhos

— Não! –

— menina má! – rio e o beijo novamente.

— melhor ir dormir – diz quando se afasta um pouco e acaricia meu rosto

— eu não sou criança para você falar isso –

— comparada a mim você é –

— Não sou! – faço bico e ele ri

— durma pequena – me faz deitar com a cabeça apoiada em seu peito e fecho os olhos – amanha você vai ter que decidir

— o que? –

— se ira ficar aqui, comigo ou não - o abraço mais forte e durmo pensando na minha escolha

Levanto da cama devagar para não acorda-lo e penso em deixar um bilhete, porem mudo de ideia e saio daquela casa. Depois de quase meia hora consigo me localizar e leva mais meia hora para conseguir chegar ao orfanato.

— Mirela! – Mary vem correndo quando me vê pela janela do refeitório e as crianças vêm sorrindo atrás dela – fiquei morrendo de preocupação. Sumiu há dias

— desculpe por preocupa-los, mas eu tenho uma má noticia... – olho as crianças triste – eu não vou poder mais vim aqui – tento acalma-las quando começam a reclamar e depois de cinco minutos explico tudo ou quase isso

— eu me apaixonei por um homem e ele não mora aqui. Vou ter que ir com ele por um tempo e não sei se poderei voltar... – algumas lagrimas caem e as enxugo rapidamente – esse lugar foi a minha casa quando meu pai morreu e minha mãe estava ocupada demais cuidando da sua definição de filha perfeita e agradeço a cada um que fez parte da minha vida. Amo vocês meus amores – recebo um abraço de cada um antes da Mary os mandar entrar novamente

— Mirela, eu não sei por que você inventou isso agora, mas respeito sua decisão – a abraço forte e coloco um envelope roxo em sua mão.

— eu tinha feito isso um tempo atrás. Se alguma coisa acontecesse comigo tudo que me pertence iria para você e as crianças – antes que ela possa falar algo continuo – já falei com um advogado no caminho para cá. Isso vai ser um adeus definitivo Mary – a abraço uma ultima vez, aceno para as crianças e saio correndo para a minha antiga casa antes de voltar para a mansão Creepy. Para o meu laughing.

Quando estou a uns cinco metros da minha nova casa escuto gritos acompanhados do som de coisas quebrando. Vou correndo ate lá arrastando a minha mochila e paro na porta com a cena que vejo. O Laughing sendo segurado pelos tentáculos do Slender e suas mãos seguradas pelo Jeff e ticci toby. A Candy Cane estava encolhida em canto sendo protegida pelo eyeless Jack e pelo Liu

— se você a viu sair porque não impediu? – rosna e a Candy sorri

— não estava afim e não gosto daquela garota – o Laughing tenta se soltar e os rapazes o seguram mais apertado

— Cara, você pode ir atrás dela logo ao invés de matar essa dai -. Jogo a mochila no chão e todos me encaram

— o que esta acontecendo? – o Laughing consegue se soltar e corre ate mim segurando minha garganta e me prensando na parede

— por que saiu? – seguro o braço dele tentando me soltar. Ate mesmo chuto sua perna, mas ele parece não ligar e aperta mais minha garganta – Responda!

— Eu fui me despedir das crianças droga – ele afrouxa seu aperto e mordo sua mão – se fizer isso de novo eu que vou te matar palhaço babaca

— eu que vou te matar se fugir de novo pirralha – me solta completamente – poderia ter avisado pelo menos

— se eu tivesse deixado um bilhete teria esperado pacientemente eu voltar?

— Não! –

— esta explicado então? Mas ainda não entendi a discussão

— a Cane te viu sair, mas não tentou impedir ou avisar o Jack. Ficamos possessivos em relação as nossas vitimas e ela poderia ter morrido por causa disso – Slender explica para mim e todos os presentes encaram a Candy com reprovação que simplesmente da de ombros e sai da mansão.

— agora poderia explicar essa roupa?** – Ben fala e todos voltam a me encarar

— o que tem a minha roupa? – vejo se não esta nada fora do lugar – pra mim esta normal

— as cores combinam com o Jack – sorrio

— essa era a intenção. Vocês falaram que ou eu saia daqui morta ou virava um de vocês –

— vai mesmo ficar aqui? – encaro o Laughing com medo que ele não tenha gostado, mas ele parecia feliz.

— logico! Aqui não é tão... – antes que eu posso terminar a frase sou beijada pelo meu Jack e correspondo ao beijo feliz

— vão para um quarto – interrompemos o beijo e tento me afastar, mas ele abraça minha cintura.

— Mirela tem que fazer algumas coisas antes de... – Jack sai da sala me levando junto e deixando o slender resmungando

— mais tarde! -

— o que ta fazendo? – rio quando ele entra no meu quarto e se joga na cama ficando por cima de mim

— ontem você disse que brincaria comigo, não? – beija meu pescoço e sorrio aproximando nossas bocas em um leve roçar

— Teremos muito tempo para brincar agora – ele me beija intensamente e esqueço, ao menos por um tempo, tudo o que eu tive que esquecer para ficar com o Laughing. Com o meu Laughing Jack.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.