— Então, o que deu pro Kurt Hummel certinho mudar de ideia e começar a transar com os seus alunos?

— Noah!

— Puck!

Kurt revirou os olhos, dando um gole do seu refrigerante. Ele observou a discussão entre Rachel e Mercedes sobre o comportamento rude de Puck, que apenas ria em direção de um Blaine completamente vermelho. Era óbvio o desconforto de Blaine no meio daquele pessoal estranho. Estranhos e intrometidos, na verdade. Cada minuto que se passava vinha uma pergunta constrangedora vinda de Puck ou Santana, mesmo que a latina soubesse sobre a situação de Blaine, ela sempre seria maldosa. Mas Brittany sempre arranjava um jeito de repreender Santana e a zoada da vez era a latina.

Quando uma garçonete chegou com seus pedidos, finalmente, eles se calaram. Um alívio tanto para Blaine quanto para Kurt. Achando que a paz reinaria agora, eles estavam errados. O rápido silêncio foi preenchido por mais perguntas curiosas e comentários.

—Uma coisa eu tenho que concordar com Puck, eu nunca pensei que você se envolveria com um aluno, assim, tão na cara. — Mercedes comentou, deixando o garfo cair sobre o prato.

— Verdade, eu não sei se fico surpresa sobre esse namoro ou sobre o fim do seu namoro com Sam. — Artie disse, com a testa franzida.

— Pois é, você e Sam eram tão próximos. — Matt afirmou.

Kurt ignorou seus amigos e olhou para Blaine. Ver o namorado tão pensativo lhe deixava preocupado. Uma crise era a última coisa que Kurt queria naquele momento. Blaine tinha os olhos caídos sobre o prato de espaguete, que ele havia pedido com tanta alegria, seus dedos estavam inquietos ajeitando os talheres sobre a mesa. Kurt pôs sua mão sobre a do moreno, fazendo-o parar imediatamente com os movimentos. Um simples suspiro escapou dos lábios de Blaine.

— Eu realmente não sei por que vocês estão surpresos, ambos mudamos e escolhemos situações diferentes para vivermos. Mesmo que eu não tenha Kurt como namorado, ele continua sendo um amigo e sempre seremos. — Sam interrompeu os amigos, que lhe olharam num misto de surpresa e curiosidade. Kurt olhou agradecido para o amigo, que apenas sorriu. — Não vejo problemas entre a relação professor e aluno, porque enquanto tiver amor, é isso que importa.

— Amor é amor. — Quinn murmurou, sorrindo levemente.

— Isso é verdade! — Puck sorriu, erguendo o copo em direção de Quinn. A loira bufou e desviou o olhar que o judeu lhe jogava.— Até merece um brinde, certo?

Todos assentiram, erguendo seus copos com sorrisos nas faces. Kurt olhou de soslaio para Blaine, que sorria levemente para seus amigos.

— Ao...?

— Amor. — Blaine completou hesitante.

— Certo, então, um brinde ao amor!

Logo após o brinde as coisas foram voltando a normalidade, a conversa era tranquila e focado em cada um da mesa. Mercedes contou sobre como era sua vida de famosa, fazendo todos rir das histórias hilárias da negra. Matt e Brittany trocaram ideias sobre seus estúdios de danças. Rachel explodiu em palavras quando foi sua vez de falar da Broadway, só foi parada quando Finn levantou da mesa para atender um telefonema. Kurt arqueou a sobrancelha em direção a morena, que encolheu os ombros. Puck gabou-se do seu uniforme da força área, arrancando uns suspiros de mesas alheias. Mas ninguém parecia tão alegre quanto Sam e suas novidades.

— Eu fechei uma grande parceria para a loja! — Sam disse sorridente. — Com a ajuda de Blaine e Finn.

— Blaine? Finn eu estendo, mas não é meio estranha essa coisa de atual e ex? — Artie disse, estreitando os olhos sobre Blaine e Sam.

— Acredite, eu ainda acho isso estranho. — Kurt riu.

— Mesmo assim, Blaine foi uma ajuda e Finn também...

— Ele só foi pela comida. — Blaine resmungou.

— Finn sempre está pela comida. — Quinn provocou ao ver o Hudson voltando para a mesa. Sua expressão não era uma das melhores. — Aconteceu alguma coisa, Finn?

— Burt estava sentindo algumas dores, mas tomou sua medicação e agora foi dormir. Não é nada para se preocupar, mas mamãe pensou melhor avisar. — Finn disse para Kurt, que assentiu com a preocupação visível no rosto. — Podemos voltar agora se você quiser...

— Não, quer dizer, eu quero aproveitar nossa última noite em Lima com todos meus amigos. — Kurt sorriu para todos ao redor da mesa. — Podemos continuar nossa noite, falarei com papai quando chegar em casa.

— Claro, se você quer assim. — Finn deu de ombros, sentando-se.

A sobremesa chegou à mesa e os olhos de Blaine brilharam ao ver o lindo sundae de morango, ele não pensou duas vezes antes de começar a comer. Kurt revirou os olhos sem tirar o sorriso do rosto, tirando um lenço do bolso e limpando o queixo de Blaine. Seus amigos observavam a interação do casal com sorrisos nos rosto, a felicidade de Kurt ao lado daquele baixinho era óbvia, portanto eles não julgariam aquele relacionamento.

A despedida foi o momento mais doloroso daquela noite. Cada abraço era tão verdadeiro, Kurt não podia deixar terminar a noite sem as lágrimas nos olhos.

***

Kurt não conseguia segurar o sorriso no rosto, tudo estava tão certo. Aquelas semanas em Lima havia lhe trazido tanta emoção, apesar dos altos e baixos, ele estava feliz. Ele tinha sua família e seus antigos amigos de volta a sua vida, e o mais importante, ele tinha Blaine. Céus, ele nunca pensou que alguém mudaria sua vida assim. Sua felicidade só aumentava ao saber que Blaine era aceito por todos, com abraços e sorrisos gentis. Blaine era o companheiro para sua vida toda. Eles estariam juntos em Nova York novamente. Sua verdadeira casa era em Nova York ao lado de Blaine. Lima era uma velha lembrança do seu passado, um lugar que ele nunca esqueceria... Especialmente pelas pessoas tão inesquecíveis que conheceu e conviveu naquela cidade.

A cama de sua adolescência era compartilhada agora com seu companheiro. Ele nunca pensou que viveria isso... Não era apenas a cama que era compartilhada, era uma história amorosa, era toda a paixão e seus medos também, eles voltariam para a realidade que era suas vidas em NYC.

— Eu te amo... — Kurt conseguiu murmurar, lutando para respirar.

Blaine envolveu-o em um abraço apertado. O quarto ficou em silêncio novamente, mas suas respirações eram as únicas a serem ouvidas. O coração de Kurt estava quase sob controle quando Blaine falou.

— Quer se casar comigo?

Espera... Ele havia perdido alguma coisa...

— Você está realmente perguntando isso agora? — Kurt ficou rígido. Ele se virou para olhar por cima do ombro de Blaine que ainda estava praticamente estendido sobre suas costas. — Por causa do sexo alucinante?

— Eu... Eu estou perguntando, porque eu te amo. — Blaine disse, afastando-se e imediatamente um calafrio percorreu seu corpo quando Kurt virou para encará-lo, observando as emoções no rosto do professor. — Eu estive pensando sobre isso há algum tempo... Eu te amo e quero passar o rosto da minha vida com você. Você me faz sentir incrível, Kurt... Ao seu lado, eu sou um gênio e é tudo tão fácil. Toda vez que eu acho que não há mais nada para saber sobre você, então, você me surpreende. — Ele sorriu. —Toda vez que acho que nós já fizemos amor de todas as maneiras possíveis, você encontra outra maneira...

Blaine respirou fundo.

— Eu quero me casar com você.

— Blaine, e-eu... — Kurt sentou na cama e rapidamente Blaine imitou o movimento. Sentando em estilo em indiano em frente ao namorado, suas mãos estavam entrelaçadas e o sorriso no rosto de Blaine estava começando a cair. — Eu quero, mas... Não podemos, não agora, você não entende?

— Nós podemos, eu te amo e você me ama! Kurt! — Blaine tinha lágrimas nos olhos.

— Oh, não chore, querido. Eu nunca diria um não para você, ainda mais em algo tão especial como esse pedido... — Kurt sorriu, limpando as lágrimas que caiam no rosto de Blaine com o polegar. Ele queria dizer sim, como ele queria, mas alguém tinha que ser realista naquele relacionamento, era um pedido tão inocente. — Mas precisamos ser realistas. Vamos sair de Lima e voltar para Nova York, onde nossa vida realmente acontece... Nosso namoro é um grande segredo e imagine um noivado... Eu amo você, nós não vamos dizer a ninguém o que você propôs aqui... No momento certo você vai ouvir a resposta certa e estaremos com alianças nos nossos anelares

O sorriso de Blaine havia sumido, seus lábios tremiam e seus grandes olhos castanhos haviam caído numa tristeza intensa. Os dedos de Kurt afagavam as mãos do namorado numa tentativa de consolo.

— Você não quer que as pessoas saibam que eu propus para você depois que fizemos amor é isso? Podemos ficar noivos em segredo... Podemos usar os anéis agora mesmo... Podemos...

— Espera, que anel?

A expressão escandalizada de Kurt fez Blaine quase rir ao lembrar as palavras anteriores do namorado. O moreno levantou rapidamente da cama e estendeu a mão para o criado mudo e abriu a gaveta, tirando dois pequenos pacotes transparentes. Ele respirou fundo antes de abri-lo para ver Kurt. Dentro havia dois anéis lisos de plásticos, ambos eram vermelhos... Era simples e barato, e Kurt não conseguia respirar direito para falar.

— Isso é de...

— São de plásticos, eu e Sam estávamos passeando pela cidade e passamos nessa loja de artigos e acessórios. Vendia esses anéis e era o que faltava para meu pedido, eu tinha poucas notas em meus bolsos e não é algo tão caro e elegante como ouro ou prata...

Kurt estendeu a mão e tentou segurá-los firme, mas Blaine deslizou um anel no seu dedo. Ele estava completamente nu, e agora estava gasto e chorando. Assim que o anel estava no lugar, Blaine sufocou-o com beijos.

— Eu te amo. — Kurt finalmente disse.

— Eu também te amo. — Blaine disse, sorrindo. Ele acariciou os cabelos caídos na testa de Kurt, desfrutando o momento. Ele estava disposto a ficar assim para sempre e estremeceu ao sentir a mão de Kurt na sua coxa. — Kurt...

— Você entende, não é? — Blaine assentiu e Kurt pegou seu queixo, erguendo-a sua cabeça. Seus olhos estavam fixos um ao outro. — Estamos juntos... Esse anel significa o nosso amor, o nosso compromisso juntos. Não vamos falar sobre casamento enquanto há várias coisas importantes para resolvermos.

— Você me ama mesmo? — Blaine suplicou.

— Que pergunta é essa, Blaine? — Kurt franziu a testa e Blaine suspirou. — Eu amo, nunca duvide disso, mas nosso amor não é suficiente para manter aquele apartamento e todas nossas dividas por um casamento...

— Não precisa ser agora, pode ser algo simples. — Blaine insistiu.

— Será algo simples, será especial e terá seu momento certo. — Kurt sorriu, mudando sua mão e afagando a bochecha molhada do moreno. — Eu não quero discutir isso com você, teremos que voltar para Nova York amanhã cedo e enfrentar a nossa vida na cidade grande. Imagine se Cooper soubesse que voltamos noivos... Ele piraria e me mataria.

Blaine fez menção de retrucar, mas riu. Provavelmente Cooper nunca aprovaria o noivado deles.

— Cooper nunca mudaria a minha ideia...

— Eu sei, pequeno, eu percebi quando você apareceu na minha porta. — Kurt sorriu.

Ambos deitaram na cama antes de Kurt deslizar o anel vermelho no anelar do moreno. Quando o sono estava quase vencendo o professor, ele ouviu o leve murmurar de Blaine contra seu pescoço.

— Kurt... Desculpa por isso...

— Shhh... Tudo vai ficar bem, da próxima vez eu farei o pedido...

— No momento certo?

— No momento certo.

Blaine suspirou e depositou um leve beijo no pescoço pálido de Kurt. Deus, ele amava aquele homem.