Linhas Borradas

Maneiras de se chegar ao corpo de Beck Oliver


— Não acredito que fez isso.

A loira ao lado deu de ombros com o pacote de batatas fritas em mãos.

— Me poupa, você tá morando há dois dias com seu marido e ele tá no quarto de hóspedes. Tô fazendo isso por você.

Maneando a cabeça a West seguiu dois passos atrás a mulher de volta para a sala que era ocupada por Cat e Carly, amigas da faculdade e ligadas diretamente a editora quando uma escrevia contos de fadas e outra representava as questões jurídicas.

— Estamos prontas para começar?

— Isso é um absurdo.

— Não, isso é "Maneiras de se chegar ao corpo de Beck Oliver" – Sam rebateu enquanto seu corpo caia no sofá ao lado de Carly e Cat, que batiam as mãos empolgadas.

Cat em toda a sua doçura fizera questão de primeiro cortar pedaços da torta de morangos que trouxera para servir a todas antes de se por na frente da tv como a oradora de uma reunião.

— Eu posso começar?

Jade grunhiu frustrada, não teria nem beirado o condomínio residencial da amiga se soubesse o que a esperava.

— À vontade – Sam respondeu.

— Meu plano é: Dois passos molhados até Beck – instintivamente a morena arqueou uma sobrancelha enfiando um pequeno pedaço da sobremesa na boca enquanto a mulher ruiva de baixa estatura prosseguia – Primeiro passo: você deve deixar a porta do banheiro meio aperta quando estiver tomando banho e o Beck estiver por perto, naturalmente quando ele passar vai bater aquela curiosidade e se ele ceder vai te espiar e pode achar um hábito da casa, o que leva ao passo dois: ele vai deixar a porta meio aperta também quando estiver tomando banho e nesse momento você vai aproveitar e atacar ele.

— Hum... Não tem nada lá que eu já não tenha visto – desdenhou.

— Não há nada ai que ele lembre de já ter visto – a ruiva rebateu fazendo Jade trocar um olhar com a loira que mastigava as batatas e parecia um pouco surpresa e a frase que pairava em sua cabeça provavelmente estava na dela também, não é o que esperavam da doce e geralmente inocente Cat. Seria resultado do namoro?

— Próxima.

Cat se sentou ao passo que Carly se levantou e foi para o lugar ocupado anteriormente pela ruiva, a diferença de estilos era gritante ao passar da ruiva de vestido rosa florido e sapatilhas para a morena de terninho azul e saltos.

— Meu plano é "pelo estômago que começa o amor". Você sabe cozinhar muitas coisas boas, então eu sugiro que faça um jantar romântico e finja beber muito e ser fraca com álcool, quando a noite chegar você vai para o quarto de hóspedes e deita na cama. Se ele te expulsar você pode depois culpar a bebida – a mulher fez uma pequena pausa – Se não o fizer, você pode iniciar um novo hábito com ele.

— Parece razoável – Sam comentou dando de ombros – Só não conta que foi aquele ex italiano que te ensinou a cozinhar.

As duas mulheres concordaram prontamente com o comentário da loira ao passo que a West enchia a boca com mais torta.

— E quanto a você, qual é seu plano Sam? – Carly perguntou ao se sentar.

— Amizade colorida. Funcionou uma vez, pode funcionar de novo – a loira deu de ombros como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

— Você também pode dizer que agora que a Sam ta grávida você também quer um bebê para crescerem juntos e convida ele para ser o pai já que logicamente ele...

— Não – Jade interrompeu elevando um pouco mais o tom, a expressão de Carly ficou confusa e esta praticamente trocara olhares com todas as demais mulheres presentes na sala – Essa ideia esta fora de cogitação.

A West bufou. Talvez se tivesse sido sugerida no passado quando as coisas ainda eram coloridas em sua mente poderia acatar a ideia tranquilamente.

— Você pode dizer que teve um pesadelo e não quer dormir sozinha – Cat começou tentando amenizar o clima ruim.

— Eu não tenho 8 anos de idade – apontou – Além do mais, eu escrevo cenas de assassinato sangrentas. Se ele acreditar nisso, vai acreditar no Papai Noel também.

— Eu só fui descobrir que o Papai Noel não existia aos 13 anos.

— Você é uma exceção, Cat.

Todas manearam as cabeças para a mulher ruiva.

A porta da casa foi aberta e um Freddie entrou bagunçando os cabelos passando por todas com um aceno e indo na direção que só poderiam sugerir ser o escritório da casa. Quando o homem retornou trazia com sigo uma quantidade de papeis que arrumava dentro de uma pasta azul e as olhava pela primeira vez com atenção enquanto se aproximava do lado da esposa.

— Tudo bem por aqui?

— Tudo, estamos ajudando a Jade – Sam respondeu se acomodando no marido que sentava no braço do sofá ao seu lado e roubava algumas batatas do pacote que já estava no final.

— Ainda esta tendo problemas com o livro novo?

— Não. Esse é o grupo de apoio "Maneiras de se chegar ao corpo de Beck Oliver" – Cat respondeu com empolgação fazendo o homem engasgar e a esposa rir – Quer que eu explique como funciona?

— Não é necessário, Cat.

— Tem certeza, a Cat consegue explicar as coisas de modo magnifico – Sam comentou com humor.

— Nunca duvido disso.

— Quem é a próxima?

— Eu posso me meter e dar uma sugestão?

— Manda ver, Benson. Pior que elas você não pode ser.

— Obrigado, eu acho. Você ainda não tem que ir em encontros públicos com o Beck para desmentir o recente problema, aproveita essas oportunidades para conhece-lo novamente e ele te conhecer.

— Tipo o filme "Como Se Fosse A Primeira Vez"? – Carly perguntou.

— Não conheço esse, mas provavelmente.

— Isso não tem a menor graça – Sam desdenhou enquanto movia-se para a caixa de lenços que usara para limpar os dedos e agarrar o prato de torta que lhe fora deixado.

— É romântico – Carly e Cat soltaram juntas e a morenas continuou – A Jade sabe ser romântica quando quer. A West continuou a comer balançando a cabeça sentindo mais uma vez o arrependimento de confiar na amiga lhe corroer enquanto ouvia as sugestões de Cat e Carly regadas a suas paixões comedias românticas.

Quando retornou para casa uma nova torta doce de uma padaria próxima ao condômino dos amigos estava com sigo. Scar dessa vez viera ao seu encontro com animação a rodeando à medida que seguia ate a cozinha.

— Aonde esta nosso antigo/novo colega de casa? Ele me disse que hoje seria ele a passear com você – dialogou se abaixando para esfregar as orelhas do cão que se aproximara mais.

Com a bolsa em uma das mãos ela seguiu pelo corredor, a porta do banheiro estava fechada e era possível ouvir o som do chuveiro ligado lhe contando onde seu marido estava no momento.

Às vezes Beck esquecia de trancar a porta.

E era um habito bem antigo pelo que sabia.

"Ele vai deixar a porta meio aperta também quando estiver tomando banho e nesse momento você vai aproveitar e atacar ele".

A ponta do dedo indicador pousou sutilmente sobre a maçaneta da porta, conseguia ver bem o contraste do preto do esmalte na unha para com o prata da peça de metal brilhante.

Estaria pulando quantas etapas do plano?

Como o homem respeitador ele ficaria tão furioso...

Talvez voltasse correndo para a casa de André...

Seria o mesmo que dar um tiro no próprio pé...

Mas se ele não o fizesse?

O som do celular começando a tocar no bolso da calça foi como um anzol a puxando da imersão de seus questionamentos.

— Que se foda – resmungou se afastando em direção ao quarto vendo o nome de Sam com uma serie de mensagem vindo em cascata. Sem pensar duas vezes atirou o aparelhou sobre a cama indo em direção ao closet, trocando as roupas por um biquíni e roupão; partindo para longe, trancando a porta atrás de si e voltando para a caixa de ferro em direção ao térreo onde a piscina do prédio ficava assim como a academia.

"Emergindo no meio da piscina, os pés da mulher balançavam a mantendo mais na superfície junto a um dos braços enquanto o outro afastava os fios escuros que ocupavam espaços próximos aos olhos de maneira incomoda, ter pensado no jeito que estava antes de entrar n' água fora algo que só se dera conta tarde demais. Não seria a primeira e provavelmente a última vez que acontecia de correr para alguma piscina sem se importar de estar usando pijamas ou um vestido de festas caro.

— Achei você – Jade sorriu se virando – Na outra vida você deve ter sido algum animal marinho pra gostar tanto d' água.

A West deu de ombros começando a nadar até alcançar a borda de granito, apoiando os antebraços na superfície, a expressão calma do homem que a fitava abaixado próximo a borda com roupas de dormir era bastante agradável. De um modo verdadeiramente inesperado a sensação de saber que alguém estaria deitado do lado dividindo seu colchão do anoitecer ao amanhecer e depois o anoitecer novamente a fazia sentir-se amparada e feliz, mesmo que não estivesse tão disposta a admitir isso em voz alta.

— Talvez um tubarão que aterrorizou os mares e matou turistas idiotas que poluíam as águas.

— E acabou vindo a se tornar a minha linda futura esposa – Beck completou com o mesmo humor.

— Para o seu azar – a mulher disse por fim agarrando o braço do homem e o puxando para a água com sigo."

A West deixou-se ser erguida até estar flutuando na água com os braços abertos e os olhos fechados, apreciando o silêncio que sempre a fizera adorar mais e mais a escolha do local para moradia enquanto a mente vagava mais e mais.

— Jade.

Lentamente os olhos abriram procurando com preguiça a figura masculina que vinha em sua direção com uma das mãos nos bolsos e um celular na outra, pela cor roxa da capinha do aparelho poderia identificar como sendo o seu.

— Alguém esta morrendo?

— É a Sam, disse que é importante.

Bufou, deixando o corpo afundar por alguns segundos antes de começar a nadar na direção de onde o homem agora estava abaixado próximo a borda estendendo o aparelho e uma toalha para secar a mão, o que só fizera de modo muito superficial.

— Eu estou trabalhando no momento, é mesmo tão importante? – ouvir Sam falar do outro lado sobre trabalho e seus problemas que estão mais que mesclados era como dar um passo para trás ainda que os olhos tenham de modo intuitivo e furtivo olhado ao redor para comprovar seu ponto e situação ditados pela loira – Certo, deixa comigo. Tchau.

— Não se sente mal por mentir para sua amiga e de certa forma chefe? – o homem perguntou com a cabeça levemente tombada para o lado a fitando.

— Algumas pessoas têm jeitos diferentes de trabalhar, mas isso não vem ao caso agora – estendeu o aparelho para o homem que o aceitou por reflexo – Acho que eu terei que invadir seu espaço, Oliver.

Nos instantes que lhe pareceram mais lentos do que realmente era pode assistir a expressão do homem franzir para com suas palavras se preparando para questionar o significado delas, por apenas um segundo os lábios se repuxaram em um sorriso divertido ao mesmo tempo que um dos braços firmavam-se no piso e o outro puxava o homem pela nuca para perto o suficiente para seus lábios serem completamente selados aos dele.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.