Linha do Tempo
Capítulo 4
Ahm... Obrigado senhorita.- Falo muito chocada para dizer mais de alguma coisa. Como? Será que fora por conta da falta do sonífero? Perguntas que não sei como responder. Enquanto caminho perdida para o salão do teatro ouço passos apressados atrás de mim, assim que me viro, vejo a garota novamente.
– A senhorita é bem rápida. - Diz a garota se apoiando nos joelhos sem folego. - Perdão pelos meus maus costumes, parece aflita, e percebo que pelo vosso sotaque não eres daqui. - Ela diz e fico encantada pela forma formal de falar que me espanta. E me faz mergulhar ainda mais nessa realidade absurda.
– Sim, sou dos Estados Unidos da América.- Falo cautelosamente, não lembro muito como se prende meu país nessa época. Seus olhos parecem brilhar ao ouvir isso.
– Por isso, tais roupas... Vestem-se assim tão... Indecentes? - Ela diz sussurrando a ultima frase. Tenho vontade de rir, se ela visse as roupas que vestíamos no século. 21 teria um ataque.
– Na verdade... Não senhorita. - Falo como ela. - Eu estou assim.. Porque...meu vestido rasgou então peguei um dos figurinos que vi.- Sou péssima em mentiras. E ela percebe isso ficando desconfiada. Mas acho que opina por acreditar.
– Qual é seu nome?- Pergunta - me ela. Será que devo dizer meu nome verdadeiro? Óbvio que não! Meu consciente exclama.
– Mile Carter. - Falo e quase me bato por falar Carter, é tanta preocupação por Carter que acabo falando seu nome como meu. Mile não é tão diferente de meu verdadeiro nome, mas é o melhor que consigo.
– Mile? Sério? Só Mile?-Ela pergunta surpresa... Claro nessa época os nomes eram ainda exagerados.
– Sim, nós Americanos, não gostamos muito de nomes estravagantes.- Falo, não muito convincente, então para não ter mentiras futuras.. Tenho que mentir pela última vez.- Qual seu nome? - Pergunto e ela estende a mão.
– Megan Giry - Ela diz e eu fico paralisada com seu nome. É o mesmo nome de uma das personagens do Fantasma da ópera.
– Seu apelido é Meg? - Pergunto tentando sair mais normal do que assustado. Ela dá um largo sorriso.
– Sim.- Puta merda! Não pode ser... Além de seu sobrenome ser Giry. Impossível. O fantasma da Ópera é uma simples história. E se não fosse? Até agora nós pensávamos que a máquina do tempo só tinha um destino, e agora aqui estou eu, em 1887. Eu estou disposta a acreditar em tudo. - A senhorita tem que destino aqui em Paris?- Ela pergunta me tirando de meus devaneios. E vejo a hora de minha última mentira.
– Meu destino por agora, está indeterminado Meg. - Falo tristemente, no fundo aquilo era verdade apesar da mentira seguinte. Ela me olha confusa.
– Porque senhorita? - Pergunta.
– lembro-me vagamente de cair em algum lugar alto e logo depois vim parar aqui, sem rumo. Não me lembro de nada, antes disso.- Falo abaixando o olhar, para que ela não perceba meu nervosismo. Falar a verdade para ela seria insano.
– Oh, que má sorte Mile, Posso trazer um curativo para seus ferimentos. E lhe trazer alguma roupa descente e comida. - Ela diz em compaixão e eu lhe dou um sorriso gentil. Ela acreditou.
–Oh! Isso ajudaria e muito Meg.- Digo agradecida.
– Olhe, não sei se podes ficar aqui.- Ela diz sussurrando próxima. Franzo o cenho.
– Porque? - Pergunto-lhe. Ela lança um olhar nervoso para acima do palco e logo entendo.
– Porque o dono desse lugar é cruel.- Ela diz com um olhar triste. Erik, sim esse era o verdadeiro nome do fantasma. Que acho que na história ninguém sabia somente Madame Giry e o Pérsa.
– o fantasma?-Pergunto em uma tentativa de que ela diga que me acha louca e que não existe tal coisa, assim posso ficar mais tranquila e perceber que a origem de seu nome é só uma coincidência. Mas a expressão de surpresa e susto confirmaram minhas terríveis suposições.
– Como sabe sobre o fantasma?- Ela pergunta chegando mais perto de meu rosto me encarando, espantada.
– Em.. Em meu País, as histórias sobre ele são contadas.- Falo em um sussurro. Ela se surpreende ainda mais.
– Oh Deus. -Ela exclama assustada.
– Meg!- Uma mulher de preto e de um olhar superior, se aproxima, ajeitando a gigante trança em seu torço que cai perto de seus quadris. Vem até nós. Ela olha para Meg que agora está com um olhar baixo, como uma reverência.
– Mãe! - Meg cumprimenta e eu arregalo os olhos Antoniette Giry. Madame Giry. Ela olha de mim para a filha e para o olhar fixo de questionamento em mim. Então resolvo apresentar - me.
– Madame, permita-me apresentar-me, Meu nome é Mile Carter.- Falo lhe estendendo minha mão e a única coisa que ela faz é olhar -me da cabeça aos pés.
– Antoniette Giry, é a Americana?- Ela pergunta ríspida. A trato como ela faz.
– Sim, Madame.- Falo entre respeito e superioridade e ela percebe, arqueando uma sobrancelha.
– O que faz em trajes tão indecentes?- Diz apontando para minha roupa.
– Perdão. Se conseguir algo mais apropriado para me vestir, ficarei grata. - Falo .
– Não há roupas?- Ela pergunta hostil.
– Não senhora, mesmo se tivesse, não saberia, perdi a memória. - Eu digo. E ela arque-a as sobrancelhas surpresa.
– Sinto muito criança. - Diz ela abaixando a guarda por um momento.
– Sua filha, estava me oferecendo roupa e comida, se não for muito incomodo...aceito.- Eu digo e ela olha para Meg e logo depois para mim.
–Sim claro, mas, logo depois deve ir embora.- Ela diz e eu arregalo os olhos e ir para onde? Ela diz alguma coisa no ouvido de Meg e saí. Meg finalmente me olha e pedi desculpas pela rispidez da mãe.
Xxxx
Depois de tomar um banho para limpar meus ferimentos, que se estendiam um corte em minha testa, dois em meu joelho e vários outros em meus braços.
Meg limpou para não infecciona-los e logo. Eu coloquei um vestido preto que ela diz só ter usado uma vez. Tinha um apertado espartilho, as mangas curtas bufantes, o que não me deixa protegida do frio, meu primeiro vestido do século 19.
vestido:
http://i337.photobucket.com/albums/n390/charleybrown77/Edwardian%20Fashion%201900%20to%201920/1900lareligieusemet.jpg#
Minha sorte infinita era que eu tinha um casaco na mochila. Mas só poderia usa-lo a noite ,creio. A menina me fez ir até um dos camarins do balé e arrumar meus cabelos que dizia ela estarem selvagens. Pois tinha razão.
Eu tinha uma franja com a de Meg, mas nunca a usara sobre a testa, sempre dividia no rosto. Pego em minha mochila um pente e penteio meus cabelos embaraçados, deixando eles caírem em ondas por cima de meu ombro. Logo depois eu faço-lhe um coque e descido deixar minha franja cobrir minha testa. Meg me convence colocar um pouco de cor meus lábios e eu pego meu rímel que fez Meg ficar impressionada, por deixar meus cilho ainda mais escuros e longos. Meg me dá um pouco de privacidade e me olho por alguns minutos no espelho, meus olhos azuis estão apavorados, meus lábios apesar de estarem rosados por conta do batom estranho da menina, eles ficam pálidos a cada minuto que penso em Carter e onde ele pode estar.
– Mile, acho que tenho um lugar para você ficar a noite.- Diz Meg entrando novamente no camarim. Olho para sua expressão que é de total travessura.
No trajeto até os camarotes da ópera, Meg para em um que me deixa, um pouco ansiosa e maravilhada.
– Esse é o único camarote a noite, que ninguém se aproxima. - Ela diz com medo.
– Por quê? - Pergunto, fingindo não saber.
– Porque é o camarote do fantasma. - Ela diz meio incerta.
– Tudo bem... Não tenho medo. - Falo tentando tranquiliza-la.
– Não tem medo que ele a mate quando estiver dormindo?- Ela pergunta sussurrando.
Sinceramente, esse não era o principal medo que eu tinha. Eu tinha medo de não encontrar mais Carter, tinha medo de não voltar mais para o meu mundo, tinha medo de não consegui mudar nossa realidade e ela se agravar ainda mais com a espera dos cientistas em meu século. Mas a ideia de ser morta, não me assustava, porque morrer para mim seria um alívio da culpa.
– Sim. - Minto. - Mas é o único lugar em que posso ficar. - Digo. E pego minha mochila e a escondo atrás da cortina vermelha do camarote.
– Afinal, que coisa essa que carrega? - Ela pergunta apontando para a mochila escondida.
– Ham.... Eu não sei, só se que tem várias coisas de que preciso ali dentro. - Eu disse. Não tenho paciência para explicar isso a ela.
– Pobrezinha, não se lembra nem do que há. - Ela diz em uma voz triste. E eu mane-o a cabeça, fingindo tristeza também.
– Não irá dizer a vossa mãe que estou aqui não é? - Lhe pergunto aflita. Ela nega prontamente.
– Claro que não! Além de te expulsar ela me mataria. - Diz a menina com medo da mãe.
– Ok. Então... Pode me mostrar o teatro antes que escureça?- Pergunto lhe oferecendo um sorriso gentil. Ela sorri e nós vamos juntas conhecer o famoso Popularié.
Xxx
Escadas, palco, bastidores, banheiros, armários de vassouras, armário de figurinos, sala dos diretores... Por fim um lugar secreto que Meg descobrirá a alguns meses, era uma catedral, aonde a sua famosa amiga Christine Daaé, o amor de Erik ,ia todos os dias para rezar e também se encontrar com o fantasma, pensava Meg.
– É um lugar lindo. E frio. - Falo Abraçando-me, por conta do ar gelado que saia da pequena gruta que era uma janela.
– Vamos, lhe darei um manto para que não sintas frio.-Meg diz acariciando meu braço, quando estamos prestes a sair ouvimos o som de algo extremamente pesado cair no chão fazendo um grande eco. - Vamos!- Meg grita me puxando pelo braço e nós corremos a toda velocidade escadas a baixo. Meg cansada assim como eu, para no meio da grande escada, para retomar o fôlego.
– Foi... Foi ele....-Falo sem fôlego, foi o fantasma. Ele estava esperando por Christine e não pensava que nós iriamos aparecer.
Meg assentiu com a cabeça quando ouvimos passos subindo as escadas.
– O que faremos?-Ela pergunta em pânico. Quando os passos se tornaram mais perto e vimos uma moça de cabelos cacheados subir em um vestido rosa bem apertado, com um mato preto. E Meg suspirou em alívio.
A moça para ao perceber que estamos ali e olha surpresa.
– Meg, o que fazes aqui?- Ela pergunta com as mãos nos quadris, tem um rosto extremamente jovem, quase angelical, cabelos cacheados, de uns castanhos claros e extremamente longos.
– Estava mostrando... O teatro para Mile.- Ela responde em um fio de voz. A menina angelical olha para mim e esboça um sorriso nervoso.
– Olá.- Ela diz simplesmente.
– Olá. - Falo.
– Mile, essa é minha amiga, Christine Daae.- Meg diz e eu controlo minha surpresa. Não pensava que a Christine tinha um corpo volumoso.
– Prazer, Mile.- Ela diz..
– Prazer.- Eu digo. Quando todas nós ouvimos...
Christine
Uma voz suave, como de anjo chamando-a a garota fica nervosa.
– Meninas, tenho que subir. - Ela diz suplicando, eu e Meg damos caminho para que ela suba e nós descemos logo em seguida.
– Você ouviu aquilo Mile?- Ela me pergunta.
– Sim. - Falo e nós seguimos para os bastidores da Ópera.
Daqui a pouco a noite cai e essa será minha primeira noite nesse século. O que será de mim?
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