Limoeiro

Torneio do CF.


Finalmente subimos.

Era tanta coisa para assimilar... Nossos amigos estavam todos espalhados resolvendo seus assuntos e Frankilin tinha sumido depois do funeral, ele se culpava pela morte de Luca assim como Xaveco se culpava pela de Jeremias; queria fazer algo para compensar e disse que só voltaria com um bom resultado.

Mas aquilo ficou na minha cabeça. Na verdade o único inimigo era CF.

Ele contaminou a cidade com sua praga e seu modo de pensar deturpado.

Foi ele quem fez mal a todos. Foi culpa dele estas habilidades e nossas maldiçoes, todo mal que passamos e as percas. Tudo foi culpa do CF e de ninguém mais.

Ele torturou o DC e enlouqueceu a Aninha.

Fez com que nos separássemos e muitos se tornaram órfãos ou coisa pior.

Ate o Nico foi uma vitima dele.

Sempre senti uma aura estranha vinda daquele louro, desde que a Monica o achou “preso” mas como não tinha o que dizer fiquei quieta; parte da morte dos meus amigos foi minha culpa.

No caminho de volta eu não conseguia parar de chorar. Parecia uma criança mimada nos braços do Cassio; foi um descontrole enorme. Quanto mais eu tentava parar mais aquela dor me consumia. ---- Quero ir embora! Quero ir pra casa! ---- eu nem sabia o porque estava falando aquelas coisas. Eu só estava e não controlava minhas palavras.

Assim que saímos Fankilin veio nos contar e relatar que todos os preparativos do funeral de Luca estavam prontos. Ele tinha cuidado do de Jeremias também.

Fomos prestar nossas ultimas homenagens a nosso amigo e tudo estava mesmo emocionante, ele sempre gostou de basquete e o Franjinha fez uma coisa meio temática muito bonita para aliviar a ideia de perca e dor. Todos prestaram suas homenagens dizendo algo ate mesmo o David e fechamos a cova que seria no campinho; sim lá mesmo ao lado de Jeremias como um memorial aos que caíram em prol de uma causa nobre, e ali ficariam quando o lugar voltasse a ser como era. Não seria macabro seria uma homenagem eterna. Nossos amigos poderiam ficar pra sempre no campinho que sempre nos trouxe tantas alegrias e diversão.

Mas agora não tínhamos tempo para isso.

Na manha seguinte seria o grande desafio de CF e todos eram obrigados a participar se não... Na verdade eu não sabia oque iria acontecer se não participássemos.
David e Negi sumiram a tarde toda após o funeral enquanto eu ainda não conseguia entender oque estava acontecendo comigo. O que tinha sido aquela voz e risos que ouvi? E no funeral... Parecia que eu tinha visto o Jeremias ali por um segundo, sentado no banco esperando o Luca e depois eles sumiram.

Tudo estava tão estranho.

—--- Titi. Vem cá. ---- a Monica se põem entre o casal já chamando a nossa atenção. ---- você não sabe a onde estão os pais dela? Ou algo assim. Você esta aqui sozinho certo. Eu não vou perguntar o que ouve com os seus pais só... Olha lembra da casinha nos fundos do sitio do Chico? Pede carona para um dos caras do Do Contra e leva ela ate lá. Vai ser melhor para se distraírem. Assim que o Cebolinha voltar vou pedir para ele ir pra lá junto com o Cascao e o Xaveco para tirarem o Anjinho daqui. A ideia de pedir ajuda para os anjos de outros lugares é muito boa.

—--- Então você quer que eu saia da equipe? ---- ele corresponde bastante ofendido vociferando contra a Monica que apenas sorri.

—--- Não. ---- ela ri. ---- Eu quero que você cuide da Aninha. ---- explica brincando. ---- Isso é prioridade. E você ela e o Chico vão cuidar do Anjinho por lá o que é muito importante.

—--- O-obrigado por essa confiança toda. ---- ele completa todo sem graça.

—--- Claro que confio em você Titi. ---- ela sorri toda saudosa feliz por ver a amiga um pouco melhor. ---- Eu vou junto e nem adianta negar isso. ---- ela intima assim que ve o David e o Negi voltarem e os dois se entre olham confusos.

—--- Ta bem... Onde? ---- o mestiço questiona se sentando em um canto qualquer, já estado pronto para mais uma discussão.

—--- No desafio. Eu vou junto.

—--- Tudo bem mas... vai usar armas. E o meu uniforme. Fechado?

—--- Tudo bem não me importo com o uniforme. Mas não vou usar armas.

—--- É um combate ate a morte. ---- ele afirma se levantando indignado. ---- O que você espera? Abraçar os caras e tudo ficar na paz?

—--- Claro que não. Mas eu vou fazer as coisas do meu jeito! ---- ela grita com aquela intenção de continuar a briga, mas neste segundo ele só para; para de falar e de agir, olha bem pra ela e sorri saldoso balançando a cabeça e rindo um sorriso que faz minha amiga corar. ---- Estes serão os meus. ---- ele aponta para um grupo no canto. ---- Tem certeza de que quer ir Monica? ---- ele começa a se armar pegando algumas coisas que pareciam completamente inofensivas como uma caixa que ele chega ter três penas brilhantes antes de guardar entregando uma coisa a Monica. ---- Sabe que não sera brincadeira e eu não quero ter que me preocupar com ninguém que vou levar.

—--- Relaxa Dc você não vai ter que se preocupar comigo. Eu é que não quero ficar como uma inútil aqui me preocupando com você. ---- ela só sorri meiga ainda meio envergonhada pegando a arma da mão dele. ---- Eu sei que todos que vão estar lá são monstros. ---- diz isso abaixando a cabeça de forma derrotada. ---- Depois do que fizeram com você e a Aninha... isso não tem mais perdão.

—--- Gostei de ver. ---- ele sorri e a abraça e ela já se encolhe toda tímida e percebendo isso ele só passa o braço por sobre seu ombro a levando em direção aos ônibus. ---- Negi. Confio em você para ficar de olho naqueles dois por mim. Sabe o quanto isso é importante não?

—--- Clalo eu não sou idiota. Só vou comel algo e já volto naquele manicômio. ---- ele bufa e vai em direção do David; rezava para não voltar a ter brigas ali. ---- Ve se cuida bem da Monica e da Magali se não... julho que você vai pedi pla molel.

—--- Fexo. ---- David só sorri com a atitude do amigo e eu me alivio muito. Sera que aconteceu algo para estes dois se entenderem? ---- Vai levar o Cascão com você?

—--- Clalo. ---- ele se vira e vai em direção à porta onde o Cassio estava, mas meu foco estava no... Como assim eu que ia com a Monica?

—--- M-Monica... eu vou com vocês e o Cassio vai ter uma missão feliz com o Negi? Como assim?

—--- O Cebolinha e o Cascão vão ter duas missões. ---- ela pontua seria entrando no ônibus. ---- Levar o Anjinho e ficar de olho e resolver o caso do Nico demo. Ainda quer trocar?

Me calo.

Denise, Franjinha, Marina e todos os outros iriam ficar na base quietinhos; só eu tinha que me arriscar assim. Por que?

Monica e David iam na frente conversando como se aquilo fosse um passeio lindo.

Me contorcia no banco olhando as ruas passarem rápido e logo sumirem e aquela visão subir. O castelo negro no topo da montanha.

Meus pesadelos.

Por que eu tinha que estar ali?



Descemos e logo pude ver muitas outros grupos ali.

Não reconheci nenhum. Nenhum era dos times importantes que tínhamos pesquisado e ali estava a chance de limpar nossa cidade das menores. Ou pelo menos espantarmos eles dali.

A Monica apoiava a clava sobre o ombro descendo do ônibus ao lado do David. Ela estava linda parecia uma amazona, era uma guerreia nata; sem temor, sem duvidas. Enquanto eu...

Posso ver ainda pela janela que os outros times recuam um pouco assim que o nosso ônibus para. E quando põe os olhos em David eles engolem seco e alguns ate desviam o olhar de medo, enquanto o mestiço apenas sorri em retribuição ao medo.

—--- Por que eles te temem Do Contra?

—--- Lembra como nos reencontramos?

—--- Sim...

—--- Por causa disso.



Mas logo todas as conversas se silenciam.

Um veiculo se aproxima.

Mais parecia com um navio, ou seria uma espaçonave?

Eu não sei, só sei que ate David fica serio e manda que seus homens ficassem na nossa frente nos escondendo.

A porta se abre.

Metálica em forma de rampa ou de prancha eu não sei dizer.

Uma mulher linda de longas madeixas vistosas desce tirando o folego de todos ali e não era por conta de sua beleza.

—--- Fico muito feliz que todos tenham vindo. ---- ela afiram com um sorriso sádico e logo para olhando uma tela que se projetava de seu pulso formando um pergaminho holográfico. ---- Um... parece que nem todos vieram... Mas que peninha. ---- dizendo isso ela fecha a tela e posso ver seu veiculo disparar como se tivesse canhões e misseis caem longe dali.

Uma nuvem estranha de fogo sobe e ela volta a sorrir.

—--- É uma pena. Odeio medrosos. ---- ela desce parando de frente a David. ---- Mas amo os corajosos, não é garoto? Quer me matar? Que fofinho. ---- e dizendo isso ela passa por ele apontando para os portões. ---- Uma semana. Vocês tem que ficar lá uma semana inteira. E aquele time que sair com vida ganha. Simples? Não tem que ser todos; pode só sobrar uma pessoa viva; eu não ligo.

Com isso os portões abrem e todos ficam parados no lugar, ate que ela tira um tipo de pistola da cintura, uma coisa meio futurista, mas feita de madeira e dispara no meio de todos queimando tudo como se fosse fogo.

—--- Faltou alguma explicação? ---- enfezada ela questiona pondo arma próximo ao rosto e todos correm para dentro. Eu e Monica aproveitamos para ir sem sermos reconhecidas, mas David fica parado a encarando com ódio. ---- Calma docinho. Você pode vir pegar um pedaço de mim depois. ---- Sarcástica ela o manda um beijinho e volta para seu veiculo que sai voando como uma nave.

—--- Quem é ela Do Contra? ---- a Monica pergunta o que eu já estava morrendo pra saber.

—--- Cabeleira Negra. ---- ele responde serio entrando no lugar. ---- A mulher que me achou e me levou para servir de cobaia.

Senti a raiva de ambos fluir de uma foram quase palpável.

A monica podia sentir como se as coisa fossem com ela, ninguém podia machucar uma amigo desta menina que ela virava um monstro.

Novamente dentro daquele lugar todos tinham se dispersado.

Buscavam um quarto para tomar como base temporária, dormir e comer. Mas o time de David continua no saguão principal. Como sempre ele fazia o oposto a tudo.

Eu estava novamente naquele lugar terrível, e agora tinha muito mais perigos. Definitivamente eu não queria estar ali. (Mas para quem não se lembra eu vou narrar o lugar novamente.)

No primeiro andar tinha o Salum, uma sala de musica com um lindo piano de calda, uma sala de estar com lareira, duas copas, uma com canteiro de flores a outra com jardim de chá, a sala de jantar e uma imensa cozinha. Tudo velho destruído e abandonado. O pó contava a onde as últimas pessoas que estiveram ali passaram.

No segundo andar já tinha vários quartos enormes, todos portando banheiros com jacuse e banheira e outras três salas fechadas. A primeira era gigantesca cheia de troféus de caça, a segunda uma biblioteca particular, e a ultima uma clássica sala escritório.

Daí em diante para subir se dividia em três torres sem ligação, porem já estava ficando cedo e o sol se mostrava. Todos estavam cansados e então resolvemos deixar todas as camas em um único quarto.

—--- Por que você veio falando normal. Não era melhor você estar com suas habilidades 100%? Sei que você gosta de fazer tudo o oposto mas tem realmente um plano? ---- a Monica se indigna vendo ele se sentar sobre o tapete groso que vinha da porta de entrada e subia as escadas fazendo aquele caminho lindo de contos de fada; isso se não fosse pelos rasgos e todo o pó.

—--- Senta aqui comigo. ---- ele convida a mim e a Monica estendendo ambas as mãos enquanto seus doze companheiros ficavam de guarda ele parecia bastante relaxado. ---- Olha... todos estão fazendo o que?

—--- Arrumando as coisa horas e...

—--- Mexendo na casa toda sem pedir permissão aos donos.

—--- Entendi! A casa é daquelas coisas. Eles ficam bravos quando mechem ou invadem. ---- falei animada por ter entendido a ideia toda e ele sorriu pra mim; me senti tão inteligente.

Mas logo um grito fez minha respiração parar.

Vinha do andar superior.

A Monica quis subir mas ele a segurou.

---- O que esta fazendo?

—--- Eu que pergunto. Você quer ir salvar os inimigos?

Ele tinha razão.

Ficamos em silencio no saguão ouvindo grito apos grito, sons de tiros e disparos. A Monica ia ficando agoniada não podendo ajudar ninguém se concentrando no que aquelas pessoas eram tentando não pensar em nada bom dele mas era impossível para alguém como ela.

—--- Me solta Do Contra. Eu não tenho sangue de barata!

—--- Se for ate lá além de por esta equipe em risco você vai ser atacada por eles. Eles não ligam pra você como você liga pra eles.

A Monica se senta.

Não ela cai sobre as próprias pernas pondo a mão sobre os ouvidos tentando abafar os gritos e tiros, e ele se levanta vai ate ela e a abraça fazendo um ar acolhedor.

—--- Estou feliz que não tenha mudado Monica. Fico muito aliviado por você não mudar, mesmo com tudo que viu passou você é a mesma garota que eu me apaixonei quando criança.

Fiquei um pouco sem graça e deixei os dois ali.

Olhava para os doze que ele tinha trazido e tentava reconhecer alguém, mas não consigo.

Todo aquele lugar me fazia sentir muito mal, era sufocante.

—--- Como esta se sentindo Magali? ---- ele deixa o time e vem ate mim me levando ate o canto das escadarias para podermos conversar e a Monica fica só nos observando de longe.

—--- Eu não sei. ---- me recosto sobre o corrimão desenhado sentindo aquela vontade de chorar me invadir novamente.

—--- Voce viu algo lá em baixo?

—--- Por que diz isso?

—--- Viu algo no funeral?

—--- Então eu vi mesmo? Eu posso ver e ouvir estas coisas? Ai meu deus que horror!

—--- Calma não surta. ---- ele me abraça firme. ---- Lembra como foi aqui da primeira vez? Todos nó pudemos ver por que aqui neste cemitério tem algo que faz “eles” mais fortes e presentes. ---- sinto ele acarinhar o meu rosto e olho para ele me escondendo entre seus braços. ---- O funeral serve para eles partirem por isso pedi para o...

—--- Cassio fazer aquilo. Legal entendi. Mas e o Jeremias? Eu o vi.

—--- As vezes eles podem... eu não sei. Vamos descobrir juntos tudo bem?

—--- Tudo.

—--- Desculpe te trazer junto. Mas... é um bom lugar pra você treinar suas habilidades sem medo não acha?

Ass: Magali Fernandes de Lima Moraesღ(≧▽≦ ღ)