Limoeiro

Plano infalível.


Nós não podíamos faltar mais a escola, apesar de querermos muito; tínhamos perdido varias aulas e ainda estávamos no começo do ano! E por conta disso acabamos indo... Porem mal chegamos à escola e todos nos olhavam. Com toda a certeza eles já sabiam das pesquisas que fizemos estes dias.

Eu queria sumir.

Na sala de aula foi pior. Assim que entramos todos pararam de conversar e nos encararam. E depois vieram; nos cercaram. Já entrei em pânico...

–--- Mônica? Magali? Quem diria... vocês ficaram bem gatinhas em. ---- um jovem se prontifica a falar e os demais riem felizes. Ele era magro e baixo e apesar de ter os cabelos loiros eram bem cacheados e quase crespos. ---- Se não me falassem eu não as reconheceria. Jurava que as duas iriam ser gordinhas. Mas fala ai? Estão namorando?

–--- Xaveco! Se toca poxa! ---- um outro jovem o da um cascudo o fazendo se calar. Podia ver que este tinha descendência asiática por seus cabelos negros lisos e pesados, e os olhos ligeiramente puxados. Ele me olha vendo que ainda estava nervosa, e puxa de dentro da manda um pequeno buquê de flores. Reais! ---- Esta tudo bem. Estão em casa. Apesar de tudo estão em casa.

–--- Gente.... vocês... todos vocês...! Voltaram! ---- a Mônica é mesmo uma boba. Ela se emociona e lacrimeja abraçando a todos. Eu não sei o que dizer se estou em choque. Estavam mesmo todos lá conosco.

Um abraço forte e quase caio. Um moça de cabelos ondulados e castanhos me cumprimenta alegre. Era Marina que já estava a desenhar cada um de nós como bichinhos bonitinhos. Eu estava tão feliz.

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Mais tarde voltamos ao clubinho. Lógico que não cabíamos todos, mas também não estavam todos ali exatamente... tínhamos que procurar por eles. Mas a Monica já estava bem melhor, tinha voltado ao seu normal animado e mandão.

Ela era uma líder nata e não sabia; parecia que se alimentava de seguidores. E agora havia recuperado seus súditos. Riririr.

Ela apenas tinha começado a contar tudo o que havia descoberto, mas com tanta empolgação que chegava a contagiar ate mesmo os mais medrosos.

–--- Mas fala serio Monica, você não mudou nada! Olha só este plano. Parece digno do Cebolinha isso sim! ---- a jovem de marias-chiquinhas começa a se pronunciar de maneira bem exaltada. Era a Denise, que também não tinha mudado nada. ---- Em falar nele ate agora não o vi. ---- ela não termina seu discurso já se distraindo em procurar pelos membros perdidos. ---- E o Cascão? Cadê?

–--- Pelo jeito eles devem ter mudado muito. Se não iríamos pelo menos reconhecer um pelo cheiro. ---- desta vez é a moça loira quem se pronuncia. Era Carmem, que mesmo sendo salva a alguns dias, não mudava sua atitude e roupas para chamar menos a atenção.

–--- Para de ser tão cruel! Não é só por que você não mudou nada, que eles não podem. Nós éramos crianças. É super normal falar errado e acho que muito garoto tem uma faze que não gosta de banho. ---- a Monica pontua e se impõe como sempre fez.

Difícil imaginar que alguém ali tenha realmente mudado. Podíamos ter crescido, mas mudado...

Volto a me lembrar daquele dia fatídico há nove anos.

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Era só mais uma brincadeira boba e para variar o Cascão e o Cebolinha deixavam a Monica maluquinha.

Eu estava comendo um delicioso picolé de manga, e observava tudo de longe como sempre.

Segui a bagunça e vi quando o Cascão despencou barranco a baixo. Fui a ultima a chegar lá embaixo por que não queria derrubar meu picolé, estava bem calma, por estar acostumada com as brincadeiras destes dois; não sei... confiava na habilidade deles de se estabacarem. Mas quando cheguei lá tomei um grande susto quando vi o Cascão surgir ferido entre um arbusto e ser capturado por um dos “seres do esgoto” um bando de sujeiras ambulantes que serviam ao “capitão feio”.

E como nós sempre o vencíamos;e por conta disso não tivemos o que temer ao seguir a criatura ate seu covil. Mas desta vez era o que ele queria que fizéssemos.

Quando chegamos lá fomos cercados.

E derrepente estamos todos presos dentro de vidros.

Robôs coelho fecham todas as entradas e saídas, enquanto as criaturas de sujeira nos arrastaram para umas maquinas estranhas. Tinha vários outros adultos ali que riam muito enquanto as escotilhas fechavam.

Uma mulher estranha de cabelo curtinho e liso ri debochando de nós, batendo no vidro enquanto conversava e se vangloriava; dando a Mônica a chance de conseguir quebrar o vidro, depois que o Cebolinha atrapalha os cabos.

E estamos livres novamente.

Porem eles riem. Continuam a rir como se estivesse tudo certo.

Tinha algo muito errado ali.

....

~~ºº~~

Quando dou por mim ela já tinha terminado de se explicar e todos estavam bem empolgados, com suas idéias. Mas eu temo. Não por mim, mas por eles.

Isso não era mais uma brincadeira. Teríamos de enfrentar pessoas realmente perigosas; e éramos só um bando de adolescentes. Não tínhamos nenhum conhecimento de combate, não sabíamos lutar, e muito menos tínhamos como nos defender. Gangues tem armas.

Eu estava mesmo com medo e queria dizer para abortar com todo o plano. Dês daquele dia em diante, eu só queria que todos desistissem e voltassem para suas casas. Já não me importava de ter ou não nossas casas de volta ou de ver todos de novo; só queria que ficassem seguros.

Eu sei que a ideia de querer retomar nosso querido bairro com nossas próprias mãos era lindo. Mas também era loucura!

–--- E então Magali...? ---- a Mônica se vira falando comigo eu logo me toco que estou em silencio por muito tempo.

Todos me encaram como se eu fosse o braço direito da líder, e tivesse de opinar e dar minha palavra final. Mas eu era apenas uma garota normal... Eu queria ser apenas uma garota normal.

–--- O que você acha de criarmos nossa própria gangue?!

Ass: Magali Noëlle Guiffray