Limoeiro

Era você?


Eu não sei como sai vivo de lá... mas sai.

Voltei para casa e não sabia o que fazer. Todos os nossos inimigos da infância estavam dominando a cidade!

Com toda certeza eles iriam querer se vingar, mas... o que eu poderia fazer? Quis contar a todos. Ate os chamei a minha casa, mas travei e mudei de assunto. Disse que tinha um novo plano. Tudo mentira, eu estava completamente desesperado.

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Lembro-me bem de cada um deles...

Mas sabia que não eram os únicos a nos perturbarem na infância. Haviam tantos! E se tivermos que acabar com todos eles? Tinha sido tão fácil no passado... não fazia idéia do porque me sentia tão assustado agora.

“Capitão Picolé” um maluco que levou toda a turma para uma ilha, também tinha “Alienígenas do Planeta Tomba” que eram extraterrestres que vivem tentando "dominar" o planeta Terra; clusive deixaram um clone no lugar do Cas. Acho ate ridículo, mas me recordo de termos enfrentado ate mesmo o “Lobo Mau”!

Viajamos pelo tempo e lutamos contra um homem da caverna que se intitulava “Rei do Fogo”, assim como uma pirata espacial a “Cabeleira Negra” e o “Dente-de-Ouro” um bandeirante bem perturbado, degenerado.

Não posso esquecer a “Xanda” uma bruxa que mora no Bairro do Limoeiro. “Lara e Luísa” que são as sobrinhas da “Cremilda e Clotilde”. O maluco “Cumulus”, o homem-nuvem, homem que teve seu emprego perdido como homem da previsão do tempo na televisão por causa de Cascão, então ele fez uma poção que o transformou em vapor.

O “Titio Glacial”outro maluco que desta vez quis destruir o natal, congelando o papai-noel.

E claro a “Madame Capilar” a mais lerda de todos os vilões!!! Ela roubou o cabelo do mundo inteiro para ficar rica vendendo perucas

Será mesmo que eu tive uma infância? Acho que já éramos guerreiros desde sempre...

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–--- G-Ge-Gen-Gente!!! ---- Cas grita e todos se viram notando que um ônibus parava bem em frente a casa. E “ele” descia.

Parecia que ele estava realmente sozinho ali. Devia ter vindo dirigindo.

A Monica é a primeira a sair, claro.

–--- Quem você pensa que é? Acha mesmo que pode nos intimidar assim?

–--- Espera Mônica! Deixa comigo... ---- Timot surge como uma aparição, a retardando em seu ataque e se pondo a falar com o cara. ---- Você tem que ir embora. Este território não é seu. Você tem que obedecer as regras de conduta. ---- ele ate mostra sua tatuagem. ---- Olha bem. Eu sou de umas das gangues superiores...---- mas é completamente ignorado, o cara passa por ele e segue em direção da Mônica como se nem o vice parado ali.

Mas quando me dou conta, é o Nimbus quem sai correndo ate ele.

–--- Mas o que você esta fazendo?! Eu não acredito que era você! ---- o NImbus gritava com o cara como se fosse intimo, como se ele fosse um de nós. ---- Quase não te reconheci. Como pode fazer isso? Matar todas aquelas pessoas? Eu... eu nem pude te reconhecer!

Nimbus estava muito alterado; estava realmente alterado, não sabia nem o que dizer. E o cara simplesmente parou e ficou quieto por alguns segundos. Parecia pensativo. Ele só ficou ali ouvindo os gritos de Nimbus. Mas o mais estranho é que ninguém interferiu em nada! Nem mesmo a Monica.

–--- Fala alguma coisa! Você some e...e... resolve aparecer assim?! ---- acho que nunca vi o Nimbus tão alterado, não sabia que ele tinha esta capacidade.

–--- Nimbus... ---- o cara respira fundo e finalmente fala. Ele parecia se incomodar a cada palavra que saia de sua própria boca. ---- Eu... unf! Eu sei o que esta havendo. Vocês tem que ficar... aqui. Vão poder mudar tudo e vai ser muito seguro, e tudo vai acabar bem.

A expressão de indignação no rosto de todos era impagável. Ninguém podia entender nada. Ate mesmo eu que sou um gênio, não conseguia entender nada do que estava havendo bem ali na minha frente. O cara tinha acabado de nos atacar, de nos ameaçar. E o Nimbus estava bem ali tranquilão a bater papo e ainda brigar com o maníaco. E pior, o cara estava ouvindo a bronca daladinho...

–--- O que? Nada que você diz faz sentido... Espera. Espera... Espera! Eu sei o que esta havendo. ---- ele se cala e o cara sorri de modo assustador de novo; a Monica chega a ir ate lá. ---- Vocês tem que ficar aqui. Vão poder mudar tudo e vai ser muito seguro. Tudo vai acabar bem. ---- acho que vi uma lâmpada acender na cabeça do Nimbus, mas o cara sorriu. ---- Você não sabe o que esta havendo. Vocês tem que ir embora daqui. Não vão poder mudar nada. E vai ser perigoso, podem morrer. É isso?

–--- Do Contra? Do Contra! ---- A Monica foi ate lá ainda incrédula, não faço a mínima ideia de como ela o reconheceu, não tinha nada haver com o garoto esquisito que conhecemos quando criança.

E ele só fez um aceno com a cabeça.

Queríamos saber tudo o que estava acontecendo e encher ele de perguntas, mas a comunicação era quase impossível. Ele só falava tudo ao contrario ou em negação, se não punha o oposto. Tínhamos que ficar traduzindo.

Mas estava na cara que ele não estava bem. Ninguém notava, mas ele escondia as mãos, e suas roupas cobriam bem o corpo todo. Mordia a boca com frequência; clássico de quem estava nervoso. Mas eu não tinha como sonda -lo, o irmão não saia do lado dele o tempo inteiro.

Ate que bem mais de tarde, quase de madrugada, consigo uma brecha; quando ele sai um pouco da casa para fugir do povo, provavelmente tomar um ar.

–--- Então...? Pol que não tenta me explical? Pol que você não pode falal como eu?

–--- Dislalia... ---- ele apenas sorri como deboche. Isso me irrita e ele resolve levar a serio. ---- O solido do laboratório... que vocês... viram... ---- Ele faz força para tentar falar normalmente, mas não faz muito efeito. Então ele resolve me demonstrar.

Pega do bolso uma faca, estilo a de militares cheias de adornos. Não sei por que ele tinha isso com ele, e nem quero saber. Mas ele vem ate mim e passa no meu braço a onde eu tinha um corte pequeno que fiz quando tentei tirar o cascão dos escombros.

Eu me assusto e o empurro, mas o corte se cura. Em seguida ele tira uma pena do outro bolso e passa sobre o próprio braço, e então ela o corta.

Não era tão difícil de entender. Solido oposto de liquido ou gasoso, pode se dizer... Na fabrica do capitão feio tinha um gás e uma gosma... a nove anos atrás.

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Cresci como qualquer garoto eu imagino. Tive muitos amigos diferentes e aprendi muitas coisas com eles. Querendo ou não eu aprendi.

Dês que minha mãe proibira de eu falar com o Cascão eu havia perdido o contato. Mesmo depois da proibição ter sido revogada eu não consegui reaver este elo.

Claro que ela, desesperada com a culpa, tentou de tudo para me ajudar; mas foi em vão.

O telefone que ligava tinha sido cancelado, eles não estavam morando a onde disseram, e eu não tinha mais como voltar a vê-lo. Só tinha me restado as pequenas mensagens de vos gravadas em nossa caixa de mensagens.

“– Oi cara você esta bem? Estou te ligando direto e nada de você atender. Eu já sai do hospital! Foram os garotos deste bairro, eles são uns maníacos!!! Me atacaram com garrafas de vidro quebradas e... Vou ter que desligar. Me liga de volta belez! –/ Cara o que ouve? Sua mãe disse que você não podia falar, que estava mudo? Não entendi nada. Me liga de volta ok? Meu pai disse que acha que vou acabar ficando cicatrizes. –/ Eu... não sei o que esta havendo. As coisas aqui estão piorando. Preciso da sua ajuda. Eu... eu não sei o que fazer. –/ Minha mãe falou que posso passar uns dias ai na sua casa sem problemas, me fala de novo aonde é. Ela pediu para você ligar de volta. Quer falar com a sua mãe. –/ Cara? Você esta ai? O que ouve? Eu... estou com problemas. Um cara fica me encarando todo dia. Eu topo qualquer plano infalível mas me ajuda! –/ As coisas estão apertando. Minha mãe tem que trabalhar direto e eu... fico aqui sozinho. Todo mundo aqui é estranho. Estou com medo. Acho que este cara quer me machucar. Me ajuda por favor! Deixa eu ficar ai por um tempo. Por favor me ajuda. “

Fiquei ouvindo esta seqüência de mensagens, ate me dar conta do que poderia ter acontecido com ele. Minha mãe não parava de chorar e pedir perdão. Não sei se um dia eu vou poder perdoa-la.

Ass: Negi Menezes da Silva