Limoeiro

Devaneio. Outra vida!


Tinha tudo ido para o vinagre!

Quando a Mônica veio me contar este plano eu já sabia que ia dar merda. Já tinha imaginado isso mas... Quis acreditar que poderíamos vencer e conseguir. Do fundo do meu coraçãozinho partido quis acreditar.

Eu me espantei da Mônica desabafar comigo e me contar que estava insegura, não imaginava isso dela, mais fiquei feliz por isso. Provava que ela estava mais madura, mas não tinha mudado.

Ainda não acredito que todos achem que o careca esta nos traindo. Ele é um babaca, mas não tanto. É o meu melhor amigo da infância, não o vejo sendo capaz disso. Mas eu mudei... o que o impede de mudar também?

=~^~ ºº~^~=

A um ano recebemos o recado de que teríamos nossa casa de volta. Meus pais pularam de alegria, mas eu não... eu não queria voltar. Estava feliz ali. Tinha meus novos amigos que cresci junto; eles me protegeram e agora eu os protegia.

Eu não iria.

Entretanto, eles começaram a fazer os planos e a conseguir dinheiro para voltar, planejar a venda do apartamento e tudo mais e eu... Eu fui morar com os meus companheiros.

Eu já disse que não iria voltar.

Um ano se passou desde que tomei esta atitude e eu nem olhava mais na cara dos meus pais. Vivia a minha própria vida, esqueci completamente da turminha e do nosso combinado.

–--- Stinky! ---- ele vem e se joga em cima de mim me acordando. Que ódio! ---- Levanta seu maconheiro! Larga de ser mal agradecido e vem se despedir dos seus pais.

Ele me puxa da cama e eu... espera! Sofá? Eu dormi no sofá? Quando?

–--- Mas que saco em... Jurandir... ---- me levanto preguiçoso e vejo que já estou trocado, ou melhor ainda estou de roupas. Eu não tinha a mínima vontade de ir me despedir dos meus pais; estava mais interessado em descobrir que dia era ou como tinha voltado para casa.

–--- Já disse que é Jura cassete! ---- ele me empurra e eu caio, ainda estava mole de sono e porre da noite anterior. Dou risada e ele também. ---- Vem levanta seu moleque molenga!

–--- Diz ae por que tu não quer ir lá dar um ultimo toke para os velhos? ---- o outro me questiona saindo do quarto que por incrível que pareça estava inda mais bagunçado que a sala. um verdadeiro caos! Bonifácio era o nome deste porem o chamávamos apenas de Bombeta.

Eles eram tão insistentes. Eu não tinha mais nada haver com eles, não dos dávamos bem. Só me levanto e vou embora.

Ainda estava zonzo do dia anterior, tinha misturado alguma coisa. Nem reconheci a minha própria mãe quando esbarrei nela ao descer as escadas; mas ela também não disse nada. No fundo também não me reconhecia mais. Ou eu achava isso...

Aquele dia eu passei completamente nas ruas bem fora de casa ou da minha área. Estava puto da vida não entendia o porque e queria descontar no primeiro idiota que aparecesse na minha frente. Por sorte apareceram vários e eu me mantive muito bem entretido.

Porem quando finalmente cheguei em casa um novo inferno me esperava. Um cara grande e bem forte estava a nossa porta a esmurrando e logo tratou de tirar uma arma e começar a atirar.

Como ele estava distraído eu pude o derrubar, e tirei sua arma. Mas não vi que ele possuía amigos que estavam sobre a escada vendo tudo. E quando dei conta eu ia tomar um tiro bem no meio na cara.

~~ºº~~

Estava de olho no cebolinha.

Sem pais, nada de moveis apenas o necessário.

Muito suspeito.

A Magali poderia ter ração aquela casa era apenas uma fachada. Uma bem mal feita; não era a cara dele fazer algo tão mal feito assim. Tinha algo ali e resolvi pesquisar mais antes de agir. Afinal ele já tinha sido o meu melhor amigo...

Chegamos a casa e ele ficou a encarar o Do Contra, mais seu foco era a Mônica, as vezes ele dava uma rosnada para o Nimbus mas além disso nada de mais.

Entramos na casa velha e o careca parou de ser o meu foco. Podíamos estar no terreno do Do Contra. Afinal foi ele quem tinha nos trazido e dado toda a ideia. Tinha dois lobos fantasiados de cordeiro ali e eu tinha que proteger o meu rebanho.

De madrugada o inesperado. Eles saem para conversar de canto.

Estariam juntos nessa?

=~^~ ºº~^~=

Estava pronto para morrer ali. Eu ia tomar um tiro bem na cara e cheguei a ouvir o disparo que quase me ensurdeceu. Porem continuei vivo.

Abri meus olhos e vi minha mãe parada a minha frente. Era para ela ter partido há horas.

–--- Eu estava te esperando para poder nos despedirrr... querido.

Ela cai nos meus pés e tudo o que eu consigo sentir é raiva.

O cara que disparou ria e me ameaçava. Ordenava que eu abrisse a porta, e ria, ria junto dos colegas.

O Jura logo abre aporta; ele não queria que eu fosse baleado. Muito fofo da parte dele, se entregar por mim.

Mas eu não iria deixar.

Eles o arrastam e invadem o prédio, e nesta hora o chão começa a apodrecer. E se torna a minha vez de começar a rir.

Um deles vem tentar me bater entretanto grita assim que acerta o meu rosto, sua mão começa a apodrecer assim como suas pernas, faço questão de não deixar um fugir, faço questão de me controlar e deixar eles morrerem bem devagar.

–-- Stinky! Rapido! Ela ainda esta viva! ---- o Jura grita e pega minha mãe do chão; nós ligamos para um ambulância e as pressas a levamos para o hospital.

Entretanto eu não conseguia ficar triste.

Só conseguia sentir ódio, queria continuar atacando queria terminar de mata-los. Me arrependia de ter saido dela antes de ter terminado.

Assim que ela desperta me chama. Pergunta se eu estava bem. Ela quem tomou o tiro horas... mas mãe é mãe.

Mais tarde saio e falo com o Jura.

–--- Quem eram aqueles caras?

–--- São do Limoeiro. Seu antigo bairro... Na verdade da cidade vizinha. ---- ele enrola um cigarro e me da outro, fico com ele na mão; quero ouvir estava nervoso. ---- Eles já dominaram tudo por lá você sabe. A uma semana eles começaram a querer recrutar para o lado de cá. Se interessaram por você. Não sei...

–--- Desembucha cassete. Eles vieram por mim? Ou queriam matar você?

–--- Vieram me pegar. Sem querer vi uns esquemas deles quando fui no centro comprar uns baseados. Nada de mais só umas armas e falaram de uma tal de Mônica que estava voltando. Que iriam matar ela.

–--- Mônica? ---- eu não reconheci o nome. Estava fulo por tentarem matar o Jura e minha mãe. ---- Esta bem... eles são do meu antigo bairro não é?

–--- O que você esta pensando Stinky?

–--- Meus pais querem voltar. É um ótima desculpa. ---- finalmente acendo o cigarro, estava mais aliviado e animado. ---- Eu vou ate lá ver isso. Ninguém mexe com minha agente.

–--- Stinky isso não é brincadeira! ---- ele afirma com tom de autoridade e sinto uma aura paternal vinda dele, sorrio. ---- Olha se você for nós vamos com você.

–--- Tudo bem. Mas eu vou na frente. Ai não da tanto na telha. ---- saio e volto para o quarto de hospital falar com minha mãe. Digo tudo o que ela quer ouvir. Que seu ato abriu meus olhos do quanto eu estava errado e sentia sua falta.

Pensei estar mentindo.

Ass: Cássio Marques de Araújo