Like a Vampire 4: Endgame

Capítulo 19- Punição


Narração Lua

—Ok, Lua, tranca a porta.- Sarah pediu pra mim. Eu estava sem fôlego.

—Tá, não sei como faz isso.- Admiti.

As meninas me olharam estranho. Nikki grunhiu e trancou a porta.

—Hã… Essa é a parte que vocês me falam por que só chegaram correndo e invadindo meu quarto?- Marie nos olhou assustada.

—Eu convoquei uma RUH pra gente.- Sarah cruzou os braços- Acho que o momento pede.

—É sobre a Victoria?- Marie questionou.

—O que você acha?- Nikki revidou a pergunta.

—Nikki, menos.- Sofie revirou os olhos.- Olha. Victoria não está bem, isso é claro.

—E ela tem todos os motivos pra não estar bem.- Sarah concordou- Mas, como alguém que passou por isso, eu quero falar o que eu acho. Victoria nâo sabe lidar com as próprias emoções negativas. E por isso, acaba trasformando isso em raiva e aí xablau. Dá no que a gente tá vendo agora.

—Bem, pelo menos você admitiu seu erro.- Marie se ajeitou na cama.- Acho que Vic não pediu desculpas pra Daay até hoje.

—Nossa, aquilo foi muito desnecessário.- Pensei alto.

—Mas especialmente sobre a Yui.- Nikki se apoiou na mesa de canto- Eu vou admitir que fiquei bem assustada com ela ser a impostora. Ela parecia tão…

—Bela, recatada e do lar?- Eu questionei.

—…Talvez. Eu ia dizer "doce, romântica e gentil", mas isso também serve.

—Existe algo muito estranho nessa história ainda.- Sofie pensou, seus olhos parecendo focados em algum lugar da parede.- Por que Jackson defenderia uma impostora?

—Porque a namorada dele é a impostora em questão.- Marie retrucou- Os dois vivem juntos, até moram juntos. Eu não posso dizer que culpo ele.

—Bem, aí está nossa maior questão.- Sarah andou pelos lados do quarto- Como progredir com Yui?

—A gente pode tirar ela da Patrulha.- Nikki sugeriu.

—E aí perdemos nosso irmão no meio do caminho.- Marie completou.

—Ou perdoamos a Yui…- Sofie pensou.

—E aí perdemos a Vic.- Completei, meio em choque.

—E não podemos esquecer que talvez Yui ainda seja traíra.- Sarah retrucou.

Silêncio.

—Por que esse tipo de trem sempre sobra pra gente?- Reclamei.

—Sei lá. Talvez tenha alguma coisa a ver com nosso fantástico e infalhável imã pra problemas.- Nikki deu de ombros.

—Eu tô com dó da Victoria.- Sofie opinou- Ela não tá passando por bons bocados. Está triste e claramente arrasada por tudo.

—Bem, não podemos fazer nada se quando tentamos chegar até ela somos cumprimentadas com grosseria. Ela não aceita ajuda. Não aceita que precisa de ajuda.- Sarah retrucou- E sou eu falando isso, e eu devia ter mais moral que qualquer um aqui pra falar sobre isso.

—Verdade.- Marie suspirou- Será que, depois de tudo, nossa família está se separando?

—Não fala isso.- Nikki foi até a cama de Marie- Estaremos sempre juntas.

—Pra sempre unidas… na vida… contigo quero estar, não importa o lugar.- Cantarolei.

—Lua. Menos.- Sofie me repreendeu.

—Passamos tempo demais separadas.- Sarah voltou ao assunto.- Ninguém vai nos separar de novo, ok? Nem a Victoria, nem o Jackson… e muito menos esse seu filho aí.

Marie riu levemente:

—É. Infelizmente eu acho que já deixou de ser uma escolha minha.

Todas nós quatro nos entreolhamos antes de olhar pra Marie.

Sua barriga tinha já uma leve protuberância, nada demais. Mas o suficiente pra alguém entender que ela estava grávida, e não só saindo de uma ceia de natal.

—Mas não deviam se preocupar comigo!- Marie foi rápida em continuar- Vocês tem vidas além de mim!

—É, mas sinceramente, eu não sei se consigo ser irmã mais velha dessas marmanjas se você for pro beleléu e a Victoria pirar de vez.- Sarah apontou pra nós.

—A gente é literalmente gêmeas.- Sofie retrucou.

—Com 3 horas de diferença.- Sarah se lembrou- E nem devemos ser tão parecidas assim, já que você é a que parece a mamãe.

—Eu acho que vocês duas parecem a mamãe.- Nikki opinou- Pelas fotos. E tals. Só que a Sofie parece a versão… feiticeira da mamãe. E a Sarah a humana.

—Massa. Pelo menos em um sentido eu não pareço uma bruxa.- Sarah riu, levando um beliscão de Sofie.

—Olha pra gente.- Marie sorriu- Chegamos tão longe.

—Quando chegamos aqui eu tinha quinze anos.- Me lembrei- E agora eu tenho dezoito! Glória, glória, aleluia!

—E estamos todas namorando. Por algum milagre.- Nikki suspirou.

—E lindas.- Sarah fez um gesto de moldura com as próprias mãos.

Rimos juntas.

Batida na porta.

Subaru abriu a porta de leve, interrompendo nossa conversa.

—Ah. Não sabia que vocês estavam conversando sério.- Subaru enfiou a cabeça na fresta da porta.

—Não se preocupa, já estávamos acabando.- Sofie suspirou.- Você quer falar com a Lua?

Subaru não respondeu, então só ajeitei o meu cabelo e fui até o corredor, sem fazer muita cerimônia pras minhas irmãs.

—Aconteceu alguma coisa?- Fechei a porta atrás de mim.

—Não.- Subaru me olhou estranho- Por que teria?

—Porque… você me chamou. Do nada.- Sugeri.- Levemente estranho, eu acho.

—Não acho.- Subaru enfiou as mãos no bolso.

Cruzei os braços com um sorriso:

—Você não precisa de desculpa pra vir me ver, querido.

—Não me chame de querido.

—Ah, não fique assim, querido. Sabe que eu faço por amor.

—Você é péssima.- Subaru grunhiu.

Ri suavemente.

Quase sem notar, caminhamos lentamente de volta pro nosso quarto, lado a lado.

—Você ainda não me disse porque queria me ver.

—Você é minha.- Subaru nem parou pra me olhar- Preciso mesmo de um motivo?

—Sua namorada.- O corrigi.- E eu gosto de acreditar que tudo é melhor com um motivo.

—Achei que gostava de coisas sem motivo.

—Gosto de coisas sem sentido.- Sorri- Faz a vida ser mais divertida.

—Tudo é diversão pra você.- Subaru revirou os olhos.

—Nem tudo.- Dei de ombros- Se quisesse tudo divertido, não namoraria com você.

Ele me encarou quase abismado com minha língua.

Olhei pros colares em meu pescoço:

—O que? A culpa é do meu signo!

Subaru ignorou essa parte do meu comentário.

Chegamos na frente do nosso quarto.

Subaru abriu a porta e me deixou entrar primeiro.

—Como consegue ser tão majestosa e maluca ao mesmo tempo?- Subaru me olhou enquanto fechava a porta.



Fiquei um pouco assustada com o elogio repentino.

—Nunca me descreveria como alguém majestoso. Muito pelo contrário, sou uma banana em forma de gente.- Franzi o cenho e ri.- Tenho quase certeza que da última vez que corri no jardim, tropecei nos meus próprios pés.

—É exatamente isso.- Subaru desviou o olhar- Você consegue ser a pessoa mais desastrada e atrapalhada que eu conheço. Mas é forte. E especial.

—Eu tive a quem me espelhar.- Sorri e ajeitei os óculos- Cinco irmãs mais velhas. Uma pena que eu não tenha nascido com metade dos dons delas.

Subaru arqueou as sobrancelhas.

—Você já leu os textos da Victoria? Ou viu os desenhos da Sarah? Além disso, Sofie é a menina mais inteligente que eu já vi. E Nikki a mais forte.

—Você tem seus talentos, assim como todos… Espera, qual o talento de Marie?

—Ah. Ela só é incrível mesmo. Além de praticamente uma monja. Não deve ser fácil ser responsável por cinco irmãs que nem a gente. E namorada do Laito.

Subaru pareceu aceitar a resposta.

—Tenho certeza que tenho um dom. Mas ainda não descobri.- Ajeitei de novo o cabelo- Quando eu souber, será o primeiro a saber.

—Por enquanto estou feliz de ser seu único dom.- Subaru segurou minha mão, e eu fiz uma careta:

—Arrrgh, essa foi muito brega.

—Não foi tão ruim.- Subaru retrucou.

—Nossa, senti o refluxo subir.- Fiz um barulho falso de vômito.

Ri depois, mas fui interrompida por Subaru me pegando de relance pelo tronco e me puxando num beijo.

Hesitei por segundos, no susto. Mas não demorei quase nada pra me derreter em seus braços frios.

Minha cabeça parecia cantarolar. Um zumbido quaze ensurdecedo, me fazendo perder quase toda a noção de tempo que eu ainda podia ter.

As mãos de Subaru praticamente passeavam pelo meu quadril, levantando a blusa e passando os dedos pela pele.

O sino da fortaleza tocou.

—O que é isso?- Subaru finalmente me soltou.

—É o sino de alerta.- Me lembrei, com dificuldade.- Significa que…

—INVASÃO!- Ouvi um dos servos berrarem.- INVASÃO !

Eu e ele nos entreolhamos. Eu hesitei tanto.

—Esse é realmente o fim dos tempos.- Olhei quase admirada pro tempo nublado pela minha janela. Subaru concordou- Vamos logo. Temos uma batalha pra vencer.

—Você não pode ir, Lua.- Subaru me segurou quando tentei sair pela porta.- Vão…vão te…

—Tentar me matar?- Sorri- Só mais uma quarta feira normal pra mim. Além disso, não vejo ninguém além de você tentando me impedir.

—Eu prometi pra mim mesmo que nunca deixaria algo acontecer com você.- Subaru voltou a segurar meus pulsos- Sei que foi criada de forma independente e livre. Mas por favor, deixe que eu te proteja. Só dessa vez.

Segurei o rosto dele.

—Eu te amo de verdade.- Ajeitei meus óculos.- Você sabe disso mais do que ninguém.

—Eu…- Subaru engoliu em seco- Eu também, mas…

—Mas nada. Eu não posso me esconder atrás do meu namorado vampiro. Preciso ir lutar.- Eu sorri- E olha que sou eu falando isso.

—Não tenho ideia do que fiz pra te merecer.- Subaru arfou.

—Não precisou fazer nada. Só existir.

Peguei minha espada que estava pendurada na parede.

Abri a porta atrás de mim e desci rapidamente as escadas antes que ele pudesse tentar me impedir.

Acabei dando de cara com Jackson, Yui, Sol, Akira e Mao se preparando pra batalha.

—Eu tô com medo.- Jackson olhou pra Yui, meio choramingando.

—Não precisa, eu vou ficar aqui pronta pra cuidar dos feridos.- Yui o abraçou- Eu tô bem aqui. E sempre vou estar. Quer dizer, até quando você me aturar.

—Ah, vocês são tão lindos juntos.- Mao parecia emocionado- Mas entendam. Existem 3 outras pessoas que podem morrer aqui.

—Eu não.- Sol colocou o peitoral de sua armadura- Sou melhor que vocês na luta. Logo, a menos provável de morrer.

—Fato.- Akira concordou.

—…É pecado eu querer que a Sol morra agora?- Mao olhou pro casal.

—Sim.- Os dois responderam ao mesmo tempo.

—Tudo bem, Aki?- Sol apertou o ombro da namorada, que estava sentada no sofá.- Está tensa.

—Ah. Normal. Ficar assim perto de batalha é normal, eu acho.- Akira foi rápida em se levantar.

—Nem me diga.- Mao suspirou.- Ah, oi, Lua!

Todos olharam pra mim.

—Oi…- Fiquei repentinamente tímida- Preparando pra batalha?

—O máximo que conseguimos, acredito eu.- Jackson me olhou com cuidado.- Te vejo no campo de batalha?

—Meu irmão, se você não me ver é porque quebraram meu óculos e eu tô perdida.- Eu consegui rir- Vocês viram o resto do pessoal?

—Hã… Tenho quase certeza que eles subiram correndo.- Yui pareceu nervosa na minha presença.

Concordei.

Eu precisava ver as meninas antes da batalha.

Encontrei Haruka e Cousie trancando um comôdo.

—O que é isso?- Questionei.

—Vamos pra batalha. Dã.- Haruka me olhou como se fosse óbvio.

—E o que trancaram no quarto?- Apontei pra porta atrás delas.

—Um Reijii desmaiado, uma Victoria prostada, uma Marie grávida e uma Eliza doente.- Cousie me respondeu- Tentei convencer Carla a vir, mas acho que meu charme não funciona no meu marido.

—Por "charme" ela quer dizer que puxou nossa irmã pelos cabelos pra ela vir aqui.- Haruka murmurou.

—E você empurrou a Marie.- Cousie revirou os olhos.

—Claro. Eu não sou um monstro pra puxar o cabelo de uma mulher grávida.- Haruka retrucou.- Enfim. Te vemos na batalha.

—Claro!- Eu disse, automaticamente nervosa- Vocês por acaso viram o resto das meninas e dos meninos?

As duas se entreolharam.

—Não…- Haruka respondeu, quando ficou óbvio que sua irmã não o faria.- Você viu o Kino?

—Desde quando você se preocupa com o bastardo Sakamaki?- Cousie olhou pra irmã.

—Que?- Haruka olhou confusa- Como assim preocupação? Ele literalmente jurou lutar do nosso lado. Espero nada mais que ele cumpra sua palavra.

—A…ham.- Cousie ajeitou a bolsa do arco e flecha- E o que ele vai fazer? Jogar uma pokebola na Rebelião?

—A invasão é da Rebelião?- Meu próprio pensamento me interrompeu- Espera, como você sabe o que é uma pokebola?

—Irmã. Melhor irmos pra batalha antes que você se humilhe explicando que foi o Mao que te ensinou isso.- Haruka a repreendeu- Te vemos mais tarde, Lua.

Concordei.

Assim que virei, dei de cara com Sofie, Sarah, Nikki e Brunna.

—Ah! É você, Lua!- Nikki pareceu assustada.

—Estava procurando vocês!- Admiti- Não queria ir pra batalha sem saber como estavam.

—Bem… na medida do possível.- Brunna forçou um sorriso- Estamos com um leve problema.

—Recebi toque da Sol.- Sarah olhou pro celular.- Os exércitos Dellanoce e Herbert já chegaram pra dar apoio. Eles devem aguentar por um tempo. Ainda não entraram nos territórios da fortaleza.

—Como assim?- Olhei pra Hudison.

—Você já ouviu nossos namorados?- Sofie massageou a cabeça- Porque eu sinceramente acho que não preciso te explicar mais.

—EU FALEI PRA VOCÊS NÃO FUGIREM, INFERNO!- Ayato apareceu.

—E lá vamos nós.- Sofie murmurou.

—COMO OUSAM SAÍREM NO MEIO DA CONVERSA!- Kanato correu até as meninas.

—Eu tenho quase certeza que a Nikki só falou "o que é aquilo ali?".- Brunna respondeu.

—É. E aí a gente saiu correndo.- Sarah respondeu.

—Rude.- Shu opinou.

—Ah. Eles não querem que vocês lutem.- Entendi- Manjei.

—O que está fazendo, Lua?- Ruki chegou perto de mim- É a segunda mais nova. Não deveria estar lutando.

—O Subaru deixou?- Shu olhou pra mim.

—Bem, ele não "deixa" eu fazer as coisas. É mais uma questão dele conseguir ou não me impedir.- Dei de ombros.

—Meninos. Vocês são adoráveis se preocupando com a gente.- Nikki revirou os olhos.- Mas eu preciso mesmo lembrar vocês que ESTAMOS BEM? Já participei de ínumeras lutas.

—Ínumeras é exagero. No máximo umas cinco.- Sarah sugeriu.

—Mas Nikki está certa.- Sofie suspirou- Podem odiar o quanto quiser, mas ainda juramos lealdade á essa causa.

—Isso. Então porque não só… pegam suas espadas e lutam ao nosso lado?- Brunna sugeriu.

Os meninos se entreolharam.

—Credo.- Kanato reclamou.

—Eu tô tão cansado.- Shu suspirou.

—Bem, nós não.- Dei de ombros- Então deixem as meninas ficarem de boas. Temos reforços. Vamos aguentar.

—Por falar nisso, temos que correr.- Sarah avisou.- Acabei de receber várias mensagens de Sol dizendo que a porta da fortaleza está sendo arrombada.

As quatro meninas nem deram espaço pra receberem reclamações.

—Por que a gente gosta mesmo delas?- Ayato questionou.

—Porque elas são lindas, inteligentes, íncriveis e as melhores coisas das suas vidas?- Questionei.

—Ah. Isso.- Shu suspirou.

Não demorei mais de dois segundos pra seguir minhas irmãs no caminho



Quando cheguei na frente da fortaleza, dei de frente com Priya entregando casacos grossos.

—Pra que isso?- Daayene olhou pra si mesma.

—Pra luta, ué.- Priya deu de ombros- Cousie falou que isso vai nos proteger dos ataques mais superficiais. O que significa que…

—Isso nos defende de um corte, mas não se alguém decidir… enfiar a espada no nosso peito?- Anna questionou.

—Basicamente. É. - Cousie se aproximou, arco e flecha em mãos.

—E agora?- Mordi o lábio.

—Nós esperamos.- Sol estava na frente de todos, parecendo tensa.

E assim fizeram. Os barulhos eram bem altos. Corpos caindo, berros, lâminas se batendo.

Era assustador.

O portão praticamente se arrombou, e de lá saíram vários de nossos soldados, recuando enquanto rebeldes os perseguiam, finalmente entrando na batalha.

Girei a espada nas minhas mãos.

—É hora de lutar.- Sol rugiu.

Em meros minutos, eu estava sufocada, vendo as pessoas ao meu redor lutando. Sangue demais. Calor demais.

Um homem veio com uma lança na minha direção. Corri e consegui fazer minha espada bater na sua perna, o fazendo cair.

Vi Sofie e Sarah lutando costas á costas. As espadas das gêmeas pareciam se mover como uma só. Sarah conseguiu acertar uma mulher no pescoço, e Sofie a protegeu de um ataque que vinha da esquerda.

Um homem veio com uma foice pelas costas de Sofie. Berrei, tentando avisar minha irmã.

Sofie virou milésimos de segundos antes de um brilho azulado a envolver. Uma espécie de escudo cercou-a.

Sofie arregalou os olhos e conseguiu puxar Sarah pra si antes da foice atingir o campo de força mágico, derretendo automaticamente e lançando o homem pra longe.

Tudo parecia em câmera lenta. O colar de borboleta que Sofie usava flutuava e parecia brilhar na mesma cor que o escudo. As duas irmãs se entreolharam, confusas.

Mas não houve tempo pra discussões, já que outros três homens as cercaram e tiveram que voltar pra batalha.

—CUIDADO!- Ouvi a voz de Nikki berrando do meu lado, seguido de vinte barulhos de tiro.

Nikki estava com o rosto todo sangrando. Um buraco estava na sua perna, e sangrava.

—Nikki, que isso?!- Berrei, enquanto me protegi de um rapaz dos rebeldes.

—Um deles tinha uma arma de fogo.- Nikki limpou a fuligem do rosto e pegou a espada do seu cinto- Não se preocupe, já lidei com ele.

Nikki guardou o fuzil, girando nas duas mãos sua espada pesada.

—Precisamos focar no líder deles!- Sol chegou perto de nós- Hudoult. É o homem de barba branca e com um broche de fênix. É o líder da Colônia Vampira.

—Por que diabos esses REBELDES não nos deixam em paz?!- Nikki questionou antes de bater sua espada na cara de outro soldado.

—Não se preocupem, não são os melhores em guerra.- Sol retrucou- Só nos consideram uma ameaça porque são bons em conquistar o público.

—E porque minha irmã matou uma galera deles.- Respondi.

—É. Isso também.- Sol então arregalou os olhos- AKIRA!

Numa parte aberta, pudemos ver Akira lutando contra um homem de barba branca. Hudoult.

—Temos que ir ajudar ela!- Nikki berrou.

—Não.- Sol disse tristemente.

—Como assim "não"?- Nikki pistolou. Nos fundos, alguém nos protegeu- Ela é sua namor…

—Não acho que ela estava te respondendo, irmã.- Sussurrei.

Olhando mais calmamente, eu via que os cabelos de Akira estavam sangrando. Sua roupa estava em trapos e a quantidade de sangue que manchava seu peito era inaguálavel.

Akira caiu no chão, se rastejando pela neve até um lago congelado que ficava por perto. Seu corpo manchava a neve de vermelho.

Hudoult pisou no seu braço, a fazendo gritar de dor.

Sol correu até ela.

—SOL!- Berrei.

Assim que Hudoult viu a albina correndo na direção dele, pude o ouvir gritando:

—Uma vida por outra.

E assim, Hudoult a chutou rumo ao lago congelado, que quebrou com o peso de Akira.

Sol congelou em seu caminho.

Akira não voltou á superfície.

—FILHO… DA… PUTA!- Sol berrou, claramente chorosa.

Sol berrou e pulou no líder, despojando socos no seu rosto.

—SOL!- Nikki correu até a menina- SOL DELLANOCE!

Nikki a pegou pela cintura, a tirando de cima do líder.

—ELE NÃO… VALE A PENA…!- Nikki estava com dificuldades de segurá-la.

—MATOU MINHA NAMORADA!- Sol chutava o ar- VOCÊ…

—Lua, você precisa sair daqui.- Do nada Kanato brotou com um corpo nos braços.- Muitos mortos. Daqui a pouco vai acabr sufocando no sangue.

—Estão voltando pra fortaleza?- Questionei.

—Vendo se alguns desses ainda tem salvação.- Kou estava com outro nos braços.- Yui deve conseguir cuidar de alguns deles.

—E temos que ver o que vamos arrumar com os que ela não consegue.- Yuma carregava dois.- Conselho, batalha é batalha. Emoções não te levam a lugar algum aqui.

—Mas, a Akira…- Fraquejei.

—Sinto…muito….pela s…ua… perda.- Azusa estava arrastando um pelo chão.

—Mas teremos tempo de xingar o universo pela sua morte e honrá-la quando isso acabar.- Yuma retrucou- Acredita em mim, isso aqui pode acabar muito pior se focarmos em um único momento.

Concordei, e eles saíram de vista.

Um lobo me cercou, e eu quase morri do coração antes de notar a pelugem arroseada ds Shin.

—Irmã!- Jackson logou uma lança no olho de um rapaz que estava atrás de mim, antes de correr rapidamente e pegar a arma ensaguentada- Por que está parada aqui?

—A… A Akira…- Eu estava em choque, sem saber o que fazer.

Jackson não precisou de mais pra entender.

—Merda.- Xingou- Mao!

O Masa apareceu, já todo ferrado e estrapilhado por causa da batalha. Seu cabelo loiro estava manchado de vermelho.

—O que foi?- Mao apertou sua espada.

—Procura a Sol e cuida dela. Perdemos uma.- Jackson comandou- Shin, preciso que você ataque o máximo de pessoas que puder na forma de lobo.

Mao concordou, mesmo parecendo arrasado e cheio de coisas pra falar. Shin rosnou e se foi.

—Lua.- Jackson olhou pra mim- Preciso que fique 100% aqui. Não pode se desprevenir agora, chegamos muito longe.

Concordei com a cabeça, ainda em choque.

Jackson me deu um beijo na testa e se foi.

Senti duas mãos em mim, mas fui rápida o suficiente pra girar a espada nas mãos e mirar na barriga.

—BRUNNA!- A voz de Ruki ressoou- O que diabos está fazendo?

Brunna estava com o rosto todo arranhado. Algumas marcas de aperto no seu corpo. Marcas de aperto sangrentas.

—Estou sobrevivendo!- Brunna brigou- Quer que eu faça o que numa batalha?

—Fique do meu lado.- Ruki pediu- Não irá se machucar mais.

—Ínutil considerando meu estado.- Brunna se assustou quando Ruki pegou a espada de suas mãos e acertou na lombar de um soldado- Mas aceito.

Corri até uma árvore quando vi duas presenças conhecidas.

—ANNA!- Berrei.- O que aconteceu?

—Eu sou uma ínutil mesmo…- Anna choramingou.

—Anna tentou usar um arco e flecha e errou. Aproveitaram a chance e enfiaram uma adaga na barriga dela.- Priya estava toda suja, como se estivesse rolando no chão cheio de sangue.

Priya apontou pra adaga de bronze na barriga da irmã mais nova.

—E por que não tiramos?!- Fiquei alarmada.

—Tá louca?- Priya brigou- Se tirarmos a arma, a chance dela morrer por falta de sangue É MUITO maior.

—…Claro. Eu sabia disso.- Arregalei os olhos pras duas irmãs.

Dois homens corriam na nossa direção.

Priya pegou uma das flechas da irmã e pulou nas costas do cara, enfiando a flecha até o talo.

O outro eu derrubei golpeando as pernas, saindo um pouco de sangue de brinde.

—Você é melhor nisso do que parece.- Priya se admirou.

—Se chama a arte do improviso feat desespero.- Admiti.

—Azusa!- Priya berrou quando viu o Mukami- Anna precisa de ajuda!

—Ai, a humilhação…- Anna gemeu.

Azusa nem questionou quando viu Anna sangrando. Só a pegou da forma mais confortável possível nos braços e se teletransportou para a fortaleza.

Sem eu nem notar, Priya pegou minha espada e golpeou um homem no rosto, o desmaiando.

—Você também não é nenhuma noob.- Sorri um pouco.

—No meu caso chama instinto de sobrevivência.- Priya falou.

—Vi Anna sair daqui.- Cousie se aproximou- Tudo bem?

—Ferida.- Priya explicou- Mas vai ficar bem. É mais durona do que parece.

Cousie concordou com a cabeça, antes de mirar com seu arco e flecha e acertar num homem que estava á quase 4 metros de distância da gente. Com um gesto, a flecha voltou pra sua mão.

—Se espalhem. Não vão querer chamar mais atenção.- Cousie estava pronta pra mirar outra flecha quando murmurou pra gente. Fomos rápidas em obedecer.

Arregalei os olhos quando eu vi uma criatura girando a espada loucamente, e surpreendente conseguindo acertar uns caras.

—Kino?- Eu corri até ele. Acertei um cara que havia faltado.

—Ah. Oi.- Kino levantou sua espada sangrando- Daora, né?

—Super.- Admiti- Você até que leva jeito pra esse negócio de guerrear.

—Não é como eu queria aprender esgrima, mas quem não tem cão caça com gato, né?- Kino deu de ombros.- Você sabe se alguém ficou muito ferido.

—O máximo que eu vi foi a Anna.- Tentei ignorar a imagem de Akira se afogando surgindo na minha cabeça.

—Ah. Espero que ela fique bem. Ela é legal.- Kino suspirou.- Nossa. Cansei. Isso aqui tá bem longe dos meus RPGs.

—Nem me fale.- Respirei fundo- Bem, te vejo logo.

Fomos interrompidos por um barulho que parecia o de uma tempestade se aproximando.

Corri longe, sentindo o ambiente ficar ainda mais frio.

Olhei pra cima, pronta pra ver um toró caindo. Nunca estive tão feliz de estar errada.

Haruka levantava suas mãos em forma de garra, trazendo pra perto de si as águas gélidas dos lagos próximos. Quebrava o gelo. As ondas se juntavam, formando quase um tsunami.

Haruka adentrou seu próprio mar, e quase automaticamente pude ver seu cabelo um pouco mais brilhante e as extremidades do corpo azuladas.

Quando soltou o maremoto, fiquei surpresa por vê-la controlá-lo e acertar apenas as pessoas da Rebelião.

—Lua!- Ouvi a voz de Subaru atrás de mim.

Me virei a tempo de ver um machado vindo na direção do meu pescoço a mil por hora.

Uma força me empurrou, e eu fui amortecida por um corpo no chão.

Subaru estava bem em cima de mim.

Ele pegou a minha espada e acertou na canela do homem com machado.

—Valeu.- Inspirei- Sempre bom não perder a cabeça.

Subaru fez uma careta pra mim e se levantou.

O segui com nojo do corpo em que eu havia acabado de cair.

—SE AFASTEM!- Um círculo de fogo se abriu bem no centro do campo.

Daayene estava no centro ainda do círculo. Os cabelos mais platinados que nunca e os olhos vermelhos brilhantes. A névoa vermelha que saía de suas mãos em forma de garra tinha a mesma cor do sangue que escorria de seus olhos e nariz.

Daayene abriu uma parede de névoa, prendendo vários dos rebeldes.

A sua magia se encontrou com com o maremoto de Haruka, criando uma espécie de baque do qual surgiram faíscas assustadoras.

—PARA A ESQUERDA!- Ouvi Ayato proclamando- NÃO! A MINHA ESQUERDA!

O resto do Exército Herbert chegava na sua cavalaria, evitando o maremoto ou a parede de fogo e névoa. Lanças, espadas e facas eram trocadas, flechas eram miradas e acertavam soldados ou no chão.

Olhei ao redor, observando todo o caos se desenrolar.

—NÃO!- Sarah berrou de forma agoniada.

Tudo então congelou. E se desmontou, quase em câmera lenta.

As pessoas pararam. As faíscas sumiram. A água se secou e o fogo se apagou.

Um homem segurava Sofie pelo braço, uma faca bem mirada em seu pescoço.

—Sangue do meu sangue.- O homem esbravejou- Bruxa matou Valari. Agora a rebelião se vinga.

—Matamos Valari porque ele nos sequestrou!- Brunna deu um passo á frente- E sua colônia estava agradecida, se não se lembra.

—Matar não é a solução.- Hudoult limpou o sangue de sua careca- Bruxa merece pior. Mandaremos ela pra Robert.

—Mas todo dia a mesma coisa…- Nikki revirou os olhos.

—Sofie Herbert não irá ver Robert Rosemary de novo enquanto viver.- Sol olhou pra eles com raiva. Os olhos estavam inchados, e o rosto vermelho.- Como comandante, eu digo que tentem arranjar outra maneira.

—…Quem te proclamou comandante?- Cousie cerrou os olhos.- Mas enfim. Concordo.

Sofie olhou pro líder.

—Senhor, se eu voltar pra Robert, sabe que não irei sair de lá viva.- Sofie olhou todos nós- Se eu for morrer, que aconteça quando ainda existe uma parte de mim viva.

—Soltem ela.- Ayato mandou.- Agora.

—Precisamos de uma garantia que pagará pelos seus erros.- Hudoult então olhou Cousie e Carla- Como reis, tenho certeza que entendem a importância de pagar respeito aos seus líderes.

—Como rei, eu proclamo que cale a sua boca e solte a garota.- Carla o ignorou completamente.

—Vocês são uma vergonha como rebelião, isso sim.- Haruka cruzou os braços.- Pelos traços, alguns de vocês são demônios. Quão vergonhoso é usarem os traumas de uma garota ao mesmo tempo que desobedecem os reis de vocês.

—Você sabe o conceito de uma rebelião, cabelinho azul?- Um outro esbravejou- Não são nossos reis. Respeitamos o poder de vocês, mas teremos prazer em arrancar suas cabeças.

—Talvez devamos nos revezar em tomar o corpo da rainha e suas irmãs no leito de morte.- Um outro riu.

Cousie nem hesitou:

—Shin?

—Sim?

—Mate-o.

Shin em questão de segundos havia virado lobo, e em poucos segundos a mais estava de volta em forma humana, um dos corpos sangrando em seus pés.

—Malditos!- Hudoult xingou.

—É sua punição.Ameace minha família mais uma vez e um soldado esquartejado será a menor das suas preocupações.

—É bem simples, na verdade.- Priya sorriu de forma irônica.- Se se ajoelharem, e soltarem a menina, podem lutar ao nosso lado. Tenho certeza que será um prazer deceparmos KarlHeinz e Robert juntos.

O homem soltou Sofie, que automaticamente correu até Ayato.

—Não nos curvaremos perante a seres inferiores como vocês.- Hudoult cuspiu.- Seu reinado não irá prevalecer, Senhora Tsukanami. Pelo que sei, mal consegue administrar o pouco que lhe restou de família.

Apontou pra barriga cortada de Cousie.

—Cara, escuta.- Kino se intrometeu. Todos nós soltamos um suspiro de "vai dar merda" em conjunto- Eu sei o que está pensando. Eu vim pensando exatamente a mesma coisa. Mas acreditem em mim, são pessoas até que legais.

Kino respirou fundo:

—No fundo, querem a mesma coisa.- Kino retrucou- A Patrulha tem um milhão de poderes que podem deixar vocês mais fortes. Sem sequestro nem nada.

—Olha quem tá falando de sequestro…- Anna forçou uma tosse.

—Talvez a morte não seja a solução.- Ruki raciocinou- Se todos concordarem em sairmos daqui de forma respeitosa, seus poucos homens podem ter uma nova causa pra viver.

—Ou não. Podem ir pras suas devidas causas e tentarem parar de se meterem em política. Viver uma vida normal.- Brunna continuou o pensamento- Casar, filhos. Cara, nem eu posso te dizer o quanto eu daria só pra ter essa chance de uma vida normal.

—E por que não saem?- Um soldado aleatório questionou.

—Porque já juramos lealdade á Rainha Creedley.- Daayene respondeu. Sua boca estava inchada e sangrando- E juramentos valem, pelo menos aqui.

—Nossa, eles falam bonito.- Mao murmurou. Jackson concordou

—Então.- Sarah fechou as mãos- Todos que juram prestar lealdade até os últimos dias de seu reinado, se ajoelhem.

Praticamente todos os homens relutantemente se abaixaram, exceto por dois gato pingado e Hudoult.

—Sério? Depois de todo esse discurso?- Subaru pareceu frustrado.

—Nunca deixarei de lutar pelo que eu acredito, Patrulha.- Hudoult permaneceu nos olhando- Meu coração ressentirá o que fizeram com a Colônia Rebelde. Mas não destruirá a Colônia Vampira por minha causa.

—Você merece a morte mais dolorosa que poderia existir.- Sol praguejou- Matou uma inocente. Eu te mataria agora se pudesse.

—E por que não mata?- Hudoult questionou.

—Não me provoque.- Sol rangeu os dentes.

(Kino jura lealdade)

—Muito bem.- Cousie respirou fundo.- Carla, lidaremos com os outros três

—Claro, minha esposa.- Carla fez uma breve reverência- Os três devem ficar nas masmorras até um julgamento necessário.

—Sofie tem um drakon, deveria queimá-los.- Haruka deu de ombros.

—Eu nem a pau.- Sofie gemeu, a marca da faca no seu pescoço parecia doer.- Não vou usar meu drakon pra queimar os outros.

—Isso não vem ao caso. Garanto que acharemos alguma coisa.- Shu suspirou.- O resto pode ficar na construção de hotelaria dos soldados.

Shin, Ayato e Ruki foram os que levaram os soldados desertantes. Shu, Subaru e Kanato ficaram responsáveis por levar os novos aliados.

—Você sabe o que isso significa?- Sarah olhou pra mim.

—…Que a gente dominou a rebelião porque somos legais?- Retribui o olhar.

—Não.- Nikki negou.- Significa que mandamos uma mensagem. A Patrulha finalmente está ganhando o poder que precisa.