Like a Vampire 4: Endgame

Capítulo 12- O drakon e o lobo


Narração Nikki

Minhas pernas estavam tremendo.

Victoria e Daayene estavam comigo, sentadas no corredor.

De vez em quando algum dos Mukami ou dos Sakamki passava e nos olhava de forma preocupada.

Desde o dia que a Mansão Mukami queimou bem a nossa frente, bem… ficamos desabrigados.

Felizmente os meninos foram rápidos em arrumar um castelo abandonado no litoral mais abandonado ainda do Reino Vampiro.

Ele era meio acabado. Verdade. Mas tinha quartos suficientes pra todos nós e as pessoas que podiam chegar. Tinha uma área de treinos coberta por uma grande muralha.

Fala sério, tinha até um subterrâneo!

O único problema era que lá era bem… BEM mais frio do que qualquer um de nós estávamos acostumados.

A porta do quarto se abriu.

Fui rápida em olhar o médico saindo do cômodo. Laito o seguia.

—Não posso te agradecer o suficiente por vir tão rápido.- Laito falava baixo, nossa presença não passando despercebida.

—É sempre uma honra atender sua família, Sr. Sakamaki.- Ele ajeitou os óculos.- Não esqueça de fazer ela repousar e tomar todas as vitaminas que eu passei

—Não sei se poderia obrigar Maria a fazer coisas que ela não quer.- Laito deu de ombros.

—São mulheres bem peculiares as que você e seus irmãos arranjaram pra vida.- O médico riu.- Vou indo. Mande minhas lembranças pros seus irmãos.

Antes de sair pela porta, o médico nos cumprimentou com a cabeça.

Assim que ele bateu a porta eu e as meninas corremos pro quarto de Marie.

Ela estava deitada na cama, amontoada de cobertas. Seu cabelo estava bagunçado e ela usava claramente usando as roupas mais largas que tinha.

—Bem, bom dia pra vocês também.- Marie riu fraco, se sentando.- Não é a melhor forma de me ver, né?

—O que ele disse?- Eu perguntei preocupada.

—O que a gente já sabia.- Marie suspirou- Dois meses.

—Você não parece feliz.- Victoria se sentou aos pés da cama.

—Eu deveria ficar feliz?- Marie olhou pra todas nós- Gravidez não é lá o processo mais fácil. Ainda mais no meio desse rolê todo. Você, mais que todos, devia saber disso.

Victoria engoliu em seco.

—E aí?- Daayene cruzou os braços.

—E aí o que?- Marie questionou.

—O que mais o médico disse?- Daayene mordeu o lábio inferior.

—Ah,vocês não precisam se preocupar comigo! É só, sabe, um ser vivo que está crescendo dentro de mim. Não é como se eu estivesse doente!- Marie forçou uma risada.- Por favor, não deixem meu estado impedir vocês de aproveitarem suas vidas. E os namorados. Noivos. Ficantes. Sei lá.

—Marie, você e minha irmã.- Também me sentei- É óbvio que eu prefiro ficar com você do que com o Shu.

—Não deveria.- Marie sorriu- Só lembra de usar camisinha. E anticoncepcional. Ou os dois. Não levem suas duas irmãs mais velhas como exemplo.

Nós três nos entreolhamos.

—Eu juro.- Marie sorriu de leve.- Vou ficar bem.

—Espero que fique mesmo.- Victoria riu- Você é a única ainda sã da nossa família.

—Mais ou menos.- Eu retruquei.

Marie riu.

—Vamos conseguir resgatar todas as meninas.- Marie comentou- Eu prometo.

Isso não era assim díficil de acreditar.

Acabamos ficando menos de quinze minutos lá. Assim que saímos, nos esbarramos com Laito. Seus olhos não tinham brilho.

Ele passou por nós rapidamente.

—Bem, essa depressão me deixou com fome.- Daayene avisou.- Eu vou avisar o Ruki pra gente fazer a comida.

—Nem me fale.- Victoria bocejou- Eu acho que vou chamar os meninos, então. Nikkizinha, você me ajuda?

Revirei olhos olhos pelo apelido.

—Beleza, vou procurar eles.- Resmunguei.

Subi as escadas velhas da fortaleza com facilidade. Mais uma onda de frio me atingiu, e me arrepiei.

Não achei muito dos meninos nos quartos, o que era incomum. Ayato, Kanato e Subaru pareciam ter desaparecido. E eu sei lá onde que os Mukami estavam.

Bati na porta de Shu, só pra avisar que eu estava lá.

Logo depois, abri a porta.

—As meninas tão mandando a gente descer pra comer.

—Pra que?- Shu resmungou. Estava deitado, claro.- Você não pode trazer comida pra mim?

—Se você fosse humano, eu cogitaria a possibilidade de você estar ficando doente.- Resmunguei.- Mas como você é vampiro e eu sei que não pode ficar doente, eu vou falar uma coisa pra você: Nem fudendo.

—Nossa. Agora tô até sentindo falta de quando você tava no Reino Demônio.- Shu abriu os olhos e olhou pra mim.

—Por que? Era mais legal ouvir o Reijii te chamando de inútil?- Eu debochei.

Shu gruniu:

—Não me lembre disso. Ele só me deixa em paz quando você tá aqui.

—Isso é porque ele sabe que eu não vou te aturar se você ficar deitado o dia inteiro.- Puxei o cobertor dele.- Agora sai da cama.

—Por que sair quando você pode só… se juntar a mim?- Shu sorriu na minha direção.

—Há. Muito engraçadinho.- Revirei os olhos.- Eu não tenho tempo pra ficar dormindo. Temos que nos preocupar com as meninas que não chegaram. E a Haruka! Além disso, eu precido voltar a treinar antes que eu fique enferrujad…

Shu me interrompeu me puxando até eu ficar do lado dele na cama.

—Eu não estava bem falando em dormir.- Shu sorriu mais ainda.

Uma risada seca saiu do meu peito. De nervoso.

—O…k, Don Juan. Se eu não tinha tempo pra dormir, que é uma necessidade básica, imagina pra essa coisas.

—Nikki, eu estava brincando. Não precisa entrar em desespero.- Shu de repente ficou sério.

—Eu não estou desesperada!- Retruquei.

—A sua cara virando a cria de um tomate e um pimentão não diz isso.- Shu se apoiou num braço.

Automaticamente cobri meu rosto.

—Eu não lembrava de você sendo tão tímida comigo.- Shu suspirou antes de se deitar de novo.

—Eu estou normal.- Grunhi.- Agora. A comida.

—Nikki, pelo amor. Não aja como se eu fosse te forçar a transar comigo. -Shu parecia assustado.- Desde quando a gente namorou, parece que você tá ainda mais bloqueada com essas coisas do que antes. Não devia ser o contrário?

—Meu Jesus,cala a boca.- Arregalei os olhos- Você tá falando igual o meu pai. Isso tá me assustando.

—Eu não tô falando isso pra te assustar.- Shu se sentou e segurou minhas mãos.- Juro. Só queria que você tentasse relaxar comigo.

—Eu nunca relaxo.- Cerrei as sobrancelhas.

—Bem, pode tentar relaxar um pouco comigo?- Shu me olhou.- Por favorzinho?

Bufei.

—Tá.

—Promete?- Shu agora falava de forma zombeteira.

—…Posso prometer socar sua cara se você me irritar?- Sussurrei.

—Não, você não vai querer ficar viúva antes mesmo da gente casar.- Shu me deu um selinho.

—Nikki!- Ouvi o berro de Victoria do corredor. Ela entrou no quarto- Ai merda! Atrapalhei alguma coisa?

—Não, que isso.- Shu disse em falsa ironia.

—O que foi dessa vez?- Questionei.

—Ruki terminou a comida. E só falta o Reijii chegar.- Victoria explicou.

—Por que você não foi chamar ele?- Shu questionou- Ele é só seu ex marido, não é como se ele tivesse hanseníase.

—Eu prefiro evitar o que me irrita.- Victoria sorriu.- Nikki, por favor?

—Bem, eu vou indo.- Olhei pra Shu.- A gente se vê na cozinha.

—Ok. Eu vou acompanhar sua irmã pra caso ela tenha medo de mais algum divorciado por aí.- Shu suspirou, recebendo um gesto obsceno de Victoria.

Fui a primeira a sair do quarto, mas logo ouvi os dois saindo pra descer pra cozinha.

Atravessei alguns corredores e cheguei até o quarto de Reijii. Bati duas vezes e abri a porta.

Ele também estava dormindo.

Bem, isso que era novidade.

—Reijii?- O cutuquei- Hãm… Bora rangar.

Nossa, isso foi idiota.

Reijii não se mexeu.

Ele não respirava. Será que morreu?

Ah, é verdade. Vampiro.

—Reijii.- Me agachei ao lado dele, dessa vez o empurrando levemente.- Tá todo mundo te esperando lá embaixo.

Caraca, o cara tava num sono pesado mesmo.

Bem, eu não tinha muita escolha.

Puxei o pé dele e fiz o Sakamaki cair da cama.

—Ai! Quem foi a miserável…- Reijii começou a esbravejar.

A porta se fechou, batendo.

Reijii se sentou e então olhou pra mim. Meu coração parou.

Seu olhar estava tão grave e frio que chegou a me dar arrepios.

—Ah,a princesa Herbert chegou.- Ele grunhiu. Fiquei confusa.

—Princesa Herbert?- Questionei- Tá falando de mim, palhaço.

—Devo admitir que Ricther fez um bom trabalho.- Reijii se olhou no espelho- Pelo menos nisso ele foi bom antes de morrer. Sempre achou ótimos sacríficios.

—Pera, o que?- Estava confusa- Você fumou, Reijii?

—Inteligência nunca foi o forte da sua família mesmo. Menos a irmã gêmea. A mais nova. Ela parece ser bem útil.- Ele sorriu.

—Reijii, que porra é essa?- Coloquei a mão na maçaneta.- Eu vou chamar os meninos agora, você tá me assus…

Senti duas mãos me pegarem pelo pescoço. Reijii com facilidade me jogou pro outro lado do quarto.

Bati numa mesa de canto, e o vaso que estava em cima dela caiu no chão perto de mim e se quebrou.

—Ah. Muito bom.- Ele olhou pras próprias mãos- Bem mais forte do que eu esperava.

—Quem é você? Sai do corpo do Reiji! - Eu choraminguei. Não conseguia mover minhas costas.

—Eu sou pior do que você possa imaginar.- Reijii se aproximou de mim.- Será que suspeitam de mim se eu te matar agorinha?

—Tá todo mundo lá embaixo. Não tem outro suspeito.- Eu tentei me mexer pra me afastar dele.

—Uma ironia mesmo. Achei que você devia ser poderosa. Mas você sem magia e sem suas armas é o que?

Reijii me pegou pelo pescoço. Senti seus dedos afundando na minha pele.

—Talvez eu devesse fazer pior do que te matar.- Reijii sorriu.- Acabaram comigo mesmo. Talvez de vingança eu devesse te engravidar. Imagina como seu namoradinho idiota vai ficar?

—Você…não…teria…coragem.- Eu estava ficando sem ar.

—Será que eu não teria mesmo?- Reiji i me jogou no chão. Gemi de dor de novo. Ele pegou uma das minhas mãos e mordeu.

Eu tentei me debater, mas minhas costas estavam doloridadas demais.

Dei um chute naquele lugar.

Ele ganiu de dor e se afastou, fazendo suas presas fincarem e arrastarem por boa parte da minha mão.

—Nunca imaginei que o gosto de uma virgem fosse realmente tão bom quanto meu marido dizia.- Ele sussurrou.

Paralisei.

—Seu marido?

Ele me ignorou.

—Você pelo menos lembra alguma coisa do Reijii, porra?- Xinguei- Lembra que ele tinha uma esposa? Ele tem um filho! Seja quem você é, você é um inútil mesmo!

—Uma mulher e um filho?- Ele riu- Isso sim é interessante. Quem é?

—A esposa? Você não tá na merda do corpo do Reijii?- Reclamei.- É a Victoria. Minha irmã.

Ele pareceu chocado.

—A medrosa? Não imaginei que ela fosse o tipo dele. E Ayato?

—O que tem ele?- Questionei.

—Está com alguma de vocês?- Ele grunhiu- Será que eu criei ele com um gosto tão ruim que nem esse miserável aqui?

A realização me atingiu.

—Cordelia?

—Nossa, você demorou pra entender.- Ele revirou os olhos.- Não gostou da surpresa.

—Mas… o que? Você tinha… morrido. A gente acertou seu coração. E… a poção.- Eu estava confusa.

—Bem, nem tudo tem o final feliz que vocês amam.- Reijii/Cordelia sorriu- Acham mesmo que Ricther ia desistir de mim? Por favor, até KarlHeinz sabia que eu sou a única forma de destruir essa família.

—…Era isso.- Realizei- Lilith estava indo atrás de provas concretas de um plano maligno de vocês.- Estavam trabalhando pra te trazer de volta.

—E Reijii era a escolha perfeita. Não?- Ele sorriu- O coitado estava tão confuso e deprimido. Nem notou quando Ricther o sedou e colocou um pequeno cristal.

—Mas Ricther não estava… morto?- Tremi.

Cordelia fingiu se lembrar:

—Ah, agora eu me lembro de tudo. Pobre garotinho. Foi odiado só porque engravidou a menina.

—Ele engravidou ela de propósito sem o consentimento dela.- Cerrei o olhar.

—Bem, eu poderia discordar.- Ele riu como se não soubesse de nada.- Ricther está morto agora. Pelas mãos de Mun e Lilith. Demorei meses e meses pra conseguir me despertar no corpo desse merda, mas aqui estou.

—Vamos te destruir de novo.- Eu cuspi.- Conseguimos te matar no corpo de Marie. Vamos conseguir no de Reijii.

—Marie…Ah,a loirinha. Hm, Reijii tem lembranças dela. Está namorando com Laito. E Sarah com Kanato. E…



Ela olhou pra mim.

—Já pensou que incrível seria se eu conseguisse destruir cada uma de vocês? Uau. Robert e Sofie. Eu consigo trabalhar com isso.

—Você vai morrer nas minhas mãos antes de conseguir.- Rugi.

—Vou acabar com você e Shu hoje. Mas eu não preciso de você viva pra isso.- Reijii sorriu- E eu ainda desestabilizo suas irmãs. Perfeito.

Consegui me ajoelhar e taquei a mesa de canto pra cima dele.

A mesa bateu na porta.

—Você é a que mais parece com a maldita da sua mãe em personalidade, viu?- Ele reclamou- Lobinha insuportavel.

—Errou.- Eu me levantei- Eu sou bem pior do que a minha mãe. Sabe por que? Porque eu sou um drakon, não um lobo.

Bem. As próximas decisões foram burras.

Eu me lancei em cima de Reijii. O que foi uma péssima ideia.

Ele era o dobro do meu tamanho. E tinha o triplo da minha força.

Ele me jogou em cima da cama, que quebrou.

—Gente?- Ouvi Daayene batendo na porta.- Tudo bem aí? Tá uma barulhada.

—Tudo ótimo. - Reijii disse.- Estou testando algumas coisas.

—A Nikki tá aí com você?- Daayene pareceu confusa.

Eu não sabia o que fazer. Eu pedia socorro?

—Foi no banheiro.- Reijii respondeu- Está naqueles dias.

Caraca. Ela imitava o Reijii pior do que a Marie. E isso era demais.

—Ah… O…k.- Daayene não parecia muito confiante.- Eu vou esperar ela.

Reijii fez uma careta. Cordelia não devia ter ideia de quem eram as Hudison direito.

Aproveitei a distração breve e me joguei em cima dele de novo, o batendo contra a parede.

Ele tentou se debater contra mim, mas eu fiz toda minha força pra conseguir bloquear ele. O dei um soco no rosto com dificuldade.

O prendi com meu corpo e tentei desferir o máximo de socos que eu pude.

Minhas mãos ficaram roxas e sangrando.

Peguei um livro pesado de cima da mesa principal de Reijii e joguei em sua cabeça.

Ele então ficou mole. Desacordado.

Olhei pra uma faca em cima da mesa dele. Tremi toda.

Era só acertar o coração de novo, não era?

Mas e se eu acabasse matando ele?

Eu não queria mais fantasmas me assombrando de noite. Eu matei gente suficiente por duas vidas.

Peguei a faca.

Abri a blusa de Reijii.

Se eu matasse ele, ia acabar matando o pai do meu sobrinho.

Passei a mão no rosto. Eu estava chorando.

Bem, e agora muito suja de sangue.

E quando eu achava que minha vida não podia piorar, esse monstro ressurge dos infernos.

Apertei a faca na minha mão.

Olhei o quarto acabado ao meu redor.

Me levantei e abri a porta.

—Nikki?- Daayene me olhou, e depois arregalou os olhos- Meu Jesus, Nikki?!

Daayene abriu os braços pra mim. Não me aguentei e comecei a chorar.

—Eu não… consegui.- Choraminguei- Me perdoa, Daay.

—Bem, eu te perdoo. Não faço a mínima ideia do que esteja falando.- Daayene riu de nervoso.- Quer me contar o que aconteceu?

Concordei com a cabeça.

Ouvi um homem gritando do lado de fora:

—Abram os portões! Abram os portões!